Archive

Uncategorized

Começa na próxima sexta-feira, dia 27 de julho, às 15h, o workshop: “O Terceiro Olho”, uma oficina gratuita de criação e edição de videoarte, com o artista Cleantho Viana, no Galpão Bela, na Maré. A oficina será realizada nas sexta-feiras dias 27 de julho, 3 e 10 de agosto e nos sábados, dias 28 de julho, 4 e 11 de agosto. Durante os encontros serão passadas noções teóricas e práticas do pensamento artístico, e os alunos serão estimulados a desenvolverem trabalhos para uma exposição coletiva que se realizará no final do curso. As obras produzidas serão postadas na página da oficina, dentro do Portal Bela/Labe. A oficina é uma iniciativa do Bela/Labe, um projeto de formato híbrido, que discute espaço urbano, cultura digital e arte contemporânea por meio de uma plataforma na internet e de oficinas no entorno físico da favela da Maré. A curadoria do Bela/Labe é de Daniela Labra e a realização do Observatório de Favelas, Espiral e Automatica. Informações: www.belamare.org.br/labe.

lá no site

GAGOSIAN IN BRAZIL

If there’s a new market to be tapped, the Gagosian Gallery will be there to tap it. Coming off the success of “Brazil: Reinvention of the Modern,” an exhibition it held in its Paris gallery last year featuring the 1960s and ’70s Neo-Concrete artists Sérgio de Camargo, Lygia Clark, Amilcar de Castro, Hélio Oiticica, Lygia Pape and Mira Schendel, Gagosian will stage a major sculpture exhibition in a warehouse in Rio de Janeiro as part of the ArtRio fair. The gallery will also have a separate booth at the fair, which run Sept. 12 to 16. Both spaces are being created by Claudia Moreira Salles, the Brazilian designer.

ALSO IN BRAZIL …

Eungie Joo, most recently the New Museum’s director and curator of education and public programs, has been appointed director of art and cultural programs at Inhotim, a nonprofit contemporary art center, art park and botanical garden 200 miles northwest of Rio de Janeiro.

Inhotim was founded by the Brazilian industrialist and collector Bernardo Paz and designed by Roberto Burle Marx. It has a collection of work by about 120 contemporary artists, including Doug Aitken, Matthew Barney, Yayoi Kusama, Pipilotti Rist and Rirkrit Tiravanija.

At the New Museum, Ms. Joo had organized “The Ungovernables,” its 2012 Triennial.

Inaugura hoje e vai até o dia 8 de setembro a exposição coletiva ‘From the Margin to the Edge: Brazilian Art and Design in the 21 st Century’ (‘Da Margem ao Limiar: Arte e Design Brasileiros no Século 21’), na Somerset House em Londres.

Reunindo o melhor da arte e do design brasileiros da atualidade, a mostra trará a rica oferta cultural do país, com 33 artistas e designers, de quase todas as regiões, envolvendo nomes em ascensão e artistas internacionalmente consagrados para representar a vibrante cena artística do Brasil.

Com curadoria do historiador de arte Rafael Cardoso e cenografia de Daniela Thomas e Felipe Tassara para as Galerias Embankment da Somerset House, os trabalhos que serão apresentados foram criados nos últimos dez anos e cobrem a produção contemporânea do Brasil de quase todas as formas: pinturas, fotografias, videoinstalações e esculturas.

Rafael Cardoso afirma que: “O Brasil encontra-se, nesta segunda década do século 21, em um novo limiar, passando a ser visto como importante ator global nos campos da economia e da política. Com a ascensão inconteste de artistas brasileiros no cenário internacional, nossa cultura passa a ser tratada com novo respeito. A arte brasileira passou hoje a ocupar um lugar de ponta, propondo inovações e provocando transformações. Daí, o sentido ostensivo do título: ‘From the Margin to the Edge’ (‘Da Margem para o Limiar/Ponta’).

“Um dos propósitos da exposição é comemorar essa conquista e marcar explicitamente a posição da arte brasileira É uma oportunidade única, por se tratar de um espaço muito especial e um momento ímpar no calendário mundial de eventos”, diz o curador.

 

From the Margin to the Edge: Brazilian Art and Design in the 21 st Century

Horário: 21 de julho – 8 de setembro de 2012, diariamente das 10.00 às 19.00, exceto às quintas-feiras, quando a exposição abre das 11.00 às 21.00

Endereço: Somerset House, Strand, Londres WC2R 1LA

Tel: +44 (0)20 7845 4600

Entrada Gratuita

Transporte: As estações de metrô mais próximas são: Temple, Covent Garden, Charing Cross e Embankment

www.somersethouse.org.uk

 

Lista dos artistas selecionados:

