Lançamento Multiplicidade – AGORA
Intrépida Trupe no ateliê – hoje e ontem
NA MARCA DO CAL
Fred Coelho escreveu esse texto matador hoje no blog dele. E ele diz que é apenas a primeira parte…
No universo do futebol, o pênalti não é um lance a mais na dinâmica do jogo. O pênalti é um momento fora do tempo do jogo, momento em suspensão, momento em que o coletivo de vinte e dois jogadores converge para um duelo. Para um embate decisivo entre o batedor e o goleiro. A atomização da esperança e a explosão da alegria. O pênalti, assim, torna-se poesia na longa prosa do jogo, caudalosa e palavrosa, com apitos, gritos da torcida, palavrões, técnicos aos berros na beira do gramado. No pênalti, ocorre o corte seco na balbúrdia da batalha. O silêncio que precede o esporro. Na narrativa de noventa minutos, a concisão dramática da forma mais perfeita. No pênalti, há o haicai do batedor que corre frio sem olhar o goleiro, há a poesia pedra e faca cabralina do batedor que chuta de bico no meio do gol, há o parnasianismo forma pura do chute que coloca a bola no canto indefensável, mesmo que o goleiro pule no lado certo, há o poesia maldita e malandra que faz a paradinha desrespeitosa e sedutora.
Após o chute, a fração de segundos que definem o lance se finda e como o estouro de uma bolha tudo volta ao curso barulhento e veloz do jogo coletivo. A vida segue, mas ela nunca mais é a mesma. No embate individual entre o goleiro e o jogador, o destino de milhões. O átimo definitivo de vidas, carreiras, campeonatos, políticas, nações. O pênalti é o começo e o fim.
sem título, 1993
ferro pintado
17º Salão Carioca
Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Rio de Janeiro
foto: Eduardo Coimbra
Raul Mourão olhou o pênalti e viu mais do que isso. Ele viu a PERSPECTIVA PLENA desse momento definitivo. Em Penalti, a marca do cal é o ponto de fuga do quadro das traves. O circuito se fecha na continuidade dos traços, na definição do perímetro de execução. Raul define plasticamente TODAS AS POSSIBILIDADES de ação entre o batedor e o goleiro. O Pênalti de Raul, porém, não permite erros, não trabalha com a bola fora. É pura certeza, é plena clareza do craque. Entre as traves, o trajeto da bola e a marca do cal, não há escapatória. Todos são o mesmo traço da mesma trama. A arquibancada aguarda. O batedor é frio. O goleiro se mexe sobre a linha. Tudo pronto para o desenlace. Tudo amarrado nas linhas de Raul.
Em seu vídeo, seu pênalti desmancha a mera dimensão futebolística e ganha o espaço para além das linhas de uma grande área. Pênalti torna-se um múltiplo que ganha ONZE diferentes posições com apenas um movimento. Um prego na parede, a peça e nada mais. A marca do cal torna-se secundária frente as possibilidades diversas de conexões e formas que cada face presa à parede pode nos trazer. A simplicidade da idéia é assombrosa, o resultado é potente. As traves de futebol perdem sua importância e Raul mostra que basta olharmos para o outro lado para mudarmos tudo de lugar. Como no futebol, cada movimento redefine a dinâmica inteira do jogo. E ao contrário do pênalti marcado pelo juiz, no pênalti de Raul sempre há uma nova chance.
Iran do Espirito Santo inaugura exposição individual hoje no Artur Fidalgo
O artista paulistano de 46 anos exibe a quarta versão de uma série de pinturas murais intitulada En Passant, além de seis esculturas de metal e vidro, mais quatro desenhos de recente produção.
Galeria Artur Fidalgo Rua Siqueira Campos, 143 sobrelojas, 147-149, Copacabana, tel 2549-6278, Metrô Siqueira Campos. Segunda a sexta, 10h às 19h. Sábado, 10h às 14h. Grátis. Até 22 de agosto. A partir de quinta (23).
Hoje na Matriz tem Xita com Chernobyl
CAtPower em SP – MAUVAL – 24 de maio – Black Alien etc
Mestre Mauricio Valladares esteve em SP para conferir CatPower e colocou esse post lá no Ticotico. (todas as fotos são do Mauricio)
20 de Julho , 2009 na lua!!!
cheguei em sumpa na manhã de sábado direto para as galerias da 24 de maio.
calanca (da baratos afins) diz que, em breve, não venderá mais cds… luiz carlini passa deixando a certeza que o rock brasileiro dos 70 continua vivo… gente pra todos os lados… muita camisa preta as usual (até eu!)… preços bons, outros nem tanto, outros abusivos… carlos da sensorial sempre gente finíssima e cheio de pepitas… o velho da ventania segue firme & forte, mas não vi o gato… o pessoal da torcida independente do são paulo cheio de marra…
na vizinhança, captei uns rabiscos interessantes que podem até se comunicar…
( :
já haviam me dito que a passagem de som Dela seria por volta das 16h.
fiquei meio incerto de me mandar lá pra vila olímpia (local do via funchal) e ficar perdidão até a hora do show.
já estava quase desistindo por conta da overdo$e que seria de táxi!
mas aí, toca o celular:
“você não vem? eles já estão no palco”
êita… táxi!
no que adentrei ao enorme e bacana via funchal, Ela + gregg foreman (teclado), erik paparazzi (baixo), jim white (batelita) & judah bauer (guitalita)
estavam afinando uma passagem de “angelitos negros”.
foram umas 10 levadas… até acertar o andamento.
well, well, well…
depois disto, Ela foi para a bateria…
jim white sumiu!
conclusão, ficaram os quatro por quase UMA HORA tocando:
communication breakdown
beast of burden
i cant explain
i wanna be your dog
tide is tight
green onions
like a rolling stone
you really got me
midnight rambler
bitch
kashmir
e outras tantas que não reconheci.
D+!
chan é uma pessoa humana, a nível de gente, muito simples e na dela.
manja o tipo que olha dentro do olho?
se aproxima, faz questão de ser atenciosa, educada… puxa papo, sacumé?
