Do homem-máquina ao homem-genoma

de Sergio Paulo Rouanet

(mais um texto enviado pelo Fausto Fawcett, que está confirmadíssimo na primeira mesa da Assembléia Geral, dia 9 de maio na Lapa)

Há exatamente 250 anos morria em Potsdam, na corte de Frederico, o Grande, o médico Julien Offray de La Mettrie (1709-1751), vítima de um mal-estar gástrico provocado por um pastelão de faisão com trufas. É verdade que as más línguas, principalmente a mais viperina de todas, a de Voltaire, também hóspede de Frederico, juraram que o pobre homem não tinha morrido bem de indigestão, e sim dos remédios que ele receitara a si mesmo.

Como se não bastasse tanta maledicência, os devotos afirmaram que aquele ateu convicto tinha se convertido ao catolicismo antes de exalar seu último suspiro, mas podemos duvidar dessa conversão se levarmos em conta que pouco antes do seu triste fim La Mettrie tinha escrito que a felicidade consistia em segurar um copo numa das mãos e o biquinho do seio da linda Phílis na outra, “mandando ao diabo todos os preconceitos do universo”.

Por que relembrar hoje esse filósofo relativamente pouco conhecido? Porque de certo modo ele está mais na ordem do dia que a maioria dos pensadores do século 18. La Mettrie é autor de um livro célebre, “O Homem-Máquina” (ed. Mille et Une Nuits, 1,52 euros, França), cujo título é quase um resumo do anti-humanismo moderno.

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