Adriana Varejão Pintora. Nascida no Rio de Janeiro, 1964. Alex Flemming Fotógrafo, pintor, escultor, gravador, artista multimídia e poeta. Nascido em São Paulo, 1954. Angelo Venosa Escultor. Nascido em São Paulo, 1954. Amador Perez Artista plástico. Nascido no Rio de Janeiro, 1952. AoLeo Artista plástico, diretor teatral, cenógrafo, ator e performer. Nascido no Rio de Janeiro, 1983. Ascânio MMM Escultor e pintor. Nascido em Fão, Portugal, 1941. Berna Reale Artista plástica e fotógrafa. Nascida em Belém, 1964. Caio Reisewitz Fotógrafo. Nascido em São Paulo, 1967. Cao Guimarães Artista plástico e cineasta. Nascido em Belo Horizonte, 1965. Claudia Moreira Salles Designer de móveis. Nascida no Rio de Janeiro, 1955. David Cury Artista plástico. Nascido em Teresina, 1963. Eduardo Coimbra Fotógrafo e escultor. Nascido no Rio de Janeiro, 1955. Emmanuel Nassar Artista plástico. Nascido em Capanema, 1955. Gilberto Paim & Elizabeth Fonseca Ceramistas. Nascidos no Rio de Janeiro. João Penoni Designer, fotógrafo, videomaker, performer. Nascido no Rio de Janeiro, 1983. Jum Nakao Estilista e artista plástico. Nascido em São Paulo, 1966. Laura Erber Escritora e artista visual. Nascida no Rio de Janeiro, 1979. Laura Lima Artista plástica. Nascida em Governador Valadares, 1971. Marcone Moreira Artista plástico, escultor, fotógrafo. Nascido em Pio XII, 1982. Marcos Chaves Artista plástico. Nascido no Rio de Janeiro, 1961. Maria Laet Artista plástica. Nascida no Rio de Janeiro, 1982. Maurício Azeredo Arquiteto e designer de móveis. Nascida em Macaé, 1948. Maurício Dias & Walter Riedweg Videoartistas. Nascidos no Rio de Janeiro, 1964, e Lucerna, Suíça, 1955. Nelson Leirner Artista plástico. Nascido em São Paulo, 1932. Raul Mourão Artista plástico. Nascido no Rio de Janeiro, 1967. Regina Silveira Artista plástica. Nascida em Porto Alegre, 1939. Rico Lins Designer e ilustrador. Nascido no Rio de Janeiro, 1955. Rochelle Costi Fotógrafa e artista plástica. Nascida em Porto Alegre, 1961. Rodrigo Braga Artista plástico. Nascido em Manaus, 1976. Rodrigo Calixto Designer de móveis. Nascido no Rio de Janeiro. Zé Carlos Garcia Artista plástico. Nascido no Rio de Janeiro, 1973.

 

No dia 26 de julho, as 20:30h, acontecerá na galeria A Gentil Carioca Lá o Leilão Lastro com o intuito de arrecadar fundos para o site Lastro – Intercâmbios Livres em Arte (www.lastroarte.com). O evento é uma proposta das galerias A Gentil Carioca e Silvia Cintra + Box 4 e Bolsa de Arte com Patricia Fainziliber.

O Leilão Lastro contará com importantes nomes da cena de arte contemporânea brasileira como Brígida Baltar, Cabelo, Carlito Carvalhosa, Daniel Senise, Ernesto Neto, Nelson Leirner, Raul Mourão, entre outros (lista completa no final) que disponibilizaram obras com o intuito que o valor arrecadado dê continuidade a realização do site/banco de dados. Todos os lotes terão lances mínimos entre R$500 e R$10.000, fazendo com que o evento incentive novos e jovens colecionadores.

Idealizado pela curadora Beatriz Lemos, Lastro é uma plataforma virtual sem fins lucrativos no âmbito das artes visuais na América Latina, construída para potencializar o diálogo entre profissionais latino-americanos e para difundir suas práticas para o público em geral. Uma rede de trabalho e pesquisa tramada organicamente por seus usuários: artistas, críticos, curadores, espaços e projetos de arte que compõem os 20 países latino-americanos. É também lugar de informação, comunicação, encontros e trocas. Pretende ser abrigo e rizoma de práticas e reflexões sobre arte contemporânea no contexto da América Latina e suas reverberações além-territórios.

Artistas presentes no Leilão Lastro: Ângelo Venosa, Brígida Baltar, Cabelo, Carlito Carvalhosa, Cristina Canale, Daniel Senise, Ernesto Neto, Gustavo Speridião, Joana Traub Cseko, Jorge Duarte, José Rufino, Gabriela Machado, Laércio Redondo, Laura Lima, Luiza Baldan, Maria Klabin, Marcos Cardoso, Marcos Chaves, Maria Lynch, Nelson Leirner, Otávio Schipper, Pedro Varela, Paulo Nazareth, Raul Mourão, Ricardo Ventura, Romano, Ronald Duarte, Vicente de Mello.

Informações importantes:

O leilão acontecerá na Quinta-feira 26/07 as 20:30h na galeria A Gentil Carioca Lá e terá como mestre de cerimonia o ator Paulo Tiefenthaler.

As obras estarão expostas no Sábado 21/07 e de Segunda 23/07 até o dia do leilão das 14h as 22h.

As obras estão disponíveis para visualização no site www.bolsadearte.com Interessados em arrematar obras poderão deixar lances prévios e se cadastrar pelo email leilao@lastroarte.com, por telefone ou pessoalmente na galeria até o inicio do leilão. O pagamento das obras poderão ser divididas em até 3x sem juros.

Contatos:

A Gentil Carioca Lá – Av. Epitácio Pessoa 1674/401, Lagoa, Rio de Janeiro. T. (21) 2523 1157 ou (21) 8834 9110

leilao@lastroarte.com para cadastro e mais informações do evento e obras disponíveis.

contato@lastroarte.com para mais informações sobre o projeto Lastro.

The Griffin Art Prize is an exciting new opportunity for emerging artists in painting & drawing. It is supported by the world’s leading fine art brands, Winsor & Newton, Liquitex and Conté à Paris. Part of The Studio Programme, this prize offers an outstanding candidate a six month residency, including materials, to develop new work for a one-person show in the Griffin Gallery, London W11.

An exhibition of ten short-listed artists for the Griffin Art Prize 2012 will be held in November 2012 in the Griffin Gallery. The judges will be looking for innovation and potential; to make this short-list will be a considerable achievement as the exhibition will be a showcase for collectors, critics, art world professionals and the general public. The winner of the Griffin Art Prize 2012 will be selected by the judges from the shortlist exhibition and announced at the private view in the Griffin Gallery on 8th November 2012.


