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O Itaú Cultural apresenta ICONOCLÁSSICOS, uma série de filmes sobre artistas brasileiros contemporâneos. A seleção traz documentários sobre o músico e compositor Itamar Assumpção, o artista plástico Nelson Leirner, o dramaturgo José Celso Martinez Corrêa e o cineasta Rogério Sganzerla. E também uma adaptação do livro Catatau, do poeta Paulo Leminski.
Todos esses criadores são referências importantes no contexto da produção cultural brasileira e suas obras um legado para as novas gerações. Os filmes trazem material de arquivo, entrevistas, biografias e mostram a postura iconoclasta e visionária desses artistas. Cada uma das produções audiovisuais foi realizada por um diretor de destaque no contexto cinematográfico brasileiro, imprimindo uma qualidade autoral às obras.

O MoMA e o PS1 prestam tributo a Cao Guimarães “um artista cujo trabalho sente-se igualmente em casa tanto em galerias de arte como em salas de cinema”. Uma retrospectiva dos seus filmes e documentários será mostrada no MoMA e uma seleção dos seus curtas no PS1, nos dias 16 e 17 de julho. Tá lá no site do MoMa.

O americano Zach Lieberman e o japonês Daito Manabe se apresentam juntos no festival, em espetáculo inédito.


Evento de abertura tem lançamento do livro-catálogo “Multiplicidade 2010”
Celebrado como referência em performances audiovisuais, o festival Multiplicidade_Imagem_Som_inusitados retorna ao centro cultural do Oi Futuro do Flamengo (RJ), no dia 30 de junho. Em sua sétima edição, o evento traz dois artistas internacionais, o americano Zach Lieberman e o japonês Daito Manabe, em uma parceria inédita no Brasil, usando o corpo humano como forma de inspiração.

Em Drawn, Zach realiza uma performance orgânica e contínua ao alterar sinais de vídeo em tempo real. Daito mostra o projeto Eletric Stimulus, em que sons são obtidos a partir da captação dos movimentos de diferentes músculos de seu rosto. Juntos, os artistas apresentam uma experiência multimídia ao vivo, com projeção visual do mapeamento de inúmeras partes do corpo. Será a primeira execução no Brasil destes dois notáveis trabalhos, mixados em um único espetáculo.

Após a apresentação, haverá o lançamento do livro-catálogo Multiplicidade 2010, uma compilação sobre os espetáculos realizados pelo festival. Faz parte da publicação o caderno Fragmentos, com trabalhos paralelos ao evento reproduzidos em 100 páginas. Ao longo do ano, outras atrações do Multiplicidade irão compor o mosaico dessa experiência inovadora no campo das artes digitais. “Esse é um momento de quebra de paradigmas na educação, no conhecimento e na produção artística. Me atrevo a dizer que as transformações oriundas da tecnologia são como o movimento de vanguarda que criou a tradição do novo”, diz Batman Zavareze, curador do festival.

Surgido em 2005, o Multiplicidade tem como missão trazer para o Rio de Janeiro o que há de mais inovador e inusitado em termos de espetáculos multimídia, sempre usando a tecnologia para unir arte visual e sonoridade experimental. Em 2011, artistas consagrados e premiados no cenário cultural-tecnológico realizarão performances únicas, que certamente ficarão marcadas na história do festival.

A temporada 2010 promoveu encontros inesquecíveis, como a apresentação de Carlinhos Brown com Gualter Pupo e os designers doArterial. Outro espetáculo arrebatador foi a performance do Letuce, com uma piscina de bolinhas de isopor como tela de projeção, em que o público era convidado a interagir com a banda. O Multiplicidade realizou também duas apresentações no Oi Casa Grande: o DJ Spooky apresentou a obra Terra Nova Sinfonia Antarctica, e o espetáculo do maestro Eumir Deodato com o designer Breno Pineschi foi eleito um dos 10 Melhores Shows de 2010 pelo jornal O Globo.

Desde a primeira edição do festival, o público carioca viu passar pelos palcos do Multiplicidade artistas como Arnaldo Antunes, Tom Zé, Jaques Morelenbaum, Vik Muniz, The Cinematic Orchestra, Peter Greenaway, Naná Vasconcelos, Muti Randolph, AntiVj, João Donato, SuperUber, Raul Mourão, Daedalus, Kassin e Chelpa Ferro, entre outros.

A longevidade do projeto deve-se em grande parte ao patrocínio da Oi e à curadoria de Batman Zavareze, designer de formação e pesquisador por paixão. Apresentações únicas de grandes expoentes da música e tecnologia ficaram marcadas e viraram referência em jornais, revistas e, principalmente, conversas de bar.

“A Oi e o projeto Multiplicidade renovam, a cada ano, uma parceria fundamentada no conceito de convergência e na inovação permanente”, diz Maria Arlete Gonçalvez, diretora de Cultura do Oi Futuro. “A união de arte e tecnologia, que está presente no DNA do Oi Futuro, abre espaço à promoção de criadores de espetáculos multimídia que privilegiam a diversidade de linguagens, os cenários inusitados e sonoridades experimentais”, afirma.

ATRAÇÕES DIA 30 DE JUNHO:

O trabalho de Zachary Lieberman consiste em aumentar as habilidades do corpo em se comunicar e “brincar” com a tecnologia, rompendo as barreiras entre o visível e o invisível, sempre utilizando softwares criados por ele mesmo. Com a instalação Drawn, acabou recebendo prêmios importantes nos festivais Ars Electronica e Cynet. Já fez parte de projetos de residência no Ars Electronica Futurelab, Eyebeam, Dance Theatre Workshop e o Centro de Novas Artes Hangar (Barcelona). Recentemente desenvolveu um software chamado EyeWriter, um rastreador de olhos abertos que ajuda artistas paralisados a desenhar de novo.