( :
depois do “sound check”, aparece o gregg perguntando:
“onde compro vinil aqui em são paulo?”
ha ha ha…
todo o bairro se virou para mim e, ao mesmo tempo, mandou na lata – “ele sabe”!
lascou, gregg passou a ser meu mais novo amigo íntimo!!!
e pra piorar, o caboclo é fissurado em música africana, funk, soul & afins.
tirando a saída pra comer uma coisinha, ficamos até a hora do show papeando sobre obscuridades!
o via funchal começou a lotar…
e às 22 e 20, a estraçalhante versão de “the house of rising sun” iniciou os trabalhos.
né sacanagem não, mas eu poderia ficar all my life ouvindo (e vendo) aqueles cinco no palco.
a satisfação é plena em todos os sentidos, todos… até incenso tinha.
judah bauer é um guitarrista muito além do especial.
caramba, já ouviu o som dele com jon spencer blues explosion?
e jim white na bateria?
quem executa tambores daquele jeito?
pergunta lá pro warren ellis (bad seeds) ou para o bonnie “prince” billy.
acho que todos já sabem o repertório que foi mostrado.
dizer what else?
FODA!!!
tanto que ao final, chan não conseguia/queria sair do palco!
que noite!
( :
eles voaram muito cedo pro rio… e eu ainda fiquei um pouco mais em sumpa.
no início da tarde, dentro do bião, cruzei com gustavaço “black alien” & dejóta castro que confirmaram presença no jumboteKo. soon!
cacilda, já escrevi muito…
depois volto com a versão carioca, ok?
Lucas Santanna – “Sem Nostalgia”
Baixei ontem o novo disco do Lucas. Desde ontem é a trilha na orelha no passeio ou em casa. Entupiu o ipod em repeatloopshuffle. Excelente!
As faixas são:
1. Super violão mashup
2. Who can say which way
3. Night time in the backyard
4. Cira Regina e Nana
5. Recado para Pio Lobato
6. Hold me in
7. Amor em Jacumã
8. I can’t live far from my music
9. Cá pra nós
10. O violão de Mario Bros
11. Ripple of the water
12. Natureza nº 1 em Mi Maior
E para baixar pode ser no zshare:
Segue abaixo o release do Bruno Natal que eu peguei lá no URBE.
“Sem Nostalgia” – Lucas Santtana e Seleção Natural
Desde os tempos de Dorival Caymmi e João Gilberto que o consagrado voz e violão é mais do que um formato, é praticamente um gênero musical no Brasil. A força dessa tradição é tanta que a fez parar no tempo, repetindo os mesmos caminhos sem sair do lugar.
Em “Sem nostalgia”, seu quarto disco, Lucas Santtana entorta as supostas regras e convenções do estilo, mostrando que é possivel ir bem além de simplesmente sentar no famoso banquinho, dedilhar as cordas e cantar.
Todos os sons de “Sem Nostalgia” (com excessão dos ruídos de insetos, sampleados e orquestrados por Lucas) foram produzidos utilizando apenas a voz e o violão. Isso não significa que a gravação tenha ficado limitada a dois canais, ou mesmo que o uso de outros equipamentos — softwares, pedais, filtros, diferentes microfones e técnicas — não pudessem ser utilizados para montar os arranjos.
A exemplo do que fez com o baile funk (no disco “Parada de Lucas”) e com o dub (em “3 sessions in a green house”), Lucas Santtana desafiou essa instituição musical, expandindo seus limites a partir da sua própria estrutura, de tal forma que, se você não soubesse, nunca diria se tratar de um disco de vo e violão.
Explorando a tecnologia e as ferramentas disponíveis, esse “é um disco de voz, violão e ambiente”, como Lucas gosta de dizer. Foi essa postura que abriu os horizontes. Os músicos e produtores convidados experimentaram esse conceito de diversas formas.
Curumin tirou sons percussivos do violão, sampleou, carregou uma MPC e tocou as levadas de bateria de “Cira, Regina e Nana” e “Amor em Jacumã” (Dom Romão e Luiz Ramalho). O Do Amor traduziu sua sonoridade para apenas um instrumento e fez o violão soar como uma banda em “Who can say which way”.
Kabo Duca tocou percussão no corpo do violão em “I can’t live far from my music” e Regis “Mr. Spaceman” Damasceno tocou violão de 12 cordas e é co-autor de “Recado pro Pio Lobato”, resposta a uma música do próprio Pio, “Recado pra Lúcio Maia”.
Para atingir resultados sonoros variados, as faixas foram co-produzidas por Lucas e diversos colaboradores. Berna Ceppas é o responsável pelos climas atmosféricos e minimalistas de “Natureza #1 em mi maior” e “Hold me in”, onde uma trastejada do violão ecoa pelo espaço, como se fosse proposital. “Who can say which way” foi produzida por Chico Neves, assim como “Ripple of the water”, gravada de madrugada, dentro da floresta, no Jardim Botânico do Rio.
Gustavo Lenza e Lucas Martins produziram as colagens sonoras de “Super violão Mashup” e João Brasil a de “O Violão de Mario Bros”. Ambas foram construídas exclusivamente com samples de violões de Caymmi, Jorge Ben, Tom Zé, Novos Baianos, Gilberto Gil, Baden Powell e diversos outros. Mesmo que alguns trechos sejam mais identificáveis que outros, o resultado é algo original.
Buguinha Dub adicionou seus efeitos particulares em “Amor em Jacumã” e “Cira, Regina e Nana”, assim como fez Rica Amábis em “Recado pro Pio Lobato”.
Arto Lindsay, costumaz parceiro de Lucas Santtana é co-autor de “Hold me in”, “I can’t live far from my music” e a bela“Nighttime in the backyard”. Nessa última, de pegada setentista, a produção delicada de Gil Monte, deixando os microfones bem abertos, permite ouvir Lucas tomar ar para cantar e os estalos provocados pela dicção da letra sendo sussurada.
Com essas duas músicas, o disco acabou tendo mais letras em inglês do que em português, uma novidade no trabalho de Lucas. De uma nova parceria, com o conterrâneo soteropolitano Ronei Jorge, da banda Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta, surgiu “Cá pra nós”.
Quando o conceito se sobrepõe a musicalidade e as canções, um disco conceitual corre o risco de precisar vir acompanhado de uma bula para fazer sentido. Não é o caso aqui. Repleto de boas composições, “Sem nostalgia” se sustenta independentemente do conceito que o constrói.
Bruno Natal
Julho / 2009
Morre o curador do MAM – Rio Reynaldo Roels Jr., aos 57
18/07/2009 – 13h06
da Folha Online
Morreu na madrugada deste sábado no Rio o curador do MAM (Museu de Arte Moderna) da cidade, Reynaldo Roels Jr., 57. A causa da morte foi uma pneumonia.
Roels Jr. estava internado no hospital São Lucas, em Copacabana (zona sul) há uma semana, com enfisema pulmonar.
Thereza Eugênia/Divulgação |
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Curador do MAM-Rio há cerca de dois anos, ele também teve passagem pelo centro de pesquisa e documentação do museu.
