obra de Marcos Chaves

peguei no Vilamundo

A geometria que almeja a organicidade e o caos que esconde o desejo de ordem é a questão que atravessa os trabalhos reunidos em “Ponto de Equilíbrio”, exposição organizada pelo Instituto Tomie Ohtake para integrar o Polo Cultural da 29ª Bienal de São Paulo. De 20 de setembro a 14 de novembro. “Trata-se da aspiração a um certo grau de organicidade, velada ou explícita, em tudo que nasce sob o signo da geometria. Ou o contrário, o que é quase o mesmo, do desejo inconfessável de ordem que subjaz ao caos”, explicam os curadores Agnaldo Farias e Jacobo Crivelli Visconti.
O equilíbrio que as obras da exposição atingem evidentemente é provisório, por ser fruto de uma tensão constante, nunca se consolida. Muito pelo contrário, aliás, é um equilíbrio que precisa ser constantemente renegociado, colocado em discussão e conquistado. “Trata-se, enfim, de um equilíbrio instável, expressão que, exatamente por ser um oxímoro, resume bastante bem a situação de tensão, talvez até de paradoxo, que a exposição quer identificar”, afirmam os curadores.
Segundo eles, o gume dessa tensão é móvel, por ser a fronteira invisível e equidistante entre opostos, compartilha dos dois no mesmo grau, e desloca-se junto com eles. “É tanto a ordem secreta que organiza e regula o carnaval, quanto o gênio dionisíaco, inexplicável e casual, que permite as descobertas científicas; é o triunfo da razão atravessado pelo puro sentimento, como um cristal cuja pureza fosse repentinamente turvada pelo germe que o destruirá”, completam Farias e Crivelli Visconti.

Andre Komatsu, Engodo Regular, 2010 
Artistas
Afonso Tostes, Amália Giacomini, Ana Paula Oliveira, André Komatsu, Angelo Venosa, Cadu, Caetano de Almeida, Caetano Dias, Carmela Gross, Cláudio Mubarac, Delson Uchoa, Detanico e Lain, Eduardo Climachauska, Inaê Coutinho, Iran do Espírito Santo, José Bechara, José Damasceno, Karin Lambrecht, Laura Vinci, Lia Chaia, Marcelo Moscheta, Marcos Chaves, Mauro Restiffe, Maxim Malhado, Milton Marques, Monica Nador, Nelson Felix, Nicolas Robbio, Raul Mourão, Rodrigo Bueno, Sergio Sister, Tony Camargo, Tunga e Waltercio Caldas.

Curadoria de Agnaldo Farias e Jacopo Crivelli Visconti
21 de setembro a 14 de novembro de 2010
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201, Pinheiros, São Paulo – SP
11-2245-1900 ou instituto@institutotomieohtake.org.br
www.institutotomieohtake.org.br
Terça a domingo, 11-20h

O crítico de arte Sergio Martins mandou email informando sobre a chamada de artigos para a edição especial que o periódico inglês Third Text está organizando sobre arte brasileira. A expectativa é que essa edição seja publicada em inglês e português.
Chamada de artigos – Arte Brasileira?
O periódico Third Text está organizando um número especial intitulado Arte Brasileira?. Ao colocar-se como uma pergunta, esse número parte do princípio de que a prática e o pensamento da arte brasileira deu-se, com freqüência, sob a égide de uma radical experiência de deslocamento. Embora a busca por uma identidade coerente possa ter eventualmente servido de motivação para artistas brasileiros e imigrantes (pelo menos do ponto de vista de certos intérpretes), a história nos mostra que alguns dos mais importantes episódios dessa trajetória relativamente recente foram marcados pela impossibilidade resolver essa questão. Várias manobras – especialmente em círculos vanguardistas – apostaram na rejeição da categoria de identidade, entendida como essencialista, e na impossibilidade de uma identidade brasileira. Mais recentemente, o problema da recepção internacional tardia da arte brasileira (e de sua crescente valorização no mercado de arte) e o impacto deste fenômeno no próprio contexto brasileiro tornou a questão ainda mais complexa. Haveria o risco dessa valorização tardia enquadrar a arte brasileira de acordo com modismos históricos ou curatoriais em busca de legitimação? Ou poderia surgir aí uma via de mão dupla, capaz de forçar a reavaliação crítica de narrativas canônicas.
Convidamos para o envio de trabalhos cujo objeto de estudo relacione-se de alguma forma com diálogos, discussões, posições estéticas e políticas e outras questões mais amplas que perpassem a sinuosa história da noção de arte brasileira. Exemplos de tópicos que podem ser abordados: a relação entre as artes visuais e outras áreas (como fotografia, literatura, design, música, arquitetura etc); tópicos que ponham em questão os limites do que é convencionalmente tomado por ‘modernismo’; questões ligadas à recepção internacional da arte brasileira, especialmente no tocante à circulação de artistas e trabalhos e ao modo com o qual essas questões estabelecem relações com a cena local; o impacto de ideias e pontos de vista trazidos para o Brasil por imigrantes ou visitantes; formulações curatoriais da idéia de arte brasileira; a circulação desigual da arte brasileira em diferentes circuitos (curadoria, história da arte etc); o papel de instituições (culturais ou não) em relação à prática artística; a recepção da arte internacional no Brasil, em especial quando esta gera leituras alternativas e pode ser relacionada ao trabalho de críticos e artistas locais. Um dos objetivos dessa edição especial é também reunir um conjunto expressivo de documentos visuais sobre os assuntos discutidos, de modo que encorajamos os potenciais autores a dar atenção especial para as imagens a serem sugeridas.
Serão aceitos artigos escritos em inglês ou português (em caso de aceite, uma versão na outra língua poderá ser solicitada) que não ultrapassem o limite de 5.000 palavras. Artigos devem ser enviados até 20 de dezembro de 2010 para o email thirdtext@btconnect.com (favor avisar no email que se trata de um artigo para essa edição especial). Instruções para autores estão disponíveis no endereço http://www.thirdtext.com/authors-guidelines/.

Frederico Coelho me mandou esse link aí embaixo do movimento Stuckista. Podia ser um post da seção INFLUENZA mas é muito mais do que isso. (veja aqui os posts da seção Influenza: 

Komatsu e DamascenoLaura Gilbert e CildoLucia Koch e Nicolás Robbio,Cornelia Parker e Antonio Manueleu e Maurizio CattelanMiranda July e Tatiana GrinbergBarrão e Yee SookyungRicardo Villa e Adriana Varejãoeu e Sol LeWitt). 

