No próximo dia 25 de março inauguro a exposição individual Balanço Geral com 4 esculturas inéditas no Atelier Subterrânea em Porto Alegre. O atelier, situado na Av. Independência, n° 745/Subsolo, é o local de trabalho de seis artistas e também funciona como um espaço independente de artes visuais que promove exposições, cursos e eventos diversos, desde 2006, para o público interessado em arte. Em breve colocarei imagens das esculturas do balanço total aqui no b®og.

Menos de um ano depois de abarrotar o Cinematheque de gente bacana e receber Caetano Veloso, Lenine, Dadi e Nina Becker na temporada Jonas & Convidados em abril de 2009, Jonas Sá volta à casa para mais uma série de três shows às quintas-feiras.

A estreia, hoje, tem participação especial de Jorge Mautner, seguido de Arnaldo Antunes (25/02) e Rubinho Jacobina (04/03).

 
Carlos Zilio, Identidade Ignorada (Ignored Identity), 1974. Photograph

ICI Kulturlabor Berlin / Institute for Cultural Inquiry
Christinenstr. 18/19, 10119 Berlin – Tel: 030 / 473 7291 10
www.ici-berlin.org – Lageplan

Feb 19, 19:30. Finissage: Guilherme Bueno, “Missed Bodies”

To mark the finissage of the Demian Schopf exhibition “Silent Revolution”, curated by Paz Guevara and Elena Agudio, the art historian Guilherme Bueno is giving the lecture entitled “Missed Bodies”.

Guilherme Bueno will talk about the meaning of the body in modern Brazilian culture and analyse some works of contemporary Brazilian art from the late 60′ and early 70′ (e.g. Cildo Meireles, Arthur Barrio, Antonio Manuel and Carlos Zilio) in which the image of death is present.

Guilherme Bueno, PhD in Art History, is currently Director of the Museum of Contemporary Art in Niterói (Rio de Janeiro) and professor of Brazilian Art History at the School of Visual Arts – Parque Lage (Rio de Janeiro).

Time: 19 February 2010, 19:30

Location: ICI Berlin

February 20 – March 20, 2010
Opening Reception February 20, 7-10 pm
Minimum Yields Maximum curated by Gina Osterloh
MM Yu, Roya Falahi, Yason Banal, Ringo Bunoan, Joshua Callaghan, Kent Familton, Louie Cordero, Hong-An Truong, Reanne Estrada, Poklong Anading, Lena Cobangbang, Gary-Ross Pastrana

Monte Vista is pleased to announce Minimum Yields Maximum, a group exhibition curated by LA-based artist Gina Osterloh, featuring work by artists from the Philippines, Vietnam, and Los Angeles. Along with the exhibition, Monte Vista will host a book release event for Sarita See’s (Asian/Pacific Islander American Studies, University of Michigan) new book The Decolonized Eye: Filipino American Art and Performance. All of the author proceeds will go to the environmental justice organization FACES (Filipino American Coalition for Environmental Solidarity).

The artists in Minimum Yields Maximum work through a conceptual lens that considers everyday materials, and often engages greater social inquiries—a type of art practice that is both wide-ranging and inclusive. Many of the artists from the Philippines have studied and/or collaborated with artist and teacher Roberto Chabet. Perhaps this exhibition is a reminder that the Philippines has never hailed a singular geographical identity. It is also an appeal to shift art history, to consider a conceptual and political art model that includes the Pacific Rim. Most importantly, as an artist I have felt a strong resonance between the selected works from Manila and those from the United States. The works in this exhibition refuse to be easily identified or placed geographically. Instead, they build upon structures of loss, humor, rupture, trauma, and obliteration.

More information about the exhibition is at http://montevistaprojects.com/current.html

Em outubro do ano passado o Ateliê da Imagem realizou o projeto Máquinas de Luz: 1o. Fórum das Imagens Técnicas.

O primeiro debate agora está disponível no Vimeo.

Imagens ou Clichês teve a participação da filósofa Maria Cristina Franco Ferraz, da pesquisadora e editora de fotografia Claudia Buzzetti, do fotógrafo Pio Figueiroa, do coletivo Cia de Foto, e mediação da fotógrafa e pesquisadora de fotografia Claudia Linhares Sanz.

Em breve o conteúdo dos outros 3 debates estará disponível on-line também!

o texto abaixo é do site jusBrasil.
a foto é minha mesmo.
Vergara concorria na categoria artes visuais com Vik Muniz e a galeria Gentil Carioca.

Com apresentação do comediante Bruno Mazzeo, homenagens ao teatrólogo Augusto Boal, ao maestro Heitor Villa-Lobos, à atriz Fernanda Montenegro, ao funk carioca, e apresentações de grupos como o Tira a Poeira – com participação de Elza Soares – e de bailarinos da companhia da coreógrafa Débora Colker, o novo Prêmio de Cultura do Estado do Rio, em sua primeira edição na gestão do governador Sérgio Cabral, chegou para ficar. O projeto, fruto da junção de três prêmios de cultura do estado – o Golfinho de Ouro, o Estácio de Sá e o Governo do Rio de Janeiro – é uma iniciativa da Secretaria de Estado de Cultura, e busca valorizar a arte fluminense em sua diversidade.

Realizado no Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes, nesta quarta-feira, o prêmio contemplou 15 artistas nas categorias Teatro; Dança; Circo; Artes Visuais; Empreendedorismo; Audiovisual; Comunicação; Literatura; Música Erudita; Preservação do Patrimônio Histórico Material ou Imaterial; Registro; Gastronomia; Moda e Música Popular.

Cada vencedor recebeu R$ 10 mil, além de um troféu inspirado em criação do artista plástico Jorge Barrão.