Nascido em 1976, Daito Manabe é graduado em Matemática pela Universidade de Ciências de Tokyo, formado pela IAMAS (International Academy of Media Arts and Sciences) e pelo curso DSP (Dynamic Sensory Programming). Sua habilidade em programação e pesquisa – consideradas de alto calibre – e seu estilo flexível renderam convites para participação em diversos projetos artísticos no Japão e em outros países. Em janeiro de 2009, Daito participou da abertura do Festival Ars Electronica Centre, em Linz (Áustria), com Zach Lieberman, Joel Gethin Lewis e Damian Frey. Seu projeto Electric Stimulus recebeu mais de 1 milhão de visitas no Youtube só no primeiro mês, o que motivou reportagens de TV na Rede Globo, CNN, MTV e Discovery Channel, entre outros. Daito é co-fundador, com Motoi Ishibashi,  da 4nchor5, e vice presidente da Rhizoatiks (Empresa de Arte e Multimídia).

SERVIÇO:

Festival Multiplicidade_Imagem_Som_inusitados
Data: Dia 30 de junho (quinta-feira)
Local: Oi Futuro Flamengo – Rua Dois de Dezembro, 63 Flamengo/Rio de Janeiro.

Horário: 19h30 e 20h30

Entrada: R$ 15,00 inteira (com meia-entrada)
Capacidade do local: 84 lugares
Censura: Livre

fotos anexo: Divulgação/Multiplicidade
e-flyer: http://www.caotica.com.br/multiplicidade/2011/multi00/
vídeo divulgação: http://youtu.be/a4wgWwjS_Hc

Sobre o Oi Futuro

O Oi Futuro tem a missão de democratizar o acesso ao conhecimento para acelerar e promover o desenvolvimento humano. O principal foco das ações do instituto de responsabilidade da Oi é a promoção de um futuro melhor para os brasileiros, reduzindo distâncias geográficas e sociais. Os programas Oi Tonomundo, Oi Kabum! (escolas de arte e tecnologia), NAVE e Oi Novos Brasis atendem 600 mil crianças e jovens, desenvolvendo metodologias educacionais inovadoras, promovendo a inclusão digital e fornecendo conteúdo pedagógico para a formação de professores e educadores da rede pública. Na área cultural, O Oi Futuro atua como gestor do Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados, mantém dois espaços culturais no Rio de Janeiro (RJ) e um em Belo Horizonte (MG), além do Museu das Telecomunicações nas duas cidades. O Oi Futuro apoia, ainda, projetos aprovados pela Lei de Incentivo ao Esporte. Este leque de atuação no terceiro setor foi completado recentemente, quando foi criado o Primeiro Programa Oi de Projetos Para o Meio Ambiente, lançado no final do ano passado pelo Oi Futuro. A Oi foi a primeira companhia de telecomunicações a apostar nos projetos sócio-educativos inseridos na nova Lei. Mais infos: http://www.oifuturo.org.br/

+ INFOS

Site Multiplicidade: http://www.multiplicidade.com/site/
Nas redes sociais: Facebook: http://www.facebook.com/multiplicidade e Twitter: @multiplicidade_

Assessoria de imprensa do festival Multiplicidade: Binômio Comunicação (http://www.binomiocomunicacao.com/)
Contatos: Marcelo Gusmão (21.7751 0116) e Joca Vidal (21.8798 6268)




Nesta quarta, dia 29 de junho, Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a exposição individual do artista carioca Marco Veloso, que ocupa um lugar de destaque no panorama do desenho contemporâneo em nosso país. 


A mostra ocupará os dois espaços do andar térreo com um conjunto totalmente inédito de seis séries -com 16 desenhos cada- além de 16 desenhos individuais, produzidos especialmente para esta exposição. As séries, quase todas produzidas nos últimos meses, são feitas em carvão sobre papel. Uma única delas apresenta partes em pastel oleoso. 


Como é característico de seu trabalho, os desenhos têm traços fortes e marcantes, explorando os vários matizes do cinza, do preto e do branco. Dando prosseguimento a seu trabalho dos últimos anos, esta mostra também apresenta fundamentalmente uma série de paisagens imaginárias nas quais “o urbano e o natural, da mesma forma que a abstração e a figuração, são encontrados lado a lado. Um detalhe figurativo pode ser apresentado de forma inteiramente abstrata, enquanto uma configuração abstrata pode se revelar parte de uma forma reconhecível”.


June 26, 2011, to January 8, 2012

Chelpa Ferro is a Brazilian collective comprised of artists Barrão, Luiz Zerbini, and Sergio Mekler that was formed in 1995. Already independently renowned, they got together under the umbrella “Chelpa Ferro”—Portuguese slang for money and steel—with the objective of doing some leisurely experimentation outside the constraints of their primary individual art careers.
Chelpa Ferro’s first US exhibition will bring their fresh, somewhat chaotic, and savvy interdisciplinary approach to objects that they transform into animate sculptures and sound-creating devices to The Aldrich Contemporary Art Museum on June 26, 2011. The artists and their ensemble will give a live performance after the opening reception and the project, which has received funding support from the National Endowment for the Arts, will remain on view through January 8, 2012.
Chelpa Ferro is well known for squeezing a rhythmical sound from seemingly non-musical devices such as electric toothbrushes, drills, sewing machines, or juice makers, and using them in their installations and performances. At The Aldrich, the Acusma installation will fill the gallery with a sound resembling a group of people coming together to sing. However, the sound does not visually match the source, which turns out to be a series of beautiful Brazilian ceramic vases spread out on the gallery floor, with loudspeakers playing up to five different recorded voices inside each vessel.
Curator Mónica Ramírez-Montagut says, “In Chelpa Ferro’s work, the blend of high-tech equipment (speakers, cables, computers, and sophisticated computer programming) is integrated with traditional Brazilian crafts and domestic objects, providing a new and surprising visual representation of sound and conferring an aura of mystery upon these mundane objects.”
An eloquent example of this blend is found in the thirty motors of kitchen blenders used in the Jungle Jam installation. The motors are displayed in a horizontal line around all the walls of the gallery space, with plastic bags from vendors local to The Aldrich attached to each one. When the motors are running, the plastic bags hit the gallery wall, creating different sounds. The motors are coordinated through a computer system that functions as an orchestra conductor, directing the whole ensemble.
The Aldrich Contemporary Art Museum will celebrate the opening of Chelpa Ferro: Visual Sound along with five otherCollaborations exhibitions at a reception where guests are invited to meet the artists, on Sunday, June 26, 2011, from 3 to 5 pm (FREE with the price of admission: $7 adults; $4 seniors; FREE for members, pre-K-12 teachers, and children 18 and under). Immediately following, a special performance by Chelpa Ferro (included in the price of admission to the reception) will take place at Ridgefield’s Jesse Lee Memorial United Methodist Church from 6 to 7 pm. FREE onsite parking is available, as is round-trip transportation from the Metro North Katonah Train Station to the Museum for the June 26 afternoon reception only. Also on view: Kate Eric: One Plus One Minus One; MTAA: All the Holidays All at OnceType A: Barrier and Trigger; Jessica Stockholder: Hollow Places Court in Ash-Tree Wood; and Judi Werthein: Do You Have Time?
The Aldrich is supported, in part, by the Connecticut Commission on Culture & Tourism. Chelpa Ferro: Visual Soundreceived special funding from the National Endowment for the Arts. Art Works. The official media sponsors of exhibition openings are Ridgefield Magazine and WSHU Public Radio.

