Archive

Uncategorized

Dardo magazine presenta su número 15, con un texto editorial de la pensadora y escritora Susan Buck-Morss.

En esta ocasión profundizamos en la obra de Rogelio López Cuenca, Los Carpinteros, Marepe, Miguel Palma, Haris Epaminonda y Gerhard Richter. El número incluye una entrevista con el artista Yonamine. Los textos de este número son de Issa Mª Benítez Dueñas, David Barro, Carla de Utra Mendes, Moacir dos Anjos, Mónica Maneiro, Jacopo Crivelli Visconti y María Peña Lombao.

Dardo magazine se publica en español, portugués e inglés www.dardostore.com

A exposição Law of the jungle, com curadoria de Tiago Carneiro da Cunha, que inaugura no próximo dia 9 de dezembro na Lehmann Maupin tá  lá no site do Village Voice.



‘Law of the Jungle’
December 9 to January 28, 2011
Looking to do an exhibition capitalizing on the buzz around Brazil, Lehmann Maupin turned to Brazilian artist Tiago Carneiro da Cunha as curator—and has gotten something much more wild and personal in return, in the great tradition of artist-curated shows. “Law of the Jungle” serves as a showcase for some interesting Brazilian artists, from Jac Leirner, who makes art out of devalued Brazilian currency, to the psychedelic street art duo Os Gemeos. But it also incorporates a more far-reaching selection of da Cunha’s idols and mentors, from the Bali-based painter Ashley Bickertonto the inscrutable British conceptualist Liam Gillick, his former adviser. Lehmann Maupin Gallery, 540 West 26th Street, lehmannmaupin.com

Quinta passada, depois da fantástica apresentação da Orkestra Rumpilezz do maestro Letieres Leite no Teatro Tom Jobim, passei com Barrão no ateliê do artista plástico Luiz Zerbini para conferir a pintura que ele vai mandar para a exposição Lei da selva na galeria Lehmann Mauphin. É uma coisa monumental e monstruosa que me deixou em estado de choque e queixo caído. Pintura de verdade com planta, lixo, bicho e um prédio ao fundo. Acordei na sexta com uma sensação de encantamento brutal e pleno, aquela velha porrada que a gente sente quando se depara com uma grande obra de arte. Não consigo tirar a pintura da cabeça e acabei pedindo ao mestre Zerbini umas fotos para colocar aqui no blog. A pintura, tal qual a exposição de NY, também se chama Lei da selva… Lá vai:

Lehmann Maupin Gallery presents Law of the Jungle, an exhibition curated by Brazilian artist, Tiago Carneiro da Cunha, on view at 540 West 26th Street, 9 December 2010 – 29 January, 2011.  For Law of the Jungle, Carneiro da Cunha has selected a diverse group of artists from contemporary to outsider, both established and emerging, for a thematic exhibition based on ideas of survival: personal and collective survival, as well as the survival of the artistic practice at large. Carneiro da Cunha proposes a selection of works by artists from Brazil, Bali, the UK and beyond, in which Darwin’s theory of “survival of the fittest” and the endangered livelihood of the artistic practice itself is conveyed.

Participating artists include Efrain Almeida (Brazil), Caetano de Almeida (Brazil), Ashley Bickerton (Bali), Joshua Callaghan (US), Marcos Chaves (Brazil), Saint Clair Cemin (Brazil), Howard Dyke (UK), Os Gemeos (Brazil), Liam Gillick (UK), Christopher Knowles and Robert Wilson (US), Shay Kun (Israel), Jac Leirner (Brazil), Jarbas Lopes (Brazil), Marssares (Brazil), Paul McDevitt (UK), Malcolm Morley (UK), Raul Mourao (Brazil), Adriana Ricardo (Brazil), Marepe (Brazil), Adriana Varejao (Brazil), Erika Verzutti (Brazil), Luiz Zerbini (Brazil) and Tiago Carneiro da Cunha.

Each of the artists in the exhibition draw upon elements of art history, applying facets of inspiration and the evolution of artistic practices to create works mindful of today and the world around us. While all tie back to the central theme of survival, featured works reference a range of views and approaches. Reflections of our society’s abundance of products and wasteful attitude through the use of re-appropriated items are present in Leirner’s composition of devalued Brazilian currency, Bickerton’s use of flotsam, or Caetano de Almeida’s geometric paintings composed by polluted Sao Paulo air. The blurring of boundaries between the natural and the man-made can be found in Verzutti’s compositions using cast tropical fruits, or Lopes’ wicker-covered bicycle, while a more classical approach is used in Almeida’s wooden sculptures, Marepe and Mourao’s works on paper, Cemin’s cast bronze, and traditional painting by Morley, Zerbini, McDevitt, Ricardo Ricardo and Varejao. Whatever the chosen medium, each artist presents a visionary take on both their craft and the world around them. It is a landscape constructed as much by the remains of the ordered, modernist worldview – as seen in the works of Gillick, Callaghan, Leirner, Cemin, Zerbini – as well as by the chaotic, trans-historical and violent mud that surrounds us– seen in the works of McDevitt, Carneiro and Morley – in many cases uniting both into elaborate, hallucinogenic compositions, like those of Kun, Varejao, Bickerton, Caetano, and Gemeos.  Although these are often dramatic views of a maddening world, the unifying theme is not somber but is instead humorous and optimistic.

Tiago Carneiro da Cunha was born in São Paulo in 1973, where – as a young man – he worked as a comic book artist and illustrator.  Awarded the 1998 Apartes/Capes scholarship for postgraduate studies in Visual Arts at Goldsmiths College, London, Carneiro da Cunha studied under and was influenced by named artists including the Chapman Brothers, Pierre Bismuth and Liam Gillick, among others. Since then he has had solo exhibitions at Galeria Fortes Vilaça (São Paulo), Kate Macgarry Gallery (London), and Misako & Rosen Gallery (Tokyo – with Erika Verzutti) and has taken part in exhibitions in museums and galleries world-wide. His work is featured in many public and private collections across the globe including the Coleção Gilberto Chateaubriand (Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro), Saatchi Collection (UK), and Thyssen-Bornemissa TB21 (Austria).  Guest lecturer at the Capacete/2010 São Paulo Bienal Talks.

For further information, please contact Bethanie Brady at 212 255 2923, Bethanie@LehmannMaupin.com, or visit our website www.lehmannmaupin.com. For gallery news and exclusive artist updates become a Facebook Fan of Lehmann Maupin.

Artur Fidalgo informa:

A artista Deborah Engel inaugura, no dia 18 de novembro, na galeria Artur Fidalgo, a exposição “Paisagens Possíveis”. A artista paulistana radicada no Rio de Janeiro, apresenta 18 fotos da série homônima. São “paisagens imaginárias” que misturam imagens contidas em revistas sobrepostas em cenas reais clicadas pela própria artista. Das paisagens sobrepostas surge uma terceira imagem, efêmera, que combina o real e o imaginário. Deborah apresenta ainda a vídeoinstalação “Lugares possíveis”, um desdobramento da série fotográfica. 
A inauguração é amanhã de 19h30 as 23h no shopping da Siqueira Campos, segundo piso lojas 147/150.
Fica em cartaz até 18 de dezembro, de segunda a sexta de 10h as 19h e sábados de 10h as 14h.
Tel: 2549.6278

