aço 1020 com resina sintética, dimansões variáveis
O campo todo fraturado
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Dia 21 de junho de 2008 eu postei aqui no b®og A Gabi com seu iPhone e hoje eu esbarrei com esse outro videozinho… É o capeta cantando a marchinha Mamãe eu quero meu iPad na cabeça das crianças indefesas.
saiu lá no site do prêmio PIPA.
Veja a lista completa com os nomes dos integrantes do Júri de Seleção. Cada um deles poderá indicar até cinco artistas. Os quatro artistas que receberem o maior número de indicações terão suas obras expostas no MAM-RJ em setembro. Os finalistas concorrerão aos prêmios de R$ 120.000 – sendo R$100 mil para o vencedor do Júri Oficial – incluindo uma residência de 3 meses no exterior e R$ 20.000 para o vencedor do Júri Popular.
JÚRI DE SELEÇÃO PIPA 2010:
Agnaldo Farias
Artur Lescher
Cristiana Tejo
Daniel Senise
Eduardo Leme
Elida Tessler
Ernesto Neto
Fernanda Feitosa
Franklin Pedroso
Guilherme Bueno
Guilherme Vergara
Iole de Freitas
Jones Bergamin
Jorge Menna Barreto
Jose Ignacio Roca (Bogotá)
Juliana Cintra
Luiz Braga
Luiz Schimura
Marcia Fortes
Marga Pasquali
Mariana Moura
Marta Fadel
Moacir dos Anjos
Paulo Reis
Paulo Sergio Duarte
Rina Carvajal (Miami)
Rodrigo Moura
Tanya Barson (Londres)
Tiago Mesquita
Victoria Northoorn (Buenos Aires)
O cronograma PIPA segue assim:
– 10/06/2010 – Limite para recebimento das indicações dos Indicadores
– 15/06/2010 – Anúncio dos artistas concorrentes
– 15/07/2010 – Anúncio dos finalistas do PIPA
– 18/09/2010 – Abertura da exposição do PIPA no MAM e divulgação dos nomes dos membros do Júri de Premiação
– 28/10/2010 – Cerimônia de Premiação
– 7/11/2010 – Término da exposição do PIPA no MAM
Caminhando uma noite qualquer por Nova York nos anos 40 ou 50, você podia acabar caindo em um clube – digamos, Minton’s ou Five Spot – e dar de cara com músicos como Monk, Coltrane e Dizzy Gillespie cozinhando revoluções no jazz. Rio de Janeiro, começo dos anos 60, se passasse pelo pequeno Beco das Garrafas, a sensação não seria diferente: jovens estudados em discos americanos injetavam novas possibilidades na bossa nova criando o samba-jazz.
São Paulo, 2010, por uma rua do Centro ou Pinheiros, momento parece oferecer efervescência similar. Jovens na faixa dos vinte e algo se juntam em diversas formações e dezenas de grupos, tocam em cada vez mais casas dedicadas ao gênero, para um público cada vez maior e mais interessado e trazem novas idéias ao jazz feito na cidade.
Continuando uma tradição paulistana que já viveu momentos de auge nos bares do Centro como Baiúca e Juão Sebastião Bar na década de 50 e pequenos bares como Supremo Musical nos anos 00, hoje você pode sair em qualquer dia da semana e ouvir música criada no calor do momento.
No Bar B ou no Tapas, Jazz nos Fundos ou New Jazz Bar, as noites são quentes em novas intenções, resultados e possibilidades. Linguagem clássica, pilares reestruturados. O som por um segundo pode parecer o de sempre: baixo acústico, solos de sax tenor e trompete, bateria incansável, improvisos de piano e guitarra. Mas ninguém ali quer dizer o que já foi dito – no máximo, dizer algo inédito a partir dali. O novo é o velho revisto.
Uma das bandas mais interessantes desse cenário é o Otis Trio, originalmente de Santo André e desde 2007 coletando ouvintes por festas, clubes, bares e casa de show de São Paulo. (Atualmente, fazem temporada aos sábados no Bar B.) O contrabaixista João Ciriaco conta que o projeto nasceu quando ele convidou amigos para tocar temas famosos. “Mas logo nos primeiros ensaios o que iríamos tocar ficou pra trás, era mais legal tocar coisa nossa”, lembra. “Hoje temos 100 anos de história como matriz a ser degustada, assimilada e repassada ao nosso modo, dentro do contexto em que vivemos”, explica o guitarrista Luiz Galvão.
O quarteto À Deriva, que está lançando seu terceiro excelente disco, “Suíte do Náufrago”, é outro nome que pode abalar um ouvinte mais desavisado com a sofisticação de seu som, tão poético quanto o nome da banda. “Uma característica que sempre esteve muito presente no nosso trabalho é a improvisação livre, buscamos tocar sem amarras de estilo, de forma, de hierarquia entre os instrumentos”, explica o contrabaixista Rui Barossi.
Marcos Paiva, que lidera caprichado trabalho de novos arranjos e novas composições sobre as harmonias e ritmos do samba-jazz, acaba de gravar com seu sexteto MP6 o disco “Meu Samba no Prato”, em homenagem ao baterista Edison Machado. “Às vezes tenho a impressão que a nossa música instrumental sempre sofre uma ruptura, não se recicla, parece que a gente não consegue fazer um desevolvimento da coisa”, nota. “Esse trabalho nasceu da vontade de fazer uma ligação com as pessoas dessa geração anterior.”
