Dodo Azevedo disse:
Lá no Trabalho Sujo uma entrevista e um texto introdutório do Alexandre Matias. Seguem essas 3 perguntas – respostas aí mas vale conferir tudo por lá.
baixe Alguma Coisinha aqui.
A internet, por outro lado, torna tudo rápido demais – tanto a descoberta quanto o desencanto. Como lidar com isso?
Devemos lidar com isso da mesma forma que os europeus alfabetizados na idade média passaram a ter, depois da invenção da imprensa, 20 livros para ler por ano ao invés de um, acessível apenas se você tivesse a manhã de entrar numa biblioteca da igreja. Na história da humanidade mudanças de paradigmas muito mais dramáticas aconteceram. Você imagina que antes de inventarem um gravador e um vinil NUNCA um ser humano tinha ouvido uma opera ou um adágio, que não fosse executado ao vivo? O terror das pessoas era tanto ao ver o gramofone reproduzindo sozinho todo o som de uma orquestra que as primeiras exibições de gravações de vinil tinham que ser acompanhadas de imagens em cinema de músicos tocando. Mais ainda: até época da invenção do gravador e reprodutor de música o homem estava a 40 MIL ANOS condicionado a só entender a música tocada ao vivo, por um outro homem, ali, na frente dele. Imagina a emoção louca que era naquela época levar debaixo do braço toda a Filarmônica de Berlim para ser executada dentro de casa? Ou seja, a mudança de paradigma que estamos vivendo é fichinha. Não é necessário lidar com isso conscientemente. Naturalmente tudo tem se ajeitado.
O que você tem feito atualmente?
Meu dayjob hoje é: Gerente de Comunicação e Educacional e professor de Literatura. Meu nitejob é ser DJ, daqueles caros, marrentos, que um dia já foi humilde hoje se acha o melhor do mundo. No intervalo, estou compondo as músicas pro segundo disco do Pessoas do Século Passado, e escrevendo três livros: dois por encomenda e o interminável livro sobre minha viagem pelas rotas que o Jack Kerouac fez para escrever o On The Road, pra descobrir o que de Beatnik e contracultural ainda há na américa do século 21. O livro está ficando tão bom que eu escrevo três páginas e fico prostrado, apaixonado por aquelas três páginas durante seis meses. Não dá vontade de terminar. Outro dia tive um sonho onde eu continuaria escrevendo esse livro só pra mim até morrer, só pra não perder o prazer de lidar com essa história tão incrível que tive a sorte de acontecer comigo.
O lançamento de Alguma Coisinha pode dar origem a um Alguma Coisinha 2?
Seria um belo projeto pra 2010, junto com um segundo livro Pessoas do Século Passado. Refletir sobre uma década que passou tão rápido, em que os ingênuos vão se apressar a dizer que nada aconteceu de relevante salvo 11 de setembro, pode dar um grande barato. O mundo mudou nos últimos 10 anos mais do que nos últimos 30. É missão dos que perceberam isso explicar tim-tim por tim-tim pra moçada que sofre de vertigem.