A série de encontros que estão acontecendo – de forma gaga, porém firme – no MAM-RJ tinha no início um objetivo simples: juntar pessoas, conversas, trabalhos, pontos de vistas, contrastes e conflitos. Colocar lado a lado duas pessoas com alguma coisa em comum, porém com dicções, espaços de atuação e olhares diferentes. Diferentes gerações ou não. Outros papos.
Papos que, infelizmente, estão vazios. Fazer encontros no MAM toda terça-feira, 18 horas, tem se mostrado uma tarefa inglória do ponto de vista do público. Mas apenas do público. Nos três encontros – Bernardo Vilhena + Daniela Labra (Palavra e performance) / Marcos Chaves + Domingos Guimarães (Poetas urbanos) / Tatiana Grinberg + Ana Paula Kiffer (Escritas do corpo) – a dinâmica imaginada aconteceu, cada um do seu jeito. No primeiro encontro, mais formal, poeta e curadora cruzaram histórias e países através da poesia e da performance. No segundo encontro, Marcos e Domingos trocaram imagens e descortinaram os olhos dos presentes. Se conheceram melhor e se reconheceram no trabalho do outro. Ontem, com Tatiana e Ana Kiffer, a conversa fluida, o papo agudo, as grandes sacações que reuniram filosofia, literatura, Artaud, Beckett, medicina, Barthes, próteses, não-objetos, escutas, deslocamentos do porto seguro do texto crítico, tudo isso foi falado enquanto ambas se conheciam e, novamente, se encontravam no trabalho uma da outra.
Para quem monta uma mesa com a intenção de MULTIPLICAR AS IDEIAS para muitos, sempre cada vez mais para mais e mais pessoas, para quem trabalha para que o MAM volte a ser o local em que daqui a dez, vinte anos, as pessoas poderão dizer que foi onde se conheceram e começaram a trabalhar juntas, a noite de ontem foi o topo e o fundo do poço. O topo, pois a mesa montada foi a realização de um novo modelo de conversa pública sobre arte e literatura, sem palestras tensas ou densas, sem preguiça do mesmo, mas com excitação do conhecimento mútuo, das ideias frescas que circulam entre os que estão na mesa. E o público sente. Mas o fundo do poço também, pois, mais uma vez, tivemos menos do que dez pessoas. Nem dez pessoas. E, mesmo assim, os sete, oito, que compareceram, saíram felizes, ligados, interessados. Os convidados, ao contrário do constrangimento do pouco público, gostaram do papo, do encontro, das duplas.
Sei que há, como diria o velho Marx, um espectro rondando nossa cidade. Esse espectro é o da vaziez. Assim como os encontros do MAM ficam vazios, outras mesas, palestras e encontros pelo Rio afora também ficam. Mas não deixa de ser incômodo. Não deixa de ser sintoma e caldo para pensar o que vale a pena e o que não vale a pena tentar fazer, qual o público deve ser esperado. Aliás, qual o público que temos para palestras sobre literatura e as artes visuais? Será que é grande? Dá para o MAM, o Parque Lage, o CCBB, o Centro Cultural da Justiça Federal, o IMS, a Casa França Brasil, a PUC, o POP, a Casa do Saber e outros cursos mis por aí fazerem atividades no mesmo dia para esse público e todos serem felizes e cheios? Seria lindo. Mas como criar um público? Como oferecer informação com qualidade, de graça, com bons nomes, e não ter público? Aliás, qualidade nas instalações é mais importante que a qualidade do debate? E por outra, ainda é tempo de palestras e mesas redondas? Ainda estamos na era do seminário? As pessoas ainda querem se encontrar para ouvir e falar sobre o além do dia-a-dia cotidiano da vida? Preferimos comparecer de corpo ou ver a mesma fala no youtube? Dilemas.
O fato é que seguimos com a Nova Escrita para a Nova Arte, que não precisa ser nova para ser novidade, que inova o mesmo e amplia a ideia de novo, uma série de encontros para deixar o MAM ativo positivo operante frente suas obrigações com a cidade a qual ele pertence e frente a sua escorregadia população. Terça que vem, dia 16, Sérgio Martins, historiador da arte e Luiz Camillo Osório, crítico, filósofo e curador do MAM vão por em risco o discurso sobre a arte. Discurso crítico, discurso jornalístico, discurso acadêmico. Três registros de informação sobre a arte que precisam necessariamente da escrita como ferramenta de sentido. No dia 23, apresentamos o poeta Eucanaã Ferraz ao artista plástico e designer Carlito Carvalhosa para juntos ampliarmos a ideia de Livro na arte e na literatura, para pensarmos suas bordas poéticas, suas semelhanças e diferenças. No dia 30, eu e Sergio Cohn vamos dar uma geral na história das revistas de arte e cultura do Brasil, suas atuações, seus funcionamentos no circuito da arte, seu impacto na época e até hoje. Ainda falta uma última mesa, no dia 7, cujo tema, se conseguir as pessoas que gostaria para falar, será tipografia e caligrafia.
E vamos em frente. Para os poucos que já foram, meus mais devotos agradecimentos. Para os que querem ir mas não conseguem, um dia vai dar. De resto, aviso aos navegantes: mesmo devagar, mesmo no limite, mesmo como dá, o MAM está vivo e pensante. Prestando serviço. Aberto para quem quiser chegar. Toda terça (salvo algum imprevisto), estamos lá, 18 horas, na cinemateca. Trocando ideias. A casa está aberta. Para o alto e avante.

marcelo jeneci & banda no roNca roNca da Oi FM.
hoje / 22h / ao vivo
lançamento mundial do disco “feito pra acabar”

Oi fm belo horizonte (93.9)
Oi fm campinas (94.1)
Oi fm porto alegre (90.3)
Oi fm recife (97.1)
Oi fm ribeirão preto (94.1)
Oi fm rio de janeiro (102.9)
Oi fm são paulo (94.1)

Não deixe de visitar o excepcional blog do Mauval > TICOTICO.

peguei lá no site da Casa do Saber.

O POTENCIAL DO RIO NA ECONOMIA DO ENTRETENIMENTO

João Luiz de Figueiredo e Silva

Discutir o potencial da produção de bens e serviços culturais e de entretenimento para o desenvolvimento da economia da cidade do Rio de Janeiro – eis a proposta do curso. A discussão ocorrerá a partir do reconhecimento da crescente importância desempenhada pelos setores produtivos relacionados à cultura e ao entretenimento nas economias das maiores cidades do mundo, as quais, por sua vez, transformam-se em grandes centros de produção desses tipos de bens e serviços. Ao analisar o caso do Rio de Janeiro, o curso dará prioridade a exemplos relacionados ao Cinema, ao turismo e aos grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, que também servirão de base para a avaliação das políticas públicas necessárias ao fortalecimento dessas atividades econômicas.

Início: 09 NOV
Duração: 4 encontros semanais
Dias/horários: Terças-Feiras, às 20h (09/11, 16/11, 23/11, 30/11)
Valor: R$ 160,00 na inscrição + 1 parcela de R$ 200,00

09 NOV | 1. ECONOMIA DA CULTURA E ECONOMIA DO ENTRETENIMENTO
A emergência de um novo campo de estudos dentro da Economia. Economia da cultura, economia do entretenimento e economia criativa: uma visão geral dos conceitos.

16 NOV | 2. A PRODUÇÃO NÃO ACONTECE NO AR, TUDO É PRODUZIDO EM LUGARES
A concentração da produção dos bens culturais e de entretenimento nas maiores cidades do mundo. A importância do lugar para a produção dos bens e serviços culturais e de entretenimento. A posição do Brasil na economia da cultura e do entretenimento no mundo.

23 NOV | 3. A INDÚSTRIA DO CINEMA NO RIO DE JANEIRO
A importância das produtoras cariocas dentro da indústria do Cinema nacional. A organização da indústria do Cinema nacional. Produção, distribuição e exibição: a necessidade de se integrarem os elos da cadeia produtiva.

