Dias 3 e 4 de novembro na Cinemateca do MAM

Organização: MAM-RJ/Azougue Editorial
Coordenação: Frederico Coelho e Sergio Cohn
Outubro de 1968: Rogério Duarte e Hélio Oiticica organizam no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro o encontro batizado de Cultura e Loucura. Na montagem da mesa para o debate sobre os limites entre arte e contra cultura, além dos organizadores, participam Caetano Veloso, Nuno Veloso e Luis Carlos Saldanha. A idéia de Rogério e Hélio era ter também Chacrinha e Glauber Rocha, mas não foi possível. Tempos depois, Antonio Manuel lançaria um curta-metragem com os principais trechos do debate.
Outubro de 2009: o incêndio no acervo do Projeto HO desencadeia no meio das artes visuais uma série de documentos, textos pessoais, emails, cartas abertas, testemunhos e manifestos sobre a questão dos acervos de artistas e instituições. O debate gira maciçamente ao redor das condições de preservação e manutenção, das políticas públicas e privadas de financiamento, da repercussão pública do incêndio em contraponto ao descaso diário em relação a outros acervos importantes que se deterioram em nosso cotidiano. Ao mesmo tempo, passa ao largo das mídias as propostas culturais que se encontravam em gestação em torno do Projeto HO, entre elas redes digitais de artistas e criação de espaços de disponibilização ao público das reservas técnicas dos artistas contemporâneos.
Se um encontro como o aqui proposto já se fazia necessário e urgente, ao constatarmos tal massa de opiniões no espaço virtual ou nas conversas privadas, agora se torna inadiável trazer o debate de volta ao espaço público.
Reivindicando a retomada do MAM-RJ como um espaço não só de exposição de obras, mas principalmente de exposição de ideais, questões, diálogos e conflitos, convocamos a todos os personagens do universo das artes visuais da cidade – artistas, críticos, jornalistas, galeristas, donos de acervos públicos e privados, compradores, produtores, público e pesquisadores – para participarem nos dias 3 e 4 de novembro do debate Políticas da Arte – Diálogos da Arte.
O objetivo do encontro é simples: romper com a idéia estática de um seminário acadêmico e estimular a participação pública na formulação de propostas para os problemas e soluções que todos podem trazer em suas colocações. A participação da platéia será tão ou mais importante do que a participação dos nomes nas mesas montadas para estimular o debate. O resultado do encontro será registrado e documentado num caderno de propostas, a ser publicado de maneira emergencial ainda esse ano pela Azougue Editorial.
Na terça-feira, dia 3, teremos duas mesas – uma na parte da manhã (11:00) e outra na parte da tarde(14:00) – com a participação dos coordenadores do evento (Frederico Coelho e Sergio Cohn) e de representantes de acervos (Cesar Oiticica Filho e João Vergara, com mediação da crítica Daniela Name). A intenção das duas mesas é fornecer mais elementos e informações para o debate com o público presente. Também será lançado nesse dia o projeto Rede Arte Brasil, uma rede digital de artes plásticas organizada pelo Projeto HO, com explicação pública de seus objetivos e metas.
Na quarta-feira, dia 4, a intenção é promover durante a tarde (das 14:00 às 18:00 horas) um balanço das conversas do dia anterior e uma convocatória geral para todos os interessados no debate sobre os temas propostos pelo encontro. Uma assembléia geral em que a participação de todos será fundamental para ampliarmos a capacidade de ressonância do evento. Os artistas e críticos Marcio Botner, Ernesto Neto, Felipe Scovino e o curador do MAM-RJ Luiz Camillo Osório, conduzirão o debate desse dia. 
Políticas da Arte – Diálogos da Arte não é somente um encontro, não é somente um seminário e vai além do velho debate entre os mesmos. É uma convocação do MAM para que todos seus parceiros e colaboradores (seja o público e a sociedade, sejam os artistas e os que se relacionam com as artes) tenham novamente voz ativa na proposição e condução das políticas que atravessam o dia a dia das artes visuais contemporâneas.
Se no espaço virtual ficou provado nas últimas semanas que a demanda por conversas, por posições e por reivindicações é intensa, chegou a hora de nos encontrarmos face a face para  refundarmos um novo marco crítico e um novo espaço de ação no Rio de Janeiro.
A hora é essa. Antes do próximo incêndio.
Esperamos a presença de todos,
Frederico Coelho e Sergio Cohn

na Folha/UOL

MARIO GIOIA
SILAS MARTÍ
da Folha de S.Paulo
 

Num apartamento no décimo andar de um prédio na avenida Paulista, Fabio Cimino acende um charuto. Chegaram ontem as chaves da galeria de arte que ele pretende inaugurar em março do ano que vem. Vai se chamar Zíper e não deve vender nada parecido com o que está nas paredes do apartamento do dono. “Nelson Leirner, José Resende, os artistas que existem estão envelhecendo”, resume. “Há uma procura por novos artistas. As galerias devem buscar talentos, do mesmo jeito que existe o “Ídolos”.”