Com o intuito de aprofundar seu papel educacional, a SP-Arte lança a segunda edição do projeto Laboratório Curatorial. O projeto convida jovens curadores a submeterem pré-projetos de exposições a serem realizadas em seção especial na Feira, tomando como acervo central obras de artistas representados pela galerias participantes, num processo sob a direção pedagógica de Adriano Pedrosa, curador de educação. Quatro pré-projetos serão selecionados e os respectivos curadores ganharão como prêmio uma viagem para visitar as bienais de Veneza e de Istambul entre setembro e novembro de 2013*.

O pré-projeto deve incluir pelo menos quatro diferentes galerias participantes da SP-Arte (clique aqui para acessar a lista de galerias e seus artistas), texto de cerca de 500 palavras sobre o conceito da mostra, lista preliminar de artistas e de obras com imagens e fichas técnicas completas (título, ano, técnica, dimensões, galeria), prevendo a ocupação de um espaço de cerca de 100m2. A inscrição deve incluir também currículo completo com ano de nascimento e contatos do curador. Serão realizadas entrevistas por Skype para a seleção final dos curadores. Estimula-se mostras que estabeleçam diálogos entre artistas brasileiros e estrangeiros e de diferentes gerações. A SP-Arte cuidará da execução do projeto expográfico que será desenvolvido em diálogo com os arquitetos. As obras serão cedidas com a cortesia das galerias participantes, com as quais um diálogo deverá ser estabelecido para seleção final. Os candidatos podem ser brasileiros ou estrangeiros, mas se comprometem a participar das reuniões curatoriais em São Paulo realizadas a cada 2 semanas, entre os meses de setembro de 2012 a abril de 2013, para desenvolvimento e execução dos projetos. Não serão aceitos projetos de coletivos ou duplas curatoriais. Os pré-projetos selecionados terão presença no catálogo SP-ARTE/2013, com 4 páginas cada um, incluindo conceito da mostra e reprodução de obras. A seleção dos pré-projetos será feita por Pedrosa, Ana Paula Cohen e por Rodrigo Moura, que também farão encontros de acompanhamento e de avaliação dos projetos com os curadores selecionados. Os projetos devem ser enviados em formato PDF por e-mail para laboratorio@sp-arte.com. Dúvidas podem ser esclarecidas através do mesmo e-mail. As inscrições estão abertas até 30 de agosto de 2012.

SP-ARTE/LABORATÓRIO CURATORIAL conta com o patrocínio da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.

* O prêmio e as condições de participação são estipulados pela SP-Arte e serão especificados durante o processo de seleção.

Clique aqui para baixar o arquivo PDF

Peguei lá no site do LA times. O vídeo do deslocamento da rocha até o museu é imperdível.

Michael Heizer’s ‘Levitated Mass’ at LACMA is set to open

Los Angeles County Museum of Art officials anticipate thousands at the opening. Whether the reclusive artist will be among them is not clear.

By Jori Finkel, Los Angeles Times

June 22, 2012

Artist Michael Heizer (Mark Boster, Los Angeles Times / April 19, 2012)

Will the famously reclusive artist Michael Heizer show up for the grand opening of his “Levitated Mass” sculpture at the L.A. County Museum of Art on Sunday?

LACMA officials will say only that they “anticipate his presence.” Then there’s the larger question: whether the unveiling of Heizer’s monumental artwork, featuring a 340-ton boulder suspended over a 456-foot-long concrete channel, will stir up anything like the public excitement the rock’s 11-night journey through city streets did.

“Levitated Mass” is scheduled to open with a dedication ceremony at 11 a.m. When the ceremony ends around 11:30, visitors may begin entering the channel. After that, it will be open free from 6 a.m. to 10 p.m. daily, although guards can turn away people when it gets too dark. Word is that the channel can accommodate 456 people at once.

“We are expecting a large crowd for the opening on Sunday,” said museum spokeswoman Miranda Carroll, who noted that they have prepared for 3,000 to 4,000 visitors. The museum is offering free admission to other exhibitions from Sunday to July 1 to anyone who lives in a ZIP Code along the boulder’s transportation route. The boulder was moved from a Riverside quarry to the LACMA grounds in March on a specially made transporter.

At the public dedication ceremony, LACMA director Michael Govan and board co-chair Terry Semel will speak as will L.A. County Supervisor Zev Yaroslavsky. But nobody is betting on Heizer’s presence, and it would be surprising if he spoke.

Both reclusive and publicity shy, Heizer is arguably the Thomas Pynchon of the contemporary art world. He lives and works in a remote stretch of the Nevada desert, where he has spent the last four decades building a monumental “city” out of the earth that is not open to the public.

And with a handful of exceptions over the last 40 years, he has avoided interviews with art historians and journalists. Six years ago he spent time with New York Times critic Michael Kimmelman, and in April he talked with The Times about the origins of “Levitated Mass,” a sculpture he first attempted with a smaller boulder in 1969.

In that interview Heizer raised a question about the boulder’s much discussed and photographed journey. “I think there is a draw from the rock itself, a magnetism we will see when the sculpture is completed,” he said. “But will the artwork have the same interest value as moving the rock around did?”

jori.finkel@latimes.com

Copyright © 2012, Los Angeles Times

 

Peguei essa matéria do Miguel Angel Garcia Vega no site do El Pais.

Jeff Koons. Hanging Heart (Magenta/Gold).1994-1996.