Carioca nascido na Urca (zona sul), Roels Jr. completaria 58 anos na próxima quarta (22). Era formado em História pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ e pós-graduado em História da Arte pela PUC.
Foi crítico de artes plásticas do “Jornal do Brasil” nos anos 80 e durante quatro anos trabalhou como diretor e professor de Estética e História da Arte da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.
Também foi curador da coleção de arte de Gilberto Chateaubriand, criando salas no MAM com uma exposição permanente das obras.
Entre seus últimos trabalhos como curador estão as exposições “Nova Figuração”, “MAM 60 Anos” e “Neoconcretismo 50 Anos”. Deixou texto inédito sobre a evolução da escultura no Brasil.
O corpo está sendo velado na capela 9 do cemitério São João Batista, em Botafogo, local onde ocorrerá o enterro, às 17h.
OCUPAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO CARIOCA
A Escola de Artes Visuais do Parque Lage convida para o debate “OCUPAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO CARIOCA” a ser realizado na próxima quarta-feira, dia 22 de julho. O debate foi organizado a partir do abaixo assinado que solicita das autoridades competentes “a formulação de uma política cultural com o objetivo de organizar e de criar critérios para a administração dos monumentos públicos existentes, bem como para a alocação de novos, sejam esculturas ou qualquer outro tipo de interferência”.
A mesa vai contar com a participação de Adriana Rattes (Secretaria de Cultura do Estado), Washington Fajardo (Sub Secretário de Patrimônio da Secretaria de Cultura do Município), Ernesto Neto, Everardo Miranda, Fernando Cocchiarale, Lauro Cavalcanti e Paulo Herkenhoff.
Quarta feira,22/07/2009, às 19h30
Escola de Artes Visuais Rua Jardim Botânico, 414 – Jardim Botânico – Rio de Janeiro
Obra de Ivens Machado que peguei no site da Estácio.
Sem título, 1997, concreto armado e pigmento medindo 4,00×8,30×3,00 m.
Logo alí na Rua Uruguaiana, esquina com Rua da Carioca, no Centro do Rio de Janeiro.
5 IMAGENS – Fernanda Gomes
5 IMAGENS é o nome da nova “seção” aqui do bRog onde convido artistas a enviarem 5 reproduções de trabalhos ou vistas de exposições que sintetizem toda a trajetória. As 5 imagens que melhor expliquem o trabalho, os 5 trabalhos que melhor definem a obra.
A artista carioca Fernanda Gomes inaugura a seção. Semana que vem tem mais.
Parque Serralves, Porto, Portugal
Museu Serralves, Porto, Portugal
Museo Patio Herreriano, Valladolid, Espanha
Penalti na parede – hoje no ateliê
videobRog do dia.
moment
em breve ele estará no Rio…
Novo curador da Bienal de Arte de São Paulo, Moacir dos Anjos, quer resgatar importância da mostra e atrair 1 milhão de pessoas
Texto da Márcia Abos publicado em ontem no site do Globo.
SÃO PAULO – O novo curador da Bienal Internacional de Arte de São Paulo, o economista Moacir dos Anjos, anunciado para o cargo esta segunda-feira pelo presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Heitor Martins, se impôs metas ambiciosas. A primeira é recuperar o interesse do público e atrair 1 milhão de visitantes na 29ª edição, que acontece em 2010. Nos últimos anos, o público da Bienal foi minguando. Foram 535 mil visitantes em 2006 e, na edição do ano passado, que ficou conhecida como a “Bienal do Vazio” – um dos andares do prédio no Ibirapuera ficou sem obras – o público não ultrapassou a marca de 120 mil visitantes.
A outra meta de Moacir dos Anjos é mais complicada. Ele quer resgatar a importância da Bienal, que já trouxe ao país obras como “Guernica”, de Pablo Picasso e lançou artistas como Lasar Segall, Victor Brecheret, Antonio Dias, Cildo Meireles e Tunga. O prestígio que a Bienal teve no passado vem escoando nas últimas edições com a grave crise institucional da Fundação Bienal.
– Estou empenhado em reafirmar a relevância da Bienal de São Paulo como instituição – disse dos Anjos, de Londres, onde cursa um pós-doutorado.
– Não apenas por sua história, mas por ser realizada no Brasil, um dos principais centros de produção artística mundial – avalia dos Anjos.
Além do andar vazio do ano passado, o evento também ficou marcado pela prisão de Caroline Pivetta da Mota, de 24 anos, que ficou conhecida como a “pichadora da Bienal” . Ela e um grupo de mais 40 pessoas picharam o espaço em branco nesse andar.
Para Moacir dos Anjos, a Bienal não é um evento de massa, mas ele tem uma preocupação muito especial em atrair público. Seu mote será mostrar aos interessados que a Bienal é um espaço para falar da vida cotidiana.
– Nosso objetivo de público tem que ser o máximo possível, atingir 1 milhão de pessoas. A arte contemporânea tem a capacidade de falar das coisas da vida cotidiana, o que torna possível que ela seja entendida por todos.
Em vez de um tema específico, dos Anjos escolheu uma plataforma para a 29ª Bienal de São Paulo, que a exemplo das duas edições anteriores não terá as divisões de obras por país de origem. O título ainda provisório da exposição é “Há sempre um copo de mar para um homem navegar”, verso extraído de “Invenção de Orfeu”, do poeta alagoano Jorge de Lima.
Outro ponto fundamental para a 29ª Bienal de São Paulo, segundo seu curador, é a experimentação.
– Uma Bienal que quer se distinguir de feiras de arte e museus precisa do experimentalismo, que não pode se manifestar nas outras duas instituições.
O presidente da Fundação, Heitor Martins, informou que dos Anjos irá selecionar até agosto uma equipe de cerca de cinco curadores que trabalharão sob sua coordenação para a criação da exposição. O grupo deve incluir nomes estrangeiros. O curador planeja itinerâncias pelo Brasil de recortes da mostra e atividades extra-exposição, tais como conferências, workshops, performances e mostra de cinema.
O custo previsto para a realização da 29ª Bienal de São Paulo é de R$ 25 milhões. Mais R$ 5 milhões serão investidos no programa de arte educação paralelo à exposição. Segundo o presidente da Fundação Bienal, Heitor Martins, serão necessários mais R$ 10 milhões para custeio de despesas e saneamento de dívidas. Martins também tenciona captar recursos para reforma do prédio da Bienal, criação de Oscar Niemeyer e Burle Marx.