foto de: Patricia Stavis/Folha Imagem

Maria Baró trocou o espaço que ocupava no Itaim Bibi por um galpão na Barra Funda

E a demanda por novos ídolos traz junto uma oferta de novos espaços. Outras cinco galerias se instalam agora em São Paulo, cidade que marchands veem como porto seguro no meio da crise que abalou o mundo e fez despencar os preços no mercado internacional.
“Lá fora, é um mercado com bolha, é outro “game'”, diz Cimino. “Aqui não teve bolha, preços continuam iguais. O Brasil está sendo descoberto, este é um momento bacana.”
Tão bacana que os sócios da galeria Rhys Mendes também fizeram em São Paulo uma filial do negócio que começou em Los Angeles. “Existe uma abertura aqui”, diz Pedro Mendes, o brasileiro do time. “São Paulo é uma das cidades mais autofágicas e inventivas do mundo, que aceita qualquer proposta.”
E a deles é quebrar o monopólio da abstração geométrica que veem nas galerias tradicionais e misturar nomes fortes a um grupo de jovens que estão vendo despontar em São Paulo. Entre eles estão Carolina Ribeiro e Lucas Arruda, que levaram mais de 700 pessoas à galeria dos Jardins na abertura. “Em Los Angeles, para ter esse público, precisaria fazer muito barulho”, diz Mendes.
“Muitas galerias já existiam e estão migrando para cá”, observa Márcia Fortes, da poderosa Fortes Vilaça, com dois espaços na cidade. “São Paulo é o centro nervoso, financeiro do país, virou um porto seguro na crise.”
Carioca como Fortes, Ronaldo Grossman fez as malas e transferiu sua galeria Novembro da ensolarada Copacabana à cinzenta Doutor Arnaldo, vizinho da galeria Vermelho.
É uma proximidade, aliás, não só geográfica. Zíper, Novembro e Rhys Mendes, estreantes no circuito paulistano, dizem seguir como modelo o foco em nomes ascendentes e mostras alternativas defendido e divulgado pela Vermelho.
“Queria que a cidade invadisse essa galeria”, diz Grossman. “Precisamos atrair um público novo, que não seja o do meio.”
Com o número limitado de obras consagradas hoje no mercado, marchands tentam emplacar jovens artistas para um público renovado de colecionadores, dispostos a investir em artistas mais jovens e, por isso mesmo, menos caros.
“O importante é vender e quem dá o preço é o galerista”, diz Fabio Cimino, entre baforadas de seu Montecristo. “Antes levava dez anos para criar demanda por um artista; hoje você faz um artista em três anos.”
Ou até menos. No espaço virtual da Motor, que passa a vender obras de 80 artistas pelo site Submarino na semana que vem, preços baixos devem gerar demanda instantânea por múltiplos e obras menores.
É uma espécie de multimarcas on-line das principais galerias do país, que vão vender uma linha mais simples de obras de artistas já consagrados, aproveitando o bom momento vivido no mercado real.
Existe, aliás, vida nova também no universo dos medalhões. A galerista Raquel Arnaud, que fez bombar a geração construtiva nos anos 70, está se mudando para um espaço bem maior na Vila Madalena.
Maria Baró, focada em artistas latino-americanos já consagrados, também trocou um espaço diminuto no Itaim Bibi por um grande galpão na Barra Funda, seguindo os passos da Fortes Vilaça, que abriu um anexo por ali há um ano.
“Estou esperançosa, a perspectiva é boa”, diz Baró. “Há um fogo do colecionismo.”

