Dessa vez um jpg que o Mauro Ventura, do Globo, me mandou por email. Aqui segue um link para o Miguel Nicolelis, citado na entrevista. Clique na imagem abaixo para ampliar.
NAO DEIXEM DE LER o post Homem-Maquina mais abaixo
Dessa vez um jpg que o Mauro Ventura, do Globo, me mandou por email. Aqui segue um link para o Miguel Nicolelis, citado na entrevista. Clique na imagem abaixo para ampliar.
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Eu apoio a gestão da Secretária Estadual de Cultura, Adriana Rattes, e também o trabalho que Carla Camurati vem desenvolvendo a frente do Theatro Municipal.
Por isso reproduzo abaixo a carta que Adriana enviou por email.
Segue>>
Estão circulando há várias semanas na internet emails que – com a intenção de tumultuar o debate sobre o Projeto de Lei do Governo do Rio de Janeiro que possibilita a implantação de Organizações Sociais na gestão da Cultura – dirigem acusações a mim e a pessoas da minha equipe.
Fazem isso para nos desqualificar, porque não querem discutir a necessidade de reformar um aparelho de estado ineficiente e corrompido, dominado por interesses corporativos, e sem nenhum controle por parte da sociedade.
Agora, chegaram ao máximo da leviandade, acusando a presidente do Theatro Municipal, Carla Camurati, e pessoas da equipe dela, de receberem dinheiro indevidamente.
Estão espalhando essa história em sites irresponsáveis e através de imeios apócrifos, sem apresentar comprovação do que dizem. E fizeram uma denúncia ao Ministério Público, que ainda não foi apurada.
Entre outras coisas, a campanha difamatória acusa o Maestro Roberto Minczuk de receber pagamentos por uma ópera que ele sequer regeu, encenada numa época em que ele ainda nem era diretor artístico do Theatro. Entretanto, muita gente espalha estes imeios sem parar um minuto para refletir.
A administração da Carla no Theatro Municipal é feita com competência, transparência e espírito público. Minha intenção é que o assunto seja rapidamente esclarecido. Até lá, no entanto, o estrago estará feito para a imagem da Carla. E ela, por sua trajetória profissional e artística, não merece isso.
Por essa razão eu faço questão de escrever, e de me colocar à disposição para dar qualquer dúvida que vocês tenham.
Um abraço,
Adriana
Lá no blog da festa Dancing Cheetah tem texto bom, a primeira mix tape, a programação da segunda temporada no 69 e muito mais. Vai lá.
Entrevista com LUIZ ALBERTO OLIVEIRA que eu achei lá no site Salton Courses.
A tecnociência avança para a hibridização de homens e máquinas?
O tema é abordado por Luiz Alberto Oliveira, físico, doutor em Cosmologia, pesquisador do Laboratório de Cosmologia e Física Experimental de Altas Energias (Lafex) do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MC, onde também atua como professor de História e Filosofia da Ciência. Ele concedeu entrevista à ComCiência abordando algumas consequências da internalização das novas tecnologias no cotidiano das pessoas.
ComCiência – Em algumas palestras o senhor abordou os seres vivos como biontes, bióides e borgues. O que são esses conceitos? Eles se relacionam com períodos, tecnologias e saberes específicos?
Oliveira – A observação decisiva é que progressivamente, e cada vez mais, diluem-se as distinções clássicas entre matéria, vida e pensamento. Anteriormente se poderia dizer que a tecnologia era uma ferramenta para o espírito, residente na dimensão interna da subjetividade, agir sobre a natureza que lhe é exterior. Hoje, devido à capacidade recentemente adquirida de intervir nas escalas infinitesimais de comprimentos e durações que são próprias ao domínio da microfísica, ocorre uma internalização da ação técnica, como se a tecnologia se rebatesse sobre seu agente, como se o espírito se dobrasse sobre si mesmo e se auto-afetasse. Considere-se o que o filósofo Daniel Dennett denominou ‘a perigosa idéia de Darwin’: em períodos de duração suficientemente longa, minúsculas diferenças entre indivíduos de mesma espécie, selecionadas pelas pressões aleatórias do meio, podem conduzir à especiação, a ramificação em novas espécies. Este lento processo de acumulação foi o procedimento pelo qual a evolução escreveu e reescreveu, ao longo das eras, as séries de instruções que presidem a constituição dos biontes, os seres vivos desenhados pela seleção natural. Mas nos anos 50, o biofísico Francis Henry Crick e o bioquímico James Watson determinaram o suporte bioquímico do “manual de operações” – o genoma – que todo ser vivo portaria no interior de suas células e que contém os organogramas e fluxogramas que gerenciam o desenvolvimento dos organismos de cada espécie. A biologia teria assim, como substrato, a ciência do material genético dos organismos ou genômica. Entretanto, como é característico da tecnociência atual, esses avanços no conhecimento sobre as fundações da genômica foram de imediato acompanhados pela geração de aplicações práticas – as biotécnicas. Assim, rapidamente, a tessitura fundamental da própria vida tornou-se suscetível a intervenções técnicas: já nos anos 60, surgiram as primeiras associações entre genes particulares e características morfológicas (ou comportamentais); nos 70, deu-se o começo da capacidade de intervenção programada em processos genéticos; nos 80, tornaram-se corriqueiros a inclusão, exclusão e substituição de genes precisos, bem como a mescla interespécies; nos 90, é produzido o primeiro bióide (ser vivo com desenho artificial) mamífero: Dolly. A perspectiva que se abre é a da hibridação radical: em cinqüenta anos, estima Freeman Dyson, teremos a plena fusão interespécies, ou a gênese de espécies inteiramente novas. Ora, de um ponto de vista estritamente microfísico, não há diferença entre moléculas biológicas e inorgânicas, naturais ou artificiais. À medida que aumenta o poder de manipular objetos em escala molecular, a tendência seria ocorrer uma integração crescente entre componentes orgânicos, gerados biologicamente, e componentes eletrônicos, fabricados artificialmente. Sínteses de carbono e de silício: essa fusão se daria por uma real mescla de formas, pela interpenetração entre componentes orgânicos e semi-condutores; a perspectiva então é a de que nosso devir seja nos tornarmos borgues, híbridos de células e chips. Recordemos um feito espantoso: o cérebro do peixe lampreia foi conectado a sensores sensíveis à luz e também aos controles de movimento de um pequeno robô. Com o cérebro da lampreia funcionando como central de processamento, o robô passou a agir como a lampreia agiria, evitando as zonas iluminadas e buscando as escuras. Esta conexão é ainda muito rudimentar, pois se trata de neurônios inteiros postos em contato com condutores metálicos, mas brevemente será possível penetrar em um nível subneuronal, associando subestruturas dos neurônios a componentes eletrônicos. Nesse momento, que não estaria longe, veremos o nascimento de autênticos híbridos biotrônicos, veremos o nascimento de centauros cognitivos, e esses centauros seremos nós.
segue aqui.
O incansável Paulo Andre da Astronave manda avisar o povo do sul do país que amanhã tem Motorhead… em Recife. É a primeira noite do Abril Pro Rock, um dos mais importantes festivais de música pop do Brasil que acontece anualmente desde 1993.
Em conversa ao telefone Paulo falou também que em breve inaugura sua galeria de arte que vai abalar o Recife antigo.
Caetano lançou o disco novo ontem e tirou do ar o blog. Quem participou, participou, quem não participou poderá ainda visitar o blog mas ele segue fechado para comentários e não haverá novos posts. Apesar disso parece q vai rolar algum tipo de continuação, ao menos foi o q eu senti em comentarios recentes do Hermano e do proprio Caetano…
Achei bacana o post de despedida abaixo e concordo com o que ele diz sobre Hermano.