Também inspirada no samba-jazz e com disco pra sair, a big band Projeto Coisa Fina é dedicada à obra de Moacir Santos, também em novas composições e arranjos. Parte do coletivo de sopros Movimento Elefantes, o Coisa Fina subverte as expectativas com shows cada vez mais cheios. “O Coisa Fina tem um público irado” anima-se o contrabaixista Vinicius Pereira. “Acho que tocarmos no Studio SP é uma vitrine pro público jovem, da balada. O mais importante é o boca a boca. Esse lance de redes sociais está pegando fogo hoje em dia e nós estamos aprendendo a aproveitar.”
E o público que aparece pra ver, ouvir, acompanhar? Barossi, do À Deriva, define: “São pessoas que estão dispostas a entrar no barco com a gente e participar da viagem. A graça está em se deixar soltar dos preconceitos e fruir junto da música que fazemos na hora, em comunhão com a gente. Se estiverem de fora da brincadeira, vão achar só uma maluquice.”
Não vale pra tudo na vida?
CONHEÇA A NOVA CENA
OTIS TRIO
http://www.myspace.com/otistrio
Quem: Luiz Eduardo Galvão, guitarra; João Ciriaco, contrabaixo; Flávio Lazzarin, bateria; frequentemente também com Beto Montag, vibrafone; André Calixto, sax tenor; Daniel Gralha, trompete.
Para quem gosta de Art Blakey, Lee Morgan, Ornette Coleman.
À DERIVA
http://www.musicaaderiva.com.br/
Quem: Rui Barossi, contrabaixo; Daniel Müller, piano; Guilherme Marques, bateria; Beto Sporleder, sax tenor e flauta.
Para quem gosta de Bill Evans, John Coltrane, Keith Jarrett.
MP6 (MARCOS PAIVA SEXTETO)
http://www.marcospaiva.com/
Quem: Marcos Paiva, contrabaixo; Daniel de Paula, bateria; Edinho Sant’anna, piano; Daniel D’Alcântara, trompete; Cássio Ferreira, sax alto; Jorginho Neto, trombone.
Para quem gosta de Edison Machado, Os Cobras, Sérgio Mendes & Sexteto Bossa Rio.
PROJETO COISA FINA
http://www.projetocoisafina.com/
Quem: Vinicius Pereira, contrabaixo; Daniel Nogueira, sax tenor; Anderson Quevedo, sax barítono; outros dez músicos.
Para quem gosta de Moacir Santos, JT Meirelles & os Copa 5, Banda Mantiqueira.
OUTROS NOMES
Iamuhu Quarteto
Grupo Comboio
Martinez
LJ5 (Leandro Jazz Quintet)
Meretrio²
ONDE OUVIR
Bar B
Rua General Jardim, 43
Telefone: 3129-9155.
Terça a sábado, a partir das 20h.
R$ 5 a R$ 10
Tapas Club
Rua Augusta, 1246
Telefone: 2574-1444
Domingos, a partir das 19h.
R$ 5.
Serralheria
Rua Guaicurus, 857
Telefone: 8272-5978.
Sextas, a partir das 21h.
R$ 10.
New Jazz Bar
Rua João Moura, 739
Telefone: 3060-9802.
Terça a sábado, a partir das 21h.
R$ 15.
Jazz Nos Fundos
Rua João Moura, 1076
Telefone: 3083-5975.
Quinta a sábado, a partir das 20h.
R$ 19.
Syndikat
Rua Moacir Piza, 64
Telefone: 3086-3037.
Terça a sábado, a partir das 21h.
R$ 10 a R$ 15.
Sarajevo
Rua Augusta, 1385
Telefone: 3253-4292.
Quartas, a partir das 23h.
R$ 10.
Berlin
Rua Cônego Vicente Miguel Marino, 85
Telefone: 3392-4594.
Terças, a partir das 21h.
R$ 5 a R$ 8.
Studio SP
Rua Augusta, 591
Telefone: 3129-7040.
Primeira terça do mês, 21h.
Grátis.
Deu no newyorktimes…
Louise Bourgeois, the French-born American artist who gained fame only late in a long career, when her psychologically charged abstract sculptures, drawings and prints had a galvanizing effect on younger artists, particularly women, died on Monday at the Beth Israel Medical Center in Manhattan. She was 98.
The death was reported by Wendy Williams, the managing director of the Louise Bourgeois Studio.
Ms. Bourgeois’s sculptures in wood, steel, stone and cast rubber, often organic in form and sexually explicit, emotionally aggressive yet witty, covered many stylistic bases. But from first to last they shared a set of repeated themes, centered on the human body and its need for nurture and protection in a frightening world.
Among her most familiar sculptures was the much-exhibited “Nature Study” (1984), a headless sphinx with powerful claws and multiple breasts. Perhaps the most provocative was “Fillette” (1968), a large, detached latex phallus. Ms. Bourgeois can be seen carrying this object, nonchalantly tucked under one arm, in a portrait by the photographer Robert Mapplethorpe taken for the catalog of her 1982 retrospective at the Museum of Modern Art. (In the catalog, the Mapplethorpe picture is cropped to show only the artist’s smiling face.)