Hoje é dia de passar a noite pendurado na laje, ver e ouvir a cidade do alto. Vou filmar/fotografar a Lapa do teto de um edificio garagem na Rua das Marrecas de 18h as 6h da manhã. No sábado a locação será o restaurante Nova Capela de 24h até o fechamento. Domingo vou vagar pela cidade em busca de portas que batem e lâmpadas que iluminam o vazio. Tudo isso e muito mais poderá ser visto no show Blind Date – Nana Vasconcelos e Dj Dolores, na terça dia 10 de novembro, no Teatro Oi Casa Grande dentro do Festival Multiplicidade. O editor/diretor Leonardo Domingues é o parceiro da vez que assina comigo as imagens do espetáculo/encontro cego, Davi Pacheco está fotografanfo tudo e Yan La Motta comanda a edição de imagens agora na ilha e também ao vivo no dia.

Estava assistindo agora e resolvi colar esse post do Alexandre Matias lá do Trabalho Sujo.

Sobre a importância de Hermes e Renato

Eu tenho uma leve impressão que Hermes e Renato já é mais importante hoje do que a TV Pirata foi nos anos 80. Tudo bem, a TV Pirata era um ninho de cobras de altíssimo calibre (além do elenco e da direção, como falar mal de um programa que tinha Angeli, Laerte e Luís Fernando Veríssimo entre os roteiristas? – me corrijam se eu estiver errado). Mas foi tipo o rock dos anos 80, uma espécie de alívio coletivo pós-ditadura. No caso do rock, ele deixava de ser perigoso, maluco, bandido e começava a usar bermudas e a sorrir sem parar; no caso do humor, tudo que era insinuado pela geração Pasquim agora era ligalaize pra turma do Chiclete com Banana. Mas, no fundo, a TV Pirata foi mais um upgrade no humor de TV do Brasil, que andava defasado e não tinha sentido o impacto do Monty Python e do Saturday Night Live (como o rock dos anos 80 funcionou pra todo o rock que nasceu com o punk).
Já o Hermes e Renato tem o tipo do humor que o Zorra Total finge fazer e que não evolui desde os tempos do rádio (o mesmo vale para a sitcom da família – que só fugiu do padrão duas vezes, com Bronco, do Ronald Golias nos anos 80, e Sai de Baixo, da Globo): brasileiro, tirador de onda, escrotizador, vira-lata. Mas é preciso em sua descaracterização – pelo simples fato dos personagens não serem vividos por atores, mas pelos próprios roteiristas. Assim, eles se parecem muito mais com o Casseta e Planeta, mas os Casseta tiveram tempo e experiência para aperfeiçoar seu produto – eles mesmos – com muita desenvoltura na TV.
Hermes e Renato é quase amador, tosco, malfeito. Eis a graça. Todo mundo conhece pelo menos um cara que é assim, que curte esse tipo de humor, que faz vídeos toscos com os amigos e bota no YouTube. E acredito que esse seja o principal motivo da importância do Hermes e Renato. É o elemento 2.0 misturado com o reality show, o “yes we can” da choldra. Fora isso eles ainda materializam piadas e brincadeiras que não têm registro oficial, piadas de fundo de sala de aula e de ônibus que são pura história oral, fadada ao esquecimento não fosse isso que chamamos de arte. Eis o papel dos caras, é mais ou menos o motivo do sucesso do Mamonas Assassinas, mas com piadas legais.
Acredito que em pouquíssimo tempo teremos uma nova geração de humoristas, diretamente influenciadas por esses caras, uma geração que vai mostrar que essa safra de stand-up sem graça que está hoje no CQC é só isso – uma geração sem graça. Que venham os bárbaros!
E tudo isso só pra falar que essa piada idiota do “professor nãoseioque-nãoseioque-nãoseioque-amanhã”-”QUÊ?”-”PRRLL” é uma das minhas favoritas.
PS – O André e o Bruno citaram o óbvio que esqueci de lembrar: Trapalhões. Um tipo de humor essencialmente que foi quem realmente sentiu o baque da TV Pirata e do Casseta e Planeta (embora o Casseta seja responsável pela última grande fase do grupo, a fase do “Oooos pirata!”). E como pude esquecer: justo eu que nasci no dia em que o Renato Aragão fazia 40 anos…

FREDERICO COELHO (jovem pai curador assistente do museu de arte moderna dj miró e outras coisas mais) colocou o texto abaixo la no blog dele. texto bom pra caralho.

