Galeria de arte virtual vai vender pela rede

 
Obras de veteranos e jovens artistas vão circular pela internet por meio da Motor
Antonio Gonçalves Filho

 

Vender obras de arte pela internet não é exatamente uma novidade, mas juntar as principais galerias de São Paulo numa única plataforma de comércio eletrônico é um desafio que começa a ser enfrentado pela primeira galeria virtual coletiva que a loja online Submarino coloca no ar no dia 4, a Motor, capitaneada por Alexandre Roesler. Nascida dentro da Galeria Nara Roesler, ela reúne dez galerias de nome além da própria, desde a vizinha de porta Thomas Cohn até a carioca Laura Marsiaj, que fica em Ipanema, passando pela Bolsa de Arte de Porto Alegre. A meta é transformar curiosos que navegam pela internet em colecionadores de obras de arte. E, claro, atrair aqueles que têm medo de entrar numa galeria de arte por conta dos altos preços.

A Motor, segundo seu idealizador Alexandre Roesler, não vai competir com as galerias físicas. Não pretende comercializar obras únicas, mas múltiplos, justamente pensando num público de neófitos, que não querem arriscar em obras ou artistas com os quais têm pouca familiaridade. A partir de R$ 500 e um limite de R$ 5 mil, qualquer pessoa poderá comprar obras de artistas veteranos como o cinético Abraham Palatinik ou jovens como Ana Sario.

“Pensamos muito no público fora dos grandes centros urbanos, pessoas do interior do Brasil que desconhecem a produção contemporânea, mas gostariam de ter uma obra de arte em casa”, diz a galerista Nara Roesler, que veio do Recife há mais de 20 anos e aqui instalou sua galeria. Hoje ela representa pintores como Amélia Toledo e Paulo Whitaker e escultoras como Laura Vinci, os três com obras à venda na Motor – a primeira com uma foto digitalizada e a segunda com uma gravura de grande formato e uma tiragem limitada de 30 exemplares, ambas por R$ 1.500. Para efeito comparativo, basta dizer que uma tela de Amélia Toledo custa hoje em torno de R$ 40 mil.

A comercialização de obras de arte, como qualquer outro produto pela internet, obedece às mesmas regras e está sujeita à aprovação do consumidor, protegido pelas leis de defesa que garantem a devolução de uma obra que não satisfaça o mesmo. As galerias entregam as peças ao Submarino, que fica responsável por seu armazenamento e pela logística de distribuição.

Os idealizadores do projeto não negam que o boom imobiliário dos últimos anos teve um papel decisivo no lançamento da galeria Motor. Muitas paredes brancas e pouco conhecimento de arte contemporânea podem resultar num desastre estético de proporções consideráveis. Assim, cada um dos artistas selecionados para esta fase de teses terá um vídeo correspondente em que fala sobre seu trabalho, contribuindo para o projeto de arte-educação implantado automaticamente a partir do lançamento da Motor.

“Esse aspecto é muito importante, pois as pessoas têm vergonha de perguntar para esclarecer suas dúvidas sobre obras mais complexas”, observa Nara Roesler, revelando que foram investidos R$ 200 mil na implantação da Motor, que vai fornecer certificado de autenticidade das obras. A Submarino, plataforma que recebe a galeria virtual, tem 700 mil acessos diários. Uma galeria física recebe, quando muito, uma dúzia de visitantes por dia e seus respectivos sites, algo em torno de 200 visitantes. É uma diferença considerável, mas a galerista nega que a galeria virtual seja uma ferramenta para recuperar o desaquecimento do mercado após a grande crise econômica.

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