Um economista no mundo das artes
Moacir dos Anjos é economista, com mestrado e doutorado na área. Ganhou destaque na cena artística graças a seu trabalho como diretor do Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Mamam) de Recife entre 2001 e 2006. É pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco desde 1990. Foi co-curador da participação do Brasil como país convidado na ARCO – Feira de Arte Contemporânea (2008), em Madri. Dentre as exposições de que participa como curador se destacam: “Vestidas de Branco”, de Nelson Leirner (2008), no Museu Vale, em Vila Velha; e “Babel – Cildo Meireles” (2006), na Estação Pinacoteca, em São Paulo.
TIÊ no Rio de Janeiro
A cantora e compositora paulistana Tiê leva ao Rio de Janeiro as canções de seu álbum de estreia, “Sweet Jardim”. A apresentação será na Modern Sound, nesta segunda-feira. Ela ainda se apresenta na Fnac, na sexta-feira, 17, e no Cinemateque, no sábado, 18.
No disco, a cantora canta, toca piano e violão nas dez faixas com letras em português, inglês e francês, gravadas ao vivo em estilo low-fi, resgatado por cantores de de folk atualmente. Em abril, a cantora fez uma turnê pela europa, passando por cidades como Londres, Barcelona, Nova York e Berlim.
“Sweet Jardim” foi produzido pelo DJ e músico carioca Plínio Profeta e conta com participações de Toquinho e novos músicos paulistas como Tatá Aeroplano, Gianni Dias, Tulipa Ruiz, Thiago Pethit e Nana Rizinni.
Tiê começou como intérprete na noite paulista, mas nos últimos anos te se dedicado à carreira autoral, quando, em parceria com o amigo Duda Tsuda, criou o projeto Cabaret, que rendeu um EP à cantora. No palco, Tiê, que se divide entre teclado e violão, é acompanhada somente de Plínio Profeta [violão, guitarra e teclado]. Além das canções do CD, uma inusitada versão de “I’m Too Sexy”, completa o repertório..
Modern Sound
Data: 13 de julho, segunda-feira
Endereço: Rua Barata Ribeiro 502 – Copacabana
Entrada gratuita (com reserva antecipada pelo telefone 2548-5005)
Fnac
Data: 17 de julho, sexta-feira
Horário: 19h
Endereço: Barra Shopping. Avenida das Américas, 4666 – loja B101/116
Entrada gratuita (com reserva antecipada pelo telefone 2109-2000 )
Cinematheque
Data: 18 de julho, sábado
Horário: 23h
End: Rua Voluntários da Pátria, 53 – Botafogo
Preço: R$ 20
[Parte 2/2] Meu Derrame de Percepção – Legendado
[Parte 1/2] Meu Derrame de Percepção – Legendado
Mauricio Valladares informa:
60 minutos de Paralamas desfilando clash, who, zep, hendrix, stones… e paralamas!
Amanhã às 19h! na Oi fm (102.9) ou no site da rádio.
Na forma primal com que apareceram no início dos 80, Os Paralamas do Sucesso gravaram, terça passada, uma session inesquecível para o programa roNca roNca do nosso mestra MauVal.
Bi, João & Herbert selecionaram um repertório de clássicos do rock para incendiar o estúdio da Oi fm. De “hey joe” a “my way”, o trio comemorou o “estilo” inventado por chuck berry há mais de 50 anos! Uma oportunidade única para sacar como os Paralamas se divertem numa levada de som completamente descontraída…
Coletiva de desenhos em Lisboa
Jorge Viegas informa:
Wallpaper, Desenhos do inicio do século, é o título da exposição colectiva com que a 3+1 ARTE CONTEMPORÂNEA encerra a sua programação antes da habitual pausa para férias.
Uma mostra colectiva Obras-Desenho em vários suportes, representando as diferentes abordagens dos artistas que constituem o elenco da galeria a esta disciplina.
Serão apresentados trabalhos de Adrianne Gallinare, Ana Perez-Quiroga, André Trindade, Beatriz Albuquerque, Cabelo, Daniela Krtsch, Emmanuel Nassar, Marcelo Solá, Miguel Bonneville, Pedro Kaliambai, Raul Mourão, Rodrigo Mogiz, Rosana Ricalde, Sara&André, Susana Guardado
Minha participação é essa dupla aí a esquerda, da série Tracejados (ligue os pontos sem os pontos), nanquim sobre papel, 2003.
Cat Power no Rio
Hoje tem Pelvs na abertura das comemorações de 20 anos do selo Midsummer Madness
Rio terá museu em sua zona portuária
Tá lá na Folha de S.Paulo de hoje essa matéria de SILAS MARTÍ.
O antigo edifício D. João 6º, na praça Mauá, zona portuária do Rio, será convertido em museu. Até agora chamado de Pinacoteca do Rio, sairá de uma parceria entre a Fundação Roberto Marinho e a prefeitura.
Fernando Donasci/Folha Imagem |
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Edifício D. João 6º, na praça Mauá, que abrigará a futura Pinacoteca do Rio |
Depois de uma disputa pela posse do prédio, que pertencia ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira e passou para a Docas, autoridade portuária do Rio, o palacete acaba de ser desapropriado pela prefeitura e deverá ser restaurado –dentro do projeto municipal de revitalização do cais do porto- para abrigar o futuro museu, com inauguração prevista para 2011.
Ainda não há detalhes das intervenções no espaço e nenhum arquiteto foi escalado para cuidar da reforma. Segundo o Instituto Pereira Passos, órgão de planejamento municipal do Rio, será uma adaptação de R$ 25 milhões –R$ 15 milhões para restaurar o prédio que ficou abandonado e R$ 10 milhões para instalar o museu.
Os recursos devem vir da prefeitura, que estuda parcerias com a iniciativa privada. Segundo o prefeito Eduardo Paes, o município também tem condições de arcar com o custo total das obras no palacete.
Será o primeiro museu carioca gerido por organização social, modelo recém-aprovado no Rio e já usado em museus de São Paulo, como a Pinacoteca do Estado. Nesse tipo de gestão, o museu recebe uma dotação orçamentária fixa do poder público, mas toma as próprias decisões internas, como contratações, gastos e outras medidas.
No caso, a Fundação Roberto Marinho fica encarregada de ocupar o museu e definir suas exposições. A princípio, a Pinacoteca do Rio não terá acervo fixo e fará mostras temporárias com obras emprestadas de coleções privadas do Rio.
“A gente chama de pinacoteca em rede, porque vai conectar colecionadores”, diz Hugo Barreto, secretário-geral da fundação. Segundo a Folha apurou, devem integrar as mostras do espaço obras dos colecionadores João Sattamini, Gilberto Chateaubriand, Ronaldo Cezar Coelho, entre outros.