fábula sobre o tempo

as vezes você acorda e olha o tempo. ele é o mesmo, o mesmo, o mesmo. mas diferente. as vezes você acorda e pisa no chão com o pé direito. sua vida se expande em segundos. se esvai nos olhos carinhosos e perdidos dos cães. na rua, as coisas avançam selvagens. belas pessoas morrem. sonhos tornam-se fogo na madrugada. acumulando raiva e rancor. você olha o dia: mais um. e o tempo? passarinho Bandeira, boitempo Drummond, lâmina Cabral, o tempo preciso e exato, poético, do baterista. domine o tempo, diz o signo. guarde o tempo, diz o ofício. abandone o tempo, diz a morte. ame como nunca o tempo, dizem as filhas. o tempo atravessa e de repente você olha o jovem que um dia foi você e ele não é mais você. você é o outro. cruza a linha e se der sorte, entende e se torna uma pessoa mais leve, menos urgente, mais presente consigo mesmo. seus parentes envelhecem em flor e beleza. seus amigos ficam longe, mas cada dia mais profundos em seu coração. a presença da pessoa amada torna-se a forma mais saudável, inteligente e feliz de estar no mundo. pois o tempo carcome, espiral Lispector, absurdo Cortázar, embriaguez Nelson Cavaquinho. o tempo faz com que você se choque quando você lê a frase do escritor no livro que fala sobre perda e morte em cada página, a frase “era um homem de 30 anos”. o mundo é dos jovens, somos tão jovens, quem não é jovem? quem quer ser jovem? historinha exemplar ouvida na esquina da conde de irajá na barraca do chaveiro tricolor: o tempo senta-se em uma mesa de bar e começa a explicar como a história evapora, como a crença salva, como o homem acredita na mesma ladainha, a mesma ladainha, todos os dias. o tempo, já com quatro rabo de galo na mente explica como ele nos obriga a olhar o relógio. comer. vestir. olhar o céu. ônibus. fúria. asfalto. árvore. dinheiro. rango. vaso. todos os dias. o tempo arrota de que valem os quilos de livros as horas de imagens as hordas de palavras ao vento o trabalho diário a arquitetura de vidro os grandes prados mortos as cruzes Malévitch as ruas desertas e sujas, os papéis rasgados e queimados Torquato a calma esplendor Caymmi os silêncios urbanos entulhados de ruído Cage o prazer do texto Barthes o lugar público Agrippino a coisa e lôsa o pá e pum o bricbrac o xenheném o vem que tem o vai que é tua o nheconheco o sinira o caô o transtorni o crazy ballhead o cascudo o funesto o malungo o tempo glorioso do curtume carioca de olaria das lojas elite da praça das nações do café capital do judô no sesc de ramos da batata em redinha vermelha do sabará da vila cruzeiro da linha do trem da casa de praia de muriqui da pipa avoada da marimba do golzinho do pique pega do pique bandeira do pique esconde do pau a pique o tempo batia na mesa e bravatava do que vale todos os sons que ruminamos no bom dia oi e aí tudo bem e eis que de repente um senhor espacial paramentado com o capacete das vibrações positivas e mil espelhos que refletidos viram dez mil espelhos para quem o olha diz em dialeto burning spear para o tempo: silêncio. com os olhos fixos e em brasa fumaçando mirando bem no oco do tempo ele diz você, meu caro, você, para mim, é matéria-prima. eu te domino, eu te atraso eu te avanço eu te pulo eu te esfumaço eu te esgano eu te eco eu te brenfa eu te teco eu te benção eu te reto eu te curvo eu te amo. o tempo descontrolado pergunta pelos quatro cantos do mundo quem é o homenzinho que o desafia e o homenzinho responde, baixinho sorrindo quase calado: my name is lee scratch perry.

 
Obras de veteranos e jovens artistas vão circular pela internet por meio da Motor
Antonio Gonçalves Filho

 

Vender obras de arte pela internet não é exatamente uma novidade, mas juntar as principais galerias de São Paulo numa única plataforma de comércio eletrônico é um desafio que começa a ser enfrentado pela primeira galeria virtual coletiva que a loja online Submarino coloca no ar no dia 4, a Motor, capitaneada por Alexandre Roesler. Nascida dentro da Galeria Nara Roesler, ela reúne dez galerias de nome além da própria, desde a vizinha de porta Thomas Cohn até a carioca Laura Marsiaj, que fica em Ipanema, passando pela Bolsa de Arte de Porto Alegre. A meta é transformar curiosos que navegam pela internet em colecionadores de obras de arte. E, claro, atrair aqueles que têm medo de entrar numa galeria de arte por conta dos altos preços.

A Motor, segundo seu idealizador Alexandre Roesler, não vai competir com as galerias físicas. Não pretende comercializar obras únicas, mas múltiplos, justamente pensando num público de neófitos, que não querem arriscar em obras ou artistas com os quais têm pouca familiaridade. A partir de R$ 500 e um limite de R$ 5 mil, qualquer pessoa poderá comprar obras de artistas veteranos como o cinético Abraham Palatinik ou jovens como Ana Sario.