Peguei o texto abaixo do Lawrence Lessig lá no site do caderno Link do Estadão.







O futuro da internet não está aqui
Por Lawrence Lessig

Especial para o ‘Estado’
PARIS – Imagine um alcoólatra. Não aquele que não para em pé de tão bêbado ou que frequente os Alcoólicos Anônimos. É só o alcoólatra comum, que luta para controlar o vício. Mas ele tem, além do álcool, outro vício. Não se trata de um vício debilitante. E ele não é um ex-viciado em drogas. Ele apenas tem, também, um outro vício que continua a puxá-lo em outra direção, afastando-o do que ele quer fazer. Uma pessoa com dois vícios, que a puxam em direções diferentes, tornando-a vulnerável, suscetível às tentações de ambos. Para ela, resta aprender a regular esses vícios e ser capaz de mantê-los sob controle.
Sugiro essa imagem porque acredito que ela é uma representação bastante fiel dos governos democráticos modernos. Eles têm dois vícios distintos. São constantemente puxados pela loucura, uma loucura parcial, que emerge quando as pessoas o pressionam a fazer aquilo que não é do interesse público. Pense no peronismo ou no populismo que inflou bolhas nos bancos e no mercado imobiliário dos EUA. Por outro lado, há o vício nos interesses especiais — vamos chamá-los de titulares — que submetem constantemente o governo à tentação de fazer alguma insensatez nas políticas públicas com o objetivo velado de beneficiar esses titulares. E, ao menos nos EUA, esse vício afetou o debate de praticamente todos os grandes temas da administração pública. Diante destas forças submetendo o Estado a uma constante tentação, o governo vê-se numa posição sempre vulnerável.
Inovação. Pois bem, a internet é uma plataforma, uma arquitetura que acarreta consequências, que possibilita a inovação. Pensemos em alguns exemplos da história da inovação na internet: o Netscape foi criado por um desistente da faculdade; o Hotmail, por um imigrante indiano e vendido à Microsoft por US$ 400 milhões; o ICQ, por um garoto israelense cujo pai tentou vender o programa à AOL por US$ 400 milhões; o Google, por dois jovens que pularam fora de Stanford; o Napster, por um desistente e por alguém que nem teve a oportunidade de se tornar um desistente da faculdade, e que está presente aqui hoje; o YouTube, por dois alunos de Stanford; o Kazaa e o Skype, por jovens da Dinamarca e da Suécia; e, finalmente, Facebook e Twitter, inventados por jovens.
O que elas têm em comum? Todas foram criadas por jovens, que largaram os estudos ou não são norte-americanos. Foi para eles que a nova arquitetura abriu as portas. Tratou-se de um convite à inovação vinda de fora. Ora, a inovação vinda de fora é uma ameaça aos titulares.
O Skype ameaça empresas de telefonia; o YouTube, emissoras de TV; o Netflix, operadoras de TV a cabo; o Twitter ameaça à sanidade, mas a sanidade nunca teve titular. E então os ameaçados respondem à ameaça. E sua tática é apelar ao viciado – o governo democrático moderno — e chantageá-lo com sua droga preferida. No caso dos EUA, a oferta ilimitada de recursos para financiar campanhas políticas. A droga garante aos titulares proteção contra as ameaças.
Acredito que foi essa a questão levantada pelo jornalista e ativista Jeff Jarvis ao sugerir que os governos se limitassem a “não causar males” à internet.
Não atrapalhem. O presidente Sarkozy ouviu a sugestão, não a aceitou, mas reconheceu que há neste debate questões importantes de medidas públicas. Mas aí é que está. Já percebemos que há “questões importantes de medidas públicas” em debate. O problema é que não confiamos nas respostas que o governo dá. E temos boas razões para isso, afinal, a resposta dada pelo governo democrático moderno é aquela que por acaso beneficia os titulares. A resposta que poderia encorajar ainda mais a inovação é ignorada.
Pensemos nos direitos autorais: é claro que precisamos de um sistema de direitos autorais que garanta aos criadores a compensação por seu trabalho e também a independência de sua criatividade. A questão não é se os direitos autorais devem ser protegidos ou não. A pergunta é como proteger os direitos autorais na era digital. A arquitetura dos direitos autorais, criada para o século 19, faz sentido no século 21? Como seria uma arquitetura que faria sentido hoje? Será que é esta a pergunta que o governo se faz?
Acho que a resposta é “não”. Em vez disso, a proposta dos governos democráticos modernos de todo o mundo, e em especial da França, pode ser definida pela lógica irracional do limite das três infrações, que por acaso beneficia os titulares.
O potencial inovador que poderia surgir de uma nova arquitetura de proteção aos direitos autorais está sendo ignorado. Não sou só eu que digo isto. O recente relatório Hargreaves, elaborado pelo governo conservador britânico, diz: “Será possível que leis criadas há mais de três séculos com o objetivo claro de proporcionar incentivos econômicos para a inovação por meio da proteção aos direitos dos criadores estariam hoje obstruindo a inovação e o crescimento econômico?” Sim.
O relatório segue: “No caso das políticas para os direitos autorais, não resta dúvida que o poder de persuasão de celebridades e importantes empresas britânicas associadas à criatividade distorceu o resultado das políticas elaboradas.” E isso não ocorre só na Grã-Bretanha.
Pensemos nas políticas para a banda larga. A Europa foi bastante bem sucedida na promoção da concorrência no ramo do acesso de banda larga, e isto impulsionou o crescimento desse mercado. Neste aspecto, os EUA foram um grande fracasso. O país, antes no topo do ranking de difusão do acesso via banda larga, ocupa agora uma posição que varia de 18ª a 28ª, dependendo dos critérios adotados. Essa mudança foi o resultado de políticas que prejudicaram a concorrência entre provedores de banda larga.
A resposta dos provedores de banda larga, trazidas por eles ao governo, fez que as leis os beneficiassem, destruindo os incentivos para que concorressem entre si de uma forma que estimulasse a difusão do acesso de banda larga.
O mínimo. Diante de exemplos como estes, é perfeitamente justo manifestar amplo ceticismo em relação às respostas oferecidas pelos governos democráticos modernos. Devemos alertá-los para que tomem cuidado com as soluções políticas apresentadas pelos titulares. Afinal, o trabalho dos titulares não é o mesmo que o trabalho do governante.
O trabalho deles, titulares, é buscar o lucro individual. O trabalho do governante é garantir o bem público. E é justo que afirmemos o seguinte: enquanto esse vício não for solucionado, devemos insistir no minimalismo em tudo aquilo que o governo fizer. O minimalismo a que Jarvis se referia quando falou em “não causar males”.
Uma internet que adote os princípios do acesso livre e gratuito, uma rede neutra, para proteger o ‘outsider’, o forasteiro. O futuro da internet não está aqui. Não é o Google nem o Facebook. Ele não foi convidado e nem sabe como ser, pois ainda não conhece em fóruns como este. O mínimo que podemos fazer é preservar a arquitetura dessa rede que protege este futuro que não está aqui.
/ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Em seis encontros, o curso analisa como, ao longo do século XX, o Brasil constituiu para artistas e profissionais da cultura um campo autônomo de ação e criação, ligado ao mercado, à auto-gestão de recursos e ao Estado. As formas coletivas de atuação que, contra crises e falta de recursos, possibilitaram alguns dos modelos e soluções para os desafios do século XXI. De 7 a 12 de junho. 