OeP (SAUDADES) ZeZ
14/04/2009 2:53 pm
O show vai ser no Canecão. Eu quis muito São Paulo para começar matando as saudades, mas o Rio tá mandando em mim. Fico feliz que seja no Canecão. O Canecão é a casa de show real do Brasil. As outras, com todo o respeito, são imitações. Não se pode imitar um boteco que atrai gente há muito tempo e não é pelo conforto nem pelo luxo nem mesmo pela qualidade do serviço. Pode-se imitar um bar bem feito e “bom”. Mas o Canecão é um boteco afavelado cheio de magia. Não adianta fazer um “melhor”.
Espero todos os internautas que ficaram amigos meus e amigos uns dos outros através de obraemprogresso. com.br. Os que puderem vir ao Rio, venham. Vamos se falar no camarim depois do show. Os que não puderem vir ao Rio falam comigo em BH ou Sampa ou Brasília ou Slavador ou Recife ou PoA ou Floripa ou Cuiabá ou Belém ou Curitiba (será que eu vou a Curitiba e Floripa este ano?: o “Cê” não foi) ou Fortaleza ou Campinas ou Campina Grande ou Goiânia ou Palmas (nunca fui a Palmas) ou em Buenos Aires ou em Montevideo ou em Roma ou em Florença ou em Amsterdam ou em Ann Arbor ou em Santiago ou em Minneapolis ou em New York ou em Paris ou em Londres ou em Tucson ou na Cidade do México ou em Bogotá ou em Madri ou em Piracicaba. Onde será que esse show vai?
Hoje passei o dia dando entrevistas. Me perguntaram várias vezes se eu não sentiria saudade do blog. Claro que vou sentir muitas saudades deste blog. Hoje ele pára – com acento agudo (finalmente li o “Acordo”: achei cheio de inconsistências, com todos aqueles pontos facultativos e com menos acentos diferenciais ainda; sou favorável a uma combinação entre os países lusófonos a respeito das regras ortográficas do português – e acho natural que desta vez o peso brasileiro seja maior do que nunca – mas penso que um acordo tal como o que foi formulado não vai ajudar muito nisso: a história futura poderá inspirar outras soluções – se enriquecermos e passarmos a dar as cartas e as coordenadas de um mundo melhor – e não vi nada sobre “camião” e “caminhão”, assim como nada encontrei sobre “porque”, “por que”, “porquê”, “por quê” – digo: se se decide pelas formas portuguesas ou brasileiras – mas entendo que esses não são casos de regra ortográfica propriamente). Sentirei saudades de todos os que se habituaram a escrever aqui. Sentirei falta de vir olhar os comments. Nunca vou esquecer as discussões sobre sotaques e microgramática com Heloisa, ou de sociolingüística e política com Luedy. A insistência de Gil em cobrar alguma solução brasileira para o dilema dos piratas tem de dar frutos para além do blog. Agradeço a aproximação de Possenti. Ele foi gentil em chegar perto e ajudar a mostrar a dignidade que há na empreitada dos lingüistas lulistas.
Eu adoraria falar de todos e de cada um que escreveu aqui. É das pessoas que sentirei saudades. Posso vir a conhecer de perto muitos deles, mas ainda assim sentirei saudade das personalidades virtuais que conheci aqui. Exequiela, Vero e Lucre, sempre mais sexuais do que as discretas brasileiras. Paloma que me cortou o coração ao sumir como que zangada, depois de ter feito aquela versão adorável de “Incompatibilidade de gênios”. Barbara, a quem eu precisava explicar por que eu ser baiano explica em parte eu gostar assim de São Paulo (remember my telling about Paulo Leminski’s idea of a link between Bahia and São Paulo: how these two, when put together, tend to be the most inventive team). Labi, tão inteligente e tão boa. Salem, Carias, Glauber, Joaldo (vou olhar a Impertinácia e de repente dou uma canja, de improviso), Paulo Osório (depois de São Paulo, minha preferência seria estrear em Lisboa), Teteco dos Anjos, esse anjo lírico do interior de Taubaté e da Sardenha, vianna vana caravana, Miriam Lucia, guto guimarães, bruno gumarães, Lucesar, Rafael, Luiz Castello, Tabatinga, Wesley Correia, Marcio Juqueira, Neyde L., Mara, Siboney, Kauim, Nando, ju, Lícia, Maria, Maria e Erica, Marcos Lacerda, Julio Vellame, Enzio Andrade, Emerson Leal, Guido Spolti, Miki Kawashima, Rea Silvia, Rosana Tiburcio, tanta gente de que não lembrei o nome agora – mas que não deve se sentir preterida por eu ter escrito tantos outros: era vontade de chegar até o seu. Minha idéia era não citar ninguém. Mas não resisti.
Hermano, cadê você? Gente, escrevi para Hermano faz uma hora e esperei que ele estivesse lá (ou chegasse lá) mas ele, que não tem celular (eu também não), não atende telefone em casa. Eu queria que ele escrevesse hoje também. Viesse para esta despedida. Para postar junto comigo este tchau. Para mim, Hermano é um dos maiores heróis do Brasil. Gosto muito do pesamento dele, da inteligência, mas acho que ele é um homem de ação, um herói moral e intelectual, que sente a força e o peso prático dos atos e das idéias. João Gilberto é um gênio, Antonio Cicero é um pensador, José Miguel Wisnik é um santo – Hermano Vianna é um herói. Não é a primeira vez que digo isso. Mas ao repeti-lo agora sei que ele e os outros todos vão saber quão seriamente eu o disse quando o disse pela primeira vez. Penso muito nisso. Penso muito em Hermano nesses termos. Sei que alguns de vocês sabem: Hermano é uma das pessoas mais importantes de nossas vidas.
Vellame: “Slumdog Millionaire” é uma fábula sobre o destino. É assim que o filme gostaria de se apresentar. Mas não é. É uma confusão sentimental e divertida utilizando-se de material humano grave. Não é bom. Mas é quase. Diverte um tanto e parece se redimir na dança final na plataforma do trem: Bollywood quase salva a alma de Hollywood. Por que tantos prêmios?
Jary comentou que escrevi “ascenção” , com “ç” e não com “s”. É o tipo do erro que cometo. Ou será que, como diriam os sociolingüistas de Luedy, é errado dizer-se que algo é um erro?
“zii e zie” é o título condizente com as cenas do Rio de hoje: “tios e tias” somos todos diante dos garotos que fazem malabarismo no sinal. Mas em italiano fica mais perto de São Paulo, que é o que desejo agora.
Já encontrei Glauber, Rafael, Mara, Joaldo, quem mais? Acho que já conheço Gil de longa data. Pretendo encontrar tantos que nunca vi pessoalmente.
Gil: “entro na velhice”, foi o que escrevi. Não “entro para a velhice”. Sua troca de preposição parece revelar que tipo de inquietação a frase lhe causou. Mas é apenas uma constatação. Se Ricardo e Marcelo se aproximam da idade adulta, se Moreno e Pedro estão no seu auge, eu entro na velhice. Ou, dito de outro modo, igualmente objetivo: os primeiros têm 27 anos, os outros dois têm 36 e eu tenho 66 (faço 67 em agosto). Mas, veja bem, é “entro”. Isso dura. E hoje em dia 66 é infância da velhice. Não estou demasiadamente preocupado. Aliás, não estava nada preocupado quando escrevi: se estivesse, acho que não escreveria.
Foi bom à beça este blog. Agora é concentrar para ensaiar e fazer um show todo interessante para quem quiser ver. E para todos nós, muitas boas conseqüências (além de boas lembranças) desse período aqui.
“zii e zie” dia 8 de maio no Canecão. Depois, para outras datas, consultem meu site oficial. E leiam os jornais. Felicidades.