An obituary will follow at nytimes.com.
A galeria Nara Roesler (SP) participará da Pinta Art Fair – London 2010 no stand C-01 com obras dos artistas: abraham palatnik, alberto baraya, antonio manuel, artur lescher, brígida baltar, cao guimarães, hélio oiticica, julio le parc, luiz hermano, marco maggi, marcos chaves, milton machado, paulo bruscky, raul mourão e sérgio sister.
Dentro da seção Art projects Nara vai apresentar obras de Paulo Bruscky no stand D-05.
Abertura
03.06.2010 > 18h>21h [somente para convidados]
Dias e horários
04 > 05.06 sexta-feira > sábado 11h>20h
06.05 domingo 11h>18h
Earls Court Exhibition Centre | Brompton Hall
Warwick Road, Earls Court
London SW5 9TA
England
contato: info@pintaart.com
Joshua Callaghan nasceu em 1969 na Pennsylvania. Joshua é artista plástico e mora em Los Angeles desde 2003 quando iniciou seus estudos na UCLA, lá teve aulas com Charles Ray, John Baldessari, Chris Burden e muitos outros. Conheci Joshua em São Paulo em maio de 1994 quando ele acompanhava uma turma de artistas de NY que na ocasião inaugurava a exposição SP/NY na galeria Camargo Vilaça com curadoria de Marcia Fortes (a primeira que ela assinou na vida). A turma era Ashley Bickerton, Janine Antoni, Paul Ramirez Jonas, Karen Kilimnik, Matthew Antezzo e Rirkrit Tiravanija. Joshua acabou morando entre 1996 e 1999 no Rio e nesse periodo editou e dirigiu videoclipes e documentários, trabalhou com o Chelpa Ferro e fez mais um montão de outras coisas.
Estive no ateliê de Joshua em LA no sábado 10 de abril para ver os trabalhos novos e trocar idéias. Sou fã do trabalho dele e quem frequenta o b®og já encontrou alguma coisa dele por aqui, aqui, aqui e aqui. O dia foi repleto de ótimas conversas, muita arte, livros (em especial um do Beat Zoderer, chamado New tools for old attitudes), videos, música, copos e intensa alegria. Uma passada na LA Louver para conferir os “desenhos” de David Hockney, umas cervejas na Night Gallery, uma vernissage dupla de Adam Janes e Erick Pereira na galeria China Art Objects em China Town, pesquisa por imóveis a venda e churrasco em Los Feliz. No acervo do segundo andar da galeria China Art Objects, enquanto apreciávamos um cubo de vidro do Walead Beshty (aqui tem um vídeo dele na bienal do Whitney), decidimos que Joshua vez ou outra vai mandar alguma imagem ou texto curto sobre a cena de Los Angeles aqui pro b®og. Anotações sobre uma exposição no LACMA, Hammer ou MOCA, o que as galerias andam mostrando, visitas aos ateliês dos amigos e o diabo aquático. A coluna do nosso correspondente em LA vai se chamar JC/LA/CA. Breve!
Aqui abaixo 2 trabalhos novos do Joshua:
Natureza Morta é o título da escultura que o artista plástico carioca Barrão está preparando em Lisboa para os jardins da fundação Calouste Gulbenkian. A obra tem 250cm de altura por 160cm de diametro e será apresentada dentro do projeto Próximo futuro com curadoria de Antonio Pinto Ribeiro no próximo dia 18 de junho junto com os artistas Inês Lobo e Kilian Glasner. Próximo futuro acontece desde o verão passado e mistura artes plásticas, cinema, shows (inclusive do camarada Lucas Santtana), teatro etc.
Lá no site da Gulbenkian tá assim:
Próximo Futuro é um programa Gulbenkian de Cultura Contemporânea dedicado em particular, mas não exclusivamente, à investigação e criação na Europa, na América Latina e Caraíbas e em África. O seu calendário de realização é do Verão de 2009 ao fim de 2011.
Há muito que Barrão (Rio de Janeiro, 1959) desfuncionaliza os utensílios e os torna portadores de um gozo especial, criando objectos que transportam uma capacidade de sonho, de delírio, de fantasia. As peças de louça, que recentemente tem produzido, resultantes da colagem das mais diversas formas e utensílios de porcelana ou de barro, são construídas com humor, com elegância e com delicadeza. Há uma vontade lúdica nestas obras, a par de um desejo de que tudo possa ser combinado e recombinado, tal qual faz o grupo carioca Chelpa Ferro, do qual o artista é membro. A fantasia é mais que um tema, uma possibilidade da arte no universo de Barrão. A peça escultórica criada expressamente para o jardim a partir de loiças portuguesas, expõe essa graça das suas obras coloridas, sendo ao mesmo tempo um jogo muito subtil entre fabricação e natureza, entre ordem e caos, entre ordem e acidente.
Mais informações
Galeria Fortes Vilaça
Galeria Laura Marsiaj
Chelpa Ferro
An excavated summer. A heated extension. A futur-sitic hieroglyph. A lit beast. The casa bella is forever fertile.