Arte e cultura no Brasil – Crises e saídas
professor Frederico Coelho
local Cinemateca do MAM
terças-feiras, das 18h às 20h
de 7 de junho – 12 de julho
inscrição R$50,00

ementa

O objetivo deste curso é, a partir de seis encontros, analisar como, ao longo do século XX, o Brasil constituiu para seus artistas e profissionais da cultura um campo autônomo de ação e criação – hora ligado mais ao mercado e à auto-gestão de recursos, ora ligado ao Estado. Ao mesmo tempo, pensar como esse campo autônomo desenvolveu uma série de formas coletivas de atuação que, sempre contra crises e falta de recursos, possibilitaram alguns dos modelos e soluções para os desafios do século XXI.

Coletivos culturais, rasura do papel do autor, investimento em “economias criativas”, todas essas experiências hoje em voga encontram-se espalhadas em outros momentos de nossa história cultural. Ao estudá-las, sempre faremos um diálogo com os desafios que encontramos hoje – uma época plena de possibilidades, meios e tecnologias e ainda carente de recursos e certezas profissionais.

programa 
AULA 1 – Perspectiva geral do curso
História cultural brasileira e os desafios da arte no país ontem e hoje.

AULA 2 – Arte, técnica, reprodutibilidade
Texto de leitura: Walter Benjamin: “A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica”.

AULA 3 – Modernismos e modernidades no Brasil
Textos:
– Oswald de Andrade: “Manifesto da Poesia Pau Brasil” e “Manifesto Antropofágico”.
– Eduardo Viveiros de Castro: “Entrevista”, in COHN, Sergio, REZENDE, Renato e CESARINO, Pedro. Azougue – edição especial 2006-2008. Rio de Janeiro: Azougue, 2008.

AULA 4 – Museus e Vanguardas: construtivismo brasileiro e renovação do sistema da arte

AULA 5 -Arte, cultura e dinheiro: como financiar a utopia?
Textos:
– Glauber Rocha: “Economia e técnica” in Revisão do Cinema Novo. São Paulo: Cosac e Naify, 2003, pp. 167-176
– Ronaldo Brito: “Análise do Circuito”, in Malasartes, n°1, 1975.
– Pablo Capilé: “Entrevista” (Articulador do Circuito Fora do Eixo), in: Produção cultural no Brasil. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2011.

AULA 6 – Arte, cultura, web e tecnologia: impasses e saídas

bibliografia

A bibliografia a seguir será complementada ao longo do curso com outras mídias que podem surgir durante os debates.

AXT, Gunter e SCHÜLER, Fernando Luís (org.). Fronteiras do pensamento – ensaios sobre cultura e estética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas – magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BEY, Hakim. Caos – Terrorismo poético e outros crimes exemplares. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2003.
CANCLINI, Néstor Garcia. Culturas Híbridas – estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Edusp, 2000.
CHACAL. Uma vida à margem. Rio de Janeiro: Sete Letras, 2010.
COELHO, Frederico. Eu, brasileiro, confesso minha culpa e meu pecado – cultura marginal no Brasil dos anos 1960 e 1970. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
COHN, Sergio, REZENDE, Renato e CESARINO, Pedro. Azougue – edição especial 2006-2008. Rio de Janeiro: Azougue, 2008.
COHN, Sergio e SAVAZONI, Rodrigo. Cultura Digital.com.br. Rio de Janeiro: Azougue, 2010.
COMPAGNON, Antoine. O Trabalho da Citação. Belo Horizonte: UFMG, 2007.
JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2008.
LADAGA. Reinaldo. Estética de La emergência. Buenos Aires: Adriana Hidalgo editora, 2006.
MORACE, Francisco (org.). Consumo Autoral – as gerações como empresas criativas. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009.
PIRES, Ericson. Cidade ocupada. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.
SERRES, Michel. Ramos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
ZARVOS, Guilherme. Branco sobre Branco. São Paulo: Ateliê editorial, 2009.

YÚDICE, George. A conveniência da cultura – Usos da cultura na era global. Belo Horizonte: UFMG, 2004.

Na próxima quinta, dia 9/6, no Parque Lage acontece o lançamento do livro MOV e um breve debate com Frederico Coelho e Felipe Scovino. Segue abaixo o release.