30 NOV | 4. TURISMO E GRANDES EVENTOS NO RIO DE JANEIRO
A centralidade turística do Rio de Janeiro. O Rio é muito mais do que praia e contemplação. Grandes eventos e turismo: existe um legado?

João Luiz de Figueiredo e Silva. Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e Geografia pela Uerj, mestre e doutor em Geografia pela UFRJ. Atualmente, trabalha com ensino de Geografia na Escola Parque, onde também exerce a função de coordenador do Ensino Médio, e é professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), na qual leciona disciplinas e desenvolve trabalhos relacionados à Economia do Entretenimento. É pesquisador do Grupo de Pesquisa Gestão Territorial no Estado do Rio de Janeiro, vinculado ao Departamento de Geografia da PUC. 


ÉRIKA MARTINS no Solar de Botafogo

No próximo dia 03 de novembro (quarta-feira), a cantora Érika Martins apresenta pela primeira vez o show “Modinha”, no Solar de Botafogo. 
Para Érika, a moda agora é garimpar modinhas e repaginá-las. Modinha, para ela, é a música de amor perfeita. A aventura musical no projeto paralelo “Lafayette & Os Tremendões” fez Érika pegar gosto por vasculhar o cancioneiro do passado. Ouviu modinha de Villa Lobos, de Catulo da Paixão Cearense, Sergio Bittencourt e de lá pinçou pérolas que combinavam perfeitamente com o seu repertório.
Acompanhada por Alê de Morais (guitarra), Fernando Fishgold (bateria) e Kiko Ramos (baixo), Érika Martins investe neste novo show no timbre “noir” de sua voz que poucos tiveram o privilégio de ouvir.
Érika Martins
Show “Modinhas”
Data: dia 03/11 (quarta-feira)
Local: Solar de Botafogo (Rua General Polidoro, 180 – Botafogo – tel: 2543 5411)
Horário: 22h
Ingressos: R$ 40,00, R$ 30,00 (100 primeiros pagantes) e R$ 20,00 (meia entrada e lista amiga para:musicanosolar@gmail.com)
Formas de pagamento: Dinheiro e cartão Visa Eletron (bilheteria aberta a partir das 16h)
Vendas pela internetwww.ingresso.com
Censura: 14 anos
Bebel Prates
(021) 3874 0544
Toca Discos
 55 21 2493 7404

www.myspace.com/erikamartinsoficial
http://www.mtv.com.br/erikamartins

PROGRAMAÇÃO
Performance Presente Futuro vol. III
Oi Futuro Flamengo, Rio
11, 12, 13 e 14 de novembro de 2010


Curadoria: Daniela Labra
Realização: Oi Futuro
Patrocínio: Oi e Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro
Produção: Automatica
Performances e Vídeos – 4º e 5º andares
Apresentação das Guerrilla Girls

11 de novembro de 2010, quinta-feira 
14h às 18h – Sérgio Zevallos – performance “Filstudio Melodrama”
12h às 17h30 – Celina Portella – vídeoinstalação “Derrube” (12” 30′) e “365º” (9”)
18h – Mary Fê – Performance “Meu Pequeno Terrorismo de Bolso – Broadcasting Live!”
18h30 – Claudia Herz – performance , com participação de Fausto Fawcett, “Para
Anna Pink”
19h30 – Guerrilla Girls – performance Teatro

12 de novembro de 2010, sexta-feira 
14h às 18h – Sérgio Zevallos – performance “Filstudio Melodrama”
12h às 17h30 – Celina Portella – vídeoinstalação “Derrube” (12” 30′) e “365º” (9”)
17h30 – Mary Fê – performance “Meu Pequeno Terrorismo de Bolso – Broadcasting Live!”
18h – Marco Paulo Rolla – performance “Narciso”
19h – Dupla Especializada (Ricardo Basbaum e Alexandre Dacosta) – performance
“Registro de memória”

13 de novembro de 2010, sábado
14h às 18h – Sérgio Zevallos – performance “Filstudio Melodrama”
12h às 17h – Celina Portella – vídeoinstalação “Derrube” (12” 30′) e “365º” (9”)
12h às 14h – Guerrilla Girls – Workshop
17h – Mary Fê – performance “Meu Pequeno Terrorismo de Bolso – Broadcasting Live!”
17h30 – Palestra: “Festivais de Performance – atravessando categorias, alterando tempos e reorganizando espaços”. Com Wilson Diaz (Helena Producciones/ Festival de Performance de Cáli) e Marco Paulo Rolla (CEIA; Manifestação Internacional de Performance, BH). Mediação: Daniela Labra.
19h – João Penoni – performance “Latente”

14 de novembro de 2010, domingo
14h às 18h – Sérgio Zevallos – performance “Filstudio Melodrama”
12h às 20h – Pips:lab  – instalação multimídia e interativa “Luma2solator”
16h30 às 18h – Daniel Lima – Conversa com o artista.
18h – Mary Fê – Performance “Meu Pequeno Terrorismo de Bolso – Broadcasting Live!”
18h30 às 19h30 – Siri – instalação sonora “MP3xperimental”, a partir das 12h
Mostra Guerrilla Girls – Exibição de imagens documentando os 25 anos de carreira do coletivo
Vídeo – Maria Lynch – Incorporáveis (3’)
Mostra de vídeo – Daniel Lima – Ações de resistência e inscrição no territorio urbano

ZUM ZUM ZUM por Cao Guimarães e José Bento
“Zum Zum Zum” é uma instalação feita em parceria pelos artistas José Bento e Cao Guimarães para a exposição de mesmo nome na galeria Gentil Carioca a partir do dia 30 de outubro de 2010.
Ela é constituída de 3 elementos fundamentais que se complementam formando a obra – um vídeo; objetos com fragmentos sonoros e cores; e a participação do público.
Partindo do conceito de sinestesia – relação entre os sentidos ( no caso a visão e a audição a partir das cores e dos sons ) e de uma questão básica perguntada a 16 músicos instrumentistas ( qual a cor do som do seu instrumento musical?), os artistas abrem o espaço expositivo para que o próprio público se relacione com estes elementos ao se movimentar pelo espaço acionando dispositivos (sensores) e causando uma cacofonia sonoro-visual aleatória.
CAMISA EDUCAÇÃO
A GENTIL CARIOCA realiza o projeto Camisa Educação desde 2005. A cada nova inauguração na galeria convidamos um artista a realizar um projeto para uma camisa na qual a palavra “educação” está escrita. Nesta edição haverá o lançamento da Camisa-Educação n°35 do artista Raoni Moreno.
“Zum Zum Zum” por Cao Guimarães e José Bento
Abertura 30 de outubro de 16h as 20h
03 de novembro a 23 dezembro de 2010
Lançamento da camisa educação por Raoni Moreno
A GENTIL CARIOCA
Rua Gonçalves Ledo, 17- Sobrado
Centro- Rio de Janeiro- 20060-020
Tel: 21 2222-1651
Abrimos de terça a sexta-feira das 12h às 19h e sábados das 12h às 17h.

A jornalista Alexandra Lucas Coelho, do Público de Lisboa, está passando uma temporada no Brasil e escreveu essa matéria bacana sobre o artista plástico Nuno Ramos que eu peguei lá no site do jornal luso.

Três urubus deram origem a um tumulto no Brasil. Por causa deles, activistas ambientais chamaram “sádico” e mesmo “nazi” a Nuno Ramos, um dos maiores artistas brasileiros. E conseguiram mudar a Bienal de São Paulo. Mas é do estado do Brasil, e de tudo o que há entre nós e as palavras, que a obra de Nuno Ramos fala.

