Li isso lá no Conector d’O Esquema.

O ano de 2008 foi emblemático para a internet no Brasil (como serão os próximos dez) e os sintomas mais claros disso se refletiram em um meio bastante tradicional: a televisão. Nunca a internet como universo foi tão comentada nos telejornais e programas semanais da TV aberta, ainda (por enquanto…) um bom termômetro e principal referência quando se fala em comunicação de massa no país.

Em especial, o Fantástico fechou 2008 com aquele quadro das lan houses num esforço meio atrasado em relação a essa (não tão) nova cultura. Colocar a Regina Casé para apresentar as reportagens deixou claro o que está acontecendo. A apresentadora é reconhecidamente a emissária do canal aos confins “exóticos” da cultura popular, acumulando os papéis de tradutora engajada e peixe de fora curioso. Na busca por um suposto “internauta popular”, descobrimos a agonia da figura do “internauta”, aquele ser esquisito que vive para a tecnologia e cujo acesso a internet se dá apenas para acessar a internet. O que não foi dito é que o “internauta popular” – que acessa a rede exclusivamente em lan houses ou por conexão discada – também está com os dias contados. Mas por quê?

Porque, além do barateamento dos computadores promovido nos últimos dois anos à base de incentivo fiscal e crédito a rodo nas grandes redes de varejo, outro fator que precisa ser levado em consideração nesse processo é desesperada batalha das empresas de telecomunicação para vender seus combos de telefone fixo + banda larga ou telefone fixo + TV a cabo + banda larga e por aí vai. Em 2008, a NET lançou um desses pacotes por cerca de 39 reais, um pouco mais que 10% do salário mínimo. Por essas e por outras, o acesso à banda larga vem crescendo de forma consistente: em junho de 2008 havia 10 milhões desse tipo de acesso no país, um número 48% superior ao registrado no mesmo mês de 2007 segundo estudo encomendado pela Cisco Systems.

Assim, ainda que o orçamento familiar seja mais apertado durante 2009, a internet em 2008 se tornou um item básico que não só serve como apoio na educação dos filhos (um dos motivos mais citados em pesquisas populares) como também provê serviços e incrementa o acesso ao entretenimento. Pelo preço de duas ou três entradas de cinema, todos os filmes, músicas, games, seriados e notícias do mundo estão ali, ao alcance de qualquer um que tenha 50 reais mensais e um filho de 14 anos, este ser esfomeado e sem o menor compromisso com os protocolos tradicionais de direitos autorais. E tem mais: horas no MSN ou Orkut não custam quase nada comparado aos minutos ou SMS de celular.

Falando nele, o Orkut se firma como o SBT da internet brasileira: tosco, porém simpático e extremamente popular. A entrada do Facebook e do MySpace em território nacional não afetou em nada a notoriedade da rede social do Google. Pelo contrário, apenas acelerou a abertura da plataforma de aplicativos e seu conseqüente entranhamento na cultura brasileira. A vastidão de expressões sociais nas comunidades e perfis do Orkut não encontra paralelo em nenhuma outra mídia digital. Fotos reveladoras, perfis confessionais, comunidades bizarras, discografias completas, conversas irrelevantes, a profusão de aplicativos úteis e inúteis: é o termo “rede social” elevado à última potência por um país especialista em socializar. Orkut Büyükkökten não tem a noção exata disso, porque, de forma totalmente involuntária, se tornou o nosso Silvio Santos digital.

Enfim. A internet como assunto está deixando de se tornar pauta de tecnologia e lentamente passando para a retranca “Geral”. Então não estranhe se ao longo dos próximos anos, uma queda em uma rede de banda larga disputar espaço com notícias sobre falta de luz no jornal, digo, na comunidade do Orkut do bairro. E se no meio do caminho você tropeçar em um corpo, não tenha dúvidas: é o seu velho amigo, o conceito de “internauta”, estendido no chão sem vida.