MOV – Publicação bilíngue documenta a série de esculturas cinéticas do artista Raul Mourão

A série de esculturas cinéticas aa qual o artista plástico Raul Mourão se dedica desde 2010 acaba de ganhar um livro bilíngue. Em 87 páginas, a publicação reúne, entre fotos que mostram a evolução do trabalho que já foi exposto em três individuais e três coletivas no Rio, em São Paulo e Porto Alegre, uma apresentação do artista; a transcrição de uma conversa via Skype realizada entre ele, a curadora Maria do Carmo Pontes e o pesquisador Frederico Coelho; e textos escritos para as exposições individuais onde a série foi apresentada, por Jacopo Crivelli Visconti, Felipe Scovino e Frederico Coelho.

A série Balanços começou no final de 2009, quando a Intrépida Trupe esteve no ateliê do artista e levou esculturas da série Grades para a sala onde ensaiavam o espetáculo Projeto Coleções. “Semanas depois, ao visitar um dos ensaios, me deparei com duas esculturas balançando uma sobre a outra no meio dos improvisos que iriam definir a coreografia do espetáculo. De volta ao ateliê, resolvi fazer novas experiências reproduzindo aquele movimento, e isso detonou toda essa série de esculturas cinéticas registrada em MOV”, conta o artista.

Segundo o crítico de arte Felipe Scovino, as obras “têm compromisso com o diálogo; são lúdicas ao mesmo tempo em que impõem a constante do afeto. Se nos minimalistas, a produção tende a ser fechada em si mesma, impossibilitando um diálogo com o público, a não ser quando se coloca como ameaça ou obstrução, Balanços se projeta como território de passagens, incorporando tudo aa sua volta”.

Raul Mourão nasceu no Rio de Janeiro, em 1967, estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e apresenta seu trabalho desde 1991. Sua obra abrange a produção de desenhos, gravuras, pinturas, esculturas, vídeos, fotografias, textos, instalações e performances. Em 2010, sua recente série de esculturas cinéticas, que são objeto deste livro, foi exibida nas exposições individuais Balanço Geral, no Atelier Subterrânea, Porto Alegre; Cuidado Quente, na Galeria Nara Roesler, São Paulo; e Chão, Parede e Gente, na Galeria Lurixs Arte Contemporânea, Rio de Janeiro.

Elas também estiveram nas exposições coletivas Projetos (in)provados, na Caixa Cultural, Rio de Janeiro; Ponto de Equilibrio, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo; e Mostra Paralela 2010: A Contemplação do Mundo, no Liceu de Artes e Oficios, São Paulo.

MOV foi possível graças ao apoio do Programa Brasil Arte Contemporânea, da Fundação Bienal de São Paulo e do Ministério da Cultura e tem distribuição gratuita. Os exemplares serão distribuídos para profissionais do meio artístico, imprensa e instituições culturais do Brasil e do exterior. Após o lançamento, o livro será disponibilizado para download sob a licença Creative Commons no site www.automatica.art.br.

Projeto, produção e edição
Automatica
Coordenação editorial
Marisa S. Mello
Projeto gráfico
João Doria
Produção
Camila Goulart
Estagiária de producão
Luisa Hardman
Revisão
Duda Costa
Versão para o inglês
Paul Webb
Transcrição da conversa
Verônica Tomsic

Peguei lá no site d”O Globo a matéria da Suzana Velasco que saiu no Segundo Caderno na sexta passada.



foto Leonardo Aversa

Artista plástico e compositor Cabelo une suas 
duas facetas pela primeira vez em exposição embalada por baile funk



RIO – Se tudo que Cabelo faz, música e obra de arte, vem da poesia, MC Fininho é um de seus heterônimos. No lar do compositor de funks melódicos, o Estúdio Área de Lazer é um ambiente escuro, com desenhos em LED e lambe-lambes nas paredes, onde ele grava e toca suas composições. No resto da casa, ele espalha seus livros, CDs, LPs e as obras de arte de sua coleção, todas de autoria do artista plástico Cabelo. Fininho nasceu há alguns anos, mas, nas últimas cinco semanas, deu um pulo da infância à independência. Pois agora o MC entra em cena, na galeria A Gentil Carioca, onde vai se apresentar ao lado de convidados do mundo do funk, sábado, a partir das 17h.
A história começou a tomar forma há pouco mais de um mês, numa conversa entre Cabelo e o artista plástico Raul Mourão, seu amigo. Com uma data para expor na galeria e tomado pela música por conta da preparação de um CD – seu primeiro solo -, Cabelo criou 11 funks em uma semana. E, junto com Raul, que se tornou o curador da mostra, concretiza o primeiro projeto em que une suas facetas de artista visual e compositor, “Cabelo apresenta: MC Fininho e DJ Barbante no Baile Funk (Gentil) Carioca”. A música volta e meia aparece em suas obras, porém como um elemento pontual. Agora, ela vai tomar um tanto do espaço da galeria. Sobretudo no dia da abertura, quando, num grande baile funk, Fininho será o destaque.