Já o Hermano se despediu dentro do comentário do penultimo post assim:
Hermano Vianna disse:
Abril 14th, 2009 at 11:55 am
quando sugeri este obraemprogresso.com.br para o Caetano,a idéia era bem simples: nem seria bem um blog, apenas um local de acompanhamento da obra, com entrevistas em vídeo explicando os rumos que as coisas iam tomando – mas no caminho, tudo mudou e ficou MUITO mais interessante – a principal transformação, e a que me deixou mais animado, foi a formação de uma comunidade de reflexão superbacana (tanto a comunidade quanto a reflexão) por aqui, pautada pela obra, mas indo muito além da obra (e tudo com progresso transparentemente transnacional, transcultural, transexual, transrock etc. etc.) – no início a Júlia e o Henrique me ajudavam, mas há vários meses modero o blog sozinho, praticamente 24 horas por dia, todos os dias – nunca foi chato (este blog é mais uma prova que o mundo não é chato!): na maior parte do tempo (estou sendo absolutamente sincero) estar junto com todo mundo que comentou por aqui (e o pessoal que comentou o que falamos por aqui em seus próprios blogs/sites) foi motivo para grandes alegrias – não gosto de despedidas, não vou me despedir (nem queria escrever nada hoje, prefiro sair de fininho…) – nada está acabando, sinto que aqui/agora há vários começos (inclusive do “zii e zie”, lançado hoje) – Caetano escreveu (em comentário acima) que eu sou fogo… – nem sei exatamente do que ele estava falando (não há plano detalhado, ainda…) – ele que fez o blog (que seria morno) ferver, possibilitando uma real troca de boas idéias sempre em progresso – então: já que nosso fogo coletivo está alto, vamos nos preparar para as próximas obras – viva o transamba!
Escrito por Lalai lá no blog dela.
Sei que o que eu vou falar é chover no molhado, mas para mim não há ainda nada tão poderoso atualmente na web do que o Twitter, que eu considero ter o mesmo peso que o Google teve (e tem) na Internet. Atualmente eu utilizo mais o twitter para pesquisar do que o próprio Google. Por que? Porque a resposta já vem filtrada e me leva diretamente ao ponto. Claro que isso diminui minhas opções de buscas, mas para algo que seja pontual, eu acho que tem sido muito mais eficiente do que o Google.
Alguns exemplos: hoje eu queria almoçar em algum lugar que eu não conhecia, que fosse na região de Pinheiros e que fosse uma opção não muito cara. Lancei no twitter se alguém tinha alguma dica dentro desses parâmetros. Enquanto as respostas não vinham, eu pesquisava guias gastronomicos atrás de algo que atendesse à minha expectativa. Claro que surgiu uma lista imensa, mas eu não conseguia me decidir e muitas das opções estavam além do valor que eu queria pagar.
Em 5 minutos as respostas começaram a chegar no Twitter e coincidentemente algumas dicas eram as mesmas para usuários diferentes. Pesquisei um pouco mais na web sobre o lugar, me decidi e fui lá conferir. Pronto! Ponto para quem deu a dica e ponto para o twitter que viabilizou minha busca acertada.
O Twitter me ajuda a saber rapidamente como está o transito em determinado lugar, quais são as principais notícias do dia, as fofocas, quem acabou de assinar algum contrato para tocar por aqui, albuns lançados, o que as pessoas acharam das minhas festas e por aí vai, além de muitas vezes me salvar dos meus momentos solitários em trânsito ou em uma sala de espera. As minhas atualizações por assuntos que gosto também são bem mais dinâmicas do que a leitura dos meus feeds, já que sigo quem é referência para mim e tais pessoas costumam sempre me brindar com links preciosíssimos.
Estou no Twitter há exatamente dois anos e meu primeiro amigo foi o Rômulo, que demorou muito até a voltar nele e a começar a usar a ferramenta. Meu segundo amigo e a primeira pessoa com quem eu interagi foi o Oct, que entrou na mesma época que eu. Na época boiei porque não entendia patavinas para o que servia e comecei a utilizar ativamente depois de uns três meses de ter feito meu cadastro.
E vejo como uma grande revolução porque o Twitter prova que o que importa é o conteúdo e não a forma. E o que mais me agrada é a quantidade de novos aplicativos e agregadores que são lançados quase que diariamente para o Twitter.
Hoje a bola da vez para mim foi o Tinker, que é conecta com sua conta no Twitter, inclusive você pode acessar seu twitter sem sair dele. A idéia é criar eventos em cima de assuntos que estão em alta no twitter através das tags mais utilizadas. Cada assunto está dividido em categorias e tem uma área que mostra os que mais comentados. Hoje quem lidera o ranking é o SXSW 2009 e Lost. Por exemplo: o bafo que rolou por conta do scritp que gera followers automaticamente poderia ter ido facilmente para o ranking do Tinker, já que foi a polêmica da semana, mas ainda não rolou uma invasão brazuca por lá.
Via ReadWriteWeb
Duas matérias lidas no NYT por acaso (não tenho o hábito frenético de leitura dos jornais gringos, confesso) mostraram como o mundo está em uma velocidade estonteante, conectando tudo: comportamento, política, arte, mercado, poder, cultura e educação. Vamos aos papos:
1) Art Babble
A primeira matéria trata de um site de vídeos sobre arte, com entrevistas, conversas, atividades, trabalhos conceituais, divulgação institucional e encontro de idéias. O Art babble foi uma sacada de algumas Instituições de arte norte-americanas capiteneada pelo Indianapolis museum. O instituo convidou ainda a New York Public Library, the Smithsonian American Art Museum, the Los Angeles County Museum of Art and e o San Francisco Museum of Modern Art.
O resultado é um site ágil, claro, didático (para quem fala inglês, claro), com uma série de recursos. São instituições privadas, investindo na divulgação de sua matéria-prima: arte e conhecimento estético.
Nem sempre a arte tem como obrigação refletir ou comentar o cotidiano de um povo. Se não há espaço para uma reflexão mais ampla e livre sobre o poder criador de idéias do cidadão fora da esfera “valorosa” da política formal, se a máquina de criação do artistas nada mais é do que uma forma interessada de adquirir capital simbólico e financeiro, sites como o Art Babble e manifestações como a criação da Fundação Daros no Rio de Janeiro podem mostrar que mais do que uma atividade “alienada”, a arte é sim a maneira mais eficiente de fazer com o que o Homem questione o que ouve, o que lê, o que vê e o que pensam dele. A educação pela pedra. A educação pela tela. A educação pelo espaço. A educação pelos sete buracos de sua cabeça.
A segunda matéria é sobre um estudo feito por geógrafos norte-americanos definindo em duas grandes cidades – NY e LA – o que eles chamaram de “mapping the buzz”, algo como “mapeando o bochicho” ou “mapeando a muvuca”. O estudo define por cálculos de estabelecimentos, freqüentadores, dinheiro em circulação, cobertura da imprensa e comentários das críticas, um mapa luminoso das artes, do cinema, do teatro, da televisão, da música e da moda nessas cidades.
Esse mapas (as imagens que ilustram lá em cima esse post e que se acha em gráficos imensos na ma´teira do NYT) segundo a pesquisadora-chefe Elizabeth Currid, servem não só para pesquisas de mercado como para o planejamento estratégico e urbanístico das cidades. Eles ajudam a definir vocações locais, a estreitar ligações de bairros e indústrias de consumo e entretenimento, a informar caminhos inteligentes de cobrar impostos, de definir abatimentos produtivos ou de incentivar outras formas de ocupação urbana nas cidades.
Um mapa como esse é fundamental no Rio de Janeiro (alô secretária de urbanismo e de cultura!) para entendermos melhor os eixos de produção, criação e ausências do Município e dos poderes públicos-privados em geral. O mapa da música, por exemplo, certamente mostraria uma abundância de luzes e espaços no eixo subúrbio-lapa, com um corte abrupto na Zona Sul, onde estariam concentrados certamente 90% dos cinemas e teatros ou 99% das marcas da moda. No centro e Santa Tereza, a vocação dos ateliês e dos galpões de arte seria equilibrada com a Zona Sul, com praticamente zero por cento dessa atividade nos Subúrbios.