With the work of Jennifer Boysen, Michael Rashkow, and Joshua Callaghan, Night Gallery sits with these delectable objects, a species in negative.
Casa Bella opens Tuesday June 1st, 2010 at 10pm.
Night Gallery Hours
Tuesday – Thursday 10pm – 2am
204 S. Ave 19, Los Angeles, CA 90031
For more information visit www.nightgallery.ca
O jornailsta e escritor Luciano Trigo colocou hoje lá no blog dele essa post/entrevista c Zerbini.
O artista plástico Luiz Zerbini tem sua obra multifacetada analisada em livro
Esculturas, instalações, vídeos, fotografias, cenários, ilustrações, textos e composições sonoras integram a obra multifacetada do artista plástico Luiz Zerbini, mas ele se define sobretudo como um pintor. Com uma visão de mundo extremamente particular, Zerbini usa diferentes linguagens e técnicas para explorar as relações entre imagens, sons e palavras. Desde 1995, integra também o coletivo multimídia Chelpa Ferro, ao lado dos artistas Barrão e Sergio Mekler, criando instalações sonoras. Mas o que mais chama a atenção em sua obra são mesmo seus quadros, de uma paleta rica e luminosa, nos quais se alternam cenas domésticas, paisagens naturais e urbanas e imagens abstratas, com padrões geométricos que convidam à contemplação – sempre com um olhar inesperado sobre as coisas.
Luiz Zerbini é o novo volume da coleção Arte BRA (editora Aeroplano, 192 pgs. R$35), que também inclui títulos sobre os artistas Marcos Chaves, Raul Mourão e Lucia Koch. O livro traz ensaios e reproduções que fazem uma espécie de súmula da obra desse artista paulista de 51 anos, radicado no Rio desde o início dos anos 80. Nesta entrevista, Zerbini reconstitui sua trajetória e fala sobre o momento atual da arte brasileira.
– Como você, sendo pintor, lida com a idéia da morte da pintura, que é um tema recorrente na reflexão sobre a arte nos últimos 50 anos?
LUIZ ZERBINI: Vejo com bons olhos. Desde de que a pintura morreu, eu nunca deixei de pensar nela um unico instante. Gosto da ideia de que ela tambem morra. E sinto um certo orgulho por ela ter sido a primeira a ser sacrificada. É justa a importancia atribuida a ela. Logo em seguida à sua morte, naturalmente morreu quem falou isso, e em seguida a música, o cinema e a literatura. A instalação já nasce morta.
Sempre me favoreceu considerar que pintar é uma causa perdida, assim como tudo na vida. Quando pinto não tenho intenção nenhuma de fazê-la renascer. Não existe defesa a ser feita. Para mim não é uma questão de tomar partido. Não existe um ponto final com a sua morte. É um fato, um dado a mais para a História. Pintar é dialogar com espiritos. vivos e as vezes mortos.
Nesse livro que acaba de ser lançado, que faz parte da coleção arteBra junto com Lucia Koch, Raul Mourão e Marcos Chaves, tem um pequeno texto que escrevi sobre esse tema que diz assim:
Minha música, a pintura
a única que ainda me atura
ambas já mortas a essa altura.
– Na infância e adolescência você teve aulas de pintura, aquarela e fotografia. Fale sobre as lembranças marcantes dessa fase e sobre a influência desses anos de formação.
ZERBINI: Na sala da casa do meus pais havia um sofa confotavel que ficava de frente para uma televisão. Atrás desse sofá uma mesa com um abajur. Uma lembraça marcante que tenho sou eu criança, sentado nessa mesa, desenhando todas as noites, enquanto eles assistiam ao noticiário.
Outra lembraça foi meu encontro com José Antonio Van Acker, um pintor figurativo, colorista que sempre andou à margem das principais galerias, instituições e coleções. Só o MASP tem obras suas. Com ele aprendi a pintar a óleo. Depois encontrei Dudi Maia Rosa. Entendi que artistas podiam ser felizes, ter familia e uma casa ensolarada com jardim. Outro encontro foi Leonilson que conheci na FAAP, com quem aprendi muita coisa. Amigo, com quem dividi atelier durante alguns anos.
– No início dos anos 80, após se mudar para o Rio, você trabalhou como cenógrafo e fez performances em bares. qual era o seu projeto, naquele momento? Já se sentia (ou se definia como) essencialmente um artista plástico?
ZERBINI: Não tinha um projeto. Foi uma época onde muita coisa estava acontecendo, e quis ficar no Rio. Foi quando comecei a fazer outras coisas, alem de pintar.
– Como foi sua inserção na chamada Geração 80? Quais foram os encontros determinantes, com quem você dialogava? O que representava, como você entendia a Geração 80? E como você a enxerga hoje, retrospectivamente?
ZERBINI: Como vai você, Geração 80? foi o nome de uma exposição que aconteceu no Parque Lage em 1984, que pretendia, dentro do possível, mapear a produção artistica do Rio de Janeiro e São Paulo. A exposição durou um final de semana ou uma semana inteira, não lembro. Esse título passou a ser uma marca forte, que parece ter um significado que vai muito além do simples título de uma exposição de final de semana. Geração 80 para mim passaria a ser sempre associada a uma frase que ouviria de tempos em tempos durantes as três décadas seguites: a volta à pintura.