“Pensamos muito no público fora dos grandes centros urbanos, pessoas do interior do Brasil que desconhecem a produção contemporânea, mas gostariam de ter uma obra de arte em casa”, diz a galerista Nara Roesler, que veio do Recife há mais de 20 anos e aqui instalou sua galeria. Hoje ela representa pintores como Amélia Toledo e Paulo Whitaker e escultoras como Laura Vinci, os três com obras à venda na Motor – a primeira com uma foto digitalizada e a segunda com uma gravura de grande formato e uma tiragem limitada de 30 exemplares, ambas por R$ 1.500. Para efeito comparativo, basta dizer que uma tela de Amélia Toledo custa hoje em torno de R$ 40 mil.

A comercialização de obras de arte, como qualquer outro produto pela internet, obedece às mesmas regras e está sujeita à aprovação do consumidor, protegido pelas leis de defesa que garantem a devolução de uma obra que não satisfaça o mesmo. As galerias entregam as peças ao Submarino, que fica responsável por seu armazenamento e pela logística de distribuição.

Os idealizadores do projeto não negam que o boom imobiliário dos últimos anos teve um papel decisivo no lançamento da galeria Motor. Muitas paredes brancas e pouco conhecimento de arte contemporânea podem resultar num desastre estético de proporções consideráveis. Assim, cada um dos artistas selecionados para esta fase de teses terá um vídeo correspondente em que fala sobre seu trabalho, contribuindo para o projeto de arte-educação implantado automaticamente a partir do lançamento da Motor.

“Esse aspecto é muito importante, pois as pessoas têm vergonha de perguntar para esclarecer suas dúvidas sobre obras mais complexas”, observa Nara Roesler, revelando que foram investidos R$ 200 mil na implantação da Motor, que vai fornecer certificado de autenticidade das obras. A Submarino, plataforma que recebe a galeria virtual, tem 700 mil acessos diários. Uma galeria física recebe, quando muito, uma dúzia de visitantes por dia e seus respectivos sites, algo em torno de 200 visitantes. É uma diferença considerável, mas a galerista nega que a galeria virtual seja uma ferramenta para recuperar o desaquecimento do mercado após a grande crise econômica.

Não me canso de repetir: Aqui no Rio, Mauricio é referência pra uma multidão de amantes da música e da cultura pop. Como Dj (dejota), fotógrafo, radialista, jornalista, diretor musical etc fez a cabeça de uma tonelada de figuras interessantes da cena local.

Na minha visão nosso tempo tem a cara do pensamento do Mauricio. Pois se o mundo hoje é multidisciplinar, interativo, portátil e o cacete aquático, ele já sabia disso há um tempão.

A vida fica melhor quando se tem Mauricio por perto…

foto roubada do Gardenal onde tem uma entrevista legal do Marcos Bragatto de 2008.

E o melhor jeito de chegar perto da figuraça dificil e inatingivel é escutar o Ronca Ronca (o melhor programa de rádio do Brasil!!) toda terça as 22h na Oi Fm.

E passar todo dia para espiar o Tico Tico, meu blog preferido e leitura obrigatória.

Ave MauVal!
Sarava!

la no Trabalho Sujo.

E aí, com saudades? Fazia tempo que não baixávamos em São Paulo do jeito certo e távamos guardando as fichas pro nosso terceiro aniversário. Nem parece que foi há três anos que começamos a mudar a cara da noite paulistana liberando o carão e o indiesmo e transformamos as festas que só tocam um tipo de música num gueto cada vez mais esquecível. Tudo graças ao mashup, esse estilo de vida redentor. E que hora melhor do que o aniversário de três anos para consolidar nossa parceria com o casal Popscene, no mashup definitivo das duas festas? “FERA”, pensamos. Afinal, se foi nossa ascendência brasiliense a grande filosofia por trás de uma festa cujo mote era misturar as melhores músicas do mundo com músicas boas para dançar, decidimos ressuscitar a velha gíria candanga para continuar nossa pregação vinda do Planalto Central para a noite paulistana. E que lugar melhor que o coração da nova noite de São Paulo para mais esse salto quântico? É no andar de cima do Vegas que a FERA continuará derretendo cérebros, rebolando quadris e chacoalhando as pernas sem parar, naquele clima de acabação saudável que, você já sabe, álcool é só a desculpa – o que importa é dançar como se não tivesse amanhã. E não tem, afinal, como toda GB que se preze, a primeira FERA acontece numa sexta-feira, dia propício para a autodestruiçao feliz. E para essa primeira empreitada, apontamos nossos radares para o Espírito Santo e trouxemos uma improvável nova geração: o adolescente André Paste é discípulo de João Brasil e sabe, como nós, que só o mashup salva, e ele vem acompanhado da Mickey Gang, sensação indie do hino teen “I Was Born in the 90s”, que discoteca nessa naite. Pra entrar no clima, dá pra baixar um set nosso aqui e outro do Paste aqui. Na boa? Ficar em casa hoje vai ser vacilo, hein…