Atentos a estas dos imágenes. La de apertura es uno de los famosos corazones colgantes de Jeff Koons (con su, para algunos, carga de profundidad de cursilería), mientras que la que aparece un poco más abajo es un vibrante retrato de Rembrandt perteneciente a la colección de Pieter y Olga Dreesmann. El primero se vendió en 2007 por 23,5 millones de dólares (19 millones de euros), el segundo sale a subasta por ocho millones de libras (cerca de diez millones de euros) el próximo 3 de julio. Pero, ¿por qué se paga el doble por un artista sin consagrar –cuyo trabajo despierta no pocos recelos– antes que por un maestro como Rembrandt? ¿Por qué Damien Hirst o Murakami son más caros que dos nombres incuestionables como, pongamos por caso, Tintoretto o Zurbarán?

Rembrandt Harmensz van Rijn. Hombre con gola. Se subastará el 3 de julio en la sala londinense de Christie’s. Estimado: 8.000.000- 12.00.000 de libras. Foto: cortesía de Christie’s.

Pues hemos trasladado estas preguntas a varios expertos y han trazado su particular respuesta a este enigma.

“Principalmente hay dos factores”, explica Carlos Urroz, director de ArcoMadrid. “La mayoría de los coleccionistas son más empáticos con el arte de su época, de sus contemporáneos, puesto que se trata de temas que les son familiares o utilizan una iconografía que les resulta reconocible. Además coleccionar creadores vivos y de tu entorno significa contribuir al desarrollo del tejido cultural”. Y añade: “Existe también un factor de revalorización de la obra, ya que el incremento del precio del arte contemporáneo ha sido sensiblemente superior al del arte antiguo y clásico”.

Pero hay más miradas…

Zurbarán. Manzanas en una cesta de mimbre. 81,3 x 109,2 cm. Se subastará el 3 de julio en la sala londinense de Christie’s. Estimado: 2.500.000- 3.500.000 de libras. Foto: cortesía de Christie’s.

“Que Damien Hirst o Jeff Koons valgan más que muchos grandes maestros de la pintura antigua se debe a un interés creciente de los compradores de países con economías emergentes por el arte contemporáneo, en detrimento de obras clásicas”, reflexiona Eduardo Bobillo, responsable de arte contemporáneo de Alcalá Subastas. E introduce una idea interesante: “Los temas fáciles del nuevo arte pop de Koons y Hirst se asimilan en esos mercados con mayor facilidad que los religiosos católicos o mitológicos de la pintura antigua”.

“El mercado de los maestros antiguos ha mostrado una gran estabilidad. A largo plazo ha ido creciendo continuamente, a la vez que un número cada vez mayor de coleccionistas compite por una oferta finita de obras de unos artistas que ya forman parte de la historia del arte”, apunta Richard Knight, codirector del departamento de maestros antiguos y del siglo XIX de Christie’s. “Además, la rareza de piezas, como por ejemplo el constable [se refiere a La Esclusa, perteneciente a la colección de la baronesa Thyssen, que se subasta el 3 de julio], significa que probablemente un coleccionista solo tenga una oportunidad en su vida de adquirir una obra de tanta importancia, y sin duda la aprovechará”.

Damien Hirst pulveriza al índice bursátil S&P 500, pero su “cotización” sufre

(En principio, los números cuentan que es más rentable “invertir” en Damien Hirst que en el índice Standard & Poor’s 500. Sin embargo, las ventas globales de Hirst, que históricamente han superado a las de Jeff Koons, muestran debilidad y volatilidad). Fuente: Artnet.

Ahora bien, y la especulación, tan presente en otros bienes, ¿hasta qué punto es responsable de esta diferencia?

“Ha habido, y sigue existiendo, una especulación desaforada en el arte contemporáneo. Artistas muy jóvenes rápidamente consiguen unas revalorizaciones que superan incluso la de maestros clásicos. Es algo increíble”, admite el coleccionista Paco Cantos. Y añade: “Además se está dando un hecho inaudito. Los catálogos de las subastas están llenos de obras que se revenden apenas un par de años después de ser creadas. Antes esas piezas hubieran necesitado al menos una década para llegar a la reventa”.

Jean-Etienne Liotard. Mujer pensativa en un sofá. 8,8 x 9,7 cm. Se subastará el 3 de julio en la sala londinense de Christie’s. Estimado: 400.000- 600.000 libras. Foto: cortesía de Christie’s.

Otro coleccionista, Juan Bonet, expone sus razones. “La diferencia principal es que los artistas emergentes contemporáneos en realidad no se les valora como creadores si no como una marca (Koons, Murakami, Warhol, Hirst), por lo tanto lo que los “coleccionistas-inversores” ven es la marca, de ahí que con la ayuda de las grandes galerías y casas de subastas los precios vayan subiendo”. Y avanza: “Una galería nunca dejará que los precios de su artista estrella bajen. Un creador muerto hace 200 años y del que no hay stock de obras, ¿a quién le interesa que suban los precios? ¿No sé si me explico?” Alto y claro.