A matéria vale ser lida para vislumbrarmos soluções inteligentes e práticas ao se pensar a cidade e suas vocações antes de se condenar favelas a muros ou subúrbios ao abandono estratégico, antes de entramos em entropia umbilical apenas rodando pela Zona Sul da cidade e abandonando as vastas possibilidades de funcionamento do resto dos bairros e do Rio d’janira em geral.
O carioca tem que recuperar o direito de circular por TODA a cidade. Essa é a verdadeira política pública, para todos. Da ZS para a ZN, da ZN para a ZS, do asfalto pro morro, do morro pro asfalto, do Leme ao pontal, da Penha até a Ilha do Governador, de Benfica ao cais do porto = nonstop.
lá do antologico, blog do Pedro Seiler.
Hoje estive lá conferindo a bela exposição do Cao que está acompanhado das traquitanas sonoras do Grivo (as mesmas que eles mostraram na 28a Bienal de SP, 2008) no pátio externo e das pinturas do Paulo Whitaker no segundo andar. 3 excelentes exposições que conversam e se completam em mais uma adorável visita a galeria da Nara e do Daniel.
(é impressionante como tenho ficado feliz com os trabalhos e as exposições nas minhas ultimas visitas por lá. e é impressionante também a simpatia e a atenção de toda equipe. hoje tive a sorte de trocar umas palavras e idéias com Paula Braga e acabei saindo com o livro Fios soltos sobre o Helio Oiticica que ela organizou para a editora Perspectiva. em outra vez foi Mariana que fez uma apresentação inspirada e precisa na exposição Otras Floras)
Recomendo a todos uma visita a galeria para conferir as exposições que ficam em cartaz até 16/05/2009. Quem estiver longe de Sp pode conferir o site da galeria que é um dos mais interessantes e completos que eu conheço.
seguem 3 videos que eu peguei lá no site…
Lá no Trabalho Sujo uma entrevista e um texto introdutório do Alexandre Matias. Seguem essas 3 perguntas – respostas aí mas vale conferir tudo por lá.
baixe Alguma Coisinha aqui.
A internet, por outro lado, torna tudo rápido demais – tanto a descoberta quanto o desencanto. Como lidar com isso?
Devemos lidar com isso da mesma forma que os europeus alfabetizados na idade média passaram a ter, depois da invenção da imprensa, 20 livros para ler por ano ao invés de um, acessível apenas se você tivesse a manhã de entrar numa biblioteca da igreja. Na história da humanidade mudanças de paradigmas muito mais dramáticas aconteceram. Você imagina que antes de inventarem um gravador e um vinil NUNCA um ser humano tinha ouvido uma opera ou um adágio, que não fosse executado ao vivo? O terror das pessoas era tanto ao ver o gramofone reproduzindo sozinho todo o som de uma orquestra que as primeiras exibições de gravações de vinil tinham que ser acompanhadas de imagens em cinema de músicos tocando. Mais ainda: até época da invenção do gravador e reprodutor de música o homem estava a 40 MIL ANOS condicionado a só entender a música tocada ao vivo, por um outro homem, ali, na frente dele. Imagina a emoção louca que era naquela época levar debaixo do braço toda a Filarmônica de Berlim para ser executada dentro de casa? Ou seja, a mudança de paradigma que estamos vivendo é fichinha. Não é necessário lidar com isso conscientemente. Naturalmente tudo tem se ajeitado.
O que você tem feito atualmente?
Meu dayjob hoje é: Gerente de Comunicação e Educacional e professor de Literatura. Meu nitejob é ser DJ, daqueles caros, marrentos, que um dia já foi humilde hoje se acha o melhor do mundo. No intervalo, estou compondo as músicas pro segundo disco do Pessoas do Século Passado, e escrevendo três livros: dois por encomenda e o interminável livro sobre minha viagem pelas rotas que o Jack Kerouac fez para escrever o On The Road, pra descobrir o que de Beatnik e contracultural ainda há na américa do século 21. O livro está ficando tão bom que eu escrevo três páginas e fico prostrado, apaixonado por aquelas três páginas durante seis meses. Não dá vontade de terminar. Outro dia tive um sonho onde eu continuaria escrevendo esse livro só pra mim até morrer, só pra não perder o prazer de lidar com essa história tão incrível que tive a sorte de acontecer comigo.
O lançamento de Alguma Coisinha pode dar origem a um Alguma Coisinha 2?
Seria um belo projeto pra 2010, junto com um segundo livro Pessoas do Século Passado. Refletir sobre uma década que passou tão rápido, em que os ingênuos vão se apressar a dizer que nada aconteceu de relevante salvo 11 de setembro, pode dar um grande barato. O mundo mudou nos últimos 10 anos mais do que nos últimos 30. É missão dos que perceberam isso explicar tim-tim por tim-tim pra moçada que sofre de vertigem.
Peguei essa lá no excelente blog sobre cinema, distribuição e novas mídias do Vitor Leite e do Andre Pereira.
E foi preciso uma bilheteria de 11 milhões de reais em Slumdog Millionaire para a distribuidora Europa Filmes finalmente tomar vergonha na cara e lançar Death Proof, do Tarantino. Mas não comemorem ainda porque o filme só vai estrear em novembro, dois anos depois de sua primeira exibição em solo brasileiro no Festival do Rio 2007. A idéia é aproveitar o marketing que a Universal vai fazer para lançar o Inglorious Basterds, que chega aos cinemas dia 23 de outubro.
Além do Death Proof, a Europa vai lançar outro filme engavetado há dois anos, o Desejo e Perigo do Ang Lee.
Uma boa noite de Oscars faz maravilhas para recuperar uma distribuidora com problemas financeiros…
Caetano subiu ontem uma entrevista com o baterista Marcelo Calado, outra com o baixista Ricardo Dias Gomes e o release do disco novo “zii e zie”. Tudo lá no blog Obra em Progresso.
release:
Um passo a dar com a banda do “Cê” (hoje bandaCê) e a lembrança permanente daquele disco de Clementina com Carlos Cachaça. “Incompatibilidade de gênios” e “Ingenuidade” estão em “zii e zie” porque são as faixas núcleo daquele disco, as que ficaram sempre acesas na memória. Não tenho um exemplar do disco de Celementina comigo. Talvez um vinil tenha ficado na casa de Dedé e hoje Moreno o achasse. Mas nem perguntei a ele. Num dos primeiros ensaios do Obra em Progresso, aquele em que Jaquinho foi o convidado, quis ensaiar “Incompatibilidade” e comentei com Pedro, Ricardo e Marcelo que na minha lembrança Clementina cantava em, digamos, dó maior, em vez do lá menor do João Bosco. Tinha na memória uma harmonia mais convencional quando ouvi a gravação desse samba com o autor pela primeira vez: a que tinha ouvido antes com Clementina. Achei que João Bosco tinha feito uma rearmonização e desejei voltar ao jeito que está no disco dela. Mas não estava certo de que minha lembrança não fosse uma ilusão. Jaquinho então disse: “por que você não faz em dó maior, se é isso que você está sentindo?”. Tentei achar a gravação de Clementina ali na hora (Moreno não ia aos ensaios), na internet, mas não achei. Achei uma exuberante e espetacular de João Bosco ao vivo no YouTube. Em lá menor, claro. Me pergunto se há muita coisa melhor do que aquilo no mundo. Mas minha idéia era totalmente oposta à daquele tratamento jazzístico moderno e com um suíngue de samba tão profundamente sentido por todos os músicos que chega a doer. Voltei para a sala de ensaio com vontade de talvez nem cantar a música. E com a certeza de que, se o fizesse, seria em lá menor: o dó maior seria bonito numa versão ingênua que quisesse ser o que Clementina soava pra mim. Na versão simplificada mas nada ingênua que eu imaginava, o centro tonal em lá menor – e os acordes tensos ao seu redor – era o que se exigia. A batida monótona tinha de o ser tanto quanto a de “Perdeu”, embora um tanto diferente: partindo da idéia básica da batida de Bosco. Experimentamos. E a canção entrou não só no show seguinte como está no disco. Me demoro contando sobre a entrada de “Incompatibilidade de gênios” (e algo sobre a de “Ingenuidade”) em “zii e zie” porque acho que isso joga luz sobre todo o sentido do novo disco. Conhecendo o que eu sugeri para “Perdeu” (e o que, juntos, conseguimos com esse transamba), os 3 caras da banda intuíam o que deveria estar em minha cabeça como tratamento para “Incompatibilidade”. Mas as mudanças por que o projeto de arranjo passou em minha mente eles não acompanharam. Voltei do computador decidido a incluir a música no disco e dizendo que a versão de João era humilhante mas que a gente faria um “transamba”, enquanto ele fazia “samberklee”. A piada era boa e fez rir. Não dá para competir: nossa versão apenas mostra uma abordagem diferente, que talvez suscite outras interpretações desse samba obra-prima. Isso diz muito do que fazemos, neste disco, com o samba em geral.