Lá no site tosco deles tem a seguinte apresentação: 

Stuckism is a radical and controversial art group that was co-founded in 1999 by Charles Thomson and Billy Childish (who left in 2001) along with eleven other artists. The name was derived by Thomson from an insult to Childish from his ex-girlfriend, Brit artist Tracey Emin, who had told him that his art was ‘Stuck’. Stuckists are pro-contemporary figurative painting with ideas and anti-conceptual art, mainly because of its lack of concepts. Stuckists have regularly demonstrated dressed as clowns against the Turner Prize. Several Stuckist Manifestos have been issued. One of them Remodernism inaugurates a renewal of spiritual values for art, culture and society to replace the emptiness of current Postmodernism. The web site www.stuckism.com, started by Ella Guru, has disseminated these ideas, and in five years Stuckism has grown to an international art movement with over 187 groups in 45 countries. These groups are independent and self-directed.


THE ART DAMIEN HIRST STOLE
by Charles Thomson, co-founder of the Stuckists art group

In 1995, Damien Hirst defended his work with the rationale, “It’s very easy to say, ‘I could have done that,’ after someone’s done it. But I did it. You didn’t. It didn’t exist until I did it.”
In 2000, he decided that doing it was not the justification after all: “I don’t think the hand of the artist is important on any level, because you’re trying to communicate an idea.”
In 2006, the idea of the artist was not important on any level either: “Lucky for me, when I went to art school we were a generation where we didn’t have any shame about stealing other people’s ideas. You call it a tribute”.
In 2009, Anthony Haden-Guest interviewed Hirst: “Other artists have attacked you for using their ideas. John LeKay said the skulls were his idea. John Armleder … was doing spot paintings. And some say Walter Robinson did the spin paintings first.” Hirst’s tribute was: “Fuck ’em all!”
Hirst’s career started In 1988 at the Freeze exhibition, when he painted grids of spots with random colours. Thomas Downing, an American, painted grids of spots with repeated colours in the 1960s. Gerhard Richter painted grids of rectangles with random colours in 1966. John Armleder, a Swiss artist, painted spots during the 1970s.
In 1989, Hirst starting making cabinets with bottles on shelves. In 1992, he developed this into a room-size installation, called Pharmacy. Joseph Cornell displayed a cabinet with bottles on shelves, called Pharmacy in 1943.
In 1991, Hirst exhibited a preserved shark in a tank in Charles Saatchi’s art gallery in St John’s Wood. Eddie Saunders exhibited a preserved shark on a wall in his J.D. Electrical shop in the YBA heartland of Shoreditch in 1989.
In 1992, Hirst moved to New York, where he met John LeKay, a 31 year old British artist, resident in the city since 1981. Hirst was four years younger, a celebrity in the UK, but still only four years out of college and exhibiting in his first show (of twelve British artists) in the United States. LeKay said Hirst “told me one time he was going to conquer America like the Beatles.”
LeKay kept a journal. He recalls that Hirst visited his studio on several occasions and showed considerable interest in his work. Hirst was working on “patch paintings”, which he abandoned after LeKay told him they were “shit” – “The concept was brush marks on Francis Bacon’s studio wall. Looked like his grand mother made them.”
They met frequently over the next few months, visiting each other’s homes and going to art openings, shows, parties and bars, sharing meals, getting drunk together and playing badminton with a beach ball in the living room. LeKay said Hirst was “a raging alcoholic and cocaine addict. He was always snorting it. Drinking like a fish … He seemed to be really lost at times. If he was not drinking or doing drugs, he seemed to be depressed. I gave him some advice about this one time.”
Contributing to Hirst’s state of mind was the Turner Prize result in November 1992. LeKay said Hirst was “Angry about it. He seemed shocked he did not win it.”
LeKay, raised a Catholic like Hirst and described by Adrian Dannatt in Flash Art as a “strung-out enfant terrible”, was a kindred spirit, if not a role model. LeKay recalled: “One time in the taxi going to Ashly Bickerton’s house, he said that he thought he was becoming me. Talking and acting like me. It was very strange … I thought he was mentally ill at that point or on coke.”
Hirst was sufficiently engaged to edit the sixth – and, as it turned out, final – issue of LeKay’s Pig (Politically incorrect geniuses) magazine, enlisting Danny Moynihan, Marcus Harvey and Angus Fairhurst as contributors. He also interviewed LeKay for the catalogue of LeKay’s show in 1993 at the Cohen Gallery, managed by Tanya Bonakdar, who had given Hirst his first US solo show.
Hirst mentioned that he was looking for a source of butterflies, and LeKay gave him a spare copy of the Carolina Biological Supply Company Science catalogue, which he had been using as a source of ideas. They reached an agreement, said LeKay: “I put yellow stickers on the pages with the skeletons, skulls, mannequins and resuscitation dolls I was working on. He said he would stick to the animals and I would do the humans and he was very happy.”
Another time, LeKay showed Hirst a photo of one of his works, a split-open sheep in a crucified posture. Hirst asked its date and – when told 1986 or 87 – became very quiet. “He got fidgety, bugged in the ride back in the car to the city. Began making odd comments out of context. At the time it made no sense. Then the next morning Tanya called me frantic, telling me he smashed up the kitchen he was staying at. She said, ”what the fuck did you say to him?’ “
“I said, ‘Nothing. All I did was show him slides of my old work, the meat pieces, to let him know I had done work like he was doing years before him. To me it wasn’t a big deal, but to him it was for some reason. If I knew it would have upset him so much, I would never have shown the slides to him.’ She said, ‘You have no idea how envious he is of you.’ “
LeKay’s gift of the Carolina Science catalogue manifested as a dramatic development in Hirst’s oeuvre within a few months. One of the items illustrated was a model cow bisected lengthways. In the 1993 Venice Bienniale, Hirst exhibited Mother and Child Divided, a cow and a calf bisected lengthways.
In 1995, Hirst started making “spin paintings”, the titles of the first four all beginning with the word “beautiful”. Spin paintings – made by pouring paint on a revolving surface – appeared in the 1950s as a popular novelty activity and had also been made by artists. Swiss artist, Alfons Schilling, and French artist, Annick Gendron made them in the 1960s. Walter Robinson, an American artist, exhibited them during the 1980s. John LeKay developed his own variant called “pour paintings” – which Hirst saw early in 1993 – by using a table which could tilt and swivel. LeKay says Hirst told him they were “beautiful and sexy”.
UK artist, Andy Shaw made spin paintings in 1993 and said that he talked about them to Jay Jopling, who represented him and Hirst, a few months before Hirst began to make his them. Hirst showed some in his 1996 show, No Sense of Absolute Corruption, at the Gagosian Gallery in New York. David Rimanelli in ArtForum said the only difference between Robinson’s and Hirst’s was that some of Hirst’s had motors to make them rotate. LeKay said Hirst had paid particular attention to one of his “pour paintings” that was “hanging on a toilet paper holder of a wall pierced through its centre to make it rotate.”
One of Hirst’s exhibits in the 1996 Gagosian show was an installation of a ball held aloft in a jet of air. Hans Haacke made an installation of a ball held aloft by a jet of air in 1964. Haacke used a white ball. Hirst used a coloured ball.
Another Hirst exhibit was This Little Piggy Went to Market, a pig split in two lengthways (in vitrines of formaldehyde). One of the pictures in the Carolina Sciencecatalogue given to Hirst by LeKay was an anatomical model of a pig split in two lengthways. In 1984, Debby Davis took a cast of half a pig cut open lengthways and made a fibreglass sculpture, called Visible Pig. It was sold by Doug Milford of the Piezo Electric gallery in January 1986 to Charles Saatchi, and auctioned at Christies, New York, in November 1989.
In 1999, Hirst made Hymn, an enlarged version of an anatomical torso model from Humbrol. One of LeKay’s found object works from 1990 was Yin and Yang, an anatomical torso model from Carolina Science.
In 1999, celebrity chef, Marco Pierre White made a picture, Rising Sun, to decorate his restaurant. He said that Hirst copied it a few months later with a work calledButterflies on Mars and, according to White, told him, “I’m the artist and you’re the chef so everyone’s going to think you’ve copied me.”
In 2003, Hirst made Charity, based on the model of a girl with a collecting box displayed from the 1950s to the 1980s by The Spastics Society (now renamed Scope). In 1993, Kerry Stewart, made The Boy from the Chemist Is Here to See You, based on the Society’s model of a boy with a collecting box. Her work was part of Saatchi’s Young British Artists shows in the 1990s.
In 2003, Hirst painted Spirit, a dove in the sky with wings aloft. The same image had been painted multiple times and exhibited for the previous four years by Talaat Elshaabiny on the Bayswater Road. It was originally from a 1980s Christmas card.
Hirst exhibited artworks with butterflies in 1991, using whole butterflies scattered on a painted surface. Lori Precious, a Los Angeles artist, started using butterflies in 1992. She fixed the wings contiguously to create the effect of stained glass windows. In 2003, Hirst started fixing butterfly wings contiguously to create the effect of stained glass windows. Precious’s work in 2005 was titled with a literary quote from James Joyce. The titles of Hirst’s butterfly stained glass works in 2007 incorporated literary quotes from Philip Larkin.
In 1991, True Daisy, a complex design of spiralling spots within a circle by Robert Dixon, a mathematician and computer artist, was published in The Penguin Dictionary of Curious and Interesting Geometry. In 2003, Hirst contributed a design to The Guardian’s colouring book for children. Dixon said Hirst’s design was “exactly the same” as his one. Hirst’s manager replied it was not copied from Dixon: Hirst had found it in a book called The Penguin Dictionary of Curious and Interesting Geometry.
In 2006, Dixon discovered that Hirst had also used True Daisy, with the spots coloured in, for Valium, an edition of 500 prints produced in 2000.
LeKay’s 1986 work of a split-open crucified sheep, which had caused Hirst so much upset, was titled This Is My Body, This Is My Blood. In 2005, Hirst did a split-open crucified sheep, titled In the Name of the Father. LeKay’s was on a board. Hirst’s was in a tank of formaldehyde.
In 1993, LeKay made paintings based on images of cancer cells from the CarolinaScience catalogue. Hirst saw them. In 2007, in Beyond Belief at the White Cube gallery in London, Hirst exhibited paintings based on images of cancer cells from the Science Photo Library.
In 1993, LeKay produced a series of 25 skulls, some made out of paradichlorobenzene and one made from soap covered with Swarovski crystals. Samples had been in the Cohen Gallery. LeKay says he mentioned the idea of a skull covered in diamonds to Bonakdar. In 2007, Hirst made a skull covered in diamonds. LeKay used a title, Spiritus Callidus, a name for the devil. Hirst called his For the Love of God.
In 2009, a year after he had divested himself of his stock of conceptual and minimal art at the famous Sotheby’s auction, Hirst announced that conceptual and minimal art were “total dead ends” and that he “always thought painting was the best thing to do”.
Notes
1. Detail of work.
2. Flipped horizontally.
3. Full title: Gorgeous Concentric Red Blue Hot Cold Painting (with Green Centre)
4. Full title: The Native Navigated His Canoe by the Stars and Peacefully Disappeared into the Bermuda Triangle. # 2
5. Full title: The Boy from the Chemist Is here to See You.
6. Psalm print, based on butterfly designs.
7 Desaturated.
Material on Thomas Downing has been added since The Jackdaw article. This online version contains extra images.
Photo of Damien Hirst modified from original by Luke Stephenson CC-BY-SA-3.0 from Wikimedia Commons