Peguei lá no site do FT essa matéria do Jackie Wullschlager

Jackie Wullschlager enjoys a tête-à-tête with Tate’s director, the force behind the world’s most popular modern art museum

Nicholas Serota
©James Ferguson
“The boat made an unscheduled stop,” apologises a windswept Nicholas Serota, as he takes a seat opposite me at a corner table in Tate Modern’s seventh-floor restaurant. Below me, the Tate-to-Tate catamaran, decorated with Damien Hirst spots, pulls away. It runs between Tate Modern and Tate Britain, where Serota – director of both, plus Tate outposts at Liverpool and St Ives – has his office.
Serota, who is tall and very thin, with craggy animated features, piercing eyes and an austere, functional look – black suit, white shirt, rimless glasses – is, in fact, on time for lunch: his watch is always set 10 minutes fast. He glances appreciatively around the loud, packed restaurant, its walls daubed with more spots – these being the cheerful red-and-white motifs of Japanese artist Yayoi Kusama, whose Tate exhibition recently closed – and orders a plate of olives and bread, and a jug of tap water.
“At the beginning”, he says, “there was debate about whether this place would be for the St John’s Wood and Notting Hill crowd to spend lots of money, or somewhere good quality but accessible for all. That’s what we went for: better a destination gallery with a good café attached than the other way round.”
Destination gallery is an understatement: Serota, 66, heads the world’s most visited, most influential modern art museum, which, since its launch in 2000, has transformed the presentation and understanding of contemporary art around the globe. Next week he pushes these boundaries further with the inauguration of the Tanks: these 30-metre wide concrete oil tanks, dating from the building’s days as a power station, will become the first museum galleries anywhere dedicated to film, installation and performance pieces. Their completion represents the initial stage of a £215m Tate Modern expansion, due to finish in 2016.
“You can tell a lot about what society thought of contemporary art over the past hundred years from Tate’s sites,” he says. “The Millbank site was a former prison, Liverpool’s Albert Dock [site] a derelict warehouse, St Ives a gas works bombed by the Luftwaffe. We always go where no one else wants to go. We’ve given this building a life; it had been empty since 1981. In 1993, a trustee against the Tate Modern plan asked me, ‘How will people even get there?’”
Nibbling olives but ignoring the bread, Serota says the former power station always offered possibilities for expansion. “But we forbade the architects from looking at the tanks in the early stages because they were too attractive. We wouldn’t have known how to use them.”
Nor was it envisaged that Tate Modern’s popularity – annual attendances of 5m far outstrip the 2m predicted – would drive expansion so quickly, or that art-making would shift so dramatically towards installation and performative work, demanding new exhibition spaces. “Audiences seek different forms of participation and engagement,” Serota says. “There’s an appetite for the immersive experience, both physical and phenomenological like James Turrell, or emotional like Bill Viola.”
But, I say, no one really likes video. “We are all sick of biennales where it takes 20 minutes to see every work,” Serota admits. “But if it’s shown properly, it works. The Tanks give us the opportunity to respond to the changing practice of artists.”
. . .
The waiter arrives. At artists’ receptions, I have observed that Serota is a sparse eater, so I vow to follow his lead rather than appear greedy. But he courteously insists that I choose first. We both pick light starters – squash tart for me, asparagus for him – which arrive quickly and are consumed without comment.
“Only recently have I begun to understand what it felt like to be Picasso and Braque in 1907 – absolutely determined to bury the previous century,” Serota continues. “The initial years of this millennium seemed much like the final years of the last but by 2008-09 the 1990s felt so far behind. Of course, lots of artists who emerged [then] continue to make good work, like Peter Doig, but the real energy has gone into photography, film, new media.”
The challenge for a museum of Tate’s stature is to move rapidly enough to identify and acquire new works of lasting importance while disdaining passing fashions. Yet time is art’s only real judge. Does this responsibility keep him awake at night?
“Not much keeps me awake but I do worry about buying things, especially if I’ve missed things,” he replies. “Buying for Tate is a huge privilege. All we can do is put down first markers, a frame we know will be modified by history, as artists who come later either do or don’t respond to things we’ve collected.
“I would love to have bought Damien [Hirst]’s fly piece ‘A Thousand Years’ but Saatchi got there just ahead of us. The other piece I saw at the time was [Rachel Whiteread’s] ‘Ghost’, which Saatchi had already bought. It’s a difficult thing for an institution to do. You say, ‘This is an artist, 27 years old, who’s made this piece out of plaster – conservators say will cost a lot to look after, should we buy it?’ The answer is, ‘Yes, we should have.’”
Our main courses arrive: a simple paprika-dusted fillet of plaice with lemon-roasted new potatoes and a pepper ragout for me, and for Serota a towering concoction of bream poised on a stack of mussels, in turn wedged on a bed of tarragon-infused tomatoes, the whole topped with a heap of crispy samphire. He surveys this wryly – as if it were a metaphor for the balancing act of his job – and stabs instead at the accompanying broccoli spears.
Serota is modest to the point of self-erasure about his role in establishing Tate Modern: “That London needed a museum of modern art was not an especially original idea – Peggy Guggenheim tried to set one up here in 1938,” he says. But as the grandson of a Russian-Jewish cabinet maker and the son of Stanley, a civil engineer, and Beatrice, a politician who was Harold Wilson’s minister of health, he is a born builder, democrat and leader, and his power is the most controversial thing about Tate.
With a grasp of tiny detail and the bigger picture alike, he controls every aspect of his museums. Although staff universally praise “Nick” as accessible and efficient, one joked that he even chooses the crisps on sale in the café. Several effective curators who share his vision are long-termers, but he has not been so successful at holding on to his immediate deputies: Tate Modern had three directors – Lars Nittve, Vicente Todoli, and now Chris Dercon – in its first decade. The Bankside museum in particular – classless yet commanding, playful yet serious, restrained yet intellectually broad-ranging – has been identified as “the house that Nick built”.