Por Alexandra Lucas Coelho, no Rio de Janeiro

1. Tumulto na bienal

Gritos, braços no ar com telemóveis e câmaras. Uma rapariga atira-se para a frente, é agarrada, berra. A multidão avança entre postes, até ao que parece o centro do tumulto. Um homem contorce-se, cai, e caem seguranças por cima. À volta, safanões, tropeções: “Solta ele! Solta o cara! Palhaços! Vagabundos! Filhos da puta!”

Isto é a inauguração da Bienal de São Paulo, a 25 de Setembro de 2010, em vídeos que podem ser vistos no YouTube.

O que é que acaba de acontecer?

Cortando a rede de protecção, um pichador invadiu a obra que ocupa todo o vão central e escreveu nela, em letras brancas gigantes: “Liberte os urubu.” Talvez não tenha tido tempo para o “s” da concordância. Foi apanhado pelos seguranças, enquanto outros pichadores e activistas ambientais tentavam por sua vez agarrar os seguranças, insultando-os.

A origem do tumulto é a presença de três urubus vivos dentro da obra. O ondulante vão central desenhado por Oscar Niemeyer tem três andares de altura. É o espaço mais ambicioso e ambicionado de toda a bienal, onde já estiveram obras de Joseph Beyus, de Anish Kapoor, ou de Rui Chafes com uma performance de Vera Mantero suspensa na própria escultura (Comer o Coração, 2004).

Nesta 29.ª bienal, o artista convidado a ocupar o vão é Nuno Ramos, que em Portugal publicou Ó, um dos mais desafiantes textos da língua portuguesa nos últimos anos, vencedor do Prémio PT de Literatura. Os seus trabalhos plásticos muitas vezes integram texto e música. Para o vão da bienal, ele propõe uma obra chamada Bandeira branca, título de uma das três canções que se ouvem baixinho no recinto.

São três canções, três postes feitos de uma massa escura e densa e três urubus vivos que de vez em quando abrem as asas e voam, planando pelo vão. A toda a volta há uma rede, que o pichador cortou para entrar.

O tumulto torna-se a notícia da bienal, apagando as outras possíveis controvérsias.

Reportando o caso dos urubus, uma televisão diz que o autor da obra é “um artista identificado como Nuno Ramos”, revelando assim não fazer ideia de quem é Nuno Ramos. Sendo a bienal gratuita, nos dias seguintes continuam a entrar magotes de activistas, com t-shirts pelo vegetarianismo, cartazes e correntes. Dois deles algemam-se ao varandim por cima da obra, chamam a Nuno Ramos “suposto artista” e vão gritando com papéis enrolados a fazerem de megafone que “os urubus voam a três mil metros de altura e não a três andares de altura”. No piso inferior, há camaradas com cartazes que depois serão deixados aos pés da obra:

“Urubu não é arte, é ave e voa. Liberte-os!”

“É isso que vc querem ensinar para seus filhos!!! Crueldade animal!”

“Boicotem a bienal, os urubus merecem respeito. Uma “arte” sem ética evoca o nazismo.”

“Bienal: Crueldade dos animais sob o manto da arte.”

“Boicote o sadista. Sádico+artista=Nuno Ramos.”

Os três urubus são animais de cativeiro, vieram de um parque em Itabaiana, estado de Sergipe, nunca viveram na natureza e têm presença na bienal autorizada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos).

Mas a pressão multiplica-se em blogues, como o do Centro de Mídia Independente, para citar um exemplo: “Está na hora do Ibama parar com esse legalismo e se dar conta de que o problema não é se o animal nasceu em cativeiro ou não”, escreve o activista Lobo Pasolini. “O problema é explorar animais, ponto final. Animais não são coisas que podem ser postas a serviço da vaidade de uma pessoa, independentemente do suposto “bem-estar” pelo qual a organização diz zelar. Como o Ibama pretende acabar com o tráfico de animais enquanto apoia a exploração desses é um mistério para mim.”

Lobo Pasolini informa que os urubus da obra “convivem permanentemente com o som de músicas” em “muitos alto-falantes”, e que “não é a primeira vez que Nuno Ramos explora animais em benefício próprio”, visto que já em 2006 “usou burros em uma instalação onde os animais eram obrigados a portar grandes caixas acústicas”. Trata-se, pois, de mais um “caso de arrogância e falta de ética”, escreve o bloguista. “A questão aqui não é censura. O artista tem o direito de fazer o que quer, se expressar livremente, mas com certeza ele não tem direito de causar sofrimento e reforçar a opressão. Imagine-se que para tratar de um tema como o estupro de mulheres, digamos, o artista tenha de reproduzir uma cena real em sua instalação ou filme?”

O vereador Roberto Tripoli, do Partido Verde, faz denúncia do caso, exigindo a retirada dos urubus, e anuncia que vai apresentar “um projeto de lei proibindo a presença de animais em qualquer exposição na capital”. Gláucia Bispo, coordenadora de Fauna do Ibama de Sergipe, vem a público dizer que “quando o artista e a bienal requisitaram a autorização, apresentaram fotos que não correspondiam ao local onde os urubus estão”.

E o Ibama acaba por retroceder, retirando a licença. A bienal recorre em tribunal e fica à espera da decisão. O recurso é recusado. Na noite de 7 de Outubro, depois dos visitantes saírem, os três urubus são retirados.

2. A obra ao perto

O P2 viu a obra ainda com os urubus em duas visitas, 4 e 5 de Outubro.

Para quem nunca esteve na Bienal de São Paulo, o primeiro impacto é o tamanho do vão central, um espaço enorme, em torno do qual tudo se organiza. A obra que está no meio acaba assim por se estender a todas as outras. Está quase sempre nas nossas costas, ou à nossa frente, ou por baixo, ou por cima. No caso de Nuno Ramos, como há uma rede delimitando literalmente um dentro e um fora, isso é particularmente visível: “aquilo” está sempre ali, entre nós.

E o que é aquilo?

Quando entramos, e no piso térreo olhamos para cima, para a imensidão daquelas três massas densamente inumanas, escuras, arredondadas, com um declive abrupto, é como se uma imagem vinda de um livro de Kafka, talvez O Castelo, se materializasse. Uma forma para um medo a que nunca demos forma.

Cá em baixo, há uma porta na rede, uma pequena porta fechada, única possibilidade de entrar, mas vedada a todos menos ao tratador. Os urubus estão lá em cima, pousados, e deste piso térreo não se vêem bem.

Não restam quaisquer vestígios de protesto. A pichação foi apagada logo a seguir e hoje não há activistas na bienal, aparentemente.

Então, os visitantes sobem pela passadeira em caracol, branca, leve, aérea, que depois se ramifica como as artérias de um coração, puro Niemeyer. E nos pisos seguintes é possível observar mais de perto os três animais negros, com a sua cabeça em gancho, imóveis como quem espera. Dois num poste, um noutro.

Cada poste corresponde a uma canção dentro de uma caixa de som, e portanto, dependendo do piso e do ponto onde está, o visitante poderá ouvir Bandeira brancacantada por Arnaldo Antunes, Carcará, cantada por Mariana Aydar, e Boi da cara preta, cantada por Dona Inah. Mas o som dos três altifalantes está tão baixo que não é fácil seguir a letra de cada uma. O som ambiente da bienal é mais alto.

De repente um urubu abre as asas e vem directo a nós em linha recta, como se não houvesse rede. Mas antes de tocar na rede muda de direcção.