Presente no evento, acompanhado da primeira-dama do estado, Adriana Ancelmo Cabral, o governador Sérgio Cabral, assistiu à entrega das premiações, além de participar da homenagem à atriz Fernanda Montenegro subindo ao palco para entregar um ramo de flores à artista. Antes do início da cerimônia, Cabral falou sobre a relevância do evento e sobre os investimentos que serão feitos neste ano de 2010 no setor de cultura.

– São 15 categorias escolhidas de uma maneira justa, qualificada. Temos hoje mais de 1% do orçamento aplicado em cultura. Neste ano de 2010 serão mais de 80 milhões de reais só em ICMS aplicado em cultura, mais o orçamento da fonte do tesouro, mais as parcerias com o governo federal. E se Deus quiser, a abertura do Municipal será em março. Mas um presente para a população do Rio de Janeiro – destacou o governador.

De acordo com ele, o Prêmio de Cultura do Estado do Rio de Janeiro representa o crescimento e o desenvolvimento da gestão cultural no estado do Rio de Janeiro.

– O prêmio de cultura é um ápice de uma gestão do estado de juntar todos os prêmios em um único. A gestão da cultura no estado deu um salto extraordinário nestes três anos, o orçamento para cultura nunca foi tão grande como tem sido nestes três anos. O poder público tem que ser um indutor e um estimulador. O prêmio é exatamente isto: induzir, e estimular aqueles que fazem cultura. O estado não faz cultura, ele estimula cultura – acrescentou.

Para a secretária de Cultura Adriana Rattes, o prêmio pode ser definido como junto e misturado por se tratar de um evento que investe na pluralidade e na riqueza de talentos do Rio de Janeiro:

– Acho que a premiação sintetiza a diversidade da cultura. O prêmio é uma lei estadual, estamos reeditando. Ele estava parado há uns dois anos – ressaltou.

A bailarina Ana Botafogo, convidada para entregar o troféu na categoria dança, comemorou o retorno da premiação.

– Acho que é muito importante que o governo reconheça os artistas da sua terra, e é claro que nós artistas estamos vendo o prêmio com muito carinho por ver o trabalho de muita gente sendo reconhecido. Acho importante também desvendar novos talentos e estou muito feliz de ver a dança representada em uma das categorias.

Premiado na categoria Gastronomia, o grupo Casa de Cultura Machadinha, da cidade de Quissamã, agradeceu o apoio do Governo do Estado. O espaço recebeu o troféu por valorizar a cultura dos descendentes de escravos. Segundo Aroldo Carneiro, secretário de Desenvolvimento Econômico e de Turismo de Quissamã, o prêmio é um reconhecimento importante que impulsionará cada vez mais a cidade a inovar.

– O município de Quissamã vem investindo na valorização de nossa cultura local, nós temos a comunidade quilombola de Machadinha que mantém a culinária e dança de descendentes de escravos. Nós aproveitamos uma antiga cavalariça e fizemos um receptivo turístico que é a Casa de Artes Machadinha. Lá oferecemos um almoço com a culinária resgatada das receitas do século XIX, que eram praticadas nas antigas senzalas, e até hoje a comunidade mantém o costume da dança do jongo, do fado e também do artesanato – comemorou.

Veja a lista de premiados:

Música Popular – Maria Gadú
Música erudita – Sociedade Musical Bachiana Brasileira
Teatro – Festival Internacional de Teatro de Angra dos Reis
Registro – Evandro Teixeira
Patrimônio material – Museu Casa do Pontal
Patrimônio Imaterial – Professor Bráulio Nascimento
Empreendedorismo – Festival Vale do Café
Circo – Circo Baixada
Dança – Irlan Santos
Audiovisual – Cine Mais – Bom Jesus de Itabapoana
Literatura – Ana Maria Machado
Comunicação – Heloísa Buarque de Hollanda
Artes Visuais – Carlos Vergara
Moda – Adriana Fernandes
Gastronomia – Casa de Artes Machadinha

Escultura da série Boxer no stand da galeria 3 mais 1 na Feira de Vigo, ao fundo tela da Gabriela Machado. A pedra branca é o mármore de Estremoz.

O Projeto Sexta-Livre abre a programação de 2010 com a premiada fotógrafa do Jornal O Globo, considerada uma das maiores fotojornalistas brasileiras. Marcia vai apresentar imagens colhidas em 20 anos de fotojornalismo: uma retrospectiva de duas décadas em registros da vida social e política brasileira, hard news ou ensaios pessoais, publicados ou não publicados, mas que mostram o homem na sua luta diária.

MARCIA FOLETTO
Gaúcha de Santa Maria, começou a trabalhar como repórter-fotográfica em jornais do interior do Rio Grande do Sul, passando pelo jornal Diário Catarinense, em Florianópolis. Desde 1991 integra a equipe do jornal O Globo, participando de diversas coberturas importantes como a Rio-92, a chacina da Candelária em 1993 e as eleições presidenciais de 1994 à 2006.Nos últimos anos, Marcia se especializou na cobertura de cidade e polícia, registrando também o dia a dia da guerra urbana entre policiais e traficantes.