Those values were formed by public service at home and at school – Serota was head boy and games captain at Haberdashers’ Aske’s boys’ school in north London. His parents were shocked when he switched from reading economics to art history at Cambridge – he was “undoubtedly in love with Piero della Francesca” – but his first job was in the public sector at the Arts Council. At 27 he became director of Modern Art Oxford, moving to head the Whitechapel Gallery by the time he was 30.
He overhauled both and mounted exhibitions of international artists then little-known or liked in Britain: Joseph Beuys, Carl Andre, Eva Hesse – all pioneers of conceptualism. And, though his own taste is broad-ranging, Serota has been strongly identified with that movement. Tate Modern, through Turbine Hall commissions such as Olafur Eliasson’s “Weather Project”, not only shows but encourages the making of accessible conceptual art on a sensational scale.
So effective is his vision that when you visit Bankside it is hard to conceive of a modern art museum being any other way. Yet I wonder whether large numbers of people can be enticed by such opening Tanks projects as Eddie Peake’s film exploring sexuality and voyeurism, or “Dress Vehicles”, Haegue Yang’s invitation to participate in performative sculptures.
As Serota unpicks the installation on his plate, I venture that Tate has sacrificed old-fashioned art connoisseurship for theory-driven interpretations. Like many critics, I howled at his hang of Tate Modern’s permanent collection along non-chronological lines when the museum was inaugurated in 2000: Matisse nudged against Marlene Dumas, works by the same artists were separated across different floors, there was no sense of historical epochs or landmark moments. “Chronology is not a tool of art-historical interpretation which can be used at one moment, discarded the next,” wrote the eminent critic David Sylvester in the London Review of Books; “it’s an objective reality, built into the fabric of the work.” Despite the protests, a thematic emphasis has been maintained in subsequent reorganisations, based around subjects such as “Poetry and Dream” or “Energy and Process”.
“Tate aspires to show an argument, put beautifully,” Serota responds. “You can’t just show art from 1900 to 2000 – you have to be more adventurous, use the strengths of the collection. Tate’s collection is not as strong in early 20th-century works as Moma or Paris – it didn’t seem worthwhile doing a minor version of that. What was worthwhile was putting art now alongside that work.”
Is this smart diplomacy – making a virtue out of a weakness – or, even more cleverly, using perceived inadequacy to postmodern, anarchic effect? However, as I have argued, Tate’s collection is not that weak, and the number of its early masterpieces not on display at all strikes me as scandalous: Cezanne’s proto-cubist “The Grounds of the Château Noir” (1900-06) and portrait “The Gardener Vallier” (1906); Bonnard’s shimmering “The Table” (1925, given to Tate in 1926). Tate has seven works by Chagall and none is on show; nor are any of its six excellent Modiglianis. Yet these are more significant, affecting works than much of what is exhibited at Bankside – Lamia Joreige’s worthy video interviews (2006) about the Lebanese civil war, or Grenville Davey’s dim circular sculpture “Ce&Ce” (1989), to pick just a couple of examples.
“The problem with a chronological survey is that early rooms feel strong and familiar, later ones very temporary,” says Serota. “Part of our purpose was to make new favourites from art of the past 20 years. Now, when we don’t have on view Cornelia Parker’s “Cold Dark Matter” or Rebecca Horn’s hanging piano “Concert for Anarchy”, we get as many complaints as when we have a second-tier Matisse in storage. But no, we don’t take down ‘The Snail’.”
. . .
According to Serota, in an age of mass travel and online information, museums no longer need to “construct textbook histories on the wall”, though landmark exhibitions remain important: “With a show like Matisse Picasso you capture a new audience and build authority and trust”. He continues: “From 1890 to the 1970s, public libraries were very important, giving opportunities. People across all classes used them, helping social cohesion. Now museums are taking on that role.”
I finish my plaice; Serota is still crunching through his samphire. “This will keep me going through meetings,” he says. I ask if many such meetings are about fundraising. “We couldn’t do what we do at Tate without private money. The danger for me is I inevitably spend a lot of time in certain company and, if I’m not careful, I can forget that there’s another whole side of society that has more stake in Tate than those I’m trying to get money from. People need to find things here that they would never find in other places. You won’t get some kid from Southwark going off to Savile Row to see Louise Bourgeois but they will come to see her here.”
The waiter removes our plates; Serota orders a camomile tea. I say it is ironic that, as it shapes British public culture, his generation – which includes Neil MacGregor at the British Museum and Nicholas Penny at the National Gallery – are products of the egalitarian 1960s, yet are exercising authority just as the art world is challenged by dealers and collectors flaunting vast wealth.
“Neil and I are products of a certain moment, a postwar, slightly utopian view of society which embraced the welfare state but did not rule out entrepreneurship. I sometimes think that the world of money is a bit younger than us.” Serota lives in King’s Cross with his second wife, Teresa Gleadowe. On his walls are prints by Hogarth and Richard Hamilton, but “nothing of any real value”. He does not collect, and would have to declare personal purchases to Tate. “Occasionally, I see something but it would give a very odd signal if I buy it and the artist isn’t represented by Tate.”
He loves going to visit artists – “Their insights into the world are one of the things that make life worth living” – and his deep engagement with their work is evident in brilliant recent shows he curated: retrospectives of Gerhard Richter, Cy Twombly, Howard Hodgkin. Curating is “the best thing I do! But I can’t make too many shows. We have many talented people.”
He has no fixed retirement date: appointed in 1988 for a seven-year term, his contract was renewed in 1995 and 2002, before, in 2008, he was made a “permanent employee” – unprecedented at Tate. But as he drains his tea I cannot resist raising the question of his successor. He hopes it will happen “quite soon”. “When my daughter was five, I suppose I hadn’t been at home as much as I should have been, and she asked whether I would die at the Whitechapel. There is a plaque at the Whitechapel to artists killed in action. Maybe I will be killed in action here! But I shouldn’t outstay my welcome. Everything needs renewal. I don’t expect to be carried feet-first out of the Tate.”
Jackie Wullschlager is the FT’s visual arts critic
……………………………………………………………..