List includes In the Name of the Father, Pharmacy, as well as the spin and spot paintings
A detail from Damien Hirst’s In the Name of the Father which is claimed to be based on John LeKay’s earlier This is My Body, This Is My Blood. Photograph: Jackdaw
From formaldehyde-immersed sharks to diamond-encrusted skulls, Damien Hirst has become used to taking flak from traditionalists.
Less than welcome have been the accusations of plagiarism, the latest of which were detailed today with claims that no fewer than 15 works produced over the years by the self-styled enfant terrible have been allegedly “inspired” by others.
While Hirst has previously faced accusations that works including his diamond skull came from the imagination of other artists, the new allegations include his “crucified sheep”, medicine cabinets, spin paintings, spot paintings, installation of a ball on an air-jet, his anatomical figure and cancer cell images.
Charles Thomson, the artist and co-founder of the Stuckists, a group campaigning for traditional artistry, collated the number of plagiarism claims relating to Hirst’s work for the latest issue of the Jackdaw art magazine.
He came up with 15 examples, with eight said to be new instances of plagiarism. The tally includes the medicine cabinets that Hirst first displayed in 1989, and its development in 1992 – a room-size installation called Pharmacy.
“Joseph Cornell displayed a cabinet with bottles on shelves called Pharmacy in 1943,” said Thomson. Nor were Hirst’s spin paintings or his installation of a ball on a jet of air original, he said, noting that both were done in the 1960s.
“Hirst puts himself forward as a great artist, but a lot of his work exists only because other artists have come up with original ideas which he has stolen,” said Thomson. “Hirst is a plagiarist in a way that would be totally unacceptable in science or literature.”
Aggrieved artists include John LeKay, a Briton who says he first thought of nailing a lamb’s carcass to wood like a cross in 1987, only to see it reproduced by Hirst. Lekay previously claimed in 2007 that he had been producing jewel-encrusted skulls since 1993, before Hirst did so. Lori Precious, an American, says she first arranged butterfly wings into patterns to suggest stained-glass windows in 1994, years before Hirst.
Imitation may be flattery, but not when Hirst is taking both the financial and artistic credit for their ideas, say Lekay and Precious. LeKay has never sold anything above £3,500, while Hirst’s set of three crucified sheep was a reported £5.7m. Precious’s butterflies sold for £6,000 against Hirst’s version for £4.7m.
While Hirst is one of Britain’s richest men, LeKay cannot live off his art. Accusing Hirst of being dishonest about where he gets his ideas, he said: “He should just tell the truth.”
Although LeKay recognises that artists have always found inspiration in each other, he says the great ones adapt ideas to create works with their own individual and original stamp.
He said: “Damien sees an idea, tweaks it a little bit, tries to make it more commercial. He’s not like an artist inspired by looking inwards. He looks for ideas from other people. It’s superficial. Put both [crucified sheep] together and … it’s the same thing.”
In the 1990s, they were friends and shared exhibitions, which is when Hirst may have seen his sheep. Since then, LeKay has become more interested in Buddhism than material wealth, so he does not plan to seek compensation.
Precious recalled her pain at seeing Hirst’s butterflies in a newspaper: “My artist friends and collectors called to tell me they couldn’t believe the similarities between Hirst’s work and mine, and … at first I too thought it was my work.”
Although the patterns are not identical, she said: “It’s the same material (butterfly wings) and the same idea (recreations of stained-glass windows).”
Without the funds to pursue legal action, she no longer produces butterfly works.
It emerged in 2000 that Hirst agreed to pay an undisclosed sum to head off legal action for breach of copyright by the designer and makers of a £14.99 toy which bore a resemblance to his celebrated 20ft bronze sculpture, Hymn.
David Lee, the editor of the Jackdaw, says Hirst’s compensation was an admission of guilt. “The fact he was willing to fork out the money is an indication that he knew he was plagiarising the guy’s work.”
Hirst declined to comment.
Renata Jubran / AE