Em 1995, recebeu o Prêmio Finep de Fotojornalismo por uma foto de crianças sendo revistadas por soldados do Exército em uma favela do Rio de Janeiro. Em 2003 e 2007 venceu o Prêmio CNT de Fotojornalismo, com as fotos “Vôo Duplo” e “Trem-Bala”, respectivamente. Em 2004 ganhou o Prêmio IBCCRIM de Fotojornalismo com a foto “Infância no Morro”. Também em 2007 ficou em primeiro lugar no Prêmio Fotografe Melhor, na categoria preto e branco, com uma foto do Sambódromo do Rio de Janeiro. Em 2009 foi uma das vencedoras da categoria Foto Única do 2º Prêmio Foto Arte Brasília. Entre as exposições que participou destacam-se as coletivas “Fotojornalismo Brasileiro 1990-95” (Fundação Bienal de São Paulo, em 1995); “Brava Gente Brasileira”, no Museu da República, em 2000; “Brasil: 100 Fotógrafos Retratam o Cotidiano em 24 Horas”, no MIS de São Paulo, em 2000; “Retratos da Lida”, no Centro Cultural Banco do Brasil, em 2003; “Direitos Humanos – A Declaração da Vida”, no Centro Cultural da Justiça Eleitoral, em 2008. Em 2006, Marcia apresentou uma retrospectiva do seu trabalho na exposição individual “Quando o Ofício Encontra A Arte”, no Oi Futuro, no Rio de Janeiro.

A partir de 30 de Janeiro de 2010 A GENTIL CARIOCA apresentará a 6ª edição do ABRE ALAS. O projeto nasceu há 6 anos, quando, ao final do primeiro ano de vida da galeria, Marcio Botner, Laura Lima e Ernesto Neto perceberam que tinham um tesouro em mãos: cerca de 200 portfólios recebidos de artistas de toda parte. Os diretores da A GENTIL CARIOCA resolveram então aproveitar todo esse material em uma exposição que acontece desde 2005, próxima ao carnaval. Assim como o nome “Abre Alas” remete ao carro que inaugura o desfile das escolas de Samba, o projeto ABRE ALAS é uma exposição que pretende abrir espaço para jovens artistas de todo o Brasil. Com o tempo, a exposição passou a ser internacional, abrindo espaço para artistas de todo o mundo. Ao longo desses 6 anos, mais de 100 novos nomes participaram do projeto. Entre eles: Mariana Manhães, Gustavo Speridião, Gabriela Maciel, Lourival Cuquinha, Maria Nepomuceno, Rachel Reupke, entre muitos outros. A GENTIL CARIOCA funciona assim como uma vitrine, e se alegra ao ver que os artistas apresentados no projeto seguem seu caminho fazendo parte dessa rede maior.

Em janeiro de 2010, o ABRE ALAS vai para seu 6º ano. Sabendo da importância de dar continuidade ao projeto para sedimentar seu pensamento, Marcio Botner, Laura Lima e Ernesto Neto buscam incentivar a produção de jovens artistas, abrindo oportunidades, agregando valor e contribuindo para uma potencialização das redes e trocas entre artistas, galerias, colecionadores e público.

Para a edição de 2010 foram convidados para realizar a seleção dos artistas os curadores Beatriz Lemos, Felipe Scovino e o artista Guga Ferraz.

CAMISA EDUCAÇÃO
A GENTIL CARIOCA realiza o projeto Camisa Educação desde 2005. A cada nova inauguração na galeria convidamos um artista a realizar um projeto para uma camisa na qual a palavra “educação” está escrita. Nesta edição haverá o lançamento da Camisa-Educação do artista Bob N.

PAREDE GENTIL
A Parede Gentil é um projeto no qual a fachada lateral da galeria é ocupada a cada quatro meses com uma nova intervenção, apoiada por um colecionador. Desse modo, A GENTIL CARIOCA busca incentivar o colecionismo e criar uma relação com a rua e a comunidade entorno da galeria, no caso, a SAARA. A partir do dia 30 de janeiro, A GENTIL CARIOCA apresentará intervenção de Neville d´Almeida, com o gentil apoio do colecionador Christian Just-Linde.

ABRE ALAS 6
Artistas:
André Amaral (RJ)
Barbara Wagner (PE)
Bruno Jacomino (RJ)
Bruno Vilela (PE)
Catarina Lira Pereira (Portugal)
Coletivo Filé de Peixe (RJ)
Elvis Almeida (RJ)
Felipe Fernandes (RJ)
Gabriel Colaço (Portugal)
Isabela Sá Roriz (RJ)
Luiz Roque (RS)
Nicolas Grum (Chile)
Rafael Adorjan (RJ)
Raoni Moreno (RJ)
Ricardo Villa (SP)
Sergio Zevallos (Peru)
Studio móvel experimental (RJ)
Vijai Patchineelan (RJ)

ABRE ALAS 6
abertura 30 de janeiro de 2009 de 16h às 20h
exposição de 02/02 a 27/02/2010

Lançamento da camisa educação por Bob N

Parede gentil por Neville d’Álmeida de 30 de janeiro a 05 de junho de 2010
gentil apoio de Christian Just-Linde

Performances de Sergio Zevallos e Filé de Peixe

Som com La Rica e DeMillus & Duloren

A GENTIL CARIOCA
Rua Gonçalves Ledo, 17- Sobrado
Centro- Rio de Janeiro- 20060-020
Tel: 21 2222-1651 21 2222-1651 21 2222-1651 21 2222-1651
Abrimos de terça a sexta-feira das 12h às 19h e sábados das 12h às 17h.
correio@agentilcarioca.com.br

FILE lança prêmio internacional na área das linguagens eletrônicas.

O FILE PRIX LUX é um prêmio internacional que será concedido a profissionais na área das linguagens eletrônico-digitais. Trata-se de um prêmio para a arte do século XXI, uma iniciativa inédita na América Latina. A premiação ocorrerá em 26 de julho de 2010, no teatro do SESI – São Paulo, juntamente com a exposição do FILE 2010.

O FILE PRIX LUX concederá sete prêmios (primeiro lugar, segundo lugar e cinco menções honrosas) para cada uma das três categorias, oferecendo assim 21 prêmios em dinheiro no valor total de 285 mil reais. Além da seleção do júri, haverá votação popular que será feita através do site do FILE PRIX LUX. As categorias são: arte interativa, linguagem digital e sonoridade eletrônica.