De “Diferentemete” (a mais velha das canções do CD) a “Lapa” (a mais nova), todas as composições nasceram comigo usando batidas de samba no meu violão – e buscando frases melódicas que evocassem a tradição do gênero. As únicas exceções talvez sejam “Por quem?” e “Sem cais”. Digo “talvez” porque para “Por quem?” sempre imaginei uma bateria dobrando uma transbossanova sobre o ternário às avessas do meu violão – e a balada de “Sem cais” já veio à mente de Pedro com muito samba dentro. Pode ser que alguém ache difícil reencontrar isso em “Menina da Ria” ou mesmo em “Lobão tem razão”. Mas eu digo que, embora em “A cor amarela” haja explícitas palmas de samba-de-roda, há mais samba na base daquelas duas canções (e em “Tarado ni Você”) do que no axé light da menina preta. Mantive as minhas batidas de violão do momento da composição em todas as gravações. Sugeri relações de contraste ou de distorção entre elas e a atividade dos outros instrumentistas. Chegamos a coisas muito bonitas e, mesmo para nós, intrigantes.
“zii e zie” é um disco feito com a bandaCê, concebido para ela. Ela tinha sido concebida para fazer o “Cê”. Por isso há mais unidade na partida do “Cê” do que na chegada, ao passo que há mais unidade na chegada do que na partida do “zii e zie”. Para nós quatro foi custoso reconhecer essa verdade (que pareceu óbvia a ouvintes não envolvidos na feitura). “Cê” foi concebido para criar uma banda. Mas foi um disco de letras muito pessoais minhas. Eu olhava para meu entorno próximo. Em “zii e zie”, as letras olham para mais longe. Atém-se majoritariamente ao Rio, mas aí vai a lugares variados: da favela ao Leblon, da Lapa à praia; de Chico Alves a Los Hermanos; de anônimos típicos a celebridades atípicas, como Kassin, a combinações inusitadas de personalidades cariocas, como Guinga e Pedro Sá. Mas as letras olham para mais longe de mim também: Guantánamo, grutas do Afeganistão, Washington. Voltam os nomes próprios e o tom de comentário dos signos dos tempos que sempre fizeram presença em meu repertório.
Tudo contribuiu para que este viesse a ser um disco mais de banda do que o anterior. Moreno e Daniel Carvalho ficaram mais felizes com o material sonoro que produzíamos. E nós nos sentíamos ainda mais relaxados no diálogo com eles dentro do estúdio. Pedro foi mais um produtor que dirige a feitura da música. Moreno, mais um produtor que dirige a feitura do som. Daniel era responsável pela técnica de captação. Moreno tem um ouvido muito fino para gravação, mixagem e masterização. Ele ilumina os técnicos. E o tratamento sonoro que ele e Daniel trazem ilumina a música.
“zii e zie” é um disco muito claro e denso, nascido num ano de chuvas no Rio, um ano de nuvens pesadas e escuras, sem metáfora. É um disco que saúda a era Fernando Henrique/Lula e fala de ambições de ascenção do Brasil no cenário mundial num tom de tristeza íntima mitigada. Entro na velhice. Pedro e Moreno estão no auge da idade adulta. Marcelo e Ricardo chegam a ela. Somos pessoas de gerações diferentes partilhando interesses muiscais e humanos semelhantes. E com assustadas expectativas de futuro soando em nossas cordas metálicas, plásticas, mucosas.
Caetano Veloso.
P.S.: Soube por Francisco Bosco que João, pai dele, acaba de gravar “Ingenuidade” também. Eu gravei sem nem reouvir o disco de Clementina: apenas a lembrança do que julguei ter ouvido. Gravei com erros (um deles um tanto sério) na letra. Ouçam a gravação de João quando sair, para correção. Ou voltem, se acharem, à de Clementina (simplesmente celestial). É um modo de mostrarmos respeito a esse extrapordinário sambista de nome extraordinário: Serafim Adriano (o anjo imperador, como Francisco e eu dissemos em uníssono ontem na Cinemathèque, depois do show de Jonas Sá).
Texto do Nelson Motta nO GLOBO de ontem defendendo as OSs.
O que têm em comum: • A Osesp, que sob a batuta de John Neshling se tornou uma das melhores orquestras do mundo. E sua sede, a Sala São Paulo, a melhor do Brasil; • A Estação das Docas, de Belém, que transformou o velho cais do porto em um moderno complexo turísticocultural, que orgulha os brasileiros e se nivela aos seus similares de Buenos Aires e de Lisboa; • A lindíssima, por fora e por dentro, Pinacoteca do Estado, em São Paulo, seu acervo e sua programação; • O Porto Digital de Recife, comandado por Silvio Meira, com mais de 200 profissionais de ponta trabalhando na criação de softwares, que se tornou uma referência internacional como polo tecnológico; Além da alta qualidade desses produtos, serviços e equipamentos culturais, que servem ao público em padrão internacional, o que eles têm em comum é a eficiência e transparência de sua gestão. Que não é feita pelo Estado, nem por empresas privadas ou ONGs, mas por OSs — Organizações Sociais, entidades sem fins lucrativos, qualificadas e especializadas, que o Estado contrata para executar seus programas nas áreas de educação, cultura, meio ambiente e tecnologia.
O contrato de gestão tem objetivos e metas definidos pelo Estado, que são fiscalizados e cobrados.
Não cumpridos, são rescindidos e os gestores punidos. É a forma moderna de dar agilidade e eficiência à gestão cultural. Para diminuir a burocracia e a corrupção e fazer melhor uso do dinheiro público.
No Rio de Janeiro, o projeto que propõe o modelo das OSs para gerir teatros, museus, centros e projetos culturais foi enviado à Alerj e está sendo bombardeado pelo funcionalismo, que teme perder espaços e privilégios.
Mas se mostra incapaz de produzir melhor desempenho e não responde aos exemplos de eficiência, competência e sucesso dos projetos citados — todos geridos por OSs.
Os deputados sofrem a pressão, morrem de medo de perder votos do funcionalismo. E o Rio de Janeiro corre o risco de ficar atrás de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Pará, Rio Grande do Sul, e até de Sergipe, pela força do corporativismo e do atraso que dominam a política carioca
Segue um texto sintético para entender as ORGANIZAÇÕES SOCIAIS que eu consegui com a Secretaria de Cultura. Em breve vou organizar um papo no ateliê para discutir melhor o assunto. Quem estiver interessado por favor mande um comentario para esse post ou email para raul@raulmourao.com. Tem também um abaixo assinado rolando aqui mas só tem 202 assinaturas até o momento!!