Restaurant at Tate Modern
Bankside, London SE1
Squash and Stinking Bishop tart £6.95
Asparagus, toasted cashews, orange citronette, black pepper mascarpone £7.25
Fish of the day, fresh from Newlyn boats: plaice fillet, lemon-roasted new potatoes and pepper ragout £14.95
Pan-fried sea bream, cockles and mussels, tomato and tarragon sauce with crispy samphire £16.25
Broccoli spears £3.50
Camomile tea £2.20
Service charge £6.38
Total (including service) £57.48

Copyright The Financial Times Limited 2012.

Ontem na madrugada MauVal me mandou email com o link da entrevista abaixo q ele acabara de receber de um integrante da tucida RoncaRonca de Curitiba. O subject do email era Lembra?, a resposta foi Sim, claro. Como é q vc achou isso? Trata-se de um pedaço do Cariocnarede, site da Revista Ocarioca, q editei com Chacal, Waly Salomão Bernardo Vilhena, Marcos Chaves, Sonia Barreto e Marcelo Pereira na década de 90 do século passado. O site não está mais no ar mas alguns nacos sobraram no arquivo internético WaybackMachine.

A entrevista aconteceu na Praia do Flamengo numa tarde distante pra Meireles e eu estava lá com Marcos Chaves e Luis Marcelo. As fotos abaixo são todas de autoria do MV e ilustravam a entrevista.

Maurício Valladares – Maracanã, 1980

Maurício Valladares, 45, é para a geração entre 25 e 35 anos, algo como o Carlos Zéfiro da música. Seus programas de rádio, desde o Rockalive da extinta Fluminense até o atual Ronca Ronca da Rádio Imprensa, 102.1MHz, todas as quartas-feiras, das dez à meia-noite, serviram e servem como um verdadeiro catecismo sonoro. Cumprindo a função de DJ evangelista das boas novas, posto meio semdono desde a morte de Big Boy, Mau Val apresentou ao longo dos anos um permanente Radiocurso 2º Grau, que foi de U2 a Sugar Minott e continua hoje, misturando Ataulfo Alves (imortal criador do hit “E o Duque não morreu”) com Goldie.

Mas esse negócio de ser um John Peel vascaíno é apenas uma faceta. Maurício Valladares é, essencialmente, um puta fotógrafo. Ele assinou as fotos de algumas das melhores capas de discos do Brasil. O primeiro da Legião? Dele. Paralamas, inclusive a sensacional capa dos Grãos? Dele. Ed Motta, Picassos Falsos? E por aí vai.

Uma patota d’Ocariocanarede (Marcos Chaves, Raul Mourão e Luis Marcelo Mendes) foi bater um longo papo com Maurício sobre fotografia, burrices radiofônicas e ainda aproveitou para pegar uma seleção de fotos inéditas, com outros personagens e outras paisagens distantes do meio musical.

Maurício Valladares – Ondino Vieira, Montevidéu, 1986

O Carioca: Você se formou em publicidade. Mas chegou a trabalhar em alguma agência, fez estágio, essas coisas?

Valladares: Quando entrei na faculdade eu estava entre jornalismo e publicidade. Na época eu já fotografava e tinha a intenção de fazer alguma coisa relacionada a fotografia mesmo. Hoje eu até me arrependo um pouco, acho que se tivesse feito jornalismo poderia ser melhor para mim. Não sei em quê também. Nunca peguei meu diploma. Tá lá até hoje. Só fui na festa de formatura porque falaram que era obrigado, senão nem ia.

O Carioca: A decisão de fazer publicidade ou jornalismo foi motivada pela fotografia?

Valladares: Não só fotografia, mas pelo lance da comunicação, de se expressar. Eu comecei a fotografar de curtição, era algo ligado à musica, fotografia de show. 99% das minhas fotos são voltadas a pessoas. Eu nunca soube fotografar um vaso, por exemplo.

O Carioca: E que bandas você fotografava na época?

Valladares: De Gilberto Gil a…sei lá. Módulo 1000, Mutantes, fotografava as coisas que rolavam no início dos anos 70.

O Carioca: E fazia na cara de pau mesmo?

Valladares: Era uma coisa que tinha muito antigamente. Hoje é difícil você ir num show e ver um cara fotografando da platéia. Eu olhava aquele monte de gente fotografando e falava: “Caralho, para onde essas fotografias vão”? Tinha os caras dos jornais e tal, mas também um monte de outros caras fotografando, com máquinas legais. Não era fãzinha com máquina Xereta. Vários fotógrafos como Flávio Colker e Milton Montenegro faziam isso.

O Carioca: Essa é a sua formação ou você fez curso?

Valladares: Não, sou autodidata total.

O Carioca: A maioria do material era P&B?

Valladares: Era. E eu mesmo revelava. Sempre tive laboratório em casa.

O Carioca: Hoje em dia as pessoas não fotografam mais por causa do vídeo. O acesso aos caras era através de fotografia. Hoje eles passam direto na TV. O videoclipe meio que matou esse desejo, não é?

Valladares: Eu acho que a ausência de gente registrando show é como a ausência de gente registrando qualquer outra coisa. Antigamente você sempre via gente fotografando na rua.

O Carioca: E em que momento você começou a publicar essas fotos?

Valladares: Em 73 eu fui para Londres. E daí várias fotos minhas sairam em vários lugares, Jornal de Música, aquela revista da Abril, a Som Três…

O Carioca: E quais os shows da safra 73 que você pegou em Londres?

Valladares: Vi Genesis, The Who, porrada de bandas…

O Carioca: O que você curtia mais na época?