– A exposição é um bônus – brinca o artista.
O palco montado na Rua Gonçalves Ledo receberá os DJs Artur Miró, Saens Peña, Alex MPC e Nado Leal, que vai fechar o bailão tocando clássicos do funk. No meio da programação, às 19h, Cabelo, ou MC Fininho, vai cantar cada uma de suas 11 parcerias compostas com os tais convidados para a mostra – unidos sob a alcunha de DJ Barbante -, e que um estúdio montado na galeria vai executar nos outros dias de exposição. O time de músicos e DJs que o MC conseguiu reunir em poucos dias mostra seu prestígio: Sany Pitbull, Berna Ceppas, Kassin, Lucas Santtana, Marcelo Callado, Marcelo Lobato, Ricardo Imperatore, Leo Saad, Rafael Rocha, DJ Nepal, Jongui e Monjope, além do artista visual que trabalha com música Paulo Vivacqua. Mérito de Cabelo, que transita pelo mundo cultural carioca e não tem problemas com o improviso. Pelo contrário.
– O funk também tem esse tempo imediato, direto. É cru, simples, não tem um primor de acabamento, assim como minhas obras visuais, em que eu tenho a liberdade de me apropriar de qualquer coisa, do pão, do inseto que mexe no pão… Meu trabalho surge muito do improviso, a coisa acontece na hora. Não faria sentido essa exposição ser muito planejada – diz.
Com exceção da “Melô do bombeiro”, cantada por Ana Tsunami (a atriz Ana Abbott, que também estará no baile), os funks são todos interpretados por Fininho. Apesar da crueza da batida, as letras são bem-humoradas, menos densas que suas obras visuais, ácidas e contundentes. Como conta Cabelo, essas obras também costumam ser criadas em regime de urgência, em “empreitadas”. Seu ateliê, em Copacabana, é repleto de elementos adormecidos: rodas de skate, espelhos, pinturas, anotações, desenhos, letras de música. De repente, acontece uma combustão:
– Meu ateliê é o instante.
Para Raul, a faceta musical de Cabelo é a oportunidade de mostrar uma leveza que o meio das artes desconhece, um senso de humor presente na vida do artista e em suas canções. Não é de hoje. Em 1998, Cabelo gravou o CD “Abracadabra” com o grupo Boato, criado no início dos anos 1990, entre a poesia falada, a performance e a música. Teve um projeto de disco que Lulu Santos começou a produzir, mas não foi adiante. Pedro Luís, Cidade Negra e Ney Matogrosso gravaram músicas suas. Agora, o artista-compositor prepara um CD, que deve ser lançado no fim do ano. Segundo ele, será um disco de >ita
– Tem samba, muita música dançante. São dez faixas, old school – diz Cabelo. – Tenho um modo simples de compor. Minhas músicas têm dois, três acordes. Quatro é jazz.
Não foi simplesmente a imersão na produção do disco que impulsionou o formato da exposição. Cabelo já tinha um projeto de CD de funk, mais um de seus elementos adormecidos. Já escrevera trechos de letras, alguns usados nas novas composições. E estrofes que remetiam ao Miami bass, o batidão que influenciou o funk carioca, já permeavam a obra “Mianmar miroir, the corridor”, apresentada em 2006 na feira Miami Art Basel, e no ano seguinte na galeria 3+1 Arte Contemporânea, em Lisboa.
Além de resgatar a faceta musical, incorporada por Fininho, será uma oportunidade de ver a obra visual de Cabelo, que não tem sido muito mostrada no Rio. Sua última exposição na cidade foi em 2007, na Galeria Paulo Fernandes. Na mostra da Gentil Carioca, que agora também representa o artista, internacionalmente inclusive, há pinturas, desenhos e objetos antigos, além de obras criadas para a coleção do MC, como desenhos com versos dos funks e dez serigrafias em lambe-lambe, suporte que costuma ser usado na divulgação dos bailes.
– O Fininho ganhou muito dinheiro e passou a investir nas obras do Cabelo – brinca o artista.

Manifestando poesia

Cabelo despontou nos anos 1990, com um trabalho em que o corpo sempre esteve presente, e no qual já criava personagens, como o Pastor das Sombras. Nos últimos anos, levou suas performances ao exterior, como “O marujo mascate”, apresentada em 2008 na feira Arco, em Madri, com seres se arrastando pelo chão, entre eles um anão. No ano passado, fez uma performance na inauguração de “No jardim dos jardins ambulantes”, no Carpe Diem, em Lisboa, que contou com três rappers brasileiros que Cabelo conheceu nas ruas da cidade. Foi o curador do espaço português, o brasileiro Paulo Reis, morto em abril deste ano, que organizou e escreveu o texto do livro que Cabelo lançou pela editora Dardo em maio na feira SP Arte, em São Paulo. Ele será lançado no Rio no dia 30 de junho, na Livraria da Travessa de Ipanema.
– O funk é uma das manifestações mais originais do Rio, e tem sido massacrado. É uma cara rejeitada da sociedade rejeitada, considerada agressiva. Mas, se não houvesse o funk, o Rio estaria muito mais violento – diz Cabelo.
Seja na música ou na obra de arte, Cabelo, que transita entre as diversas cenas culturais cariocas e mistura tudo sem hierarquias – poemas de Rimbaud, melôs e performances densas -, só quer dar ritmo à poesia.
– Tudo que faço é uma forma de manifestar poesia. O poeta é um sismógrafo, capta as frequências do mundo e as transforma – afirma ele, que, esbelto, diz ter passado por apenas uma transformação para incorporar o MC Fininho. – Tive que emagrecer dez gramas.
Conheci Cabelo nas oficinas de desenho da Escola de Artes Visuais do Parque Lage em 1988 e ele já tinha naquela ocasião uma atuação múltipla, participando de saraus de poesia, ensaios de bandas de rock e outras experimentações. De lá pra cá participamos de exposições coletivas no Paço Imperial (Novos Noventa em 1994 e Os 90 em 1999), na Mostra Paralela 2010: A Contemplação do Mundo – Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo entre outras. A exposição Cabelo apresenta Mc Fininho e Dj Barbante no Baile Funk (Gentil) Carioca que assino a curadoria é nossa primeira parceria pra valer. Mc Fininho é um personagem fictício para dar voz a persona musical de Cabelo que está muito presente na vida cotidiana dele e que é desconhecida do público que acompanha apenas sua produção visual. O texto abaixo estará no catálogo da exposição junto com outros de Frederico Coelho, Felipe Scovino e Silvio Essinger. A exposição inaugura no próximo sábado com um baile-show celebrando o Funk Carioca, a programação é a seguinte: 
17h Dj Artur Miró

18h Dj Saens Peña
19h Show com Mc Fininho e convidados
20h Dj Alex MPC
21h Dj Nado Leal