É importante salientar que os projetos não contemplados com premiação também poderão participar da exposição, caso sejam aceitos pelo comitê julgador.

As inscrições são gratuitas e deverão ser feitas entre 11 de Janeiro e 05 de Março de 2010 no site do FILE PRIX LUX.

Para mais informações, visite  o site FILE.

Nesta terça, a Dancing Cheetah orgulhosamente apresenta, diretamente de Cordoba, Argentina, o duo de cumbia digital Frikstailers.

Quem conhece a Cheetah sabe que o rótulo “cumbia digital” abrange uma série de ritmos eletrônicos, além de hip hop, dub, dancegall, reggaeton, e, no caso dos Friks, muito baile funk!

Formado por Rafael Caivano e Lisandro Sona, o Frikstailers é um dos principais expoentes da nova cena de cumbia argentina. Já passaram por alguns dos mais importantes festivais de música em seu país de origem (Mutek Buenos Aires, Creamfields Buenos Aires, NiuFest!!!), além dos internacionais QuboCultural.Zip (Guadalajara – 2006), ExperimentaClub Festival (Madrid – 2007) and SXSW Festival (Austin, Texas).

Quem também toca na Cheetah é o Bimahead aka Dago Donato, um dos donos da Neu (a, digamos, Casa da Matriz de São Paulo), e patrono de uma das festas mais bacanas do Brasil, a Explode! Dago é fera no global guettotech e com certeza vai fazer bonito hoje!

Quer saber mais sobre o Frikstailers? Baixe mp3s e assista a um vídeo clicando aqui.

Pli selon pli é o nome do trabalho que Vicente está apresentando no Projeto Parede do MAM-SP. Peguei as informações abaixo e o vídeo no bom site do MAM, que vai inaugurar a exposição Desfazer o espaço do americano Gordon  Matta-Clark no dia 11 de fevereiro.



Vicente de Mello é o artista convidado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo para conceber o novo trabalho do Projeto Parede, que ficará em cartaz de 12 de janeiro (terça-feira) até o fim de junho de 2010. Para ocupar a grande parede que liga o hall de entrada à Grande Sala, o artista foi buscar no compositor francês Pierre Boulez a inspiração para criar Pli selon pli.

Boulez inspirou-se nos poemas do também francês Stéphane Mallarmé (1842-98) para compor a música Pli selon pli, cujos cinco movimentos levam cada um o nome de uma poesia de seu conterrâneo. Mello compôs sua obra homônima com fotos de postes de Varsóvia, Polônia, onde fez uma residência em 2008 e deu por encerrada sua busca pelas relações entre fotografia, desenho e música.

Assim como com Pli selon pli, a música, Pierre Boulez passou a considerar novos caminhos para sua obra, Vicente de Mello considera o Projeto Parede como uma porta para a liberdade concedida ao artista.

Para explorar o caráter de passagem do corredor, Mello optou por imprimir as fotos em papéis de lambe-lambe, sendo aplicadas diretamente à parede. Com as formas simples e precisas distribuídas pelo espaço, o resultado é uma grande partitura.

Segue abaixo a coluna do Marcelo Coelho da Folha de São Paulo publicada na última terça no caderno Ilustrada.

Não é a primeira vez que alguém grita “o rei está nu” no reino encantado da arte contemporânea

NINGUÉM GOSTA de ser enganado, é claro. No livro “A Grande Feira” (ed. Civilização Brasileira), o jornalista Luciano Trigo expressa com vivacidade aquilo que todo mundo sente com relação a uma área, a arte contemporânea, em que a enganação parece fazer parte das regras do jogo.
Exemplos escandalosos e insultantes existem de sobra, embora o livro de Luciano Trigo não os apresente em muita quantidade. Prefiro não lembrar o nome do artista que simplesmente despejou um carregamento de lixo na galeria de arte, dizendo que aquilo era sua exposição. Não é metáfora: lixo mesmo, transportado de um depósito ali perto.
Certo, trata-se de um “vale-tudo”, como diz Luciano Trigo, que há uns dois anos comprou essa briga em artigos de jornal e no seu blog “Máquina de Escrever”. Devia saber, imagino, o tipo de reações que sua disposição polêmica tende a despertar. Muita gente aplaude aliviada, enquanto o silêncio e o desprezo são de praxe nos setores especializados: o autor não entende nada, e, afinal, é só um jornalista…
Desconfio que a irritação e mesmo a raiva, presentes no estilo de “A Grande Feira”, intensificam-se devido a essa espécie de “pecado original”. Se o livro de Luciano Trigo acaba ficando excessivamente retórico e repetitivo, é porque, sem dúvida, ele tem o pressentimento de estar dando murros em ponta de faca.
Afinal, não é a primeira vez que alguém grita “o rei está nu” nesse reino encantado da arte contemporânea. Em “Cultura ou Lixo?”, livro (mal) traduzido há tempos no Brasil, o crítico James Gardner batia na tecla de modo igualmente veemente, mas com uma maior quantidade de informações.
Infelizmente, “A Grande Feira” padece de muita generalização e redundância, e, quando Luciano Trigo afirma que nem todos os críticos foram comprados pelo sistema e que nem todos os artistas contemporâneos são empulhadores, o leitor naturalmente gostaria de saber quem são eles.
Muito diferente, na intenção e no estilo, é a série de perfis de artistas contemporâneos escrita por Calvin Tomkins, da revista “New Yorker”. Duas das maiores implicâncias de Trigo – Damien Hirst e Jeff Koons – são tratados por Tomkins em textos minuciosos e simpáticos. “As Vidas dos Artistas” (ed. Bei) assume o tom quase melífluo de quem não quer se indispor com o entrevistado, mas, sempre que necessário, deixa presente, nas entrelinhas, um laivo de desqualificação.
O benefício da dúvida, na crítica de arte, nem sempre é sinônimo de timidez. Todos conhecem o exemplo de Monteiro Lobato, arrasando em 1917 uma obra de Anita Malfatti em termos semelhantes, para não dizer idênticos, aos empregados agora por Luciano Trigo em “A Grande Feira”.
“Ah, mas aquilo era diferente…”. Era e não era. Sem dúvida, Anita Malfatti não se beneficiava, como Jeff Koons ou Damien Hirst, de leilões milionários. Sem dúvida, as contestações modernistas eram autênticas, e não dá para acreditar que sejam “contra o sistema” eventos de arte que reúnem milionários russos, publicitários europeus e artistas de Hollywood.
Só que sempre foi estreita a ligação entre a grande arte e os poderosos de uma época. Rubens era tão astuto quanto Andy Warhol no que se refere a circular nas altas rodas. Por outro lado, há diferenças significativas entre obras conceituais nas quais não há rigorosamente nada o que ver, e determinadas produções que, seja como for, produzem impacto visual e se revestem de inegável carga emblemática.
O tubarão de Damien Hirst pode não ser um Van Gogh, mas já ficou como um símbolo de nosso tempo. Não me peçam a explicação. De resto, eu também não saberia dizer por que a “Mona Lisa” tem mais aura do que, por exemplo, “As Fiandeiras” de Velázquez.
O tubarão vale aquela fortuna toda? Acho que não; em “The $ 12 Million Stuffed Shark” (Palgrave-Mc Millan), o colecionador e especialista em marketing Don Thompson analisa, de forma desencantada e objetiva, a lógica econômica, altamente heterodoxa, do mercado de arte contemporânea.
Termino com uma pergunta. Damien Hirst não é Van Gogh. Mas será que um quadro de Van Gogh vale mesmo US$ 82 milhões? Foi quanto pagaram pelo “Retrato do Dr. Gachet”, 20 anos atrás. E nem havia tantos novos ricos naquela época.