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS: MODELO ASSEGURA MAIS QUALIDADE PARA A CULTURA DO RIO
Outros 13 estados, além do DF, já têm legislação de OS. Projeto, que está na Assembléia Legislativa do RJ, exige resultados dos gestores
O Governo do Estado do Rio de Janeiro apresentou à Alerj o Projeto de Lei (PL) 1975/2009, que propõe novo modelo de gestão para teatros, museus, bibliotecas, escolas, centros e projetos culturais. Pelo PL, os serviços e atividades de seus equipamentos passam a ser executados e gerenciados por Organizações Sociais (OS).
O que é OS?
Organização Social é uma qualificação concedida pelo Poder Público a entidades de Direito Privado _sem fins lucrativos_ que podem executar serviços e atividades em diversas áreas como, cultura, educação, meio ambiente, saúde, tecnologia. Neste modelo, as políticas públicas e as diretrizes continuam sendo estabelecidas pelo Governo, por meio de um Contrato de Gestão.
O modelo de gestão não permite a participação da iniciativa privada. Pelo contrário: prevê a participação de associações, fundações, institutos e associações diversas, parceiras do Estado. Projetos culturais, por este modelo, também podem ser viabilizados e geridos pela OS.
Eficiência em 14 unidades do país
Ao todo, treze estados (Goiás, ES, Bahia, Pará, Ceará, Pernambuco, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Sergipe, Acre, Maranhão), mais o Distrito Federal e o próprio Governo Federal, já contam com leis de OS semelhantes ao PL apresentado pelo Governo do Estado.
Em São Paulo, os equipamentos culturais adquiriram maior relevância e eficiência depois que passaram a ser administrados por OS. Lá, são exemplos de sucesso do modelo OS a Osesp, o MIS, a Pinacoteca e a Associação Paulista dos Amigos da Arte, que inclui os teatros Sérgio Cardoso e São Pedro. Em Campos de Jordão, o Auditório Cláudio Santoro, e o Festival Internacional de Inverno de Campos de Jordão também são geridos por OS. O Porto Digital, em Recife, tornou-se referência internacional como pólo tecnológico; em Belém, o complexo turístico cultural Estação das Docas é uma OS-modelo de utilização de área portuária para a cultura e o lazer no país.
Mais agilidade e controle social
São muitas as vantagens das Organizações Sociais para a administração pública. Entre outros fatores, há maior e melhor controle social, agilidade administrativa, transparência e eficiência sobre o trabalho desenvolvido nos equipamentos culturais.
Esta parceria com o terceiro setor permitirá ao Poder Público concentrar seus esforços no planejamento e na formulação de políticas públicas, em controle e fiscalização, deixando a cargo das entidades contratadas tão-somente a execução dos serviços públicos.
Maior participação do Estado
De acordo com a Secretária de Estado de Cultura, Adriana Rattes, o Estado passa a ter uma participação ainda maior na vida cultural dos equipamentos. “Ao fazer um contrato de gestão do equipamento, o Estado foca sua atenção nas funções inerentes a ele: a formulação de políticas públicas, a fiscalização e a avaliação do cumprimento delas. Isso continua sendo de responsabilidade única e exclusiva do governo estadual”, diz.
Servidor não perde seus direitos
A implantação do modelo OS não afetará em hipótese nenhuma o vínculo do servidor com o estado. Pelo projeto, os servidores da Cultura terão seus direitos trabalhistas preservados e continuarão trabalhando como funcionários estatutários.
O artigo 30 do PL, que diz respeito ao Servidor Público, garante a manutenção de todos os direitos trabalhistas.
No futuro, os novos funcionários poderão ser contratados sob o regime da CLT, com planos de cargos e salários próprios.
Composição das OS
A OS é composta por um Conselho de Administração estruturado da seguinte forma: 40% dos componentes são indicados pelo Estado e 10% pelos funcionários do equipamento cultural. Os outros 50% são compostos por cidadãos reconhecidos publicamente por seu notório saber na área em questão. Isso minimiza os problemas decorrentes da alternância de poder. O Conselho nomeará uma Diretoria Executiva, que será responsável pelas tarefas administrativas.
Metas e Fiscalização
Dentro deste modelo, a OS fica obrigada a cumprir uma série de metas. Entre elas, a criação do Conselho. E é obrigada a publicar balanços anuais, para que a sociedade possa acompanhar a gestão e os resultados.
A fiscalização será feita por diversos órgãos, como o Tribunal de Contas do Estado, a Auditoria Geral do Estado e o Ministério Público – e por qualquer cidadão, pessoa jurídica, partido político ou entidade sindical. Está prevista, ainda, fiscalização por Auditoria Externa e pelo Poder Público, através de superintendências da Secretaria de Estado de Cultura, portanto haverá uma ampliação dos agentes.
Blog criado pelo músico e compositor Leoni e pelo designer Marcelo Pereira (meu ídolo, guru e mentor) para discutir e pensar a situação da música hoje.
Tem muito texto interessante, indicações de leitura e conversa boa nos comentários.
abaixo segue o texto de apresentacao…
Música feito água
Esse blog tem a finalidade de trocar experiências, informações e ideias a respeito do novo universo musical surgido a partir das muitas inovações tecnológicas – especialmente a internet e os sites de troca de arquivos digitais.
Como se localizar, que caminhos seguir, como sobreviver, quais chances podemos aproveitar num universo onde o suporte físico da música perdeu sua relevância e a música está disponível em todo lugar dando a sensação de que ela é gratuita – feito água na torneira de casa.
Existe muita informação espalhada pela rede, quase nada em português. Vamos oferecer links, traduções e reciclagens do que garimparmos por aí. Deve haver muita gente pensando sobre o assunto sem encontrar interlocutores.
Todos nós – músicos, empresários, jornalistas, fãs, labels, gravadoras, casas de shows etc. – estamos no mesmo barco musical e podemos , juntos, aprender a navegá-lo nesses novos mares de informação.
Tiago Mesquita andou comentando uns posts aqui do bRog e acabei descobrindo o blog que ele faz junto com Joaquim Toledo Jr. e Lauro Mesquita. O blog do Guaciara começou a partir de mensagens que eles trocavam quase diariamente, comentando assuntos do mundo e enviando endereços com artigos, imagens e tudo mais. Daí os caras resolveram transformar essas conversas em uma página na internet onde pudessem mostrar textos e seguir trocando idéias.
O post de hoje fala da pintora Cristina Canale que inaugura exposição semana que vem na Galeria Silvia Cintra e Box 4 em Ipanema aqui no Rio.
Detalhe: o nome do blog vem do prédio (Edifício Guaciara) onde todos os 3 moravam.
Em visita ontem ao laboratório de idéias e projetos do pensador Frederico Coelho ele me apresentou na página da Tate o manifesto abaixo. Tem muita semelhança com coisas que venho pensando e que em parte coloquei na entrevista que o doutor Felipe Escovino fez para o livro Arquivo Contemporâneo que em breve estará nas livrarias pela Editora 7 Letras.
Altermodern
Manifesto
POSTMODERNISM IS DEAD
A new modernity is emerging, reconfigured to an age of globalisation – understood in its economic, political and cultural aspects: an altermodern culture
Increased communication, travel and migration are affecting the way we live
Our daily lives consist of journeys in a chaotic and teeming universe
Multiculturalism and identity is being overtaken by creolisation: Artists are now starting from a globalised state of culture
This new universalism is based on translations, subtitling and generalised dubbing
Today’s art explores the bonds that text and image, time and space, weave between themselves
Artists are responding to a new globalised perception. They traverse a cultural landscape saturated with signs and create new pathways between multiple formats of expression and communication.
The Tate Triennial 2009 at Tate Britain presents a collective discussion around this premise that postmodernism is coming to an end, and we are experiencing the emergence of a global altermodernity.
Nicolas Bourriaud
Altermodern – Tate Triennial 2009
at Tate Britain
4 February – 26 April 2009
Conheci João na virada do ano em Almada e só depois fui conferir seu excelente blog onde conheci melhor seu trabalho como fotógrafo e diretor de fotografia. Esse documentário aí embaixo ele fotografou para a Mtv e tem direção do Maurão Dahmer e trilha do Flu.