Gente Bonita @ FERA
Três anos de Gente Bonita!
DJs residentes: Flávia Durante & Hector Lima (Popscene) e Luciano Kalatalo & Alexandre Matias (Gente Bonita Clima de Paquera).
DJs convidados: André Paste e Mickey Gang
23h45
Sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Local: Vegas Club. Rua Augusta, 756. São Paulo. (11) 3231-3705
Preço: R$ 30 e R$ 15 (com nome na lista – email para listafera@gmail.com ou no site www.fera.gentebonita.org/lista até às 20h)

Andre Costa, amigo velho da guerra, fundador do Chelpa Ferro e do grupo 6 maõs e meu artista-professor colocou o blog TINTA FRESCA pra andar (finalmente). Tacou fogo na carroça e botou o olho pra trabalhar. A cabeça foi junto. Passei meia hora por lá. Eu quero agora os escritos.

Frederico Coelho escreveu lá em seu blog objeto sim objeto não.

1) O texto abaixo é fruto de uma fala de Luciano Figueiredo, um dos curadores e principal articulador e divulgador da obra de Hélio Oiticica, feita em 1999 no Museu da República. O motivo da fala era um seminário intitulado Seminário Internacional Museu em Transformação: as novas identidades dos museus, entre 11 e 15 de setembro de 1996. Ou seja, treze anos atrás.

A fala de Luciano – e antes que digam algo contra Luciano, artistas plástico, designer, curador e crítico, deixo logo claro que prefiro alguém que cuide com zelo extremado de uma obra do que alguém que não cuida de nada e acha fácil transferir responsabilidades e apontar erros alheios com a bunda na cadeira – é um resumo sobre o SENTIDO da obra de HO e de sua manutenção que, venho insistindo, era (e ainda é, seja onde estiver pois ela não acabou por inteiro) extremamente complexa de ser guardada, mantida e preservada. A fala de Luciano é datada do momento em que o Centro de Arte Hélio Oiticica tinha sido fundado. Reparem como no começo de tudo, a família e o projeto HO estavam cem por cento voltados para a parceira, o comodato e a aceitação do Centro como espaço legítimo do acervo. O que ocorreu nesses últimos treze anos é que são elas. Antes de buscarmos culpados, estudemos as histórias.

2) Antes de transcrever o texto, uma opinião pessoal sobre a perda da obra de HO no incêndio: a dor maior, para além do valor financeiro, histórico e cultural, foi a frustração de um minucioso plano de vida/morte que Oiticica traçou para si mesmo e sua obra. Artista e pensador que equilibrou como poucos o arquivista voraz e metódico com o homem que vivia apenas a fugacidade do momento em sua plena potência, a queima de seu arquivo é, em parte, a morte de seu projeto de vida, como Luciano deixa claro no texto que reproduzo aqui. E por fim, precisa ser dito que as obras queimaram, mas o pensamento e os escritos (milhares!) de HO mal começaram a serem lidos e divulgados para além do circuito de pesquisadores interessados nele. Que a morte do acervo sirva como a libertação de suas idéias. Chega de fetiches sobre Mangueira e Parangolé, que venha a descoberta de um novo patamar de seu universos estico e poético.

3) texto de Luciano Figueiredo, 1996 (grifos meus)

Rigorosamente falando, podemos dizer que a coleção de obras que forma o acervo do Projeto Hélio Oiticica foi realizada e organizada por Hélio Oiticica como um só corpo, ou seja, toda a sua produção de obras que se inicia nas décadas de 50 e 60 foi por ele executada como um todo, ou, como o próprio Oiticica viria a defini-la em seus últimos anos como uma idéia de “work in progress”, trabalho em progresso. Não tivesse Hélio Oiticica mantido a sua produção artística praticamente fora do circuito comercial das especulações mercadológicas e também institucionais, conduzindo esta produção sob rigor pessoal e decidindo exatamente quando e onde mostrar suas obras nas pouquíssimas exposições em que participou, dificilmente seria possível hoje para nós fazer uma idéia de sua singularidade ou apreciá-la plenamente. Sabemos de sobra que a obra de Hélio Oiticica foi resultado da exploração artística brasileira da década de 60 e que este é um período de nossa História da Arte marcado pelo surgimento de novas idéias, novos caminhos e novas expressões.