texto de Jotabê Medeiros que saiu no Caderno 2 do Estadão essa semana e que eu peguei lá no site deles agora.

Editora Papagaio relança a obra literária completa de Fausto Fawcett, com três livros e mais dois inéditos, Favelost e o infantil Loirinha Levada, a partir de março

Fawcett na semana passada, em Copacabana

RIO – ENVIADO ESPECIAL

Uma  hora e meia com Fausto Fawcett num bar no Leblon, e tudo que ele bebe é uma garrafinha de água de 300 ml. A memória lembra dele nos anos 80 e 90 sempre com um copo de uísque na mão. Está magrinho e fala baixo, é até possível tomá-lo por um mero Fausto Falsete. Mas os olhos muito miúdos e o jorro vertiginosamente verborrágico confirmam: é ele mesmo, o grande vampiro visionário de Copacabana, o detentor do recorde mundial do maior número de versos já feitos no menor espaço de tempo para um único bairro do planeta.

Músico, escritor, poeta, colunista de jornais, divulgador  de loiras, Fausto Fawcett, o bardo que revirou o pop dos anos 80 e 90 com hits como Kátia Flávia e Juliette, está  agora com 52 anos. E seus tenazes admiradores vão vibrar com a notícia: a Editora Papagaio, de São Paulo, prepara-se para reeditar todos os seus livros – Santa Clara Poltergeist (1990), Básico Instinto (1992) e Copacabana Lua Cheia (2000). De quebra, vai lançar dois inéditos: Favelost e o infantil Loirinha Levada. Foi justamente esse o pretexto que levou a reportagem ao Rio para um encontro com Fawcett:

No mesmo dia que morreu o Michael Jackson, havia morrido a Farrah Fawcett. E havia só dois ramalhetes de flores para ela na Calçada da Fama. Foi ela que te deu o nome, não? O que acontece com as loiras?

O que acontece? Tudo, né? Tanto particularmente quanto para a mídia. Sem loira, fica difícil. Fica difícil para qualquer coisa, desde a burrice, para as piadas, até as loiras fatais.

Você falava muito nos anos 1980 dos programas militares americanos, dos bastidores do projeto Guerra nas Estrelas, e também abordava muito o simulacro baudrillardiano. Aquele futuro se realizou?

Ali pelos anos 90, até o meio da década, houve, para variar, uma euforia com essa nova ferramenta, o computador. Parecia que era só abrir um site e ficar milionário. Agora, nesta década, aconteceu que o povão mundial tomou conta. Aí, o que o neguinho quer mesmo é fofoca. As redes sociais envolvem muita gente. E teve gente que se pôs a pensar que isso era uma revolução, que as redes sociais nos trariam uma inteligência coletiva. Eu acho que o grande barato que se tem nessa situação tecnológica atual é a banalidade. Não temos mais aqueles sonhos positivistas, de que a ciência vai nos levar a uma excelência, a uma utopia. Não há dúvidas que temos mais conforto, temos uma capacidade gigantesca de armazenamento de dados, de informações. Mas essa meta de a gente chegar, com o  progresso, a algum lugar, não vai dar porque a gente é errado, maluco, trágico. Vai dar defeito. Então aquela onda do Baudrillard… O que eu gostava mesmo dele era aquele jeito meio apocalíptico, até meio obscurantista. Eu gostava da verve dele. Eu me lembro de um poema do Paulo Leminski que diz assim: “Um poema que você não entende é digno de nota/ Tem a dignidade de um navio perdendo a rota”. Então eu gostava daquele negócio do Baudrillard, não do simulacro, essas coisas que eram até divertidas, mas o lance daquele cara, aquele sociólogo, pensando de forma catastrófica a comunicação. Não tenho esse deslumbramento. Por exemplo: foi um auê quando apareceu o Second Life, e hoje ninguém se interessa mais pelo Second Life. Virou uma trucagem, mas era o grande hit, tinha empresa lá dentro, dinheiro. Mas as pessoas têm o Second Life aqui dentro (aponta para a cabeça). A publicidade já tem Second Life há 70 anos, sacou? Então aquilo ali é apenas um desenho animado.