Camila Molina – O Estado de S. Paulo
Morreu nesta madrugada, no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, o artista plástico Wesley Duke Lee, aos 78 anos. Desde cerca de 3 anos ele sofria do Mal de Alzheimer e sua morte ocorreu por broncoaspiração e parada cardíaca em decorrência de sua doença. Segundo a sobrinha do artista, Patrícia Lee, não será realizado velório, mas cerimônia, amanhã, às 16 horas, no crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra.
Desenhista, gravador, pintor e professor, o paulistano Wesley Duke Lee nasceu em 21 de dezembro de 1931. Com formação nos EUA e na Europa, o artista foi um dos introdutores da Nova Figuração no Brasil.
Ousado e polêmico, realizou happenings na década de 1960 como “O Grande Espetáculo das Artes”, no João Sebastião Bar de São Paulo e criou em 1966 o Grupo Rex, com Geraldo de Barros, Nelson Leirner, José Resende, Carlos Fajardo e Frederico Nasser – a iniciativa, até 1967, se desdobrou no espaço alternativo Rex Gallery & Sons e no jornal Rex Time.

e no MAPADASARTES eu peguei o texto abaixo:
O desenhista, gravador, pintor e professor Wesley Duke Lee, um expoente da arte contemporânea brasileira, morreu aos 78 anos, às 23h do dia 12/09/10, no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Diagnosticado, há cerca de 3 anos, com o mal de Alzheimer, sua morte ocorreu por broncoaspiração e parada cardíaca em decorrência de sua doença.
Neto de norte-americanos e portugueses, Duke Lee nasceu na capital paulista em 21/12/1931. Iniciou seus estudos no curso de desenho livre do Masp, em 1951. No ano seguinte, embarcou para os Estados Unidos e estudou em Nova York até 1955, onde entrou em contato com as obras de pioneiros da pop art, como Robert Rauschenberg, Jasper Johns e Cy Twombly. Depois, viveu em Paris e voltou a São Paulo. Em outubro do mesmo ano, organizou O Grande Espetáculo das Artes, um dos primeiros happenings realizados no Brasil, no João Sebastião Bar, na Rua Major Sertório, em São Paulo, ainda apresentou desenhos eróticos da sua famosa Série das Ligas, vistos com lanternas em meio a um strip-tease.
Ele foi precursor em várias frentes artísticas (happenings, performances e instalações) e na discussão sobre o papel do mercado de arte, com quem rompeu relações criando a Rex Gallery, juntamente com os artistas Geraldo de Barros, Nelson Leirner, José Resende, Carlos Fajardo e Frederico Nasser. A Rex Gallery movimentou a cena de São Paulo entre junho de 1966 e maio de 1967 com happenings, mostras e evocações de uma maneira alternativa de se fazer mercado.
Durante a década de 1970, se interessou por cartografia, caligrafia oriental e desenhos de botânica. Em 1979, no Centro de Reprodução Xerox, em Nova York, Duke Lee realizou as primeiras experiências com a técnica, que resultou em 400 originais da série Papéis. A partir disso, o artista passou a pesquisar outras possibilidades do xerox, do vídeo, polaroid e demais formas de reprodução eletrônica da imagem.
Wesley Duke Lee se dizia influenciado pelo movimento dadaísta europeu, que mais tarde resultaria na pop art americana, e pela publicidade, sobretudo pelas cores puras que fazia uso em suas obras.
Obras do artista podem ser vistas em uma exposição retrospectiva, em cartaz até 02/10/10, na Pinakotheke Cultural, no Rio de Janeiro (r. São Clemente, 300, Botafogo). A mostra é composta por 65 desenhos, pinturas, e objetos realizados pelo criador entre 1952 e 1999. Entre 23/10 e 05/12/10, a mostra fica em cartaz na sede paulistana da Pinakotheke, localizada no Morumbi (r. Ministro Nélson Hungria, 200).


Peguei lá no site do Do Diario de Pernambuco essa aí embaixo. No blog mundodenoticias tem mais informações sobre a Intrépida.



Exposições, performances, oficinas, bate-papo com artistas. A arte que não se restringe ao espaço do museu ganha as ruas, praças, bairros. Essa é a proposta do Spa das Artes, que chega à sua nona edição. A programação foi divulgada ontem, no Centro de Formação em Artes Visuais, no Pátio de São Pedro. A abertura será neste domingo, com o início de uma série de apresentações do grupo Intrépida Trupe, que esteve por aqui há quatro anos, durante o Festival de Circo. No espetáculo intitulado Coleções, os bailarinos interagem com obras dos artistas plásticos Raul Mourão, Marta Jourdan, Guga Ferraz e Pedro Bernardes, que estarão dispostas nos jardins do Museu Murillo La Greca, no Parnamirim. As apresentações serão de 12 a 18 de setembro, às 19h30. A entrada é franca.
É no mesmo museu também que será aberta uma das principais mostras do evento, a Dois pontos, que faz parte do projeto Amplificadores. “A abertura será na próxima terça-feira. Trata-se de uma coletiva com nove artistas. O encerramento do Spa também será no museu, no dia 19, com edição especial do La Grecca, Jazz e Etc, que inclui shows das bandas Rivotrill e Ska Maria Pastora.