Na sua maioria os artista eram pintores, mas se repararmos nos nomes que participaram da exposição no inicio de suas carreiras e continuam a atuar até hoje, veremos que esses artistas não se firmariam apenas como pintores naquela década de 80, mas também nas seguintes, de 90 e 2000, portanto existe um erro aí, a coisa era bem mais equilibrada.
Na década de 80 os artistas privilegiados foram os pintores por uma questão externa ao potencial da totalidade dos artistas da época. O mundo, principalmente Estados Unidos e Alemanhã, apostaram em jovens pintores figurativos e grafiteiros incluidos então no mercado de arte. Aqui não foi diferente, privilegiou-se a pintura pela facilidade. Esculturas e instalações eram vistas sem interesse por galerias comerciais, por motivos óbvios, e espaços públicos não existiam.
Ouvi muitas vezes usarem o termo Geração 80 como um adjetivo, como se fosse um tipo de pintura, um estilo, sempre referindo-se a pinturas de péssima qualidade. Isso tudo atrasou o entendimento do que já estava acontecendo no Brasil desde muito tempo e que agora, nos dias de hoje, é fácil perceber. A ditadura política interrompeu esse processo, e a euforia de estarmos vivendo a volta da liberdade deixou o Brasil cego para o que não fosse pintura e miope para a boa pintura. O caos imperava, e as festas eram sempre muito boas.
A tentativa de se criar um mercado ou de inserir o Brasil no mercado internacional atrasou e atrapalhou pintores e não-pintores, mas se entendermos o que se passa hoje em dia no mundo das artes, com seus exageros, como uma coisa positiva, o que aconteceu nos anos 80 foi necessário, ali nascia o modelo do que estamos vivendo agora.
Eu me mudei para o Rio em 1982. Vim de São Paulo, onde conheci Leonilson, Leda Catunda, Sergio Romagnolo e Ciro Cozzolino, que tinham uma sala especial dentro da exposição. Fora esses artistas, me aproximei de Daniel Senise, Angelo Venosa, Beatriz Milhazes, Ricardo Basbaum e Barrão, atualmente meu parceiro no Chelpa Ferro. Mais tarde, em 1985, conheci em São Paulo Carlito Carvalhosa, Fabio Miguez, Rodrigo Andrade, Paulo Monteiro e Nuno Ramos, da Casa 7. Da exposição participaram ainda João Modé e Eduardo Kac, entre outros muitos, mais de 100, talvez 200. Jac Leirner eu já conhecia da FAAP, onde estudei
Vendo retrospectivamente, a Geração 80 não foi um movimento. Foi um acontecimento isolado de final de semana que ganhou importancia por uma conjunção historica, a abertura política. Não foi uma década só de pintura, e não foi uma resposta a nada. Sempre ouvi dizer que a Geração 80 foi uma resposta ao que se fazia antes, nos anos 70, mas nunca ouvi nenhum artista dizer isso. Ouvi sempre que tínhamos os artistas da geração anterior como referência – Antonio, Barrio, Vergara, Shiró, Cildo, Ligias, Helio, Waltercio e Tunga.
Ou seja, a Geração 80 não exisitiu, assim como não existe a 70 nem a 90 etc.
– Como se deu a passagem da pintura para outros meios, em que contexto ela se deu e qual foi a sua motivação?
ZERBINI: Sou um pintor, penso como um pintor mas não estou limitado a pintar telas. Não houve um momento de transição. Sempre fui assim. Para mim a maior caracteristica dessa geração, se é que existe uma, é a construção e expressão de um pensamento não-linear.
Desde a minha primeira exposição individiual, no Subdisrito em São Paulo, expus instalações. Continuei fazendo isso nas minhas exposições seguintes. Participei da Bienal de SP de 87 com uma instalação e faço instalações até hoje, mas continuo sendo lembrado sempre como um pintor.
– Qual a idéia do chelpa ferro? As criações são efetivamente coleivas? De que forma o trabalho no chelpa se diferencia das suas criações individuais?
ZERBINI: A ideia era trabalharmos em grupo com som. Além de nos divertir, fazer o que estávamos a fim de fazer, sem compromisso.Não tínhamos a pretensão de continuar como grupo por tanto tempo. No início pensei que cada um contribuiria com o que sabe fazer melhor, mas não foi o que aconteceu. Todo mundo fazia tudo. Só agora, muitos anos depois, é que vejo uma posição mais definida de cada um dentro do Chelpa. Nós nos conhecemos há muito tempo, bem antes de o Chelpa existir, e sempe foi fácil para a gente trabalhar junto. Alguém joga uma ideia na roda, e ela vai mudando rápido com a participação dos outros. Se a ideia vingar éporque é boa.
Diferente do meu trabalho individual, o Chelpa começa um trabalho a partir de uma ideia, enquanto na pintura a coisa acontece no dia-a-dia do atelier. O que é comum aos dois é que solucionamos as questões de maneira intuitiva.