O humano está dentro ou fora? É antes ou depois de nós? Antes ou depois da morte?

Se agora olharmos do alto deste último piso, podemos ver lá em baixo a capa do livroBiblioteca, de Gonçalo M. Tavares, a fazer de porta de uma casa. Porque aos pés da obra de Nuno Ramos, como uma sua antítese, confiante, reconfortante, está a casa-labirinto de Marilá Dardot e Fábio Morais, em que portas, paredes e chão são livros (Cortázar, e.e. cummings, Sophie Calle, Lewis Carroll, Hilda Hilst, Kafka, Perec, Mallarmé, Haroldo de Campos, Calvino, Borges…). A Biblioteca abre-se para dentro ou para fora, entram e saem pessoas. Tudo o que na obra de Nuno Ramos não é possível.

São Paulo é uma cidade com dez milhões, e mais dez na zona metropolitana. No meio desta paisagem vertical, irregular, densa, há uma respiração verde, com água, jacarandás e a flutuante arquitectura branca de Niemeyer: o Parque Ibirapuera. Aqui está o Museu de Arte Moderna, e o seu prolongamento ramificante, a Marquise, uma pala que vai percorrendo espaços do parque, e debaixo da qual a toda a hora háskaters e patinadores. Aqui está a Oca, um palácio de exposições que parece uma nave afundada na relva. Ou o mais recente Auditório, com uma língua vermelha levantada para o céu.

Tudo isto é Niemeyer, entre plantas, lagos e gente, e pode avistar-se dos grandes janelões de ferro que ele imaginou para o edifício da bienal, no centro do parque.

Podemos então ver a obra dos urubus também como o buraco negro deste esplendor. O seu avesso, ou o seu simultâneo.

“É o urubu”, gritam alegremente as crianças de uma escola, no segundo dia em que o P2 lá foi. “Muito louco, legal!”, comenta um dos rapazinhos, fotografando um voo. Mais adiante, a TV Cultura grava um depoimento com um artista encostado ao varandim, Paulo Pasta, sobre a polémica dos urubus. “Empobreceu o debate”, diz ele. “O Nuno vem trabalhando uma veia alegórica, de falar do país. Esse trabalho é grandioso lá em baixo, e cá em cima tem as asas de um bicho de carnificina. Talvez nos leve a pensar na situação do nosso país. O que é que tem no gueto? Tem maravilha mas ao mesmo tempo uma tragédia. Esse trabalho aflora tudo isso.”

3. Ao telefone de Istambul

Ainda antes de a bienal abrir, o P2 trocara emails com Nuno Ramos para combinar uma conversa durante a campanha eleitoral. Entretanto a polémica dos urubus rebenta e dias depois o artista vai para Istambul, onde tem compromissos. Temos uma primeira conversa ao telefone no momento em que o recurso está em tribunal. Que fará caso a decisão seja retirar os urubus? A obra não perderá sentido? “Grande parte, sim, deixa de existir”, diz Nuno Ramos. “A ideia de um interior que não pode ser violado deixa de fazer sentido. Até talvez eu desfaça a obra toda. Mas os urubus estão sendo bem cuidados, estão bem de saúde, acho tudo isso um absurdo.”

Dividindo por partes: “Por um lado, a reacção caluniosa, com boatos absurdos, a dizer que deixei bichos morrer, que os ia deixar afogados em latas de tinta. Me confundiram com aquele artista mexicano que deixou morrer um cão. Disseram que eu soltava fogo-de-artifício para fazer os bichos voarem. Parece-me uma coisa fascista e você não tem como se defender.”

Depois há a questão ambiental: “As pessoas têm o direito de serem contra aves em cativeiro, desde que entendam que eu não estou maltratando os urubus. Há limites em arte: você não pode matar uma pessoa. Mas dentro do limite legal a arte pode tudo. Eu não sou ecologista, fiz uma obra com vários sentidos. E essa polémica parece-me mais uma forma de controle do imaginário, de onde a arte sai muito diminuída.”

Os urubus na obra são “o bicho nocturno, a natureza invadindo aquele edifício, algo que vem das penas pretas que migrou para aquelas esculturas de areia queimada que aparecem modernas, mas também observatórios maias, como se algo estivesse sendo observado do ponto de vista astrológico”. Esse é o universo da criação, “um mundo do sonho”, e Nuno Ramos teme que ele esteja “sendo cada vez mais colonizado” por um discurso exterior. “O discurso ecológico parece que sequestrou o olhar.” Mas “a arte é uma saída, não é uma solução, não resolve nada, só abre”.

Numa versão experimental, com outras formas, esta obra já tinha estado exposta em Brasília. Nuno Ramos reformulou-a para a bienal, pensando-a sempre no momento presente do Brasil. “O vão é o coração do prédio, onde o público circula. Então, tem esse coração veloz, expansivo, dos anos 50, e a obra é o contrário: preto, volume, peso, para dentro. É uma desconfiança em relação a esse optimismo que o Brasil está vivendo. O interessante é você não poder entrar. Não teria a mesma força se pudesse.”

4. Depois da retirada

Os urubus são retirados na noite de 7 para 8 de Outubro. Nuno Ramos já está de volta a São Paulo, mas como o P2 agora está no Rio voltamos a falar por telefone. Que vai fazer? “Vou manter a obra. Acho que seria muito injusto com a bienal, não seria praticável. Eu estava achando que a gente ia ganhar, mas aí o juiz indeferiu e o cara que trata deles retirou. Agora estão de volta no cativeiro original que é 1/16 mais pequeno, no Parque dos Falcões, em Sergipe. Nunca saíram do cativeiro, só em exposições minhas.”

E como é que Nuno encara a retirada? “Acho que não foi por motivos técnicos. Não me sinto censurado como na ditadura militar. Foi legítimo, os caras entraram na justiça e ganharam. Mas sinto-me injustiçado. Os urubus foram retirados por pressão política, de incapacidade de ouvir a arte, de dialogar com ela. O que foi suprimido foi a estranheza do que fiz e não o mau-trato. Ninguém falou em mau-trato. A coisa veio muito das ONG, do deputado do PV, a coisa pegou na Internet.”

Pelo meio chegou a haver diálogo com o Ibama de São Paulo. “Parecia que haveria uma colaboração. Eles queriam que eu usasse luz ultravioleta três vezes por dia, o que seria tranquilo de fazer. Propuseram que a licença fosse revogável a cada 15 dias e eu gostei dessa ideia. Pus a hipótese de diminuir o som.” Mas depois, crê, terá havido “pressão política organizada” em Brasília. “Acho difícil que eles tivessem ganho se não houvesse eleições.”

Questionado pelo P2, o Ibama/Brasília remeteu para o Ibama/São Paulo, que enviou a seguinte nota através da sua assessora de imprensa: “A licença de transporte e exposição dos Urubus que faziam parte da obra do artista Nuno Ramos na 29.ª Bienal em São Paulo foi revogada, considerando Parecer Técnico dos analistas ambientais recomendando que as instalações estavam inadequadas para a manutenção dos animais. Em notificação o Ibama solicitou a retirada das aves e seu retorno ao local de origem, o Parque dos Falcões em Itabaiana/SE.”

Agora, “há que defender de volta a autonomia da arte”, remata Nuno Ramos. “Não vou fazer-me de vítima. Essas pessoas [os activistas que o acusaram de explorar os urubus] impõem uma simplificação radical a tudo, precisam desse inimigo simplório para continuarem a repetir as mesmas coisas.”

E sugere a quem viu a obra da bienal que veja a sua obra-irmã. Está neste momento em exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Nuno Ramos acha que tecnicamente é a mais difícil que já fez.