“Embora as atividades pareçam fragmentadas, porque acontecem em vários lugares, vejo o Spa como uma grande intervenção urbana”, explica o coordenador geral do evento, Márcio Almeida. Este ano, 20 bolsas foram concedidas a artistas, o que resultará em sete intervenções urbanas, seis oficinas (as inscrições estão abertas até este sábado) e sete exposições descentralizadas. Este ano, o Spa também fez parcerias com duas instituições: a Fundação Joaquim Nabuco e o Instituto Sergio Motta, de São Paulo. Desta última, o Spa recebe o projeto Territórios Recombinantes. Os artistas Ricardo Brazileiro, Jeraman, Christiano Lenhardt e o grupo SYA vão apresentar projetos no Mamam do Pátio, a partir do dia 13.

Já no dia 16, será aberta a Sala Nordeste, no Bairro do Recife, com a exposição Nausea, do artista paraibano José Rufino. Durante o Spa será lançada também a ReviSPA, publicação com tiragem de mil exemplares, e o mapa das artes visuais do Recife. Outras informações podem ser obtidas no blogwww.spa2010.artesvisuaisrecife.org.

Texto do Frederico Coelho para a exposição individual que inaugura na Lurixs: arte contemporânea no sábado, dia 25 de setembro.
foto: Quito + David Pacheco
Chão, parede e gente 
Frederico Coelho
I
A exposição está aberta e parada. Passo a passo, você entra na sala e pisa na certeza de que tudo está no lugar. Seu olhar confiante não procura mais o chão ao andar pelo recinto de uma galeria. Tem apenas que encarar as obras. E lá estão elas. Em sólida espera. Paradas, firmes, impávidas, retas.

No início, como se estivesse numa casa desconhecida, existe o receio de tocar em algo que vai quebrar ou a preocupação em tirar um móvel do lugar. Mas a partir do momento em que você mexe em uma das bordas, a casa em descanso nunca mais irá parar. Pois é impossível não ceder à tentação de acionar o vai e vem preguiçoso e gracioso desses objetos. Testar o peso que é leve e dar movimento ao inanimado. O aço bruto se recobre de sensualidade e sua inesperada leveza transforma-se em uma ginga, um ir e vir acolhedor e descontraído. Assim, como você, os visitantes irão tocar em tudo, até cada escultura cessar seu movimento e voltar ao escuro inerte da sala fechada.

– Raul Mourão sempre esteve apavorado. Blindado em abstrações, andava nas ruas e via grades onde viam a salvação. Cercou carros, cercou pedras, cercou árvores, perseguiu cachorros, esmagou cabeças, calou surdos, encaixotou mitos, pendurou artistas, expandiu ódios, cultivou parceiros. Eis que, através de uma fresta, quando reatamos ilusões e celebramos a vida a troco de nada, Raul encontrou leveza. Uma forma de espantar os males e expandir afetos se apresentou a ele onde menos se esperava: no geométrico vai e vem do aço. Na frieza dos ângulos retos, o artista abriu uma nova avenida para os seus olhos. Mesmo assim o pavor permanece. Estar apavorado não é uma opção, mas sim uma condição. Raul e seu ateliê localizam o mundo inteiro a partir de uma rua do bairro da Lapa. Às vezes, ele se instala na subida da escadaria, onde os gringos e as putas e os moleques e os azulejos e as famílias e os casais e os abandonados cruzam os dias frenéticos do artista. Ignorando choques de ordem e condomínios com academias de ginástica, as ruas da Lapa continuam alucinadas. Raul sabe disso. As esculturas cinéticas dessa exposição são a prova de que mesmo nessa alucinação urbana, mesmo na ferrugem que carcome as formas, mesmo apertados entre chão, parede e gente, ainda há beleza.

II
Hoje em dia, todos sabem se portar em uma galeria, mesmo quando a arte exige comportamentos desviantes à norma. Observar, tocar, participar. Sem mistérios, questionamentos ou transgressões de outrora, atualmente há até certo conforto em fazer parte da obra. Na exposição de Raul, porém, não basta tocarmos nas esculturas para sermos participadores. Não basta darmos movimento às peças para estarmos quites com algum tipo de conceito proposto pelo artista. Aqui, não se trata de participar para fazer parte do espetáculo. O que está posto não é a relação individual-compensatória entre espectador e obra, em que participar é satisfazer sua vontade em mexer no trabalho do outro. Raul não nos apresenta nem um bicho, nem uma capa. Nem um caminhando, nem um labirinto. Aqui, a grande obra em jogo é TODO O ESPAÇO DA SALA em permanente transformação após cada movimento.

Ampliando a visão da exposição como o conjunto dessas esculturas em movimento, o toque individual em uma das esculturas, qualquer uma delas, aciona um mecanismo físico e entra em diálogo direto com os outros movimentos ao redor da sala. Os movimentos feitos por diferentes pessoas, em diferentes momentos, reordenam o tempo inteiro a geografia da exposição. Assim, um movimento singular torna-se, automaticamente, coletivo. Nunca teremos o mesmo desenho na sala, pois nunca teremos o mesmo movimento, feito pela mesma mão, na mesma velocidade. Para cada um, sua própria exposição. Pois é o espectador, em uma evidência do seu desejo, quem escolherá a peça que deve ser balançada em primeiro lugar.

– Qual me atrai mais? Por onde começarei minha aventura com elas?
Não há regra, bula ou código de conduta frente essas obras. Há apenas esse convite sensual sem voz ou texto pedindo para acioná-las. Uma liberdade subentendida no equilíbrio entre as bases e seus pêndulos improváveis. Pois também não se trata apenas de arte cinética. A história da arte não precisa ser evocada para falarmos sobre essa vontade do toque. É porque dentro dessa sala instala-se uma relação orgânica entre o que o espectador deseja acionar e o que as peças desenham após serem acionadas. Aqui, você tem uma responsabilidade sobre a dinâmica da exposição. Cada um, com sua força ou seu temor, contribui para o movimento e a quebra da placidez dessas figuras atraentes. O equilíbrio em um único eixo, a organicidade improvável do objeto sólido, tudo é abraçado pelo lá e cá do balanço. A exposição se faz a partir desse deslumbre: fazer as peças dançarem.