– Você trafega entre muitas técnicas, temas, materiais e linguagens, da figuração á abstração, da arte popular à conceitual, a ponto de ser difícil identificar um estilo que unifique tudo. O que significa para você a palavra estilo e como você definiria o seu estilo pessoal?
ZERBINI: Eu não me defino, sou a soma de tudo isso. Durante os anos em que trabalhei no meu livro Rasura, lançado em 2005 e que levei 10 anos pra terminar, fui obrigado a fazer uma releitura dos meus trabalhos associando imagens a ideias e textos. Percebi que a experimentação estava ligada à vontade de criar relações entre as coisas, de fazer associações. Trafegar por tecnicas e linguagens diferentes não é regra mas circunstância, necessidade natural.
– Como você analisa a situação atual do mercado de arte contemporânea? como enxerga o papel dos curadores, dos críticos, das galerias?
ZERBINI: Acho que o mercado esta num ótimo momento, principalmente no Brasil. O mercado visa o lucro, e estamos falando de política. Acho que, nos últimos 20 anos, conseguimos construir uma cena que começa a se solidificar. Curadores, críticos, galeristas e instituicões conseguiram, com algumas edições bem-sucedidas da Bienal de São Paulo – mais o fato de artistas brasileiros, primeiro Helio Oiticica e depois Cildo Meirelles, Ernesto Neto, Beatriz Milhazes e Adriana Varejão entraram definitivamente no cenario mundial, com o reconhecimento da qualidade de seus trabalhos e com exposições nas melhores galerias e museus do mundo. E ainda, instituições e patrocinadores apoiando grandes exposições retrospectivas de grandes mestres, artistas estrangeiros no Rio e em São Paulo. Isso tudo fez com que o Brasil se colocasse como um centro de arte contemporânea importante do mundo.
Nos anos 60, Tom Jobim gravou com Frank Sinatra uma versão de Garota de Ipanema que vendeu milhões de dólares no mundo todo. Reza a lenda que a gravadora obrigou Tom a assinar um contrato com uma gravadora no Brasil para poder receber o dinheiro que lhe cabia pela gravação, caso contrário a gravadora não pagaria. Isso teria mudado a história da musica brasileira. O mercado fonográfico passou a existir do jeito que é até hoje a partir daquele momento. Antes disso, o sujeito subia o morro e comprava um samba com dinheiro vivo.
Acho possivel pensar as artes plasticas no Brasil como a musica. O primeiro passo é a profissionalização. Eu entendo totalmente que o acelerador de particulas exerça um facinio sobre as pessoas, mas não existe nada tão sofisticado quanto uma pintura. Como bem disse o professor Agnaldo Farias, todo o pensamento filosófico ocidental foi construído, pensado a partir da observação de pinturas. Pensadores escreveram tratados filosóficos a partir de pinturas. Olhando para uma tela. Isso é incrivel.
Sinto muita falta de o Governo entender o que está acontecendo e deixar de lado essa história de que artes plásticas é coisa da elite – e entenda, por exemplo, que a Bienal de Veneza é importante como politica exterior, mais do que intermediar um acordo com o Irã. A Bienal tem um reflexo direto no valor cultural do país. Governos do mundo todo brigam para que seus artistas estejam bem representados e os consideram patrimônio. Gostaria que, ao invés de R$25.000, que foi o que o Chelpa Ferro recebeu para fazer o trabalho no ano em que participou de Veneza, recebesse U$5.000.000, que foi o que o governo francês deu a Anette Messager, que ganhou o Leão de Ouro. Vai longe o tempo que um artista vencia na vida por um talento nato, um dom. Hoje tudo se ensina na escola. Até grafite. As coisas se constróem com parcerias. Não tenho saudade nenhuma de quando as pessoas achavam um absurdo que o Abaporu tivesse sido vendido por U$32.000, carissimo, diziam. Como uma pintura mal feita custa tanto dinheiro…
Acho maravilhoso que uma pintura da Beatriz Milhazes valha U$1.000.000, e devemos torcer que ela valha tanto quanto uma de Gehard Richter, e que essa diferença não se dê pelo fato de um ser uma mulher brasileira e outro um alemão.
– Fale sobre a experiência de ilustrar alice, de Lewis Carroll.
ZERBINI: Acho, ao contrário do diz a própria Alice no começo da história, que esse livro não precisa de ilustrações. É impossivel competir com a profusão de imagens que uma única frase contém. Parece desnecessário. As ilustrações reduzem tudo a uma imagem.
Demorei dois anos fazendo, e apesar de o livro já estar publicado não o considero pronto. Penso nele ainda hoje como um trabalho que estou fazendo e não terminei. Ainda estou dominado por ele, penso nele toda hora. Gostaria de desmontar o livro, de escrever por cima das ilustrações e desenhar por cima dos textos. Foi surpreendente que eu tenha conseguido. Eu sempre achei que seria incapaz de ilustrar uma história que não fosse minha propria história.
5 IMAGENS é o nome da “seção” aqui do bRog onde convido artistas plásticos a enviarem 5 reproduções de trabalhos ou vistas de exposições que sintetizem toda a trajetória. As 5 imagens que melhor explicam o trabalho, os 5 trabalhos que melhor definem a obra.