5. O fruto no Rio

Os trabalhos de Nuno Ramos têm “uma dimensão material intensa em que nada é confortável”, escreve a curadora da exposição do Rio de Janeiro, Vanda Klabin. “Abrem-se a experiências inquietas, desordenadas, interrogativas, nas quais uma busca poética e existencial faz-se sempre presente.” Estar perante uma obra deste artista “inclassificável”, “um dos mais versáteis” do Brasil, é “ter a possibilidade de acessar mundos remotos, guardados na memória de cada um de nós, e também no repertório comum a todos os brasileiros que cresceram ouvindo o samba de Nelson Cavaquinho ou conheceram a literatura através dos poemas de Carlos Drummond de Andrade”.

O texto pode ler-se no primeiro andar do museu, um espaço luminoso, totalmente dominado pela obra Fruto Estranho. É um trabalho monumental. Duas árvores verdadeiras com dois aviões verdadeiros encastrados nas copas. É como se os aviões se tivessem despenhado ali há séculos, e agora o metal e a madeira formassem uma matéria só, os troncos a trespassarem as asas, e tudo coberto de uma seiva branca. A árvore passou a ter asas e o avião passou a ter raízes. Mas eternamente presos um ao outro, estão como as figuras de Pompeia, imóveis, cobertas de lava.

Neste caso, o que parece seiva é na verdade sabão, cobrindo os aviões até eles parecerem uns bichos cegos, sem olhos, sem janelas. Quatro toneladas de sabão para dez toneladas de obra, no total.

Cada avião tem uma asa de onde pende um tubo cheio de líquido, como numa transfusão. E cada asa tem a seus pés um contrabaixo de onde foi retirada uma parte da madeira para alojar um recipiente com líquido. A ideia é que o tubo que vem da asa está a deixar cair o seu líquido no violoncelo.

Se avião e árvore estão petrificados, o líquido estará em movimento. Nuno Ramos pensou-o como sendo soda cáustica, mas o museu contrapropôs água, por razões de segurança.

E num pequeno ecrã entre os dois aviões passa continuamente um fragmento de A Fonte da Virgem, de Ingmar Bergman: um homem chega ao cimo de uma montanha onde há uma jovem árvore solitária e agarra-se a ela com toda a força do seu corpo, tentando derrubá-la. Por cima, Nuno Ramos põe Billie Holiday a cantar Strange Fruit. Quando ela acaba de cantar, a árvore caiu, com o homem abraçado. O conjunto é de uma beleza arrepiante.

E quando voltamos a andar entre os aviões, a voz de Billie Holiday segue-nos como um eco, uma memória, algo que esteve vivo ali e já não está.

6. A grande arte

“Nuno Ramos é um dos artistas mais importantes do mundo na geração aparecida nos anos 80”, diz ao P2 o crítico e professor Paulo Sérgio Duarte. “Existe uma crueza no olhar dele, um brutalismo, uma intensidade difícil de encontrar. É uma obra contundente, com uma força plástica formidável e uma inteligência muito rara. Acho que ele ainda não tem a resposta internacional à altura mas acabará por ser reconhecido.”

Paulo Sérgio, um dos mais influentes críticos no Brasil, desvaloriza a polémica dos urubus. “Já assisti a manifestação contra a morte de moscas, literalmente. Isso aconteceu em Houston, na abertura de um trabalho de Tunga [artista basileiro]. Os urubus estavam licenciados, e eram criados em cativeiro, mas se há quem proteste por moscas… Isso é tanto mais desproporcionado quando pensamos nos problemas do país. Não estou de acordo com essa pressão.”

O músico e ensaísta José Miguel Wisnik disse, na sua coluna do Globo: “As reacções que ele despertou parecem ser uma projecção fantasmagórica e obtusa, desvairadamente literal, daquilo que atravessa sua obra como uma sondagem – única – de dimensão brutalmente física e impalpável que persiste entre as palavras e as coisas.”

Essa dimensão, não apenas entre as palavras e as coisas, mas entre nós e as palavras, como no poema de Cesariny, será talvez o mais perturbante na obra de Nuno Ramos.

Wisnik remata assim o seu texto: “Sim, Nuno Ramos é cruel. Isto é, um dos nossos maiores artistas vivos.”

Nascido em 1960, a trabalhar como artista plástico desde os anos 80, autor de vários livros de contos e ensaios, além de canções, Nuno Ramos vive em São Paulo. O seu último livro, acabado de publicar no Brasil, chama-se O Mau Vidraceiro, e tem um vestígio de ave na capa. Na badana, Gonçalo M. Tavares escreve: “De resto, os urubus no ombro de Nuno Ramos sabem que tudo “termina sempre aqui”, nas suas panças. Mas nós – que conseguimos ser tão exactos na nossa covardia – já ali estamos, na sombra do segundo urubu (o que vai devorar o primeiro), encolhidos e encolhidos, como predadores. Mas julgando preparar a nossa pança, já estamos, afinal, a falhar a nossa fuga.”

peguei lá no site do Financial Times.

By Jackie Wullschlager
Published: October 22 2010 23:11 | Last updated: October 22 2010 23:11

How do you get to be the world’s most successful art dealer? The steely-eyed, silver-haired 65-year-old who steps discreetly into C London in Mayfair is not giving much away. “I’m a kinda lowbrow guy,” Larry Gagosian says, acknowledging the greetings from tables full of international collectors in town for the Frieze art fair as he slips into a corner seat beside me. “I couldn’t put it better than Woody Allen does, ‘Just give me a good game and a good beer.’ I’m just like the next guy.”

In black trousers, open-necked shirt and checked jacket, he has certainly tried to look ordinary. Tanned and trim (when at home in New York, he works out in the pool at his Manhattan town house), Gagosian speaks softly, slowly, deliberately, as if to undercut his powerful image.

But to say he is “just like the next guy” is straining the truth. Gagosian is masterminding the careers of blue-chip names such as Jeff Koons, Takashi Murakami and Damien Hirst. He owns nine (soon to be 10) galleries round the world. When we meet, he is fresh from an opening at one of his London galleries, Hirst’s “Poisons + Remedies” in Davies Street, a Mayfair space that he says “has been a gold mine”. He is en route to a party at the other gallery, on Britannia Street near Kings Cross, to celebrate James Turrell, the American conceptualist and experimental sculptor of light and space who has just joined the Gagosian stable. When I congratulate him on his recent, museum-quality Picasso show in the same Britannia Street gallery, talk turns naturally to his pleasure in “building a nice Picasso collection”. Collecting for himself, says Gagosian, is “a perk” of the job.

C London, formerly known as Cipriani, is Gagosian’s neighbour on Davies Street and a favourite haunt. Without bothering to open the menu, he asks for grilled swordfish – surely appropriate for a man known as the sharpest operator in the business. I opt for risotto alla primavera. A drink? “No, no, but please go ahead – knock yourself out! You want a vodka? Ha!” He glances at the scribbles in my notebook: “Then you won’t be able to read your handwriting. Which could be a good thing.” We settle on mineral water: sparkling for him, still for me. “Restaurant behaviour is now so standardised, it’s kinda annoying”, he observes. “When I first came to London it was a two-hour lunch and a bottle of wine; in New York’s it’s Diet Coke and back to the office in 20 minutes.” He affects appreciation of the lunch crowd lingering around us but I sense that the New York model better suits this frenetically active man.