Mas hoje temos situações efetivamente novas, como a mudança no eixo econômico mundial. E teve a frase do Stockhausen, que foi quase linchado quando falou que o atentado do 11 de Setembro ficaria como a grande obra de arte do século 21…

Para quem escreve, para o humorista, você acaba se interessando pelo tragicômico de tudo isso. Em última instância, um pedaço de carne com prazo de validade é um delírio, possibilita um ensaio mamífero ao autor. Tem de haver civilização, tem de fazer filho, cada vez que uma mulher abre as pernas e faz um novo tamagochi, você tem de trabalhar mais um pouco. Para os escritores, de uma forma digamos clássica, você tem de tratar a humanidade a socos e pontapés para a gente se aproximar mais do ser humano através do patético dele, da fraqueza dele, e com isso demonstrar a capacidade de força civilizatória. Aí entra moral, tecnologia, entra tudo, para dar sentido àquilo. Mas começando pelo dark side, pela falha. Porque senão não vai. Eu fico maluco vendo meia dúzia de reportagens sobre o filme Avatar, que ainda não vi. E a maioria das matérias diz que “é realmente uma crítica ao estágio em que estamos de deterioração”. Na verdade, é esse milenarismo do discurso do aquecimento global… Vai falar para os poloneses que morrem com 40º abaixo de zero sobre aquecimento global… Em Avatar, parece que o cara vai para um planeta que tem algum recurso, alguma iguaria mineral, e vão todos falando que é uma crítica porque lá estão povos da floresta, existe uma preservação, não sei o que mais…. Pô, a esta altura do campeonato o nego vem com uma conversa dessas? Não rola. Não rola porque nós não somos assim. Nós somos industriosos, artificiosos, e ainda temos sentimentos, pô! Nós somos antinatureza, no sentido que queremos cutucá-la com vara científica curta. Olha em volta, cara! O conforto da gente vem daí, esse é o efeito colateral.

Você agora escreveu Loirinha Levada, um livro infantil inédito. O que é isso? Fausto Fawcett escrevendo livro infantil?

(Risos) É a história de uma menina, o que eu chamo de Sub-12. Se é para crianças? Só para as espertas (risos). É uma garota que narra na primeira pessoa, e vai narrando a vida dela, meio blog. Estou ainda no meio do negócio. É uma menina bem temperamental, ela diz que tem “sangue de chefia”. Ela começa falando da vida dela com o irmão, mas aí o irmão morre, e ela fica abalada. Os pais se separam, ela se reveza entre pai e mãe. Então, essa “levada” pode ser levada de travessa ou de quem vai de um lado para outro. Ela começa a fazer sucesso em comerciais, e a mãe quer seu dinheiro. E ela tem um ritmo verbal de rap, também tem essa outra “levada”.

Algum dos seus livros anteriores fez sucesso?

Nenhum deles vendeu, foram vendendo aos poucos. Santa Clara Poltergeist não foi bem, mas foi ótimo de crítica. Sempre encontro pessoas que dizem que leram. O livro completa 20 anos agora. No estreitíssimo círculo de ficção científica, entre cyberpunks, cyberneiros, etc., ele virou referência. E o Básico Instinto é uma onda dos shows do disco. Também é a mesma coisa, colheu elogios, etc., mas não decolou. Copacabana Lua Cheia fazia parte de uma coleção, que acabou só tendo três livros editados, que era para dar uma geral no Rio, vários artistas falando de várias regiões da cidade. Eu fiquei com o primeiro. E a coleção acabou abortando após três livros, nenhum dos três teve sucesso.

A jornalista curadora doutora Daniela Name colocou o post abaixo lá no blog dela.

Esta dica do Leo Ayres (site do artista aqui), antena parabólica de coisas bacanas, reacendeu minhas antigas convicções. O trailer aí em cima é de “Herb & Dorothy”, filme de Megumi Sasaki lançado nos Estados Unidos no ano passado e que vem arrebanhando prêmios no circuito de cinema independente. (“You don´t have to be a Rockefeller to collect art” (“Você não precisa ser um Rockefeller para colecionar arte”), diz o cartaz do documentário.
Herb e Dorothy Vogel mostram que isso é mesmo verdade. Hoje aposentados e na terceira idade, eles já viviam no apartamento de quarto e sala em Nova York quando começaram seu acervo. Dividem o espaço com um gato, 19 tartarugas, aquários de peixes e… mais de 5 mil de obras de arte. Elas estão em todas as paredes, tetos, portas, pastas, dezenas de caixas que se acumulam por toda parte, inclusive embaixo da cama.
Sem qualquer formação na área, fizeram da arte um projeto comum depois que Herb, que já adorava o assunto, levou Dorothy para passar a lua-de-mel em Washington, só para ficar mais perto da National Gallery. Ele era carteiro e cumpria expediente no horário noturno dos Correios americanos; ela era bibliotecária. Tentaram ser artistas, mas viram que não tinham traquejo para a coisa. Seu talento, se veria mais tarde, era a coleção.  Tiveram tino e um olhar sem reservas para obras e artistas no início do Minimalismo, movimento da arte americana que até hoje oscila entre dois extremos perigosos: a crítica criptografada, que torna ainda mais difícil e distante o que não é tão difícil assim, e o preconceito que vocifera coisas do tipo “ah, isso não pode ser arte”. Desde o início, o casal se orientou por dois critérios: eles precisavam se apaixonar pelo que estavam vendo e a peça tinha que caber dentro de casa e poder ser carregada até lá a pé, no máximo de táxi.
Neste trailer curtinho há depoimentos de artistas importantes como Chuck Close e o casal Christo e Jeanne-Claude (ela, falecida repentinamente em novembro do ano passado). Mas os Vogel frequentaram e ainda frequentam todos os maiores nomes da arte americana dos anos 1960 para cá, caso de Sol LeWitt e John Chamberlain. Artistas abrem seus ateliês porque querem ouvir a opinião deles, que se relacionam de igual para igual com curadores e galeristas.
“Herb & Dorothy” é uma história de amor e só pode ser assim porque também é uma história de destemor. Não se ama sem curiosidade, sem abertura para o outro… e sem risco.
Apaixonadíssima pelos dois, volto a postar trechos do filme em breve.