Diretamente da agenda do OVERMUNDO:

A partir de 9 de janeiro – e nas três sextas-feiras consecutivas, dias 16, 23 e 30 – o pandeirista Sergio Krakowski convidará o DJ Sany Pitbull para fazer a batida sonora dos próximos verões cariocas nos bailes ChoroFunk. Será a partir da estética do funk carioca que Sergio vai misturar e transformar o funk, o choro, o samba, a bossa nova e o côco numa linguagem contemporânea de expressão musical. Em cada baile, a ser realizado na pista do legendário Clube dos Democráticos (Rua do Riachuelo, 91, na Lapa), haverá uma participação especial: Carlos Malta na estréia, dia 9; Pedro Luís no dia 16; Moyseis Marques no dia 23; e Chico César em 30 de janeiro, último dia desta temporada. Ingressos de R$ 13 a R$ 32.

Faz quatro anos que Sergio Krakowski desenvolve uma pesquisa de doutorado em computação musical tendo estudado em Paris por um ano em 2007. A finalidade desta pesquisa é criar maneiras interativas de dialogar com o computador em tempo real através de estímulos rítmicos provocados pelo pandeiro. A idéia central é captar o som do instrumento e analisá-lo ritmicamente por meio de algorítmos que Sergio cria e implementa. Esses algorítmos, por sua vez, fazem com que a máquina responda de forma ‘inteligente’ – gerando uma espécie de interação pioneira. Você pode ver como esta tecnologia funciona em vídeos que o músico disponibiliza no endereço: www.myspace.com/sergiokrakowski

“O que me chamou a atenção foi o caráter percussivo do funk carioca, tanto nas gravações quanto nas performances ao vivo, feitas por DJs que usam a bateria MPC quase com um instrumento de percussão. O estudo partiu do tamborzão do funk”, explica Sergio. Antes de propôr ao Tira Poeira (do qual é pandeirista desde 2002, quando o quinteto foi fundado) de combinar os estilos musicais, Sergio buscou DJs especializados na linguagem funkeira. Encontrou o que procurava numa noite de sexta-feira, no Baile do Cantagalo, em Copacabana, com Sany Pitbull atrás das carrapetas.

A primeira investida foi em “O morro não tem vez”, clássico de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, que evoca justamente as favelas. Sem letra, a música (registrada no mais recente álbum do Tira Poeira, ‘Feijoada completa’) demonstra a nova possibilidade de expressão musical, unindo a verve dançante do funk à sofisticação da música brasileira. O pioneirismo repercutiu nos meios musical e jornalístico e foi noticiado pela TV Globo e pelos jornais como lançamento de um novo estilo musical – e o mais interessante: rompendo os preconceitos habituais ao funk carioca, cuja imagem está fortemente ligada ao morro, ao tráfico de drogas e à prostituição. “Pela primeira vez na história, o funk está começando a ser avaliado apenas sob o prisma musical”, resume o pandeirista.

Cada baile terá um convidado especialíssimo
Dando continuidade a essa experiência inicial, Sergio Krakowski vai promover com o DJ Sany Pitbull, no coração da Lapa, os bailes ChoroFunk, cujos convidados representam as diversas vertentes da música brasileira: Carlos Malta trará a energia mágica do seu pife, que remete às bandas de coreto do interior, aliada ao seu incrível conhecimento de música instrumental; Pedro Luís virá com a força da percussão tão apreciada por ele, dialogando perfeitamente com o Tamborzão do Funk; Moyseis Marques, um dos mais proeminentes cantores da nova geração do samba carioca, vai provar da mistura do gênero tradicional com o funk; e Chico César fechará a série com todo o ecletismo e questionamento da cultura negra e da identidade brasileira que lhe é habitual.

Estréia hoje o Humaitá pra peixe 2009 com show do 3 na massa.