É tudo mentira – Raul Mourão, maio de 2011
É tudo invenção da cabeça de Cabelo. Mc Fininho não existe na vida real, é um personagem fictício, funkeiro ancestral, animador de bailes, pesquisador musical, antropólogo das biroscas, repórter das vielas e florestas e compositor de funks. DJ Barbante, seu parceiro, assistente e responsável pelas bases musicais, não existe também. É um personagem coringa que esconde os inúmeros parceiros. É tudo ficção. Cabelo saiu de sua cabeça e deixou entrar Fininho, que depois tomou conta de seu corpo também. Pessoas diferentes habitando a mesma mente. Troca de personalidades, caboclos, entidades, espíritos do além, forças do bem. 
Na verdade a ideia da exposição funk-carioca de Mc Fininho e DJ Barbante n’A Gentil começou no Cabidinho, bar 24hs que não fecha não na esquina da Mena com a Paulo Barreto. Era um grupo grande e animado ocupando algumas mesas depois da exposição do Afonso Tostes na Lurixs, Cabelo me contou que tinha uma data marcada na Gentil e que queria injetar música na exposição. Partimos para a Lapa com Dado Amaral no carro para uma apresentação-relâmpago do saudoso grupo Boato. No bar Arco Íris Cabelo retomou a conversa sobre a exposição na Gentil e sugeri que ele incorporasse Mc Fininho ao repertório. Cabelo respondeu enfático: “Vamô fazê” _ e no dia seguinte esquecemos do assunto. 2 dias depois a ideia da exposição de Mc Fininho e DJ Barbante me voltou com força, liguei e convoquei Cabelo para debatermos o assunto. Nos encontramos no ateliê dele na Souza Lima na segunda dia 2 de maio e também na terça. 
Matutamos e matutamos e ficou decidido que Frederico Coelho escreveria a biografia não autorizada, Felipe Scovino um texto crítico e Silvio Essinger faria uma palestra com trilha sonora sobre a breve história do funk carioca e nos deixaria também um texto. 11 parceiros seriam convocados a compor funks a partir de letras do Mc Fininho. Uma exposição com as coisas, sons e pensamentos de Fininho ocuparia a Gentil dividindo o espaço em 2 ambientes: a Caxanga de Fininho (lar/morada/dormitório/sala de estar) e o Estúdio Área de Lazer (onde o Mc grava suas músicas, recebe amigos e organiza pequenas festas). Na inauguração da exposição um grande baile/show em homenagem ao funk carioca na rua em frente à Gentil. Farra e festa. E provocação e nonsense. No final da terça, 3 de maio, começou um jogo novo e aberto, com poucas regras e muito improviso.  
Os dias se passaram com o relógio em contagem regressiva atazanando nossa rotina. Um pavio curto e aceso com uma bomba no final. 11 funks produzidos em 1 semana no estúdio Jaula do Vampiro, do Rafael Rocha, no Monouaural, do Kassin e do Berna, e no computador de cada parceiro. As músicas chegaram por email. Versões, letras, correções. Imagens, vozes, Aninha Tsunami, compassos e descompassos, BPMs por telefone, arquivos wav, microfones, reverbs, dubs e cachaça. O funk ganhou vida e forma. Virou real num território de fantasia pura. Depois chegou a hora das pinturas, desenhos, objetos e fotografias. Mete tudo na kombi e parte pra Gentil. Uma parede vermelha e outra preta, um desenho luminoso aparece na última hora, uma televisão toca funk (Telefunk-en?), máquina de fumaça, cartaz lambe-lambe, fotografias da Dani Dacorso, o vídeo documentário “Favela on Blast”, do Leandro HBL, e o “Cante um funk para um filme”, do Emílio Domingos e Marcus Faustini. 
Sempre enxerguei fúria, raiva e violência na obra do Cabelo. Agora vejo também graça, humor, festa e farra, e também raiva e fúria como sempre. Divirtam-se com a exposição de Cabelo/Fininho. Celebração da vida, do afeto pelos amigos, da alegria e contra a arte pobre, chata e medíocre que assola e emburrece nosso tempo. 

PS: Fininho manda avisar que o bagulho está só começando. Ano que vem vai rolar o primeiro Festival Fininho de Funk Carioca, a TV Fininho transmitindo 24hs de funk, disco na praça, músicas no rádio, shows pela cidade e os produtos de cama, mesa e banho…
Segue abaixo a coluna do André Urani que saiu hoje no DIA. Urani é economista, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS) e escreve semanalmente n’O DIA.
Quebrando o tabu

Descriminalizar as drogas: este é o mote de “Quebrando o tabu”, filme estrelado pelo ex-
Presidente Fernando Henrique Cardoso (e produzido, entre outros, por Luciano Huck), que
estréia, em circuito nacional, nesta sexta-feira.

O tema é polêmico, mas a causa vem ganhando mais e mais adeptos. FHC está cada vez mais
envolvido com ela, a ponto de presidir a Comissão Global de Políticas sobre Drogas, da qual
também participam, entre outros, os ex-Presidentes César Gavíria (da Colômbia), Ernesto
Zedillo (do México) e Ruth Dreifuss (da Suíça), o ex-Comissário para as Relações Exteriores
da União Européia, Javier Solana, e os escritores Carlos Fuentes e Mario Vargas Llosa. Nosso
Governador, Sérgio Cabral, manifestou-se a favor, logo que assumiu seu primeiro mandato.
A Presidente Dilma não se manifesta muito sobre o assunto, mas parece ser contra, uma vez
que não hesitou em demitir, logo no início de seu governo, o Secretário Nacional sobre Drogas,
Pedro Abramovay, quando este declarou ser favorável à descriminalização dos “pequenos
traficantes”.

A clivagem não é entre esquerda e direita ou entre caretas e doidões. Defender a
descriminalização não significa fazer a apologia do uso ou do tráfico de drogas; o ponto de
convergência dos que se alinham nesta frente do debate é o reconhecimento do fracasso de
políticas meramente repressivas, como a guerra contra as drogas comandada pelos EUA nas
últimas décadas. Se a idéia é a de incentivar a redução do consumo, os recursos seriam muito
melhor empregados se fossem direcionados à educação e ao combate à dependência. Ou seja,
se o tema fosse tratado como uma questão de saúde pública, e não de polícia.

Alguns países, como Portugal, Itália, Espanha e Alemanha, têm realizado avanços importantes
nesta direção. Com resultados interessantes. Aqui no Rio, como em outras grandes cidades
brasileiras, poderia ser um elemento a mais da estratégia de diminuição da violência em curso.
Dada a visibilidade internacional que teremos por conta dos grandes eventos, poderíamos
assim contribuir para dar um maior peso a esta questão no debate político mundial, e assumir
um papel de relevo neste debate.