texto do curador Jacopo Crivelli Visconti:
Paisagem incompleta 

Apesar do que o título da exposição poderia sugerir, as obras aqui reunidas não retratam românticas marinhas ao pôr-do-sol, montanhas nevadas ou vales floridos. Paisagem incompleta lida, de maneira apenas indireta, com a clássica tradição iconográfica da paisagem, que foi considerada, ao longo de séculos, um dos gêneros fundamentais da pintura, ao lado de outros como a natureza morta, o retrato e a pintura de história, segundo a conhecida classificação do teórico francês André Félibien des Avaux (1619-95)

O mar, as montanhas, os vales e as florestas que essas obras nos trazem são rarefeitos, despedaçados, fragmentados, por vezes reduzidos a formas que beiram a abstração, em outros casos condensados em um simples traço, ou em uma palavra: em uma idéia, enfim. É nesse sentido que, mesmo as mais legíveis, as que relutam em abrir mão de uma representação ainda identificável, devem ser consideradas paisagens incompletas: cabe sempre à imaginação do espectador completá-las, fazer com que vibre nelas a força da natureza.

Se, desde os tempos de Lascaux, os artistas sempre esperaram que os espectadores fossem seus cúmplices na tarefa de recriar o mundo, o caráter fragmentário dessas obras, e seu empenho em construir imagens e despertar sensações apenas por meio de alusões, citações e apropriações, as tornam retratos fiéis da pós-modernidade que tem, na incompletude, um de seus traços mais característicos. Talvez seja, esta paisagem incompleta, então, a mais realista, a única representação do mundo que podemos esperar.

O Professor Doutor Dj Nado Leal informa a estréia do Projeto Morfina nessa segunda-feira, 18/1. Música alternativa, ao vivo, no pátio do 00 cedinho, `as 20:30. O projeto começa com o show “Vamos estar fazendo” de Domenico Lancellotti (Domenico + 2 , Orquestra Imperial) e Pedro Sá (produtor e guitarrista de Caetano Veloso).  Na apresentação os dois improvisam  e passeiam por vários climas só com bateria, guitarra e voz. Já assisti 2 vezes alí no Solar de Botafogo e recomendo.

Segue abaixo a entrevista que saiu ontem na Ilustrada FSP do jornalista Marcos Augusto Gonçalves com o crítico e curador Paulo Sérgio Duarte.

Professor de história da arte, Paulo Sergio Duarte cita o abandono do Museu de Brasília como exemplo da indigência das políticas públicas em relação ao setor e diz que o Instituto Brasileiro de Museus é só “um escritório com diretoria e alguns assessores”. Ele vê os museus como “instrumentos indispensáveis para qualquer sistema educacional que se preze” e advoga interação entre essas instituições e universidades. Para Paulo Sergio as políticas do Estado brasileiro “refletem estatuto da arte na consciência da elite, que é inexistente”

Pesquisador do Centro de Estudos Sociais Aplicados da Universidade Candido Mendes, no Rio, Duarte, foi curador da 5ª Bienal do Mercosul (2005) e do Projeto Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural, no ano passado. Ele cobra do governo Lula a definição de prioridades e defende que os museus federais sejam centros de excelência e formação técnica. Quanto às mudanças na Lei Rouanet, propõe tratamento especial para investimentos em aquisição de acervos e infraestrutura de museus -hoje preteridos em favor do patrocínio de exposições temporárias.

FOLHA – Qual é a situação da rede de museus do país?
PAULO SÉRGIO DUARTE – É preciso lembrar logo que só vamos falar de museu de arte, a cultura em tão elevado estado de condensação que nós não chamamos de cultura, mas de arte. No caso desses museus, a situação é deplorável. Existem ilhas razoáveis que estão longe de dar um bom panorama histórico da arte no país.

FOLHA – Qual é a responsabilidade do governo nessa situação?
DUARTE – Não é um problema só de governo, este ou passados. A política cultural do Estado reflete o estatuto da arte na consciência da elite brasileira. E esse lugar simplesmente não existe, com raríssimas exceções. Repetindo o que digo há 30 anos: percorrendo, em qualquer uma das duas maiores cidades do país, todos os seus museus, é impossível para um professor dar um curso digno da história da arte do século 20.
Tenho insistido sobre o fato de que neste ano Brasília completa 50 anos. Onde está seu museu de arte? No antigo Clube das Forças Armadas, depois cedido para o Casarão do Samba, e posteriormente transformado no museu de arte. Está lá num prédio interditado, cercado por hotéis de arquitetura pífia. Até aqui, este é o lugar do museu na capital da nação. Eu defendo que se faça um concurso internacional para este museu, como foi feito no Rio para o Museu da Imagem e do Som.