Sala Baden Powell
Av. Nossa Senhora de Copacabana, 360 – Copacabana
Telefone: (21) 2548-0421
Show às: 19hs
Ingressos: R$24,00 (Inteira) e R$12,00 (Meia)
Capacidade: 500 pessoas
Classificação: livre
ATENÇÃO: os ingressos serão sem lugar marcado. Infelizmente não é possível retirar do sistema Ticketronicis a numeração das poltronas, portanto elas serão desconsideradas.

Lounge 69
Rua Farme de Amoedo, 50
Entrada R$30
Lista Amiga R$15

A equipe do 69 avisa que não será permitida a entrada sem apresentação de um documento de identidade.

Algumas coisas e resolvi colocar aqui …

Do SOBREMUSICA:
LITTLE JOY – PEQUENAS EXPECTATIVAS
2009 é um ano que começa em crise, e isso significa sempre fazer reavaliações sobre o ritmo, a vida, as oportunidades. Qualquer projeto, a começar pelos profissionais, vira uma dúvida que depende de tantas forças maiores do que a iniciativa, o suor, o talento e a ralação de uma pessoa só, a fim de empreender. O mundo sufoca, e o que faz respirar está em falta. É o sonho. Está difícil sonhar. A psicanálise saiu de moda, foi substituída por iogas e recompensas ao corpo. Em crise, o lógico é o pragmatismo. … (leia tudo)

Do blog do Caetano Veloso:
CHELPA FERRO E AVA ROCHA
…A primeira parte, com Jaques Morelenbaum regendo a colagem de trechos de peças clássicas feita pelos Chelpa não poderia ter parecido molecagem, mas quando os três componentes entraram, por trás de uma tela sobre a qual era projetado um vídeo de visual concretista, a decisão noise se explicitou. Os timbres, seus controles e a relação entre isso e as imagens de detalhes dos aparelhos eram chiques e bem combinados. O volume às vezes passava do suportável, sem nunca fazer dos ruídos musicais meros barulhos desprovidos de discernibilidade. Havia texturas ricas e intrigantes. … (leia tudo)

Do Link:
REDES SOCIAIS VÃO PARA ALÉM DOS PRÓPRIOS SITES
As redes sociais saíram dos sites das redes sociais. Em 2008, quando o conceito de “social” deixou os domínios dos gigantes Orkut, Facebook ou MySpace, a síntese do novo momento foi a eleição do presidente norte-americano Barack Obama. Ele não só tinha o seu perfil no Facebook e no Twitter, como criou a sua própria rede social, nos moldes do Orkut. … (leia tudo)

Do Causa Própria:
INCANSÁVEL
… Andar de carro com Caco Barcellos é uma experiência esquisita. Ele, o venerável repórter investigativo, guarda inacreditáveis vícios de taxista: Em Brasília, fez questão de buscar sua equipe no aeroporto, dirigindo ele mesmo o carro um-ponto-zero alugado; revelou ter certos problemas quando um ônibus o ultrapassa (“taxista ser ultrapassado por um ônibus é uma vergonha!”); faz campanha pessoal contra a existência de pontos de táxi (“taxista tem de estar na rua!”) e vê cada espaço impraticável como um desafio para a arte da baliza: “se cabe, eu estaciono”, gosta de repetir. Tudo com aquela calma, elegância, bom-humor e simpatia, o que deixa tudo ainda mais esquisito. … (leia tudo)

O mundo da moda invadiu o ateliê da Lapa semanas atrás pela segunda vez. No comando do ensaio estava o fotógrafo brasileiro Rui Teixeira. As fotos abaixo são do Quito.





Essa post aí embaixo eu peguei no URBE do Bruno Natal.

Em um e-mail enviado para seus colaboradores, a editora criativa da filial inglesa da Current TV elaborou uma lista informal, com categorias criadas por ela própria, com os melhores vídeos exibidos esse ano no canal (que veicula e remunera produções independentes geradas pelos próprios usuários/telespectadores):

Melhores imagens:


“Dubai BaseJump”

Melhor edição:


“Living with Narcolepsy”

Melhor conteúdo jornalístico:


“Monsters In Miami”

Melhor formato (um empate):


“This Will Help You Pull”


“And Sexy Girls Have it Easy”

Melhor história focada em um personagem:


“I’m 80% Girl, 20% Boy”

Mais engraçado:


“I Love Stylophones”

O texto abaixo é da Marcia Fortes e saiu na Folha de SP de hoje. Clicando na imagem acima é possível ler a reportagem.