As obras dos artistas do movimento neoconcreto questionaram irreversivelmente a exclusividade das categorias plásticas de então e, nesse sentido, a experiência neoconcreta representa um dos estágios mais originais da história das vanguardas no Brasil; novas individualizações e ideais fora dos cânones tradicionais da arte. Assim podemos situar a produção de Oiticica como um programa de proposições artística sem precedentes dentro do sistema museológico ou mesmo institucional. Diante disso, talvez explique-se a posição estratégica que o próprio Oiticica definiu e demarcou para sua obra, através de suas ordens conceituais. Estamos falando então de um artista que concebeu, fundamentou e refletiu a própria obra de maneira sui generis. Estamos falando de um artista que colecionou antes de todos nós sua própria obra, opondo-se ao sistema comercial e mercadológico da arte. Oiticica praticamente não permitiu que esses viessem de qualquer forma a interferir com seu rigor conceitual ou seu processo de criação.

Foi precisamente durante a década de 60 que Oiticica radicalizou posições artísticas, ética e ideológicas frente a possíveis incorporações ou mesmo absorções de suas obras pelo sistema institucional que duramente questionou. Portanto, quando lembramos hoje de tais posições e estratégias que o artista estabeleceu para a própria obra, queremos mostrar que as mesmas lograram êxito em seus objetivos, pois sua obra foi de fato preservada. Se hoje torna-se viável uma relação institucional com a obra de Oiticica e isto vem a parecer algo paradoxal, creio que devemos tentar discutir a questão aos olhos da dinâmica conceitual que possuímos hoje, pois facilmente podemos concluir que Hélio Oiticica – antimuseu, antimercado, anti-instituição – deveria permanecer como tal. Ora, o próprio fato de ter sido possível existir hoje uma instituição que tem o nome do artista e abriga o conjunto de obras que produziu é bastante revelador da vitória cultural desse legado artístico para a arte brasileira e universal. Tivesse esse conjunto de obras sido dispersado ou aleatoriamente espalhado em coleções privadas, ou em diversos museus, como teria sido possível a preservação de seu significado tal como o artista concebeu? Que lugar estaria ocupando hoje na arte brasileira? A instituição, o Projeto HO, foi criada em 1981 por César e Claudio Oiticica, irmãos de Hélio, e amigos com conhecimentos técnico e conceitual que voluntariamente realizaram estudos e pesquisas tornando possível hoje a apreciação pública da vasta produção desse artista.

Este post é dedicado aos Oiticica César e Cesar Filho, a Luciano Figueiredo, Waly Salomão e Andreas Valentin.

Uma vez a cada 5 semanas sai um desenho meu na página 3 da Folha de São Paulo. Um convite do editor de arte Fabio Marra. Esse aí embaixo saiu domingo passado.

O texto abaixo foi publicado na série de matérias Rio na cabeça da Revista O Globo de ontem. A ideia da série é reunir dez duplas cariocas em torno de propostas para a cidade, o arquiteto Adriano Carneiro de Mendonça foi meu parceiro no projeto de esteiras rolantes conectando o Santos Dumont e o MAM com o metrô Cinelândia.

A ideia MAM em trânsito surgiu na murada do Bar Urca. A vista do Santos Dumont, os aviões subindo e descendo bem no centro da cidade me fizeram pensar que a distância que separa o Aeroporto da estação de metrô Cinelândia é mínima. Por que não existe uma conexão entre o Aeroporto e o Metrô? Todo Aeroporto do mundo fica melhor quando está conectado ao metrô ou a um terminal de trens. O Rio, que se prepara para voltar a ser uma cidade internacional e receber bem turistas do mundo inteiro, tem que requalificar seus terminais de passageiros, suas portas de entrada.

Entre o Aeroporto e a Cinelandia está o Museu de Arte Moderna, que vive o estigma de ser um museu afastado da cidade, ilhado atrás de 2 autopistas. A passarela que o liga a cidade é conhecida como um local escuro e perigoso.