Saiu na FactMag o texto do Bernardo Oliveira sobre a festa de logo mais de 5 anos do RoncaRonca na Oi Fm…
Amanhã, 29 Abril, o radialista, DJ, fotógrafo e jornalista Maurício Valladares, o popular Mau Val, comemora 5 anos do programa Ronca Ronca na rádio Oi FM com uma festa no Cordão do Bola Preta, no Rio. A festa conta com a participação de um dos grupos cariocas mais bacanas da atualidade, o Do Amor. O aniversário também será marcado pelo lançamento oficial do compacto em vinil de 7” Ronca Ronca ao vivo, com shows de Tulipa Ruiz, Otto, Cidadão Instigado e Do Amor (que pode ser baixado neste link).
Trata-se de uma celebração da maior importância para aqueles que admiram, gostam, trabalham e vivem ligados de alguma forma à música no Brasil. Não somente pela celebração, mas pela relevância do trabalho de Mau Val para a música no Brasil – tanto em relação à música produzida, como também pelo alargamento do ambiente sonoro e da tolerância à diversidade musical. Exagero? Vejamos.
No final dos anos 80, antes da internet, do mp3, dos podcasts e de todo o contexto digital que nos circunda, a pesquisa musical não era um trabalho simples. Lojas de discos, locadoras de CD e programas de rádio nos informavam o que acontecia no mundo – considerando o mundo segundo o prisma das grandes gravadoras, isto é: Europa e EUA, com reservas.
Basta dizer que não tínhamos nenhum álbum do Funkadelic lançado no Brasil em 1992. Nem Fela Kuti, nem Robert Wyatt. E pouquíssima coisa de Zappa, Stooges, Lou Reed. Sem contar a própria discografia de música brasileira, que se encontrava desprovida de títulos fundamentais como Mutantes, Jacob do Bandolim, Moreira da Silva ou Novos Baianos.
No início da década de 90, costumava escutar o programa Radiolla, na Globo FM, um verdadeiro oásis no contexto indicado acima. Pela primeira vez pude escutar uma faixa inteira do Funkadelic – o que parece uma piada, diante das condições de hoje. Mas, logo em seguida, a surpresa maior: Mau Val emendou uma faixa da cantora brasileira Clementina de Jesus.
Foi um choque. Como alguém se atrevia a juntar no mesmo bolo o funk psicodélico e o samba de partido-alto? E isto em plena rádio brasileira pós-80, sitiada pelos interesses das multinacionais, setorizada de acordo com estes mesmos interesses? Pois bem, Mau Val costuma surpreender seus ouvintes com inserções improváveis, apostando na música, sem distinções preconceituosas de épocas e gêneros, com a mesma paixão.
Trabalhou em uma porção de jornais e revistas, como o Jornal da Música e o Jornal do Brasil, cobrindo música basicamente. Na década de 80, na saudosa Rádio Fluminense FM, foi o primeiro a tocar demotapes de artistas como Legião Urbana, Plebe Rude, Biquini Cavadão e Paralamas do Sucesso, que mais tarde formariam o BRock (rock brasileiro). Programas de rádio, fez alguns, como o Ronca Tripa, na Panorama FM, e, a partir de 2000, o Ronca Ronca, que comemora 5 anos em sua nova casa.
Minha tese parece improvável, mas assumo: Mau Val foi um dos responsáveis pelos rumos tomados pela música brasileira nos últimos 30 anos, particularmente em relação à música do sudeste brasileiro. Sem sua intervenção, sem seus programa de rádios, sua militância artísitica, tolerância e sede pelo novo, certamente essa produção seria outra. Nos resta dizer longa vida ao Mau Val e parabéns pelo aniversário.
Festa Ronca Ronca
Centro Cultural Cordão do Bola Preta
Rua da Relação, 3, Lapa (2240-8049).
R$25. 18 anos. Cap.: 800 pessoas.
6ª, às 21h.
Bernardo Oliveira



abertura/opening 
05.maio.2011 – 19h>23h
may 5th, 2011 – 7pm>11pm

exposição/exhibition 
06.maio > 04.junho.2011
may 6th > june 4th, 2011
seg/mon > sex/fri — 10h>19h
sab/sat — 11h>15h 


Sempre interessado no espaço e na paisagem, Eduardo Coimbra traz à Galeria Nara Roesler seus trabalhos recentes e intriga uma vez mais o espectador com uma arquitetura insólita, neste caso, a “arquitetura do jogo”.

Na exposição, maquetes, objetos e desenhos subvertem a lógica, fazendo com que seus significados tomem outras direções. Como apontado por Agnaldo Farias por ocasião da exposição Do Conceito ao Espaço, realizada no Instituto Tomie Ohtake (2003), com suas intervenções em espaços públicos (maquetes), Coimbra “estilhaça as fronteiras de cada um destes territórios, demonstrando que a obra de arte é um objeto que traz aos olhos do espectador aquilo que até então ele não imaginava ser possível pensar”. 

Logo na vitrine da galeria, Coimbra cria um objeto plano, Piscina – construído com um mosaico de azulejos -, que da rua parece tridimensional, iludindo os passantes pela trama da profundidade. Em Estádios, três maquetes trazem jogos inventados pelo artista, sempre com uma dinâmica espacial em que o “público” da arquibancada inserido no trabalho, participa também da “jogada”. Os campos têm composições distintas: um com labirintos, outro com a superfície inclinada e o terceiro dividido em dois quadrados. Já na maquete Bairro, dois quarteirões são vistos de cima – paisagem aérea que fixa telhados com duas águas. 

Entre os objetos que compõem a mostra está Escotilhas, série formada por três peças criadas a partir de janelas de navio, mas sugerindo os holofotes de piscinas, cuja luz projeta três imagens distintas do interior de piscinas. Já Dados, par de dados espelhados de 66 cm com furos quadrados indicando os números, traz a galeria para dentro da obra ao criar um jogo de espelhos.

Em outra obra, Dan Descendo a escada, uma referência ao artista francês Daniel Buren, Coimbra trabalha o desenho e a tridimensionalidade ao construir uma escada com listras e espelhos, criando a sensação de “uma escada dentro da escada”. Outros dois trabalhos da exposição travam um diálogo entre o desenho e o objeto, fazendo surgir imagens em 3D instigantes que, assim como os desenhos de Escher, brincam com a ordem das coisas.



O texto Escotilha para outra idéia de espaço que Adolfo Montejo Navas escreveu para o catálogo da exposição está lá no site da galeria.