Barreto e o curador Paulo Herkenhoff, que presta consultoria ao novo museu, reconhecem que será um desafio organizar uma instituição sem acervo fixo, que pode implicar uma falta de identidade para o espaço, mas veem o museu mais como articulador do que depositário de uma coleção.
“Não estamos pedindo que ninguém esquarteje sua coleção para doar para a gente”, diz Barreto. “A gente não pretende ser proprietário ou comodatário de nenhum acervo.”
“Serão exposições sempre temporárias, porque a ideia é movimentar coleções”, afirma Herkenhoff. “Uma das intenções desse projeto é fortalecer o colecionismo.” Por esse mesmo motivo, o curador discorda do nome até agora dado ao museu, já que pinacoteca se refere a uma coleção de pinturas. “O perfil, a vocação e a missão desse museu ainda estão por serem discutidos publicamente”, conclui Herkenhoff.
Banda Paraphernalia, hoje na Pista 3

Da esquerda para a direita: Renato Massa, Joca Perpignan, Donatinho, Marlon Sette, Leandro Joaquim, Felipe Pinaud, Alberto Continentino e Bernardo Bosísio.
Formada em 2001, inicialmente como ZBC pelos amigos Bernardo Bosisio (guitarra) e Alberto Continentino, a banda rapidamente foi ganhando integrantes que dispensam comentários e virando o Paraphernalia que conhecemos hoje.
Juntaram-se a eles Donatinho (teclado e qualquer timbre que você sugerir), Renato Massa (Bateria), Joca Perpignan (percussão), Felipe Pinaud (Flauta), Marlom Sette (trombone) e Leandro Joaquim (trompete). Você pode ter visto qualquer um desses nomes, na última década, dentro dos encartes dos discos de seus músicos brasileiros favoritos, de Caetano e Marcos Valle à D2 e Ed Motta.
Ingresso: Flyer ou Lista amiga até 23 h R$ 8
Flyer ou Lista amiga após 23 h R$ 12
Preço normal: R$ 15.
Pista 3
Rua São João Batista, 14 – Botafogo
Tel.: 2266.1014
Abertura da casa: 23h
Aceitos todos os cartões.
Proibida a entrada de menores de 18 anos.
Polêmica gratuita
Post do lá no blog Trabalho Sujo.
Malcolm Gladwell, Chris Anderson e Seth Godin
Pensadores pop discutem sobre o preço do futuro
Em Free, Chris Anderson diz que era digital tornará serviços gratuitos
Nem bem o novo livro de Chris Anderson saiu e ele já causa polêmica. Editor da revista Wired, Anderson criou o conceito da “cauda longa” no livro de mesmo nome (publicado pela editora Campus), em que adapta preceitos econômicos para a era digital. Nele, o autor compara os estágios da indústria cultural antes e depois da internet para sacramentar que estamos saindo da era do mercado de massas para a do mercado de nichos.
Free (trocadilho de “livre” e “gratuito” em inglês), o novo livro de Anderson que será lançado amanhã nos EUA, vai além. Vislumbra que a batalha dos preços dos produtos está passando por uma mudança radical, em que a disputa deixa de ser entre quem tem o preço mais baixo e passa a ser entre quem cobra algo e quem não cobra nada. A partir de exemplos que vão do valor estipulado pelo consumidor para o disco mais recente do Radiohead à publicidade em videogames, passando pelos serviços do Google e a briga entre a Microsoft e o Linux, Anderson profetiza que o futuro não terá preço.
Um dos primeiros comentários sobre o livro veio do escritor Malcolm Gladwell, autor dos best-sellers O Ponto de Virada e Fora de Série (publicados pela editora Sextante). Colunista da revista New Yorker, ele dedicou um longo texto ao livro, em que desancava as teorias de Anderson, perguntando se um jornal como o New York Times seria produzido nos moldes dos grupos de voluntários que alimentam sem-teto.
Anderson rebateu em seu blog na Wired, mas não foi incisivo – limitou-se a dizer que se o que Gladwell dizia era verdade, seus leitores não poderiam ler aquele texto online gratuitamente.
A discussão está longe do fim, afinal o livro sequer foi lançado, mas outro pensador pop entrou na discussão. Seth Godin, um dos principais pensadores do universo digital hoje e autor de livros como O Futuro Não é Mais o Mesmo, A Vaca Roxa e Sobreviver Não é o Bastante (publicados no Brasil pela Campus), comentou a discussão em seu blog, num post batizado “Gladwell está errado“: “Como todas indústrias que estão morrendo, os velhos modelos irão reclamar, criticar e demonizar o novo. Não vai funcionar. A razão é simples: Num mundo livre/gratuito, todos podem participar. E isso é uma mudança enorme”.
Consumo Autoral – o livro
Texto do objeto sim objeto não.
O parágrafo acima, em outros tempos, certamente estaria publicado em um livro ou ensaio de sociologia do consumo ou de psicologia social – talvez até mesmo de antropologia urbana. Mas hoje, 2009, o parágrafo acima é parte do intrigante livro Consumo Autoral – as gerações como empresas criativas (publicado pela Estação das Letras e Cores, 2009 – aqui, um pdf em italiano). O livro não é escrito por um autor, mas sim elaborado por um coletivo de designers, intelectuais, especialistas em tecnologia, estilistas etc, capitaneado por uma “cabeça central”. O coletivo é o – agora eu sei – famoso Future Concept Lab, de Milão, Itália. A figura central do FCL é o sociólogo, escritor, jornalista e presidente da instituição, Francesco Morace. A organização dos textos e as idéias presentes no livro também são dele.
Na introdução, uma pequena descrição do que é o FCL:
“Vinte anos atrás, quando pesquisa de tendência ainda não era uma grande tendência, Morace fundou o Future Concept Lab, hoje um dos mais importantes centros de pesquisa e estudos de comportamento e valores de consumo do mundo. Interpretando mudanças comportamentais e valores de consumo como fenômeno sociológico e mercadológico, Morace, durante esses anos, atendeu uma série de empresas internacionais como Illy Café, L’Oreal, Veuve Clicquot, Philips, Nokia, além das brasileiras Havaianas e O Boticário, ajudando-as a desenhar estratégias de sucesso para o futuro. Não, Morace não é um futurólogo, mas um incansável pesquisador e interpretador de sinais contemporâneos que de algum modo influenciam o imaginário coletivo mundial”.