In the past week, Gagosian has been in London for the giant Frieze contemporary art fair, then in Paris to receive the Légion d’Honneur – an award he studiously avoids mentioning throughout our lunch – and to inaugurate his ninth gallery, a swankily revamped hôtel particulier close to the Champs Elysées. “There’s room for a gallery like ours there, so we decided to take the plunge. And Paris is catching up with London – don’t you think so?”

The charming sleight that my opinion matters conceals ruthless ambition and business acumen. Gagosian is establishing himself in the French capital ahead of Bernard Arnault’s museum, the Louis Vuitton Foundation for Creation, designed byFrank Gehry, which will transform Paris as a contemporary art centre.

The Paris gallery is part of an expanding empire establishing Gagosian as the art market’s one truly global brand. By next weekend he will be back in New York to open an important Robert Rauschenberg show – he represents the artist’s estate. Next month a Giacometti exhibition will launch his 10th gallery, in Geneva, and he shows Murakami in Rome. A Hong Kong gallery is scheduled for January.

“Yeah, I like to travel, like anyone does,” says Gagosian. “I like to have a reason to visit each city – that’s very satisfying. I go to Rome, I have a reason to be there, not just looking at the sights. Not that the sights aren’t worth looking at but I’m not the sort of person who goes somewhere just because it’s there. I mean, it’s great for people to do that but I don’t do it.”

What he does is enact, in real street level spaces, the abstract idea of 21st-century global culture. “New York used to drive the art world but it’s much more diverse, more global now. One sees wealth in many more different parts of the world, and the big change is electronic information – being able to show images anywhere. Yet you have to reinforce that with bricks and mortar apparently, this business is based on walking in a door and looking at things. Most major galleries have clients round the world; we’ve built all these galleries. It’s a particular approach, I’m not sure it’s necessary but it is fun. Once I started I couldn’t stop.”

He was born in 1945 in Los Angeles, the elder of two siblings, to Armenian immigrant parents, a stockbroker and “a homemaker”, and “had to leave LA to take the next step up – New York was the obvious place to go, so right off the bat I was moving – always moving.”

After an English degree at the University of California Los Angeles, “I started selling posters on the sidewalk”. He acquired them for $2, stuck them in aluminium frames and resold them at $15. “I didn’t think it would lead to anything. I didn’t go to museums when I was a kid, it wasn’t that sort of family. It was only when I started to get into the art world that I understood such a profession as art dealer existed.”

Our lunch arrives. My risotto is creamy, soothing and packed with asparagus. Gagosian’s swordfish, is accompanied by boiled potatoes and a green salad. He approaches the dish methodically, with minimal interest, and continues: “I wasn’t particularly ambitious at college, I had no career path whatsoever. I started from scratch so it always felt like progress.” Did he follow any models? “I’m not really a scholar but I read a couple of biographies of [Sir Joseph] Duveen – I find his style kinda inspiring. He was a risk-taker, not afraid to buy a very expensive work of art. He believed in the power of art – that’s where the confidence has to be. Art’s been around a long time: I can’t screw it up too much!”

Duveen was a British art dealer who grew rich in the early 20th century by acting on one idea: that Europe had old art while America had new money. Gagosian opened his first gallery in Los Angeles in 1979 and similarly made a fortune taking the excitement of the east coast art scene – Richard Serra, Frank Stella, Eric Fischl – to west coast collectors newly rich from profits in entertainment, real estate and technology. He also acquired a reputation for turning collectors’ houses into extensions of the Gagosian Gallery, brokering deals on the principle that anything is for sale if the price is right.

An early triumph in the mid-1980s was cold-calling the collectors Burton and Emily Tremaine and persuading them to sell their Mondrian, “Victory Boogie-Woogie”, to Condé Nast publisher Si Newhouse for $12m. That sum sounds small beer compared to today’s prices, which, Gagosian says, “I would not have anticipated – I don’t think anyone would.” In 2006, he brokered another famous private sale, from entertainment mogul David Geffen to hedge fund billionaire Steven Cohen, of Willem de Kooning’s “Woman III” for $137m – the second most expensive work of art ever sold.

Gagosian has, he acknowledges, “a natural feel for selling. Innate cleverness is part of my DNA. My judgment isn’t always right but I tend to be able to size things up.” He was also “born with a good eye – well, I think it is a good eye. I’ve always been extremely visual, looked at things closely, been captivated. I don’t want to say I have any special gift but if you haven’t an eye, you won’t be a dealer.”

Moving to New York in the 1980s, Gagosian caught the attention of Leo Castelli, then America’s most influential gallerist, who “became a very, very good friend. He took a liking to me, I think, because I could sell things for him. It annoyed a lot of people, which was part of the idea.” Gagosian acquired the nickname “Go go”, while Peter Schjeldahl, an art critic for The New Yorker, has described him as being “like a shark or a cat or some other perfectly designed biological mechanism”.

Why do people have these reactions to him? “You’d have to ask them! But anyone is susceptible to pangs of envy and competition – it’s what makes the world go round. As long as you behave well, there’s nothing wrong with being aggressive.” He has poached from other dealers – Murakami from Marianne Boesky, Franz West from David Zwirner – but “never from Leo, why would I? It would have been bad manners, and bad business.”

Our short lunch is interrupted by a waiter assuming we have finished, but “I’m not through with it yet”, Gagosian says of the last shreds of his salad, as if it were a tricky installation. Since Castelli’s death in 1999, he sums up, “the art world has become much more a business, for better or worse, through thick and thin – and even the lean times are not that lean!” Has Gagosian effected this transformation? “I haven’t changed the way art’s sold but I’m the kind of person that likes to push and keep challenging myself. I haven’t reinvented the wheel but by expanding it into a global business, that’s a contribution. But the model of art dealing is pretty fixed.”

Never before, though, has a dealer swollen an artist’s prices simply by anointing him into his stable. British painter Glenn Brown, for example, joined Gagosian in 2004 with a record price of £46,000; now his top price is £1.4m – a 30-fold rise, exceptional in just six years. “Taking an artist at entry point and building that reputation – if you pick well – it’s one of the neatest things you can do as a dealer,” Gagosian says. And he has just, he mentions, had dinner in New York with the abstract painter Cecily Brown; he talks warmly of her new baby, and also of the fact that “when she started, her big canvases were $8,000. Now they’re – more expensive.” (One fetched $1.1m at Sotheby’s in May.)

Is his Midas touch so infallible that things get dull? “If everything’s blue-chip, it might make good business sense but it becomes kinda sterile. But you try to show the most interesting, innovative artists – that’s your judgment, your taste – it’s the most crucial decision a dealer has to make.”

Like other great dealers – Daniel-Henry Kahnweiler with Picasso or Castelli with Jasper Johns – Gagosian will be remembered for facilitating certain great careers: particularly Richard Serra, with whom he has worked since 1982 – “I built my gallery in Chelsea with Richard in mind, to keep him excited and engaged, I bought the building because his work demanded it” – and Cy Twombly. “Yeah, I push him. I’m sure he sort of groaned when he heard I was opening in Paris,” says Gagosian, who has launched each European venue, including Paris, with a Twombly show. “One of the greatest joys of my life has been working with Cy. It’s an awesome career.”

Gagosian has no family and it is noticeable that his most shimmering shows this year – Picasso in London, Monet in New York – have been historical. “I don’t want a premature retrospective”, he says, but he is displaying part of his own collection for the first time this autumn, in Abu Dhabi. He turns down dessert and tells me, “I don’t do coffee”, but, as I request the bill, he asks, “Do you do this sort of thing often? I don’t.”