O quarto artista convidado é a camarada Livia Flores, professora da UFRJ (ECO/EBA). Livia é artista pra toda obra o tempo todo, morou na Alemanha entre 1984 e 93 e hoje produz arte em todos os suportes e formatos numa casa em Laranjeiras alí na Leite Leal. Livia é mãe de Emanuel e Pedro e vive criando coisas para deixar nosso olhar melhor e nossas cabeças mais leves e confusas. Obrigado Livia.
Já passaram pela “seção” 5 IMAGENS o Tiago Carneiro da Cunha, o Eduardo Coimbra e a Fernanda Gomes.
A exposição de Fernanda Gomes explora elementos essenciais da pintura: o objeto quadro em sua estrutura, a cor: branco, e a luz, base da visualidade. O branco reflete a luz e as cores, o objeto transforma luz e sombra num jogo de linhas verticais e horizontais, que como a própria arquitetura, constrói a visão que o homem criou do espaço. O quadrado, nem vertical, nem horizontal, é o campo perfeito para este jogo, que multiplica outras formas. As obras se relacionam entre si, incorporam o espaço e nele se prolongam, ao mesmo tempo que mantêm a autonomia característica da pintura. A redução dos elementos plásticos e visuais à sua concretude mais essencial parece ter o efeito contrário de dar às obras uma presença que excede seus limites físicos. Esta atmosfera profundamente contemplativa se amplia nas transformações que o movimento do observador produz.
Fernanda Gomes, uma das mais importantes e radicais artistas contemporâneas brasileiras, expõe trabalhos inéditos na Galeria Artur Fidalgo depois de oito anos sem realizar uma individual no Rio de Janeiro. Entre as exposições mais recentes da artista estão mostras individuais na Galeria Graça Brandão, Lisboa e 401 Contemporary, Berlin (2009) , Galeria Grita Insam, Viena e Galeria Luisa Strina, São Paulo (2008) e Museu Serralves, no Porto (2006), onde inaugurou em 2009 uma escultura permanente no parque do museu. Participou das Bienais de São Paulo (1994), Istambul (1995), Sidney (1998) e Veneza (2003). Seu trabalho está presente nas coleções da Tate Modern, Museu Serralves, Miami Art Museum, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Fundación/ Colleción Jumex, entre várias outras.
Rio (trailer) from Animatieblog on Vimeo.
This is the first trailer for Rio, a new animated feature film from Blue Sky Studios (Ice Age, Robots, Horton Hears a Who!). The movie is directed by Carlos Saldanha and will be released in April, 2011 (USA).
Set in the magnificent city of Rio de Janeiro and the lush rainforest of Brazil, the comedy-adventure centers on Blu, a rare macaw who thinks he is the last of his kind. When Blu discovers there’s another – and that she’s a she – he leaves the comforts of his cage in small town Minnesota and heads to Rio. But it’s far from love at first sight between the domesticated and flight-challenged Blu and the fiercely independent, high-flying female, Jewel. Unexpectedly thrown together, they embark on an adventure of a lifetime, where they learn about friendship, love, courage, and being open to life’s many wonders. ‘Rio’ brings together a menagerie of vivid characters, a heart-warming story, colorful backdrops, energizing Latin and contemporary music, and family-friendly song and dance.
Write The Future from Nalden on Vimeo.
Mais uma obraprima que Frederico Coelho publicou lá no blog dele, objetosimobjetonao. De novo ele acertou na mosca e deixou um montão de perguntas no ar. Texto cheio de graça poesia e raiva. Fred é o melhor pensador do RioDJanira (como ele bem batizou nosso balneario querido e fudido), o olhar mais atento e agudo pra cima do real, o texto mais delicioso do pedaço. LEIAM E PASSEM ADIANTE!
clipe foda para MORMAÇO (uma das melhores músicas do disco Brasil afora). dirigido pelo extraordinário de Lirio Ferreira.
Publicada em 20/05/2010 às 08h41m O Globo, com agências internacionais
RIO – Cinco quadros de Pablo Picasso, Fernand Léger, Henri Matisse, Georges Braque e Modigliani foram roubados do Museu de Arte Moderna de Paris na madrugada desta quinta-feira. O roubo foi descoberto por empregados do museu – que fica no Centro Pompidou – por volta das 7h do horário local (2h em Brasília), quando perceberam que uma janela fora arrombada. O valor das obras é estimado em 500 milhões de euros (cerca de R$ 1,1 bilhão).
Responsáveis do Museu de Arte Moderna constataram que o vidro de uma das janelas havia sido cortado e que o cadeado de um portão que dava acesso ao local havia sido quebrado.
Segundo o Ministério Público de Paris, as câmeras de vigilância do museu teriam registrado um único intruso, que entrou pela janela e retirou as pinturas. O homem estava vestido de preto e usava uma máscara. As imagens mostram que ele cortou as telas com uma espécie de estilete e saiu do museu com as obras enroladas.
As pinturas roubadas são “Le Pigeon aux petits pois” (“O Pombo e as Ervilhas”), de Picasso, “La Pastorale” (“A Pastoral”), de Henri Matisse, “L’Olivier près de l’Estaque” (“A Oliveira próxima a Estaque”), de Georges Braque, “La Femme à l’éventail” (“A Mulher com leque”), de Modigliani, e “Nature morte aux chandeliers” (“Natureza morta com candelabros”), de Fernand Léger.