Com este preâmbulo sobre o livro e o comandante do FCL, acho que vale a pena aprofundar alguns pontos breves que vieram na mente ao ler sobre comportamento, consumo, mercado e otras cosas em livros como este do FCL. O lance inicial é entender o que eles chamam de Consumo Autoral, isto é, a capacidade do consumidor, nos dias de hoje, em ser mais do que um mero receptáculo passivo de ofertas do mercado e das propagandas. A idéia ultrapassada de que o consumo é opaco e de que as empresas e os publicitários “empurram“ o que querem vender do jeito que for é o ponto combatido pelo FCL e por outros pensadores já há algum tempo. Sem assumir ou saber, eles vão ao encontro, por exemplo, de um conceito já bem conhecido do historiador francês Michel de Certeau – o conceito ativo de APROPRIAÇÃO do bem consumido, sejam eles imagens, objetos, textos ou abstrações. O consumo autoral reinventa os sentidos propostos, exige qualidade, rejeita erros morais, éticos ou políticos, desregula tendências, estilhaça certezas das empresas etc.
Morace e sua equipe apostam que nosso atual momento é o de um “Renascimento 2.0”, ligado diretamente às inovações tecnológicas e às possibilidades crescentes de construção de si em redes que o mercado mundial lhe oferece em seu cotidiano. Com toda a retórica sedutora do consumo enquanto felicidade, do capitalismo enquanto espaço de criatividade e potencialização da estética de si, o livro nos conduz em um Admirável Mundo Novo em que as populações mundiais não se dividem mais em grupos políticos ou econômicos, mas sim em grupos de Megatrends, ou seja, de Mega tendências de comportamento e consumo. Seja em Seul, no Rio, em Berlim ou em Estocolmo, somos potencialmente todos iguais frente nossa capacidade de criar e reinventar o mundo que nos cerca. Cito o livro:
“O objetivo destas páginas é o de colocar o mercado no centro de uma nova visão estratégica que concilia a qualidade dos produtos, do management e da vida cotidiana, segundo uma prática interdisciplinar, inovadora e humanística, afastando o fantasma da visão econômico-cêntrica proposta pelo capitalismo e das finanças tipicamente anglo-saxônicas que está se redimensionando no mundo inteiro, abandonando a velha lógica de uma globalização surda a qualquer diferença, que esmaga o genius loci do s povos e países, na era da globalização”.
Como crítica automática a todo esse pensamento, vem a idéia clara de que o FCL pensa isso a partir da Europa. De Milão, mais precisamente. Quem consome design e tecnologia está, claro, altamente inserido no mercado e na possibilidade de vivê-lo e inventá-lo. tem dinheiro, acesso e estabilidade para consumir o que for oferecido. A visão contrária do FCL à “surda globalização” não luta contra as desigualdades econômicas, mas sim contra as desigualdades de acesso aos produtos. É claro, voltamos aqui à questão eterna: não é porque há mais de um bilhão de miseráveis no mundo que todos precisam viver voltados para isso. Cada um com seu cada qual. Mas o intrigante desse livro do FCL é o deslocamento do pensamento sociológico sobre o comportamento humano de forma tão radical para a esfera do mercado, do consumo e da produção de marcas e modelos de venda.
O livro Consumo Autoral, aliás, deve ser lido pelos que se interessam pelos temas de consumo nos dias de hoje – desde artistas e intelectuais até produtores de conteúdo, designers, cool hunters, head hunters, trend hunters e alhures. Para fazer jus à quantidade de informações que fazem pensar, seria necessária uma resenha imensa, um estudo sério sobre os diversos conceitos e idéias que são apresentadas. Mas como não vou escrever a resenha, sigo aqui mais um pouco.
O caso das Megatrends, por exemplo, são inquietantes. Dividindo o mundo em tendências estruturais – como faziam os sociólogos com os grupos políticos ou econômicos – o FCL nos apresenta seis formas de consumo que, de certa forma, não há como negar que a leitura deles é perfeita sobre o que tem rolado de tendências de consumo hoje em dia. Quando lemos estas megatrends, ou nos identificamos com alguma delas, ou identificamos alguém que conhecemos. As seis megatrends e suas cidades modelos são:
– Consumo compartilhado (Seul)
– Consumo arquetípico (Lomé)
– Consumo transitivo (Moscou)
– Consumo como memória vital (NY)
– Consumo de ocasião (São Francisco)
– Consumo decontractive (Sidney)
Para cada um, uma lista de padrões de comportamento. Para o primeiro, a experiência compartilhada, os fanáticos por File Sharing, festivais urbanos como cultura emocional, produtos para usos compartilhados e identidades participativas etc. Para o segundo, experiências locais excelentes, relação entre indústria e artesanato, centralidade dos processos produtivos (de onde vem o que como? Qual a procedência desse tecido etc), turismo fundado sobre qualidade do lugar etc. Para a terceira, produtos com forte carga afetiva, jogo como propulsor do consumo, o mundo infantil como fonte de inspiração, experiências intergeracionais etc. Já o quarto, de NY, é baseado em regeneração dos estilos do passado (brexós e vintage), recombinações entrecruzadas de culturas étnicas, valorização permanente dos objetos de culto, capacidade de contar através da memória etc. E por aí vai…
Esta divisão por tendências da população mundial demanda uma pesquisa frenética com mais de 50 pesquisadores do FCL espalhados pelo mundo todo, pelas grandes e pequenas cidades, anotando, fotografando, rabiscando, dissecando, esquadrinhando o consumo e o comportamento. Morace cita Duchamp, Benjamin, Alvin Tofler, Lipovestky e após definir as mega tendências, investe por fim no tema central de seu trabalho: a idéia de Geração como empresa criativa. Cada núcleo geracional tem um perfil sociologicamente definido e descrito, com seus países eleitos e todas as possibilidades de se pensar consumo, mercado, sedução de objetos, invenção de demandas etc. Sempre lembrando que quem pauta o produto é o próprio consumidor, e não vice-versa. O produto é um objeto que ganha sua forma final a partir do entendimento do que querem dele – quase uma proposta artística em aberto, onde o objeto se molda ao desejo do espectador. Um sabonete não é mais “apenas um sabonete”, mas ele vende a você o frescor da natureza, a pureza das castanhas do Pará com amêndoa, a exclusividade de pagar por uma marca tradicional (caso você compre sabonetes da Granado, por exemplo) e por aí vai…
Vale apenas citar o único núcleo geracional que o Brasil é citado como país eleito, estudo de caso: é o núcleo das Singular Women (35-50 anos). A descrição:
“A singularidade feminina é expressa por mulheres sempre mais audaciosas, seguras de si, sem conceitos preestabelecidos. A tendência coincide com o enfraquecimento da identidade masculina, do ponto de vista estético, apesar das invenções do metrosexual ou do ubersexual [sic] que temos visto somente em revistas ou nas propagandas com Bechkam e depois com os campeões de rúgbi”.