Está lá no excelente blog do jornalista Pedro Doria, atualmente morando na California…
Se bem que o Brasil em alta é uma pauta à parte. Já é tempo de tratar do efeito combinado das presidências Fernando Henrique e Lula – e das suas pessoas – para a nova apreciação do país no exterior. Já são catorze anos de uma paradoxal continuidade que aqui dentro os dois lados se recusam a reconhecer, mas que lá fora é vista como um ciclo sui-generis de expansão da presença brasileira, ancorado em duas figuras incomuns, somando-se aos fortes ganhos de modernização da economia nacional. Fica o registro.
Do mestre Luiz Weis, no Observatório da Imprensa.
Num post recente, argumentei que Fernando Henrique e Lula devem estar entre os melhores presidentes que o Brasil já esteve. Estes dois homens, muito mais amigos entre si do que muitos fazem parecer, fizeram governos de certa forma bastante diferentes. Em ambos, houve excessos de corrupção. E gafes. E erros.
Weis está certo. Esta é a terceira vez que vivo nos EUA. Uma foi quando criança; a segunda, na adolescência. Some-se viagens várias à experiência e me acostumei aos estereótipos de Brasil: samba, futebol e mulheres bonitas. Quando o interlocutor era mais sofisticado, Bossa Nova e capoeira entravam na sopa.
Não mais.
Primeira coisa que se fala a respeito do Brasil: etanol. A segunda: o país está crescendo, não? Já ouvi isso, literalmente, dentro de ônibus em San Francisco. Quando o interlocutor é mais sofisticado, não é mais com cultura que ele aparece. É com independência energética, com a sigla BRICs, ou então com perguntas a respeito de como lidar com Hugo Chávez.
Não é raro que as pessoas conheçam o nome do presidente do Brasil.
A percepção do Brasil, no exterior, mudou nitidamente. As conversas informais, nas ruas, têm sua contrapartida nas mesas que realmente importam, aquelas onde decisões estratégicas internacionalmente são tomadas.
Temos uma imprensa, e uma Internet, particularmente polarizada. Então poucos gostam de reconhecer os méritos do governo Lula, de um lado, e do governo FH, do outro. Elogiar a ambos é particularmente impopular. (Elogiar governo é coisa que jornalista não devia fazer jamais.) O governo Lula não sabe – ou não tem coragem – de enfrentar a questão da Amazônia com a seriedade que cabe. O governo FH perdeu dinheiro de grande monte numa alucinada política de manutenção de câmbio.
Mas é só olhar para nossa história: estes dois governos, em conjunto, fizeram o país subir um degrau e mudar de relevância. O que eles ainda não oferecem é uma visão futura de Brasil. Ainda não há aquele sério investimento em educação para solidificar as transformações sociais que já aconteceram. Ainda não há uma política que facilite o acesso à casa própria para pobres e classe média.
Falta tanto.
Ainda assim, há que se reconhecer o valor do que já foi feito. O artigo de Weis vale ser lido.
E também tem esse aqui sobre a gafe dos olhos azuis que o Pereira recomendou.
Clique aqui para conferir os vídeos.
O Ministério da Cultura disponibilizou em seu site, no mês passado, o novo projeto da Lei Rouanet –que tem como objetivo alterar o atual modelo de financiamento para o setor cultural brasileiro. Artistas, representantes do setor e empresários estão divididos em relação à proposta.
Para discutir o assunto, a Folha promoveu nesta quinta-feira (2) um debate com a participação do ministro da Cultura, Juca Ferreira. Também fizeram parte da mesa o secretário da Cultura do Estado de São Paulo, João Sayad, o diretor da Apetesp (Associação de Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de SP), Paulo Pélico, o superintendente de Atividades Culturais do Instituto Itaú Cultural, Eduardo Saron, e o consultor de patrocínio empresarial, diretor-geral da Significa e da Articultura, Yacoff Sarkovas.
O texto abaixo está no endereço de petições on line. Caso você concorde de um pulo lá e deixe sua assinatura e passe a notícia adiante. Eu já assinei.
“Nós, signatários, somos favoráveis ao novo modelo de gestão em que Organizações Sociais (OS) poderão administrar teatros, museus, bibliotecas, escolas de arte e centros culturais públicos do estado do Rio de Janeiro.
Esse modelo está expresso no Projeto de Lei 1975/ 2009, apresentado pelo Governo do estado à Assembléia Legislativa – ALERJ. Trata-se de um esforço para dar mais eficiência e flexibilidade à gestão do Estado e possibilitar maior abertura à participação da sociedade civil.
O Estado Brasileiro tem tido muita dificuldade para implantar políticas públicas que atendam às necessidades e aos interesses da sociedade, e de oferecer serviços de qualidade ao cidadão. Por isso, precisamos buscar novas alternativas e aprender com os exemplos de sucesso onde eles existem.
Pelo Projeto de Lei, os serviços e atividades desses espaços culturais passarão a ser executados – com mais transparência – por instituições de interesse público da sociedade civil, sem fins lucrativos, designadas como Organizações Sociais (OS). Esse novo modelo possibilita maior controle social e cobrança de resultados.
Assim, ao delegar às OS as tarefas exclusivamente administrativas, o poder público pode se concentrar no seu trabalho essencial e intransferível, que é o de planejar, formular políticas, definir objetivos e metas, financiar, subsidiar, fomentar, monitorar e avaliar resultados. Com isso, ganhamos todos nós.
Goiás, Espírito Santo, Bahia, Pará, Ceará, Pernambuco, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Sergipe, Acre, Maranhão, mais o Distrito Federal, já contam com leis de OS semelhantes ao Projeto de Lei apresentado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. O Governo Federal tem sua própria lei de OS. E é mais do que hora do nosso estado do Rio usufruir dessa legislação.
São inúmeras as Organizações Sociais espalhadas pelo Brasil, hoje, com grande sucesso: o IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) do Governo Federal, o Porto Digital do Recife (hoje, um dos principais pólos de tecnologia do país, somando 120 organizações, gerando 4 mil empregos, e sendo responsável por 3,6% do PIB do estado de Pernambuco) , a Estação das Docas de Belém do Pará, a OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), a Sala São Paulo, o Projeto Guri, o Projeto Vá ao Cinema (1,5 milhão de estudantes da rede pública nas salas de cinema em 2008) e 27 hospitais da rede estadual paulista, dentre outros.
O Rio de Janeiro não pode ser privado dessa experiência tão importante. Assine embaixo – e ajude a obter mais adesões para sensibilizar a Alerj a aprovar esse Projeto de Lei.”
Seguem, também, três links interessantes:
– Comentário de Arnaldo Jabor, na rádio CBN
– Texto de Chacal sobre OS
– Texto de Patricia Canetti sobre OS
É muito difícil escrever para um órgão da imprensa – não se trata do catálogo da exposição ou de um informe de divulgação – sobre uma exposição de arte da qual você não apenas participou como um dos organizadores, mas coordenou toda uma equipe de quatro curadores e oito assistentes. Tratando-se de arte na qual os juízos são sempre subjetivos não existe ninguém mais suspeito do que eu para falar dessa exposição porque o leitor, naturalmente, espera, ao ler o jornal, uma avaliação crítica. Peço que a visite e a avalie por si mesmo.
Tratando-se de uma escolha que não é pessoal, mas de uma equipe de treze pessoas, posso apenas garantir que se trata de uma relevante amostragem da produção de artes visuais do Brasil contemporâneo de Norte a Sul, de Leste a Oeste. E um evidente testemunho da vitalidade dessa produção que há muitos anos nos coloca de igual para igual com o que de melhor se faz no planeta. E depois dessas afirmações, vejam como não sou suspeito.
