Agente do FBI revela bastidores dos maiores crimes de arte

Peguei lá no Pega Ladrão do site Mapa das artes essa matéria do Silas Marti que saiu na Ilustrada da FolhaSP de ontem.
Parece até que a grande imprensa anda visitando o b®og aqui.



Estocolmo, Natal de 2000. Bandidos explodem dois carros perto do Museu Nacional da Suécia e bloqueiam acessos ao prédio. Roubam um Renoir e um autorretrato de Rembrandt, de US$ 36 milhões, e fogem numa lancha atracada atrás do museu.
Cinco anos depois, porta-vozes do FBI, a polícia dos Estados Unidos, chamam a imprensa e anunciam o resgate do Rembrandt. Alguém tentava vender a tela por US$ 250 mil em Copenhague.
Atrás da cortina, durante a entrevista coletiva, estava Robert Wittman, agente secreto do FBI que passou 20 anos no rastro de obras de arte roubadas no mundo todo.
“Sempre ficava escondido enquanto os chefes se gabavam diante das câmeras”, lembra Wittman em entrevista à “Folha de S. Paulo”. “Só fazia meu trabalho: recuperar as obras.”
Ele foi o primeiro agente do FBI destacado para a função, depois fundou e liderou um time especializado em crimes de arte na agência, hoje com 13 homens.
Em “Priceless” (“Sem Preço”), livro que ele acaba de lançar nos EUA e que deve sair no Brasil pela Zahar, Wittman narra os bastidores de suas investigações.
Tem como fio condutor o maior roubo de todos os tempos, até hoje sem solução.
Em 1990, ladrões vestidos de policiais invadiram um museu em Boston e roubaram US$ 500 milhões em obras, entre elas um Vermeer, dois trabalhos de Rembrandt e quatro de Degas.
“Nenhuma delas foi encontrada”, conta Wittman. “Mas acredito que estão por aí, não foram destruídas.”
Wittman chegou a viver anos na França e em Miami tentando recuperar as telas.
Fingindo ser um comprador, estava bem próximo de fechar negócio com mafiosos na ilha de Córsega quando o plano todo fracassou. Segundo ele, havia gente demais envolvida na investigação.

Disfarces e Mentiras
Mesmo sendo bom farsante, não conseguiu resolver o maior caso de sua carreira.
“Já encarnei todo tipo de personagem, professor, colecionador, marchand”, conta. “É como ser um ator, com a diferença que não podemos refazer um take ruim e as consequências são bem mais severas quando erramos.”
Ladrões de arte são muitas vezes os mesmos por trás de assaltos a banco ou líderes do tráfico internacional de drogas e Wittman tinha noção do perigo das operações.
“Temos só uma chance para resolver o caso”, conta. “Por isso, sempre mantive os disfarces bem próximos da realidade, já que era difícil demais decorar as mentiras.”
Também os cifrões. Wittman diz não prestar atenção no valor da obra que procurava. Conta que seu caso preferido foi recuperar uma bandeira usada na Guerra Civil.
“Ela valia só US$ 30 mil, mas cinco pessoas morreram carregando aquela bandeira”, lembra. “Dinheiro é muito fluido, não significa nada. É mais importante resgatar um pedaço de cultura.”

“Priceless”, de Robert Wittman.
Editora: Crown Publishers
336 págs.
US$ 25

Fonte: “Folha de S. Paulo” | www.uol.com.br ; texto de Silas Martí ; 19/07/10.

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