Quebrando o tabu
Descriminalizar as drogas: este é o mote de “Quebrando o tabu”, filme estrelado pelo ex-
Presidente Fernando Henrique Cardoso (e produzido, entre outros, por Luciano Huck), que
estréia, em circuito nacional, nesta sexta-feira.
O tema é polêmico, mas a causa vem ganhando mais e mais adeptos. FHC está cada vez mais
envolvido com ela, a ponto de presidir a Comissão Global de Políticas sobre Drogas, da qual
também participam, entre outros, os ex-Presidentes César Gavíria (da Colômbia), Ernesto
Zedillo (do México) e Ruth Dreifuss (da Suíça), o ex-Comissário para as Relações Exteriores
da União Européia, Javier Solana, e os escritores Carlos Fuentes e Mario Vargas Llosa. Nosso
Governador, Sérgio Cabral, manifestou-se a favor, logo que assumiu seu primeiro mandato.
A Presidente Dilma não se manifesta muito sobre o assunto, mas parece ser contra, uma vez
que não hesitou em demitir, logo no início de seu governo, o Secretário Nacional sobre Drogas,
Pedro Abramovay, quando este declarou ser favorável à descriminalização dos “pequenos
traficantes”.
A clivagem não é entre esquerda e direita ou entre caretas e doidões. Defender a
descriminalização não significa fazer a apologia do uso ou do tráfico de drogas; o ponto de
convergência dos que se alinham nesta frente do debate é o reconhecimento do fracasso de
políticas meramente repressivas, como a guerra contra as drogas comandada pelos EUA nas
últimas décadas. Se a idéia é a de incentivar a redução do consumo, os recursos seriam muito
melhor empregados se fossem direcionados à educação e ao combate à dependência. Ou seja,
se o tema fosse tratado como uma questão de saúde pública, e não de polícia.
Alguns países, como Portugal, Itália, Espanha e Alemanha, têm realizado avanços importantes
nesta direção. Com resultados interessantes. Aqui no Rio, como em outras grandes cidades
brasileiras, poderia ser um elemento a mais da estratégia de diminuição da violência em curso.
Dada a visibilidade internacional que teremos por conta dos grandes eventos, poderíamos
assim contribuir para dar um maior peso a esta questão no debate político mundial, e assumir
um papel de relevo neste debate.