Muito já se falou e publicou sobre esta que ficou conhecida como a Bienal do Vazio, que deixou vazio um andar inteiro do prédio da Bienal. Prós e contras à parte, acho mesmo que já é hora de deixarmos a discussão sobre essa Bienal e voltarmos o foco para outra questão: o pavilhão do Brasil na próxima Bienal de Veneza, que será inaugurada em 4 de junho de 2009. Afinal, essa Bienal de São Paulo já está vazia mesmo, falem o que quiserem, mas a oportunidade de “enchê-la” já era, passou.
O problema premente agora é outro e, se não o encararmos imediatamente, perigamos perpetuar um conceito e apresentarmos em Veneza o “Pavilhão do Vazio”. Vamos lá. Para quem não sabe, a Bienal de São Paulo foi fundada em 1950 nos moldes da Biennale di Venezia, cujo formato inclui uma mostra coletiva central ladeada por pavilhões nacionais, onde diversos países apresentam por conta própria um ou mais artistas.
Aqui em São Paulo, isso acabou com a 27ª Bienal, quando a curadora Lisette Lagnado e seus co-curadores aboliram as representações nacionais optando pelo coletivismo geral -criando assim um modelo mais contemporâneo para a Bienal de São Paulo, que foi seguido nesta atual edição. A Bienal de Veneza, por sua vez, mantém o modelo e lidera o ranking das grandes bienais de arte até os dias de hoje.
Retrógrada ou não, fato é que hordas de amantes da arte voam para Veneza a cada dois anos para ver a Bienal, fazendo filas que serpenteiam ao redor dos pavilhões de países como EUA, Alemanha e Inglaterra.

Convite-roubada

Sob o intenso sol italiano de junho, artistas, curadores, críticos e colecionadores de arte contemporânea (boa parte deles vestidos de preto como se estivessem no asfalto urbano de Nova York) circulam de um pavilhão ao outro vendo, vivenciando e comentando a arte apresentada por cada país.
E é nesse momento que a história vai se reescrevendo nas páginas da arte contemporânea; são nos pavilhões de Veneza que os gênios se afirmam, os talentos se confirmam, sucesso e fama se propagam. Uma boa apresentação em Veneza pode render o resto da carreira de determinado artista. Assim como uma má apresentação pode ser fatal.
No total, 29 países mantêm pavilhões nos Giardini em Veneza. Existem outros, mas estes estão fora da área nobre dos Giardini. É claro que o Brasil não deixaria por menos: mantém seu pavilhão ali, de arquitetura moderna e com piscina nos fundos, próximo ao pavilhão de Israel.
E é aí que começam nossos problemas: o pequeno prédio está sedento por uma reforma já há algumas edições da Bienal, perderam-se as letras que diziam “Padiglione Brasile”. A não ser que o governo brasileiro -através da Fundação Bienal de São Paulo que é a instituição responsável pela representação nacional na Bienal de Veneza- tenha patrocinado a tal reforma de 2007 para cá, as condições do nosso Pavilhão em junho de 2009 deverão estar ainda piores. Bem deprê.
Mas a batata quente mesmo é a arte. Cadê ela, o que esperar da arte de nosso país em Veneza? Até o momento, nem todos os países indicaram seus artistas, mas ao menos anunciaram os curadores/comissários responsáveis pela seleção dos artistas. O Brasil, nem isso.
Mesmo que se anunciem curador esta semana, e que este faça convite oficial ao artista na semana que vem, já seria o chamado “convite-roubada”. Imagine a pressão: o pobre do artista irá representar o seu país na maior das bienais mundiais, mas terá menos de quatro meses para ter uma grande idéia, propor e conseguir aprovação da mesma por parte do curador, captar boa parte do dinheiro para sua produção (pois, como sabemos, a Fundação Bienal não tem sido exatamente eficaz na captação de recursos) e produzir a obra.
Digo menos de quatro meses porque tudo terá que estar finalizado até meados de março, pois certamente não haverá fundos para um transporte aéreo e a obra deverá seguir de navio do porto de Santos até a bela Venezia, cumprindo uma via sacra de cerca de dez semanas entre os primeiros papéis requeridos pela burocracia brasileira e o aporte em solo ítalo.
Tudo isso com a seguinte pressão extra: nosso querido artista estará competindo (sim, a Bienal de Veneza é uma competição que premia os melhores pavilhões) com artistas do calibre de um Bruce Nauman, que representará os EUA. Enfim, seja o que Deus quiser.