– Raul disse que, durante um ensaio da Intrépida Trupe, o acrobata bailava com suas grades. Raul viu a grade de ferro girar e sorriu. Viu o acrobata subir na grade de ferro e temeu. Viu o acrobata balançar a grade de ferro e pirou. Estas esculturas com balanço não nasceram de um impulso racional brutalista, nem foram gestados após dias de cálculos solitários sobre pesos e medidas. Elas nasceram de uma ginga. Por isso que sua geometria segue a sinuosidade do corpo e das ruas. Suas camadas de ângulos, a sobreposição dos bailados das hastes, a borda do peso imprevisível, tudo isso explode a razão do aço e nos envolve em uma dança hipnótica. A origem dos balanços é essa transposição de um movimento alheio. É a apropriação desse gesto, ampliada pelo olhar plástico do artista.

III
Existe, também, um silêncio solene ao redor do que se move. Ecoando em baixa freqüência, no oco desse silêncio, certo ar de risco. Há ao redor dos Balanços uma forma difusa de medo, um frisson que não deixa você se afastar do que lhe assusta, uma vontade de mexer com o que pode não dar certo (será que ele cairá? Será que ele me machucará?), de colocar a mão no fogo, de olhar narcotizado o que lhe fascina. Há, enfim, um amor. Pois vencida a rejeição que peças pesadas, frias e escuras de aço nos passam, começamos a enxergar formas pessoais, contornos de corpos em uma beleza quente. Somos seduzidos pelo artista a comprovar cada título das peças, observando o tempo das obras em movimento e firmando um compromisso com a contemplação do que admiramos. Cada vez que você tocar nessas obras esteja pronto para rasurar o desenho do espaço que você encontrou e para ser coautor nessa cartografia de desejos cinéticos. Nessa inesperada festa das formas, esvazie a mente no ritmo plácido do tempo enquanto as esculturas de Raul dançam para você. Ou melhor, dançam com você.
Frederico Coelho é pesquisador, ensaísta e assistente de curadoria do MAM Rio.

Peguei essa entrevista ai lá no Maquina de escrever do Luciano Trigo no g1Lá vai…
É estranho pensar que Ricardo de Carvalho Duarte, o Chacal, está perto de completar 60 anos: é que, permanecendo fiel ao espírito jovem, irreverente  e contestador que marcou a sua primeira produção, na década de 70,  época da Nuvem Cigana e da geração-mimeógrafo, ele continua escrevendo e vivendo como quem começa, e não como quem conclui, um livro ou uma aventura. Antecipando-se ao número redondo e talvez assustador, Chacal está lançando o livro de memórias Uma história à margem (Editora 7 Letras, 264 pgs.R$39), um balanço informal de sua trajetória como poeta e agitador cultural. A noite de autógrafos no Rio de Janeiro acontece nesta quinta-feira, a partir das 19h, na Livraria da Travessa de Ipanema.
Uma história à margem é o complemento perfeito e em prosa a Belvedere (Cosac & Naify, 384 pgs. R$59), volume que reúne sua poesia completa – 13 títulos ao todo, lançados entre 1971 e 2007. Recapitulando com franqueza as circunstâncias nem sempre fáceis de cada criação, com destaque especial para suas inúmeras viagens (interiores e exteriores), Chacal faz de suas memórias um documento quase sociológico sobre uma geração que, nas brechas e no contrapé da repressão política, conseguiu produzir uma obra relevante e arrojada, levando a poesia para a vida e a vida para a poesia (gente como Cacaso, Ana Cristina César, Waly Salomão etc). Nesta entrevista, Chacal fala um pouco mais sobre sua história e os prazeres e desafios de ser poeta.
– Apesar de todos os percalços, a geração de poetas que apareceu nos anos 70 – você, Cacaso, Francisco Alvim, Ana Cristina César etc – construiu uma obra que teve uma grande repercussão social e cultural. Hoje a impressão que eu tenho é que a poesia dos jovens autores, por melhor que seja, repercute menos. Você concorda? Como analisa isso?
CHACAL: Difícil comparar épocas, contextos diferentes. Talvez a poesia naquele período estivesse muito formal, distante das pessoas e leitores em geral. Então, sem o compromisso com a regra e o cânone, mais próximo do cotidiano nos temas e no tom, em meio a um mar de censura e repressão, nossa poesia aconteceu. simplificando, nossa poesia atingia as pessoas, embora a academia, de uma forma geral, não achasse graça nenhuma. Creio que hoje esse processo se inverteu. os poetas são a própria academia e escrevem para seu pequeno grupo, uma poesia intertextual e canônica. Por outro lado, a poesia das periferias, ligadas ao rap e ao hip hop, falam também de seu gueto e não se universaliza. Ainda assim, são ainda os únicos lugares onde a poesia vigora.
– Você escreve que, no início dos anos 70, os caminhos dados eram a luta armada ou o sistema, ambos impossíveis de trilhar. De que forma esse impasse afetou a sua vida e a sua poesia, na época?
CHACAL: Trazendo a poesia para a vida. A arma do poeta é o poema, tenha ele cunho social ou não. Nossa atitude diante da poesia, apresentando ela ao vivo em grandes artimanhas que se misturavam com o carnaval e o dia-a-dia, nosso contato direto com o leitor /ouvinte, nossa estratégia de evitar as editoras, o sistema oficial elitizado da produção literária, com todos os vícios da produção capitalista de exploração da mão de obra do autor e do apadrinhamento compulsivo. Lutamos sem pegar em armas, sabotamos o sistema pelas bordas, pelas margens.
– Hoje, que não existe mais luta armada (só o sistema), quais são os caminhos possíveis para os jovens? Existem ainda margens para ocupar ou todos os espaços já foram ocupados pela lógica do consumo? Ou, para usar uma metáfora sua, é mais difícil combater o espantalho ou o agrotóxico?
CHACAL: O espantalho é um falso inimigo. Está do lado de fora e não questiona nossos vacilos e fraqueza. Derrotá-lo é uma questão de força, inteligência e persistência. Já o agrotóxico, a droga do mundo pós-industrial, dessa cultura líquida, como quer Bauman, é muito mais difícil de vencer. Ele é invisível, inodoro e letal. Quando assimilado, se transforma em cinismo, em auto-indulgência. Quando você vê, já está usando a voz do dono. Mas creio que com saúde, discernimento e entusiasmo, você consiga achar de novo sua voz. Os jovens de todas as idades saberão sempre onde o calo dói e inventarão seu jeito de dar um jeito.
– Você vai fazer 60 anos em 2011. Como lida com a perspectiva da velhice? O que a idade traz de bom e de ruim, para a vida e para a obra?
CHACAL: A idade faz mal aos olhos. Em compensação encorpa a voz. Nossas paranóias da juventude se transformam em tiques nervosos. O tempo é fundamental para você adensar sua obra, capinar seu caminho de pregos e espinhos. depois de um tempo, é só juntar tudo, colocar num saco, jogar fora e virar vilão de teatro infantil. Mmmoooouuuuhhhhh!!!!!
– A questão das drogas, associadas na época da ditadura à contestação e a uma atitude libertária, contracultural, hoje é inseparável da questão do tráfico como crime organizado. Como você analisa isso?
 CHACAL: As drogas continuam por aí. O que mudou foi nossa crença em mudar o mundo. Antes a droga era combustível para tal. Hoje, com o mundo mudado, a droga se transformou em mais uma mercadoria, uma forma terminal de tapar o imenso vazio.
– De todas as viagens que você narra no livro, quais foram as mais marcantes para você, e por quê?
CHACAL: A viagem para a Inglaterra em 1972/73 foi uma delas. Por ter visto Allen Ginsberg, o melhor do rock na época e ter vivido em um país rico e civilizado, meu sonho da contracultura. Mas toda viagem é uma viagem. Depende dos seus óculos.
– Sobre o episódio da queda no Jóquei, no qual você foi parar no hospital, que lição ficou? [em 1987, depois de uma “noite de saideiras” com Cazuza, Chacal teve a ideia de pular o muro do Jóquei Club.Trancafiado numa sala por um segurança, saltou da janela e foi parar no Miguel Couto]
CHACAL: Quando cair de uma certa altura, flexione os joelhos. Antes de querer voar, aprenda a andar na terra.
– O problema do desafio de viver, materialmente falando, da poesia, atravessa todo o livro, com crises e dívidas recorrentes. Ao longo das décads isso mudou? A literatura está mais profissionalizada hoje, ou a realidade continua inviável? Como essa situação poderia melhorar?
CHACAL: Acho que a performance trouxe novo oxigênio para a poesia. Assim com o rap e a música popular, tem um público não-especializado, de não-literatos. Isso abre o mercado para o poeta. Mas para aumentar a demanda teria que ter uma ação conjunta, estado-escola-mídia-editoras-poetas. O Estado, com o PNBE (Programa Nacional de Biblioteca Escolar), ajuda mais as editoras que propriamente a popularização da poesia. Poetas, escritores de diversos estilos e gerações, têm que ir às escolas, conversar com os alunos, falar de seus trabalhos e ouvir os trabalhos dos alunos, estimulados pela escola a ler e criar. Essa troca é fundamental. Ela criou o CEP 20.000, um sarau multimídia, que é um excelente modelo de disseminação poética. Educação e cultura são uma coisa só. Aumentando o interesse pela poesia, a mídia e as editoras vão se interessar em programá-la e publicá-la. Como aconteceu com o rap. Os poetas poderiam ajudar se tivessem um pouco mais intenção de se comunicar do que apenas expressar suas caraminholas.
– Com que poetas vivos você dialoga hoje? Como enxerga a produção poética brasileira contemporânea, de uma forma geral?
CHACAL: O poeta é bicho difícil de dialogar, mas gosto de vez ou outra encontrar com o Gullar, o Cícero, o Eucanaã, o Carlito Azevedo, o Arnaldo Antunes, o Heitor Ferraz, o Chico Alvim, o Zuca Sardana, o Ricardo Aleixo, a Angélica Freitas. A produção contemporânea vai bem, obrigado. A exuberância do CEP, depois de 20 anos, é reflexo disso. A nova geração está conseguindo juntar as experiências de vida dos anos 70 e o acabamento mais elaborado do novo milênio.
– Tem outro livro a caminho? tem algum poema inédito que você possa antecipar?
CHACAL: Tenho escrito volta e meia. Um dos poemas que gosto de fase mais recente e que ainda está em processo é:
FELIZ 2008
narrar um assassinato é quase tão
difícil como dizer que te amo
como falar do sangue que se esvai ou
vc cantarolando numa aléia do horto de vestido florido
como descrever o terror dos olhos e o grito sequelado ou
vc vendo tv de calcinha de algodão
ou como dizer da arma ainda quente ou
seu corpo mole na cama
essas coisas do amor e do ódio
são impossíveis de narrar.
(CHACAL)