A ideia começava a ficar mais interessante. A conexão aeroporto-metrô com uma parada no MAM. Duas esteiras rolantes, com 800 metros no total, resolveria varios problemas de uma vez só. Duas linhas retas, uma no piso da rua, outra subterrânea. O aeroporto passaria a estar conectado com o metrô, o museu mais perto da cidade. Novos fluxos, mais gente circulando por alí, novos usos.

Nesse momento que o Rio se repensa e planeja passar por grandes transformações o Museu de Arte Moderna precisa ocupar um lugar de destaque no cenário cultural da cidade. O MAM está situado em um local privilegiado entre o centro e o aeroporto e ao lado da Marina da Glória que vai receber provas olímpicas. O MAM é uma instituição estratégica na construção de uma nova cidade pela sua localização, pela sua história, por sua arquitetura e acervo. O MAM é a casa do artista, o lugar do encontro, do debate e da crítica. Aproximá-lo da cidade é fundamental. O Rio é de todos nós. O museu também deve ser.

Ana Luiza Nobre (professora, Curso de Arquitetura e Urbanismo, PUC-Rio) convida para o debate público sobre o Projeto de Revitalização da ÁREA PORTUÁRIA que será realizado segunda-feira, dia 19, às 15 horas, no auditório do RDC, na PUC.

O evento está sendo organizado em conjunto pelo Curso de Arquitetura e Urbanismo, os Departamento de Sociologia e Política e de Serviço Social da PUC-Rio.

A mesa será composta pelos vereadores Aspásia Camargo, Eliomar Coelho e pelo arquiteto Sergio Magalhães.

Trata-se de uma ocasião importante para discutir os projetos para a cidade de uma maneira mais abrangente, reunindo a comunidade acadêmica, representantes do Poder Legislativo e todos aqueles interessados na nossa cidade.

Contamos com a sua presença, e se possível, também com a sua ajuda na divulgação.

Publicada no site do Globo em 17/10/2009 às 09h41m Flavia Lima


RIO – Um incêndio na casa da família do artista plástico, pintor e escultor Hélio Oiticica no final da noite desta sexta-feira, no Jardim Botânico, Zona Sul, destruiu 90% do acervo das obras de arte do artista, um dos fundadores do movimento neoconcretista. Segundo o arquiteto César Oiticica, irmão de Hélio, cerca de duas mil peças do artista, morto na década de 1980, foram queimadas, num prejuízo estimado em US$ 200 milhões.
Bombeiros do quartel do Humaitá foram chamados para combater as chamas. Ainda não há informações sobre o que pode ter provocado o incêndio. O fogo atingiu uma sala do primeiro andar da casa onde ficavam as esculturas, as pinturas e as instalações do artista. A sala, porém, tem controle de umidade e temperatura. Não houve feridos.
– A cultura brasileira que ficou ferida – disse César Oiticica, desolado.
Segundo o site G1 , os parentes estavam no andar de cima quando sentiram um forte cheiro de fumaça.
– Arrombei a porta para sair a fumaça e a gente entrar e ver o que era, mas já era tarde demais. Já estava pegando fogo em tudo – disse César. – Eu sinto que fracassei, pois desde que me aposentei minha missão era cuidar da obra dele. Eu me sinto péssimo.

Inaugura hoje, estarei lá. visitem o site.

 texto do site:

A 7ª Bienal do Mercosul é uma plataforma aberta de comunicação sobre o estado das artes mais experimentais e críticas do continente, em diálogo com o mundo. Para a Fundação Bienal do Mercosul, esta Bienal vai promover ações pensadas para envolver o público em um processo contínuo de aproximação e diálogo, abrindo espaço para que as contribuições da Bienal à comunidade sejam positivas e crescentes a cada edição. Este contínuo projeto de renovação e ampliação se constitui num enorme investimento, cujos resultados não se restringem ao presente, mas serão percebidos também no futuro.

A equipe curatorial da 7ª Bienal do Mercosul está integrada pelos seguintes curadores:
Curadores-gerais: Victoria Noorthoorn (Argentina) e Camilo Yáñez (Chile)
Curadora pedagógica: Marina De Caro (Argentina)
Curadores adjuntos: Roberto Jacoby (Argentina), Artur Lescher (Brasil), Mario Navarro (Chile) e Laura Lima (Brasil)
Co-curadora Radiovisual: Lenora de Barros (Brasil)
Curadores editoriais: Erick Beltrán (México) e Bernardo Ortiz (Colômbia)