MÁRCIA FORTES é jornalista e sócia da galeria Fortes Vilaça

Coluna da NINA HORTA na Ilustrada de quinta passada.

O crítico e os comedores
Comentários a respeito da crítica gastronômica a partir do livro do poeta anglo-americano T.S. Eliot, “To Criticize the Critic and Other Writings”

UMA DAS funções do crítico é ajudar o público de seu tempo a se dar conta de que tem mais afinidade com um “cozinheiro ou com um tipo de comida” do que com outros.

O crítico não cria o gosto, mas em qualquer tipo de crítica não há como não enfatizar sua inclinação por esse ou por aquele tipo de “comida”.

Nós, os comedores, porém, temos que nos convencer de que as nossas teorias são epifenômenos de nossos gostos. De vez em quando, se produz uma revolução, uma mutação súbita na forma ou no conteúdo da “cozinha”. Logo algumas pessoas descobrem que uma maneira de “cozinhar” praticada durante uma ou mais gerações já não responde aos modos contemporâneos de pensar, sentir, falar.

Aparece uma nova forma de “cozinhar” que se recebe, a princípio, com desprezo. Ouvimos dizer que estão escarnecendo a tradição e que se chegou ao caos.

Passado um certo tempo, fica claro que a nova maneira não é destrutiva, mas recreativa. Não repudiamos o passado, como querem crer os inimigos obstinados – e também os partidários mais obtusos – de qualquer movimento “culinário”, mas o fato é que alargamos nossa concepção de passado. E, à luz do novo, vemos o passado com uma nova conformação.

Na crítica em geral, o historiador, o filósofo, o sociólogo podem desempenhar um papel destacado, mas na crítica puramente “gastronômica” talvez os “cozinheiros” que sabem escrever sobre sua própria arte tenham uma autoridade maior quando refletem sobre sua própria vocação e a de outros “cozinheiros”. Quanto ao futuro, uma hipótese a ser defendida é que a progressão do conhecimento reflexivo, a extrema percepção consciente e a “demasiada” preocupação com as técnicas e “ingredientes, laboratórios, comida molecular, emotiva” sejam algo que a certa altura tende a se romper, pois submete todos a uma crescente tensão contra a qual hão de se rebelar a mente e os nervos humanos.

Da mesma maneira, a elaboração infinita dos descobrimentos e das invenções científicas “culinárias” pode chegar a um ponto no qual se produza uma irresistível reação dos “comedores”, que se mostrará disposta a voltar ao incômodo do primitivismo para escapar da carga da civilização moderna (comida orgânica, dietas naturais).

O crítico deve atuar como uma espécie de engrenagem que regula o coeficiente da mudança do gosto “culinário”. Quando a engrenagem enguiça, os críticos que escrevem as resenhas ficam paralisados no gosto da geração precedente e há que desmontar inexoravelmente a máquina e tornar a montá-la. Quando a engrenagem patina e o crítico aceita a novidade como critério suficiente de excelência, é necessário outra vez parar a máquina e reajustá-la.