Bem, escrevi este post mais como estupefação pelo livro de Morace e do FCL do que propriamente por ter algo a falar sobre isso… Aconselho aqueles que se interessam pelos temas do consumo, da nova economia, da reinvenção das profissões e do trabalho a lerem o livro. Ainda cabem algumas idéias, como por exemplo o extremado eurocentrismo, o verniz sociológico para no fundo ensinar como vender, a reinvenção do discurso intelectual em um mundo mercantilizado, mas escrevo em outra oportunidade porque o texto já ficou grande e, dependendo da megatendência que você leitor pertença, o consumo de textos não é a principal característica do “seu perfil geracional”.
Dancing Cheetah com Edu K – HOJE na Matriz
Desenho da Folha
Slim Jim Phantom, um Stray Cats desgarrado – HOJE na Lapa
James McDonell ninguém conhece. Mas Slim Jim Phantom, o longilíneo baterista do Stray Cats, todo mundo sabe quem é. Pelo menos a galera fã de rockabilly. Desde a primeira vez em que o Stray Cats se desfez, Slim Jim nunca deixou de agitar alguma coisa. Seja abrindo um clube de rockabilly na Sunset Strip, em Los Angeles (o Cat Club), seja formando inúmeras bandas com amigos (a mais nova inclui até o ex-Sex Pistols Glen Matlock). Enquanto isso, o Stray Cats está por aí, se reformando para tocar em festivais de verão ou ocasiões especiais, como já rolou este ano. Nos intervalos, Slim Jim excursiona com o seu trio, e vai tocar no Rio, pela primeira vez, nesta quinta-feira, no Estrela da Lapa, com abertura da local Big Trep. E aí, Jim?
— Toquei com os Stray Cats agora mesmo, em março e abril, fizemos alguns shows na Europa, na Austrália e na Nova Zelândia, e também nos Estados Unidos, numa ocasião especial, para festejar os 50 anos do Brian Setzer (o vocalista da banda).
Embora seja a primeira vez de Phantom no Rio (toca com uma banda formada para a ocasião), ele já esteve pelo Brasil algumas vezes, solo ou com os Stray Cats.;
— A primeira vez aqui foi há uns 20 anos, com o Stray Cats, em São Paulo. Depois, voltei umas duas vezes, acho, para shows em São Paulo com minha banda.
Mas aqui no Rio está crescendo também, Jim, com festas e novas bandas. Aliás, qual será o repertório dos shows no Rio e em São Paulo, algum material novo?
— Tocaremos algumas dos Stray Cats, rockabilly em geral e alguns clássicos do blues.
E como é a banda que o estará acompanhando aqui?
— Conheci a banda agora, ainda vamos ensaiar o repertório. Há um cara da Argentina no baixo, mas estou trazendo comigo o guitarrista Jimmy Rip (que está produzindo um disco com o reformado Television, e é um respeitado músico de aluguel que já tocou com nomes que vão de Deborah Harry//Blondie, Rod Stewart, Mick Jagger e até Willie Nelson), vamos nos entrosar rápido, já toco com o Jimmy há tempos.
Aí, quando acabar esta turnê sulamericana, Slim Jim estreia sua nova banda, em agosto. E que banda. Saquem só os nomes: o inglês Chris Spedding (que, além da careira solo, tem extensa lista de produções, incluindo as demos dos Sex Pistols, e já tendo tocado com Elton John, Paul McCartney, Brian Ferry e Brian Eno, entre muitos outros), o também inglês Glen Matlock (o baixista original dos Sex Pistols) e Robert Gordon (veterano cantor de rockabilly americano). Ou seja, um timaço.
— O meu novo projeto com Robert Gordon, Chris Spedding e Glen Matlock vai estrear em agosto com alguns shows de aquecimento, e daí botaremos o pé na estrada.
Catálogo – HOJE no Canal Brasil
O diretor Marcos Ribeiro e a equipe da Tv Imaginária estiveram no ateliê outro dia para gravar o programa Catálogo. A conversa/entrevista vai ao ar hoje, dia 02 de julho, ás 20:15 no Canal Brasil (66 da NET). Parece que passa uma reprise na sexta as 06:30.
Outras informações:
www.globosat.globo.com/canalbrasil
Acessando www.youtube.com/tvimaginaria é possível assistir trechos de diversos programas da série Catálogo.
Música de Twitter
Bernardo Mortimer, do Sobremúsica, é o responsável por essa entrevista com Dodô Azevedo e Felipe Schuery. A foto abaixo também peguei no Sobremusica e assim que Bernardo me mandar o crédito eu coloco aqui. Castiga DJ!
Beleza, exagerei no ‘música de twitter’, mas a celebração do mosaico e da metonímia para qualquer peça de arte/informação/entretenimento é o espírito da coisa nos trabalhos de Dodô e Felipe Schuery. Um não tem nada a ver com o outro, mas são dois primos de primeiro grau da época em que vivemos, em que negar foi superado por incorporar (embed, me add, mix edit, quantas formas de dizer a mesma coisa…)
A conversa foi por e-mail, três perguntas comuns e um perguntando ao outro. O resultado é esse aí de baixo, e se não tiver lido a resenha sobre os discos, ou desce um pouquinho a tela, ou clica aqui.
sm: Ouvindo o trabalho dos dois, e conhecê-los pessoalmente ajuda a reforçar a impressão, permite notar referências claras a um mesmo universo de leituras na internet, a um mesmo conjunto de fontes de informação primeiro musical e em segundo lugar pop. Queria que cada um falasse um pouco da rotina pessoal em relação a internet, sites preferidos, tempo gasto online, principais vícios/hábitos…
D: Acordo, dou beijinho na mulher, faço carinho na gatinha, escovo os dentes, pego o macbook e entro na internet sem culpa. Um laptop conectado 20 horas por dia é o futuro da rotina do cidadão médio. Em 10 anos não haverá mais desktops na casa das pessoas. Twitter e facebook são, hoje, minha 1ª fonte de informação. Se quero me aprofundar, também faço pela net. TV é entretenimento. Tenho hábito de escutar bandas indies novas, só pra me certificar que o rock do séc 21 não vale muita coisa. Portanto, minhas influências musicais são exclusivamente cultura do séc 20. Site preferido: o meu twitter, onde assino os blogs de pessoas bem informadas e sem compromisso com corporações.