RUAS

há mais de meio século
ando por aí
há cinquenta e nove anos
cruzo rio brasília
londres são paulo
cidade do méxico lisboa
amsterdan nova york
a pé
mix
de finalidade interior
e casualidade exterior
tudo me interessa
os olhos
não usam viseira
nem os ouvidos
capota
o nariz
eu trago atento
o tato
bem apurado
absorvo impressões
de outros
que caminharam
por mim
em minha caminhada
pelos outros
paisagens
urbanas
suburbanas
superurbanas
me constroem
o tempo todo
em que eu
ando e paro
paro e ando
reparando
do que é feito
o conteúdo
da caixa preta
do planeta


Peguei lá no Viu isso? do Michel Lent.

Ainda no tema do que está acontecendo com a internet e o que está acontecendo com as nossas mentes expostas ao uso da rede por mais de uma década, vem este interessante artigo de Steve Lohr, colunista de tecnologia do New York Times, publicado no Estadão de hoje.
Lohr reflete sobre as recentes declarações de Chris Anderson e Michael Wolff na Wired Magazine de que a Web estaria morta uma vez que  navegamos menos e menos pela Web livre e cada vez mais fazemos uso de aplicativos e plataformas fechadas. Lohr  argumenta que o surgimento de novas mídias sempre modificou as anteriores mas não acabou com elas e que agora estaríamos vendo o mesmo fenômeno acontecer aqui.
No meu ponto de vista, o argumento de Nicholas Narr de que estaríamos ficando burros com a internet, e os de Anderson, Wolff e Lohr, na realidade são partes do mesmo contexto. A super-exposição de informação e possibilidades a qual estamos expostos está fazendo com que busquemos simplificar nossas opções de consumo de mídia e serviços e otimizar nosso tempo. Justamente porque estamos sobrecarregados e nos sentido burros, estamos caminhando para concentrar nossas atividades em grandes estruturas unificadas como Facebook, Twitter e aplicativos, tentando assim concentrar nosso tempo em um pouco menos de atividades ou menos interfaces e assim nos sentirmos menos perdidos e, quem sabe, menos burros. (A quantidade de ‘menos’ na frase é proposital. Falei sobre ‘Menos é Menos’ neste artigo para a Pix).
A discussão é interessantissima e ela parece estar basicamente começando.
Vale a pena ler o artigo de Steve Lohr publicado hoje no Estadão e reproduzido abaixo.