A polícia isolou o museu, que fica em uma das áreas da cidade mais frequentadas por turistas, para realizar as investigações.
De acordo com a BBC, uma unidade especial da polícia está investigando o caso. Segundo especialistas em arte, os quadros furtados são considerados invendáveis porque são muito famosos. Acredita-se que o crime possa ter sido encomendado por algum colecionador.
Furtos de quadros pertencentes a museus e também a colecionadores particulares têm ocorrido com uma certa frequência na França. Em dezembro passado, a tela “As coristas”, de Degas, foi furtada do Museu Cantini, em Marselha. A obra, que pertencia ao Musée d’Orsay, em Paris, havia sido emprestada ao museu do sul da França para uma exposição.
Conheci Maria do Carmo Pontes na galeria Fortes Vilaça alguns anos atrás (ela trabalhou lá de 2007 a 2009). Depois nos encontramos em outras muitas festas em SP e umas poucas no Rio. Em 2009 ela foi fazer um mestrado em curadoria de arte contemporânea na Goldsmiths em Londres e nos afastamos um pouco, apenas uma conversa aqui por email e uma acolá no Facebook. Semana passada nos encontramos mais uma vez em São Paulo. Resolvemos então interromper esse negócio de festas e trabalhar um pouco. Iniciamos uma reunião rápida na pista de Eliana Finkelstein e terminamos no terraço de Daniel Roesler. Ficou resolvido assim: Maria do Carmo agora assina MC LDN e será a correspondente do nosso querido b®og em Londres, mandando notícias do circuito de arte e resenhas de exposições. Vai mandar também um texto sobre a exposição do Zerbini na Laura Alvim aqui no Rio, outros textos antigos, imagens de exposições, links e pensamentos soltos.
Esse texto de estréia aí embaixo é sobre o evento No soul for sale que inaugurou sexta passada na Turbine Hall, Tate Modern e terminou no domingo.
Mais informações lá no site.
Cada um no seu quadrado
Nem feira nem exposição. É assim que os organizadores de “No soul for sale: A festival of Independents”, segunda edição do evento iniciado em 2009 na X Initiave, Nova York, e neste ano na Tate Modern de Londres definiam o evento. Os curadores Cecília Alemani, Maurizio Cattelan e Massimiliano Gioni tiveram a tarefa de escolher 70 espaços dedicados a arte no mundo todo para expor no legendário Turbine Hall em ocasião dos 10 anos da Tate. Num espaço de poucos metros quadrados sem paredes e delimitado por fitas no chão aludindo a Dogville, o papa dos independentes, os expositores tinham a liberdade de mostrar o que bem entendessem. Curiosamente, todos decidiram mostrar a mesma coisa, criando assim uma estética do acúmulo e da repetição
Pilhas era o que mais havia: de papel, camiseta, tijolo, fita e objetos achados (afinal, arte contemporânea que se preze tem que ter um ou outro acaso). Se a intenção era otimizar o espaço ou discutir a veloz criação e profusão de imagens na atualidade não era claro, assim como não era clara a razão de certos objetos estarem lá, como brinquedos, bolsas, camisetas e souvenirs (for sale, diga-se de passagem). Muitos dos trabalhos expostos tinham o discurso do fazer aparente, uma necessidade de mostrar a mão do artista no trabalho unida a uma falta de recursos que por vezes acarreta numa estética pobre, de coisa mal-feita.
Neste grande mercado de pulgas das artes era possível identificar alguns bons trabalhos, com destaque para “I have not only sacrificed my soul for this but my time”, do suíço Stefan Sulzer, no stand da Arrow Factory, de Pequim. Trata-se de uma fotografia de grandes proporções mostrando um pôr do sol sobreposto por esta frase, dividida internamente por molduras formando um poliptico de uma imagem só. Ou “Lead, Follow Or Get The Hell Out Of The Way”, pintura de parede do noruegues Marius Engh no stand na editora Torpedo, também da Noruega. Ambas as obras partem de lugares diferentes para discutir questões semelhantes (e relevantes) da contemporaneidade, como tempo, foco e, sobretudo, desempenho.
Nem feira nem exposição. Este encontro independente, ainda que na mais estabelecida das instituições, é importantíssimo para o mundo das artes. Mas a questão fundamental e no entanto abordada só individualmente por algumas poucas obras é aonde esta independência toda está indo. A maioria dos expositores não ambiciona o irascível mercado mas estratégias para permanecer independente num mundo ditado por suas regras. Neste sentido o evento era uma etapa, não um fim em si, tal qual muitos trabalhos ali pareciam em fase de construção e não prontos para serem expostos. Ainda assim, entre performances e obras, o clima que prevalecia era o de um “oba, oba” deslumbrado e desarticulado, onde o papel e as perspectivas de centros de arte independentes não entrou realmente em pauta. O resultado foi mais um capítulo da série “Porque a idéia era boa e a realização foi mediana?”, com sorte pauta para o próximo encontro. Difícil não se identificar com o trabalho de Sulzer ao deixar a galeria.