Éramos o time do rei – MAC Niterói – sábado
O livro de Fernanda é isso tudo aí embaixo e muito mais. Lançamento no próximo sábado.
A Experiência Rex: “Éramos o time do rei”
Em junho de 1966, o Grupo Rex, formado por Geraldo de Barros, Nelson Leirner, Wesley Duke Lee, Carlos Fajardo, Frederico Nasser e José Resende, inaugurou suas atividades em São Paulo com a abertura de um espaço de exposições, a Rex Gallery & Sons, localizada na Rua Iguatemi n. 960 (dividindo espaço com a loja de móveis Hobjeto, de Geraldo de Barros), e o lançamento de um jornal-boletim, o Rex Time. O nome da galeria, gravado em uma placa pendurada logo na entrada, e da publicação, eram sempre em inglês para dar o ar de seriedade, de credibilidade das tradicionais firmas inglesas que passam de pai para filho durante gerações.
A manchete estampada em letras maiúsculas na capa da primeira edição do Rex Time, publicado em 3 de junho de 1966, dava conta da postura do grupo. “Aviso: É a Guerra” era o título do editorial escrito pelo poeta e jornalista Thomaz Souto Correa, que anunciava: “Tem gente que, depois de pensar e sofrer bem, achou que do jeito que está a situação das artes plásticas no Brasil não pode continuar. E, sempre pensando bem e sofrendo mais ainda, eles resolveram dar um grito de ‘basta!’. (…) Essas gentes são os Rex, que me pedem para comunicar e eu comunico”. O grupo queria pôr fim às relações viciadas das instituições culturais, das galerias e leilões. Buscando espaço para a nova produção artística, os Rex “baixam a ponte levadiça, pois a guerra é justamente para levar mais gente para dentro do castelo”. Em quase um ano de atividade marcado pelo humor e pela ironia, promoveram conferências, sessões de filmes experimentais e documentários, organizaram cinco exposições, uma delas reunindo jovens artistas, e editaram cinco números do jornal Rex Time.
A Experiência Rex: “Éramos o time do rei” busca analisar a formação e atuação do Grupo Rex no contexto da arte brasileira da segunda metade dos anos 1960, marcado no campo sóciopolítico pela ditadura militar a partir de 1964 e, no campo artístico, pelas discussões estruturadas a partir do movimento de Nova Figuração. O grupo foi uma das tentativas que se organizaram na segunda metade dos anos 1960 de reavaliação das artes plásticas no Brasil, voltando sua atenção para o circuito artístico, então baseado na existência de alguns museus, galerias e leilões, voltados para a exibição e comercialização da arte moderna e da arte abstrata brasileiras. A busca de alternativas contemporâneas para a produção artística e novas formas de comunicação com o público, desenvolvidas pelos artistas naquele momento, também implicava a abertura de novos espaços no circuito artístico onde essa produção pudesse circular.