Joshua Callaghan (o artista plástico correspondente do b®og em LA com foto e mini perfil aí na barra lateral) segue viajando sem parar e depois das noticias de espanha nos manda agora novas de novaiorque. Lá vai:


Hello Raul and everyone,

It has been summer in these parts and I have been busy with relaxing and catching up on my VHS watching.   I have done some traveling this summer, and everywhere I went was very hot.
At the top of this list I put New York, which was an inferno, but I’m sure it’s all different now.  Trudging through the sweaty streets it occured to me that L.A. has made me soft.  New York is a constant marathon, a battle for survival.  After a week in NY this summer I was physically exhausted.  Now, some weeks later, I have finally regained the composure to send a few notes.
While there, a friend took me to one of the hidden gems of the city, the Neue Galerie.  This little museum dedicated to German and Austrian art, is one of the many great small museums that the city has, that I had never been to.
The Otto DIx show there was by far the best art show of the week.  Dix’s amazing etching collection “Der Krieg” (War, 1924), perfectly captured the way I felt poaching on the subway platform.
DixO1.jpg
I highly recommend this museum for a classy date!
I got a great souvenir of my trip.  While in town, a New York living friend, Ken Habarta, gave me a copy of his book “Bank Notes.” It is a fascinating collection of real bank robbery notes culled from the files of some law enforcement agency that Ken wouldn’t specify.  Each page has different note, and each one has personality, humor and lots of pathos.
A favorite of mine is   “I know where you live and my friends know where you live.”
Ken also has a blog where he publishes a note per day and where you can buy the book!
I also had the chance to visit the New Museum for the first time.  I was able to see the Rivane Neuenschwander. Say that 10 times fast!
Before even talking about the show I have to complain about the architecture.  If you have been there you know what I mean.  It is a vertical stack of seven floors that get smaller as they rise.  It looks cool from the street, but the coat check is bigger than any of the galleries.  The is too slow.  I foolishly decided to take the stairs.  I saw the show hyperventilating and sweating.  Lovely show by a great artist though.  I particularly liked the small sculptures made of scraps of everyday objects, paper and trash.  
I heard some Brasilians enter the gallery and say (they didn’t know I could understand them) “Porque o parede esta raspado assim…?  É arte?…..É arte!.”

I could have done without the saccharine wishes in the Nosso Senhor do Bonfim ribbons in the piece “I Wish Your Wish.”  That piece is just so “museum friendly”, and after those stairs, I just wasn’t!



Next, Greater NY!




Em sintonia com o cenário musical independente, o Museu da Imagem e do Som traz de Los Angeles o jovem Jason Chung, produtor de música eletrônica conhecido como Nosaj Thing. Ele se apresenta na segunda edição da Sunset Party, realizada pela primeira vez na Virada Cultural deste ano com participação do DJ britânico Ashley Beedle. Além da discotecagem, Nosaj apresenta também uma performance audiovisual no Auditório MIS.

Seu disco Drift foi eleito por diversos veículos internacionais (BBC, XLR8R, Urb, The New Yorker, LA Weekly, MixMag) como um dos melhores álbuns de 2009. Seu nome foi rapidamente aclamado como uma inovadora revelação do cenário musical, sendo escalado para se apresentar em festivais como Sónar, Pukkelpop e Lowlands. O artista também estabeleceu colaborações com diversos grupos, tendo realizado remixes para Radiohead, The xx, Beck, Charlotte Gainsbough, Flying Lotus, Daedelus, entre outros.

Nosaj Thing é um beatmaker e modulador, trabalha os ritmos com precisão para criar uma música futurista, emocional e experimental. Suas principais influências são os compositores clássicos Chopin e Erik Satie, produtores como Boards of Canada e a cena de hip hop da costa oeste norte-americana.


espetáculo / música
04 a 05set2010
04set, sáb, 16h
05set, dom, 19h

auditório MIS / hall de entrada

04set: entrada livre 05set: Ingresso R$10,00 e R$5,00 (estudantes)


Classificação etária: livre.
Ingressos vendidos a partir de 03 de setembro (sexta), das 12h às 21h30.

Maria do Carmo Pontes, a correspondente avançada do b®og em Londres (com foto e micro-perfil aí na barra lateral), está em São Paulo trabalhando na Bienal Internacional de Arte e arranjou um tempinho para mandar a quinta coluna MC LDN. Lá vai:









When forms become alive.
Sobre os trabalhos de Marina Weffort e Pedro Barateiro.
A curiosidade leva um aprendiz a desafiar seu conhecimento e tomar para si os poderes de seu mestre. Ele pega os aparatos do mestre e se atreve brincar de Autoridade. Tudo vai muito bem até que as coisas saem do controle, reconduzindo o aprendiz à sua sabedoria limitada e à insignificância de sua existência. O enredo é familiar, a história da ambição presente em 10 entre 10 mitos sobre o poder, de Sísifo a Fausto. Mas a história que interessa aqui é mais ingênua, atuada pelo queridinho em quadrinhos da Disney, Mickey Mouse, em Fantasia. Ele só queria se livrar do serviço, e, para isso, encantou uma vassoura, que virou várias vassouras, para que ela transportasse a água da fonte para o caldeirão de seu mestre.
A operação performada nos trabalhos de Marina Weffort (que está em cartaz até o dia 4 de outubro na galeria Marilia Razuk) e do português Pedro Barateiro (com trabalhos na 29a Bienal de São Paulo, que abrirá a partir do dia 21 de setembro), se assemelha, em certa medida, a do aprendiz de feiticeiro. Ambos tomam como ponto de partida materiais cotidianos, como copos, lápis e cadeiras e, relocando-os e combinando-os com outros materiais improváveis, os denotam de outros significados. Weffort vem desenvolvendo uma série de estantes de madeira, onde uma variedade de materiais como xícaras, pedras e papéis de ponto são encaixados lado a lado, negociando sua existência com o objeto próximo, escapando num lugar entre a simbiose e a individualidade. Competem na mesma medida em que se aceitam mutuamente. Barateiro opera sobretudo no registro do acúmulo, enfileirando cadeiras numa base de concreto ou articulando uma porção de lápis, formando estruturas geométricas, sempre demovendo os objetos de sua funcionalidade. No entanto, no percurso eles não se calam, mas o feitiço se torna contra o feiticeiro na medida em que ganham novas e poderosas vozes. E impressiona como ambos os artistas conferem movimento aos seus trabalhos apesar deles serem intrínsicamente estáticos.
O ready-made contemporâneo carrega em si o seu contexto (como um caramujo, que Marina apresenta em uma de suas obras). Mas, para além dessa tradição que prioriza a forma sobre o conteúdo, defendendo numa dialética de relações improváveis que “the medium is message”, Weffort e Barateiro parecem na mesma medida enfatizar o conteúdo e a forma. A sensação é que as formas ganharam vida, como a vassoura do simpático Rato, mas com a vida vem também a vontade própria. Os objetos parecem aceitar com subordinação sua nova condição, mas o fato de terem se deslocado adverte: agora eles podem tudo. Claro que podem fazer o caminho de volta, retornando às funções que lhes foram designadas por nascença mas, uma vez atravessada a fronteira, não há Autoridade que os faça voltar.