He rarely gives interviews and I have been wondering why he agreed to this one. Is it competitive drive? Hauser & Wirth, his nearest rival, has just opened spectacular premises in Savile Row and Gagosian is aware that he “needs a bigger space, in the centre”, to reaffirm his London presence. His final speech, though, delivered in a fluent rush, suggests something deeper: at 65, this fearsomely efficient selling machine is also concerned with the longer view, the legacy.

“T S Eliot said that every new piece of literature alters what’s been written before, and you can adapt that to art,” he says. “Taste changes, time will tell. But you can’t freak out about it and you can’t be paralysed because you can’t always hit the bull’s-eye when it comes to art history. That shouldn’t stop you taking your shot. Art dealers feel they have to obfuscate the mercantile part of their profession but let’s not kid ourselves – it’s a business. Artists have families and children and like anyone else they want to live decently – sometimes very decently. We use our best judgment but we just don’t know: great art has lasting value, it doesn’t go away. And, look, I could have been selling insurance – I mean no disrespect to that profession – but anyone doing what I do has to feel really fortunate. It’s a wonderful world, the best.”


O release que Diego de Godoy, diretor de cinema e curador da exposição, me mandou diz assim:


Espaço Soma e dgdgd apresentam a exposição “I’ll Be Your Mirror”, de Thomas Dozol

Pela primeira vez em São Paulo, após exibição em Nova Iorque e Atlanta, exposição apresenta série limitada de fotografias

No dia 27 de outubro, o Espaço Soma recebe a exposição “I’ll Be Your Mirror”, do francês Thomas Dozol. O fotógrafo apresenta retratos de amigos e conhecidos registrados após quinze minutos do banho, no máximo. A idéia é congelar um momento de autocontemplação e reflexão, explorando fronteiras da intimidade e familiaridade. As obras serão comercializadas e a exposição fica em cartaz até 27 de novembro, com curadoria do cineasta Diego de Godoy (dgdgd) e produção do Kultur Studio.

“I’ll Be Your Mirror” é a captura desses momentos de privacidade, em que Thomas Dozol procura se misturar ao ambiente da pessoa retratada, sem interferir em sua rotina diária, sem interrupções do cotidiano. A exposição já esteve em Atlanta e em Nova Iorque, no NP Contemporary Arts Center, onde o cantor e compositor Elton John adquiriu cinco fotografias da série.

Munido de sua câmera e sem equipamento de iluminação e equipe técnica envolvidas no trabalho, Dozol não dá nenhum tipo de instrução aos indivíduos. Com isso, o processo criativo de sua obra torna-se quase tão íntimo quanto o momento que ela retrata de forma sutil e poderosa, caracterizada por uma vivacidade e uma palpabilidade arrebatadoras. “Entre os amigos de Thomas Dozol retratados na exposição “I’ll Be Your Mirror” estão a atriz Gwyneth Paltrow, os músicos Casey Fisher (Fisherspooner), Jake Shears (Scissors Sisters) e Michael Stipe (R.E.M.), cantores e personalidades que sempre aparecem glamourizados e produzidos, mas nas imagens surgem naturais e em pé de igualdade com o os demais da série”, reflete Diego de Godoy.

A maioria dos personagens são fotografados ainda molhados, fazendo referencia à água pois, segundo Dozol: “ela tem papéis importantes, como ‘renascimento’, ‘purificação’ e ‘recomeço’, conceitos que podem ser aplicados tanto aos ritos sagrados, como ao ritual diário do banho”, detalha o artista.

A inspiração da série, uma reflexão sobre a vida humana, surgiu do fascínio do artista pela capacidade dos pintores nabis [do hebraico “profetas”] de transformar momentos aparentemente mundanos em algo mais elevado.

Thomas Dozol nasceu na Martinica, em 1975. Já teve trabalhos publicados em revistas internacionais como Interview, Vogue, Paper e Another Man. Possui Bacharelado em Arte Dramática e atua diretamente na área de fotografia há cerca de 5 anos. Já trabalhou com teatro, em Paris e Nova Iorque.

“I’ll Be Your Mirror”, por Thomas Dozol @ Espaço Soma
Rua Fidalga 98 – Vila Madalena – São Paulo/ SP
Abertura: 27 de outubro, das 19h as 24h
Terça a quinta-feira das 12h às 20h
Sextas e sábados das 12h à 1h
Capacidade: 250 lugares
Aceita cartões
Censura livre
Exposição com visitação gratuita
Estacionamento: Em frente (não conveniado)
Telefone: (11) 3031-7945

www.maissoma.com
/ info@maissoma.com

Cartaz Comunicação
Leandro Matulja/ Letícia Zioni/ Sandra Calvi

www.agenciacartaz.com.br
 
Informações para imprensa
Bruno Abreu- (+55 11) 3871-3030 r. 213

brunoabreu@agenciacartaz.com.br

Sábado, no ateliê aqui na Lapa, Francisco Bosco lança seu livro, são ensaios mas com alma de poesia. O lançamento acontece entre 19h e 22. Depois rola festa/pista até 1h da manhã com os djs Nepal, Arthur Miró (Festa Phunk) e Rodrigo Montoni. O release que Francisco me mandou diz assim:

E LIVRE SEJA ESTE INFORTÚNIO ] FRANCISCO BOSCO

O tema do novo livro de Francisco Bosco, E livre seja este infortúnio, pode ser resumido de modo singelo e direto: “as pessoas mudam?” Por meio de uma série de textos heterogêneos quanto à escrita (alternando ou equacionando os registros teórico, autobiográfico e narrativo), mas intensamente coeso quanto à questão perseguida, o livro se debruça sobre trajetórias de vidas e analisa momentos de ruptura radicais. Em que condições uma pessoa pode se transformar? Que práticas existenciais propiciam ou impedem uma transformação psíquica?

Como descreve Nuno Ramos, “o livro pergunta essencialmente (e quase deseja) por uma crise. Inominável, disforme, completa, essa crise ronda como um eco de fundo cada frase e cada raciocínio, e é seu elemento verdadeiramente unificante, a um só tempo pessoal e cultural. O mundo descrito por Francisco Bosco quer quebrar-se, ou está prestes a.”

Mirando obssessivamente os momentos e as condições de grandes transformações, trata-se de um livro que não deixa de compartilhar o interesse primordial do gênero autoajuda – chegando, contudo, a uma conclusão diametralmente oposta: o movimento que precede uma ruptura radical é aquele de um pensamento negativo, capaz de sustentar um incômodo e impedir que seu potencial transformador se desperdice sem a direção e o conteúdo necessários.

À maneira dos relatos de casos clínicos pela psicanálise, o livro tem a concretude como método: por que Kafka não pôde se livrar da opressão tirânica de seu pai?, por que Arnaldo Baptista passou da infância à melancolia, e daí a uma aparente tentativa de suicídio?, por que uma ascese parece ser condição necessária para a realização e sustentação de um ato transformador?, por que o ciúme pode, em certas condições, revelar-se uma via insuspeitada de reinvenção do eu?

Os conceitos fundamentais de que se vale o livro são egressos da psicanálise. Mas, antes disso, esses conceitos remetem a problemas que não são exclusivos da psicanálise ou de qualquer outro campo de saber; os problemas são sempre da vida, os conceitos é que pertencem a territórios discursivos. Esse livro compartilha com a psicanálise o interesse por determinados problemas. Mas, nele, o diálogo primordial é com esses problemas, e não com a psicanálise.

O filósofo Gilles Deleuze dizia que, se não formos capazes de remontar as abstrações aos problemas de que elas se originam, a teoria não serve para nada. Pois bem, E livre seja este infortúnio é um livro fiel a essa perspectiva, a qual entende que os conceitos são meios – a vida é que é o fim.