O defeito das duas posições é que se provoca uma divisão entre aqueles que não vêem nada bom no novo e os que não vêem nada bom em tudo que não seja novo. Dessa forma, se enfatiza o classicismo do antigo, a excentricidade moderna e inclusive a charlatanice do novo.

É uma situação na qual a impostura pode imperar facilmente por certo tempo para alguns “comedores” como coisa genuína -sinal de desintegração social e de decadência da crítica “culinária”.

Isso acontece por causa de uma ausência de comunicação freqüente dos “cozinheiros” com seus pares, amigos e outros artistas, e do número de “comedores” perspicazes, que se situam dentro de um público mais amplo e que tenham sido educados dentro de um gosto cultivado, em paz com a “culinária” do passado, mas com disposição para aceitar o que há de bom na atual, quando ela se dá a conhecer.

(Esses comentários sobre a crítica literária foram tirados do livro de T.S. Eliot, “To Criticize the Critic and Other Writings”, e juntados ao léu. As palavras entre aspas são as minhas substituições. Achei interessante. Seria toda a crítica a mesma crítica?)

DJ DOLORES e banda

NA CASA ROSA CULTURAL
show no evento Pernambuquando. show também do RioMaracatu
SÁBADO 6/12 a partir das 23:00h
Ingressos: R$12
End: Rua Alice, nº 550 – Laranjeiras, Rio, tel (21) 2557 2562
http://www.casarosa.com.br

LAFAYETTE E OS TREMENDÕES NO CLARO CINE
QUINTA-FEIRA 04/12 às 23h
Ingressos: R$36
LISTA AMIGA R$ 18, enviar nomes para info@diversaoearte.com
Endereço: JOCKEY CLUBE RJ
Rua Jardim Botânico, nº 1003 – Jardim Botânico, Rio
www.clarocine.com.br / tel (21)2266 3800

Fala lixo é o trabalho que estou apresentando na exposição N Multiplos organizada pela curadora Ligia Canongia na Galeria Murilo Castro em Belo Horizonte. É um trabalho em ferro e ferro pintado, mede 35 x 32,5 x 14 cm e a tiragem é de 20 exemplares.

Os outros artistas da coletiva são: Abraham Palatnik, Amílcar de Castro, Ana Holck, Antônio Dias, Camile Kachani, Carlito Carvalhosa, Carlos Vergara, Carmela Gross, Daisy Xavier, Daniel Feingold, Edgard de Souza, Eduardo Coimbra, Eduardo Sued, Enrica Bernardelli, Ernesto Neto, Guto Lacaz, Ivens Machado, Janaina Tschäpe, José Damasceno, Laura Vinci, Marcos Chaves, Marcos Coelho Benjamim, Maria Carmen Perlingeiro, Matheus Rocha Pitta, Mauricio Ruiz, Nazareth Pacheco, Paulo Vivacqua, Regina Sileira, Ronaldo Grossman e Vicente de Mello

A exposição fica até 23/12/2008 na Rua Benvinda de Carvalho 60.
O telefone da galeria é 31-3287-0110 e o email é murilo@murilocastro.com.br.

Peguei la do Conector do Gustavo Mini.

É um problema quando eu vou a um espetáculo de dança e quero escrever sobre ele aqui: eu simplesmente não sei o que dizer. É diferente de comentar filmes, livros ou discos. Eu já ouvi, assisti, li bilhões desses. Mas dança… ontem foi meu terceiro ou quarto espetáculo de dança na vida. Não entendo nada. E não que seja um problema pra sentar lá e assistir, mas é um problema pra tentar passar adiante a experiência.

Enfim.