FOLHA – Isso é simbólico quanto à importância que o poder público confere à arte?
DUARTE – Isto não acontece por mero acaso no país no qual sobra dinheiro para malas em automóveis e aviões de pastores evangélicos, fraldas de dólares debaixo das calças de cabos eleitorais e até nas meias de deputados. Qual pode ser o estatuto da arte nesse lugar? Como acreditar que a arte é um conhecimento específico, muito importante para compensar os efeitos da indústria cultural, e formar um olhar crítico no cidadão se, na capital do país, é tratada de modo tão lamentável?

FOLHA – Como você vê a atuação do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), criado pelo governo?
DUARTE – Por enquanto, é um escritório com uma diretoria e alguns assessores.

FOLHA – Como ele deveria se estruturar?
DUARTE – Os museus são, antes de tudo, equipamentos necessários à formação de cidadania e um instrumento indispensável de qualquer sistema educacional que se preze. Com as tarefas enormes e com o alarme de emergências tocando todo dia, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, não pode dar a devida prioridade aos museus.
Parodiando Carl von Clausewitz, na sua frase que já se tornou clichê: os museus são importantes demais para ficar nas mãos de museólogos. Os acordos e convênios com universidades e institutos de ensino e pesquisa nas diversas regiões do país poupariam da inchação o quadro de pessoal do Ibram.
Acredito que, para o primeiro mandato do presidente Lula, estava correta a política do Ministério da Cultura de prospecção do campo realizada pelas consultas a câmaras setoriais, reuniões e estímulos à participação. Mas já é tempo de ter focos precisos, prioridades de efeitos multiplicadores. Acima de tudo, as instituições federais têm de ser centros de excelência e de formação técnica.

FOLHA – Que prioridades?
DUARTE – Por exemplo, os projetos educativos dos museus devem priorizar a formação de professores e secundariamente se voltar para o cidadão comum. As visitas de turmas de alunos de escolas e colégios devem estar sempre programadas como trabalhos práticos de professores preparados pelos próprios museus em programas de convênios com as secretarias de educação. Os programas educativos para professores devem estar voltados para os docentes de todas as áreas, e não apenas para aqueles de arte e educação artística. Só desse modo fará sentido a divulgação dos números de visitação de alunos; por enquanto servem para a satisfação demagógica e a prestação de contas a departamentos de marketing de patrocinadores.

FOLHA – Em relação a museus, o que deveria mudar na Lei Rouanet?
DUARTE – Eu considero que deveria haver mais estímulo fiscal aos investimentos em infraestrutura dos museus e aquisição de acervos do que para exposições temporárias. Não se trata de acabar com o estímulo às exposições e sua documentação em catálogos. Mas a aquisição de obras e publicações que exigem longas pesquisas e não estão vinculadas a um evento temporário mereceriam receber tratamento diferenciado. O mais grave, segundo li na Folha [Ilustrada, 24/11/09], é o governo querer disciplinar ou mesmo proibir a remuneração dos profissionais contratados para dirigir museus ou instituições culturais que adquiriram um estatuto autônomo, como organizações sociais. É um estímulo ao pior amadorismo ou a uma péssima elitização das direções das instituições: só ricos, pessoas que não vivem do que fazem, poderão ocupar essa direção, ou funcionários mal remunerados.

FOLHA – Que lições devemos tirar do incêndio que destruiu parte importante da obra de Hélio Oiticica?
DUARTE – A primeira lição é que não se deve nunca dispensar uma consultoria de risco indicada por uma boa empresa de seguros para qualquer edificação que for armazenar acervos preciosos. Mais do que isso: uma das cláusulas ao uso das leis de incentivo à cultura para instituições que preservam acervos seria a realização prévia da consultoria e o financiamento, pela própria lei de incentivo, da execução de todas as medidas técnicas que sejam recomendadas.
Acho que quem primeiro deveria dar esse exemplo é o próprio Ministério da Cultura, realizar essa consultoria em cada uma das instituições sob sua responsabilidade. A verdade é que em muitos casos nem as normas estabelecidas pelos Bombeiros são cumpridas.

FOLHA – Se compararmos arte contemporânea, mercado e instituições do Brasil com arte contemporânea, mercado e instituições de países mais avançados, quais são os principais descompassos?
DUARTE – Temos atualmente uma excelente produção de arte, reconhecida, antes de tudo, por importantes instituições e coleções estrangeiras. Nossas instituições apresentam os mesmos descompassos que existem para outras áreas, a começar pelo sistema educacional: quais são os descompassos que existem entre os sistemas educacionais brasileiro, japonês, alemão, americano, francês e inglês, por exemplo?
Nossas instituições de arte estão para as instituições desses países assim como [estão] nossa educação e nossos serviços de saúde. Quanto ao mercado, me parece que amadureceu muito, nos últimos 20 anos, em São Paulo; se estrutura no Rio e em Belo Horizonte, mas depende exclusivamente de colecionadores particulares. As instituições públicas não têm recursos regulares para aquisições.

FOLHA – E as doações?
DUARTE – Dou um exemplo. A diretora do Museu Nacional de Belas Artes declarou que recebeu em poucos anos milhares de doações. O número publicado chegava a dezenas de milhares, embora isso possa ter sido um erro tipográfico. Mas, se é verdade, é evidente prova do elevado grau de indigência que conduz a política cultural de artes visuais. Integrar o acervo do Museu Nacional de Belas Artes deve ser privilégio reservado às obras de artistas que constituem um patrimônio do povo brasileiro e cuja fruição vai efetivamente formar o olhar do cidadão no campo da arte.
Visite-se a sala de arte moderna e contemporânea do museu e ver-se-á que, além das inúmeras lacunas, existe quase sempre a inversão de valores: quanto menos importante o artista mais espaço ocupa sua obra. É uma aula completa do que não deve ser feito.