Mas é importante essa oportunidade para informar o leitor do que se trata o programa Rumos Itaú Cultural Artes Visuais. E quem lhes escreve dirigiu órgãos públicos federais, estaduais e municipais, e tem alguma experiência com entidades privadas. Hoje, o Rumos Artes Visuais é o mais importante programa realizado por meio de um edital público na área de artes visuais voltado especialmente à produção emergente. Nenhum outro órgão público ou privado desenvolve um programa como esse.
Nessa edição 1617 artistas se inscreveram. Quarenta e cinco foram selecionados. Os artistas selecionados recebem recursos criteriosamente estabelecidos para realizar suas obras quando estes são necessários. Mas não é mais um salão de arte. Muito além do concurso público e da exposição que agora pode ser visitada o programa é todo um processo complexo e variado.
Percorre o País em diversas cidades do Norte ao Sul, promovendo conferências e debates, visita ateliês, entra em contato com os artistas, distribui livros para enriquecer bibliotecas com títulos de arte, realiza oficinas de trabalho, promove seminário e bolsas de residência no exterior e no país. Acima de tudo, promove um intercâmbio de experiências entre artistas, curadores, críticos; cada edição do Rumos Artes Visuais é um encontro, em muitos capítulos, que dura dois anos. A exposição ora apresentada em São Paulo receberá quatro recortes por cada um dos quatro curadores – Alexandre Cerqueira, de Belém; Marília Panitiz, de Brasília; Christine Melo, de São Paulo e Paulo Reis, de Curitiba – e será exibida em Rio Branco, no Acre, em Brasília, em Salvador, e em Curitiba e, depois, será mostrada na íntegra no Rio de Janeiro. Os artistas selecionados têm uma ocasião única de ter sua obra em contato com um público muito variado.
Agora vem o momento crítico: e para quê tudo isso? A mentalidade instalada no poder em nosso País, e isto não agora, mas desde nossa fundação, não compreendeu o papel da arte na construção de uma nação. No nosso caso de País periférico a indústria do entretenimento pegou pesado por meio da televisão. Produzimos uma das melhores televisões abertas do mundo. Mas lembre-se, a meu ver, apenas um canal aberto apresenta alta qualidade de conteúdo e forma, o resto é sofrível quando não deprimente.
Esse canal de melhor audiência e qualidade desenvolve um trabalho cultural evidente, criticável em alguns aspectos, mas de longe uma das melhores coisas que já vi quando sintonizo a TV nos hotéis em qualquer País. Mas arte não é só cultura, e muito menos cultura eletrônica. É isto que a elite brasileira não introjetou, não botou para dentro. As castas superiores da sociedade brasileira têm uma enorme dificuldade em diferenciar arte de cultura. E tanto faz castas de esquerda e de direita, todas pensam igual.
Pode ser que alguém pergunte: mas o que esse cara entende por casta? Entendo por casta no Brasil esse ajuntamento de proprietários, de investidores pesados. Seus assessores e, sobretudo, essa burguesia de Estado formada por tecnocratas e recém-chegados ao poder que ocuparam desde os fundos de previdência das estatais até órgãos da cultura. Esta é a casta superior da sociedade brasileira. É esta casta que não diferencia arte de cultura. E não interessa diferenciar porque cultura – esta coisa genérica – rende politicamente, arte é mais complicado.
Não vou falar da Europa, porque vou ser considerado muito antigo. Vamos aos Estados Unidos que têm a maior indústria cultural do mundo: Hollywood, a Broadway, as maiores redes de TV e uma produção imensa de pacotes de exportação. O que eles fazem? Exportam indústria cultural, entretenimento e importam arte. Têm absoluta ciência do papel da arte na construção de uma nação. Basta pensar nos seus maiores museus.
Em Merion, na Barnes Foundation, um subúrbio da Filadélfia, entre outras preciosidades existem 52 óleos de Cézanne, repito, 52 de Cézanne. Não falemos de Washington, Nova York, Filadélfia, ou Chicago. O país que deu ao mundo o blues, o jazz e o rock não abdicou de formar grandes coleções de arte. Por quê? Sem confundir arte com cultura os norte-americanos sabem o que constroem e educam uma sociedade.
Em nosso País é deplorável a situação das artes visuais. Passados 13 presidentes da República entre ditadores e democratas – não contando os dois interregnos – o Museu de Arte de Brasília é a antiga sede do Clube das Forças Armadas, depois transformada em Casarão do Samba, para, finalmente ser destinada ao Museu. Vive, em lugar ermo, ao lado de um conjunto hoteleiro de arquitetura pífia chamados, et pour cause, de Fort Lauderdale e Key Biscayne.
O Rumos Itaú Cultural Artes Visuais faz todo esse trabalho, para quê? Para ser complementado por programas públicos de bolsas de trabalho para artistas e programas de aquisições de obras de arte para enriquecimentos de acervos nacionais e locais. Mas para isso é preciso abrir o olho para a arte e diferenciá-la da cultura. E sobretudo parar com a discurseira reformista e fortalecer o que está dando certo.
A Noz é uma revista de arquitetura editada desde 2007 por um grupo de estudantes do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio. Na contramão da tendência à especialização, a revista busca abordar diferentes campos temáticos fundamentais àqueles que pensam a cidade, a imagem e a construção. Sua linha editorial preocupa-se em enxergar a arquitetura sob diversas óticas, passando pela filosofia, artes plásticas, cinema, literatura e design. A revista não procura definir conclusões, mas reflete uma constante busca capaz de instigar reflexões variadas.
Em sua primeira edição, o debate girou em torno do projeto de urbanização da Rocinha, da revitalização, da arquitetura imobiliária e da subjetividade da vida na cidade.
A Noz 2 debateu, a partir da importância da imagem no mundo contemporâneo, as consequências para a produção arquitetônica e o surgimento de cidades como Dubai, cujo processo de urbanização emergente direciona para a concretização de uma cidade cada vez mais espetacularizada e temática. A edição discutiu também o posicionamento do espaço público na cidade globalizada e as relações entre arquitetura e cenografia.
Na terceira edição da revista, ao tocar as fronteiras da arquitetura, a idéia de paisagem surge como linha que circunscreve a discussão. Pensar a margem nos leva a pensar o que seria a paisagem sem um objeto e o objeto fora da paisagem. Paisagem e objeto dialogam e se entrecruzam por toda revista, encaminhando a questão para outros campos do saber. Esta edição conta com colaboradores como Josep Maria Montaner, Cadu, Alday Jover, Aires Mateus, Ana Luiza Nobre, Eucanaã Ferraz, Raul Mourão entre outros.
peguei lá no site
essa crítica ao curta que passa amanhã em Sp no festival.
No Tempo de Miltinho
Por Paulo Ricardo de Almeida
Publicado em 30 de Março de 2009
Cinebiografia do sambista Miltinho, que cobre sessenta anos da carreira do artista – do início, nos anos 40, nos grupos musicais em que tocava pandeiro, até a carreira solo que influenciou intérpretes como Zeca Pagodinho e Elza Soares.
Ao contrário de outros documentários que retratam personagens reais – Domingos e Cildo, por exemplo, também em cartaz no É Tudo Verdade -, No Tempo de Miltinho não se torna refém daquele que homenageia. Embora lhe dê a palavra, André Weller não a aceita enquanto verdade absoluta, de modo que filme e personagem travam diálogo semelhante ao do sambista com as orquestras que o acompanhavam: ele dois compassos antes ou depois da cabeça da nota, preenchendo os vazios, mas sempre na cadência do ritmo.
No próprio título, André Weller destaca a importância do ritmo para o filme: “No Tempo de Miltinho” não se refere à cronologia dos eventos na vida personagem, e sim à pulsação dos sons, ao andamento da música que alimenta o sambista.
Miltinho admira tanto o ritmo que possui 110 relógios. André Weller pergunta ao músico – na única intervenção direta do cineasta ao longo do filme – se é o tempo que o define, ao que o biografado concorda.
A capacidade de se aliar ao tempo e de transformá-lo em arte.
No Tempo de Miltinho, de André Weller, 2008.