Eu fui parar no Theatro São Pedro ontem à noite por uma série de pequenos eventos em sequência. Vi um cartaz que me chamou a atenção e ficou um resquício dele na minha cabeça. Depois, dois dias antes do espetáculo, um amigo me ligou convidado para um evento/bate papo com o diretor, que não pude ir. Nesse telefonema foi que fiquei sabendo da inspiração do Edward Hopper, pintor que adoro. Depois, vi no jornal que o ingresso de platéia custava míseros 30 reais, quando a maior parte dos shows na cidade gira em torno de 100 reais pra ver cada coisinha… cartaz + telefonema de amigo + ingresso barato…

Então me sentei lá, eu e minha gastrite, pra assistir ao trabalho da companhia Provizional Danza de Madrid. Sem saber o que pensar ou que sentir. Depois de tanto tempo, eu sei bem o que pensar e o que sentir em grande parte dos filmes, livros e discos (e também não me olhe assim, eu sei não é autoajudamente correto dizer isso, que vc deve “não saber” as coisas). Na falta de meus conceitos usuais, então, me segurei no Edward Hopper. Não é difícil achar nas cenas a luz e a solidão dos quadros do americano. A foto que abre o post dá bem idéia de como foi, muito embora no São Pedro não tivesse aquela dramática parede detonada.

Meu conceito-hopper-cinto-de-segurança não durou muito tempo. Logo me perdi na históra e não sabia muito bem o que estava acontecendo. Sei que a trilha pulava do Frank Sinatra pra um techno minimal, bem como a coreografia fluía de movimentos espasmódicos, pra uma dança meio anos 50 (é o melhor que consigo pra descrever…) e dali pra… breakdance. Minha descrição deve dar idéia do maior clichê dos clichês de dança moderna, mas não dê bola. São as minhas limitações.

Resumo da história: entrei no universo proposto, mas não sei qual é ele até agora. Isso também não fez falta, honestamente. Os movimentos dos dançarinos/bailarinos/atores ficaram registrados na minha mente. Bem como o climão. E havia um climão. Meio tenso, meio solto. Gente dançando com vigor ou se escabelando pelado. Fica um climão né?

Um dia, quem sabe, eu consigo explicar. Ou não. Muito provavelmente não. Não prometo nada.

Uma pista. O texto da diretora da companhia, Carmen Werner. Deixo em espanhol porque acho bonito. Caso queira, traduza no Google.

“Hablemos de la no violencia, de empezar de espaldas a la vida y de poder escoger el destino libremente. No voy a contar mentiras, pero en el infierno puede aparecer un ángel.

Hablemos de la toma de decisiones, de la capacidad de modificar el destino, de la libertad que todo el mundo piensa que posee.

Esta pieza esta inspirada en los cuadros de Edward Hopper, en la paz de sus
personajes, de su mirada, los colores, la luz.

Pareciera que están esperando algo o a alguien, no están atormentados, puede que esperen el privilegio de morir.”

Não acho que morrer seja exatamente um privilégio (não vamos todos?), mas talvez o ponto não seja mesmo a morte como a chegada da paz (quem disse que é?). Talvez o privilégio de morrer seja o privilégio das coisas que não ficam estanques e onde as coisas não ficam estanques há liberdade. Talvez o privilégio de morrer seja o privilégio de ter vivido.

Desculpe soar “comercial de final de ano com texto de auto ajuda”, mas acho que é por aí a coisa mesmo.


Perguntei a João Doria, o bom designer-encadernador e inventor de coisas estranhas, se ele via semelhança entre os postais que On Kawara mandava aos amigos nos 70 e a febre Twitter que assola hoje (uma parte desprezível d) o planeta e ele me mandou email respondendo-perguntando se eu conhecia UBUWEB. Não conheço mas pelo que vi (e ouvi) numa primeira visita vou ficar freguês.

PS: não confundir o artista On Kawara com o cineasta Wong Kar-Wai.

Hoje tem show da excelente banda Brasov no Cine Claro (q está rolando no Jockey) com participações de Wando e Pepeu Gomes.

O Cine Claro é aquele telão de 300 metros quadrados ao ar livre, e o show começa às 23h30, logo depois do filme Entre Lençóis.

A banda manda avisar que o ensaio foi matador.