FS: Enquanto estou em casa, praticamente o tempo todo o computador está ligado. O óbvio: o skype é meu telefone; o gmail, meu correio; a web, meu jornal, minhas obras de referência, minha televisão, meu som, minha loja, meu livro de receitas, etc. Então não conseguiria te dizer quanto tempo eu fico online, pode ser muito ou pouco, mesmo com o computador sempre ligado. Acesso blogs de música e cultura pop, portais de notícia, sites de fofoca, de literatura. O twitter tem sido uma espécie de sumário, ponto de partida para me informar. Fora de casa me desligo, portabilidade ainda não.
sm: Cada um a seu modo optou por tratar do excesso de informação atual não só tematicamente mas esteticamente. E são dois trabalhos auto-produzidos e auto-publicados. Queria saber se vocês estão mais para a angústia ou para a excitação quando pensam em excesso de informação, e se não acham que o termo “excesso” às vezes se confunde com “repetição”, “distração”, “ruído estático”? Aí junto uma provocação: Será que considerar que há informação demais não é parte da dificuldade do homem em lidar com a dúvida?
FS: Existe nome para angústia misturada com excitação em medidas exatas? Me delicio, aproveito esse banquete de informação, mas não relaxo, os talheres tremem, esbarro no copo, sujo a toalha. Comer muito bacon é bom demais. Essa porra vai entupir minhas artérias. Como eu gosto de fofoca de celebridade e bizarrice. Poderia estar correndo no parque. Ao mesmo tempo em que sempre acho que estou perdendo algo, penso em como seria bom ter perdido muito do que já consumi (isso não acontecia antes, com televisão, jornais e revistas). Faço com culpa. É o que a masturbação foi para o meu pai. No meio dos dilemas, o ato é uma curtição. O problema é mais meu do que da internet, certo?
D: O Alguma Coisinha tem 12 anos de idade, sendo publicado apenas agora. Naquela época, me preocupava com o excesso de informação, vertigem da tecnologia, essas coisas. Era um ingênuo. Nosso cérebro se adapta, sempre se adaptou, mostra a História da Humanidade. Pelo menos essa ingenuidade rendeu ótimas letras. Uma condição para ser um letrista decente é cultivar ingenuidade e tolice no coração. Hoje, não acho que há ruído, diluição ou qualquer conotação ruim em relação ao modo que as informações transitam na internet. Meus alunos, tanto do Ensino Fundamental quanto do Ensino Médio, dão uma lição em nós e matam a bola (essa pretensa “dificuldade do homem em lidar com a dúvida”) no peito com elegância. Ficamos parecendo aqueles matutos do século 19 satanizando a invenção do carro.
sm: Agora uma mais facinha: a primeira analogia que vem à mente em um trabalho como o de cada um de vocês é a do ‘do it yourself’ punk, mas há outras. Penso em beatniks, precisando publicar para se manter afastado de uma loucura/inadequação. Ou em blogueiros criando universos particulares para confrontar sadiamente ego e solidão. Imagino que existam outras. O que há por trás do impulso de cada um em investir na produção de um disco hoje sozinho assim e postá-lo para quem está ao redor?
FS: Foi disco feito para ficar ultrapassado. Desde que comecei a fazer, pensava em ouvi-lo daqui a dez anos, como reunião de croniquetas de uma época. Foi o impulso maior. Mais: o custo do “data crônica” foi a luz que gastamos e as cervejas que bebemos; investi na satisfação entre amigos, no prazer de ver canções de voz e violão transformadas por outros músicos, na sensação de ser produtivo, na distração da rotina, na curiosidade pelo impacto daquilo em outras pessoas.
D: Em uma palavra: sexo.
FS: As músicas do “Alguma coisinha” resultaram do seu fascínio pelo SoundForge, software de gravação de som, e trazem samplers de diversos artistas. O reprocessamento da criação cresceu em progressão geométrica (sabemos que sempre existiu) com a digitalização da informação na música. Para a literatura: recentemente J.D. Salinger entrou na justiça contra a continuação do Apanhador no Campo de Centeio, feita por outro escritor [sueco]. Se existem, quais são as diferenças entre música e literatura no campo de direito autoral e reprocessamento da criação? Sua literatura mudou como resultado do uso de algum software (fazer buscas para eliminar repetição e vícios de linguagem, como exemplo banal)?
D: Quando escrevo um texto jornalístico, ou um artigo, vou no google. Apesar de, para certas referências, acredite, uma boa biblioteca física é incomparável. Exemplo: na Internet não há quase nada sobre a Nouvelle Vague ou sobre Vitrúvio. Quando escrevo um romance, consulto, sempre, os personagens que estão dentro da cabeça. Sampler, mashups, sratch: tudo isso pode ser encontrado na literatura, antes mesmo de se verificar esse assunto na História da Música. A Bíblia é o exemplo definitivo de samplers de lendas orientais, mashups com teologia bizantina, remixes feitos pelos monastérios, remasterizações luteranas. A Biblia é o Paul’s Boutique dos livros. E quem questiona a autoria da Biblia? O que eu quero dizer é que se é bem feito, se funciona, transcende o modo como foi construído. Não vou nem falar de Jorge Luis Borges, cuja obra é só remix e mashup e sampler e remasterização.
D: Agora que a atenção dispensada a audição de uma música é mínima (dar um play no myspace e interromper a canção no meio, conhecer o disco novo de sua banda favorita pelo iPod no metrô a caminho do trabalho), que tipo de importância ela, a Música, tem hoje?
FS: Esse tombo histórico da indústria fonográfica tradicional é acompanhado pelo aumento do consumo de música. E isso não é paradoxal, a relação é direta. Conseguir a gravação do seu artista preferido ou conhecer uma banda nova ficou muito mais fácil, a cliques de distância, e quando não é de graça, não é caro. Música para a nova geração é como água, luz, televisão. Você paga pouco, tem e pronto. É só abrir a torneira, tocar no interruptor, apertar um botão que vem. Essa facilidade, assim como banaliza a audição, multiplica as comunidades em torno de algo musical (uma banda, um festival, uma festa, um blog). Se a atenção dispensada à audição de uma música é mínima, ao mesmo tempo conhecemos mais músicas, ouvimos um número maior de artistas, existem mais galhos, ampliamos o leque de ligações com outras pessoas. Ouvir e compartilhar música é se enturmar. E se somos consumidores, o que vem a reboque? As empresas se apressam para associar sua imagem à música, oferecem o disco novo de um artista embutido no seu produto e investem pesado em novos festivais. Música gravada dá a coceira e a experiência real (os shows) cura a coceira. Dessacralizar a audição nos leva agora a uma escala diferente do encontro, da experiência real. Não é coincidência que hoje temos trocentos Woodstocks pelo mundo, trocentos festivais independentes estabelecidos no Brasil. Música sempre foi liga para comunidades temporárias, redes sociais, virtuais ou reais, mas hoje potencializou-se nesse sentido.