Valladares: Essas coisas de rock and roll tipo Humble Pie, meio blue, nunca gostei de rock progresivo. Em 74 eu viajei de novo pra Londres e começei a fotografar e escrever direto pro Jornal de Música. Eu escrevia muito. Todas aquelas biografias Jeff Beck, Traffic, Edgard Winter. A partir dái eu começei a fotografar direto, pra tudo que é jornal, revista…

O Carioca: Grande imprensa também?

Valladares: Também , mas sempre como free-lancer. E aí, em 83 eu fiz a primeira capa para os Paralamas (Cinema Mudo) e começei a fotografar várias capas de discos. Mas continuava fazendo trabalhos para a imprensa. Trabalhei na Revista de Domingo no primeiro ano da sua existência…e por aí vai.

O Carioca: Você já mostrou esses trabalhos numa exposição?

Valladares: Nunca quis fazer exposição. Eu já tive uma exposição fechada no MIS (1978, sob direção de Ana Maria Bahiana) e faltando duas semanas pra inaugurar, o catálogo dançou. Eu não vejo sentido uma exposição de fotografia com gente bebendo, falando e que não tenha aquilo no papel.

O Carioca: E não ser que você queira vender.

Valladares: É, mas eu nunca quis vender minhas fotos. Sou super ciumento.

O Carioca: E fazer um livro?

Valladares: Livro é uma coisa que eu quero fazer. Eu já tive com um livro dos Paralamas pronto para ser impresso e acabou dando para trás.

O Carioca: Aquele negócio que tá no Pólvora é um ensaio de um livro.

Valladares: É quase um livro. Eu sempre tive vontade de fazer um livro. Mas nunca corri atrás. Eu acho que a fotografia tem sentido em livro, impressa.

O Carioca: Desde essa época você fotografa com a mesma câmera, você tem alguma máquina com valor sentimental?

Valladares: Eu nunca fui ligado nessa coisa de máquina. Sempre tive a mesma máquina Pentax. O desenvolvimento tecnológico, correr atrás de modelos novos, isso não me interessa.

O Carioca: Mas é a mesma máquina desde os anos 70?

Valladares: Eu tenho essa que é a minha primeira máquina, que eu uso até hoje. E tenho uma Pentax MX que tinha um motorzinho que eu usei um mês e nunca mais.

Maurício Valladares – Rio de Janeiro, 1976

RADIO DAYS

O Carioca: Como foi a passagem da fotografia para o rádio. Você teve alguma experiência radiofônica antes da Fluminense?

Valladares: Eu sempre curti rádio, mas unca tinha pensado em fazer alguma coisa até a Fluminense, em 82. Lá não tinha ninguém com experiência de rádio além do Luiz Antônio Melo. A equipe eram alguns amigos dele que gostavam de música.

O Carioca: E era tudo na brodagem?

Valladares: Eu nunca ganhei dinheiro. Ganhava a grana da gasolina até Niterói.

O Carioca: A Fluminense foi uma referência essencial pra gente durante muito tempo. Em que momento a coisa começou a ir pro vinagre?

Valladares: Em 85. Enquanto eu, a Liliane Yusim e o Sérgio Vasconcellos, batalhávamos para tocar Plebe Rude, Obina Shock, U2 e Gregory Issacs, o outro lado queria tocar Supertramp, Água Brava, Deep Purple e James Taylor.

O Carioca: Mas no início era assim?

Valladares: Sempre teve. Até que em 85, todas as coisas que a gente ralava pra se tornar populares, já começavam a tocar em outras rádios. O exemplo disso doi o U2. O André Midani foi pra Nova York em 85 e trouxe um disco do U2 ou vídeo, sei lá. E quem fez a promoção foi a Cidade e não a Fluminense. Aí eu falei: “Vem cá gente boa, o que a gente tá fazendo, as outras também estão. A gente precisa fazer uma coisa que as outras venham a fazer daqui a dois anos. Tem que armar um outro caminho”.

O Carioca: A Fluminense era um óasis. As rádios eram muito chatas. E o legal que já tinham uma série de bandas legais rolando lá fora. A foi ela que tocou tudo, Thompson Twins…

Valladares: Isso é uma coisa engraçada. Hoje se você pegar qualquer pessoa no Rio e perguntar: “O que foi a Fluminense?” Ela vai dizer: “Fluminense foi uma rádio do caralho, lançou Paralamas, tocava Gregory Issacs, Lee Perry…Mas não era isso. A Fluminense tocava Supertramp, James Taylor. A excessão se tornou, na história, a imagem da rádio. A Fluminense nunca tocou, por ela, Thompson Twins. Isso era uma briga minha, da Liliane, do Serginho. Outro dia eu ouvi o Barone dizer na MTV: “A Flu era a rádio que tocava Specials”. Tocava entre 500 outras merdas. Aí, em 85, eu disse que a gente precisava de um projeto diferente. E a gente pensou em fazer uma rádio de black music. O caminho era da música negra.

O Carioca: Eu me lembro dessa discussão de que o futuro era negro. O Hermano Vianna levantou essa bola naquele espaço estrelado que rolava no Caderno B de sexta-feira.

Valladares: Então a gente pensou em mudar a programação em 70%. De Aretha Franklin a Fela Kuti e música brasileira. Aí um dia eu vejo o Alex Mariano fazendo o que seria a nova programação: Genesis pra lá, James Taylor pra cá, um Issac Hayes no meio, Água Brava, Sangue da Cidade. Eu disse: “Alex, não estou entendendo. Isso não leva a lugar nenhum”. Ele disse que a programação ia ser aquela, rolou uma pancadaria violenta. Depois, quando eu cheguei pra fazer o meu programa ele disse: “Não vai ter programa não”. Então foda-se. Fui embora. Outras pessoas tentaram fazer algumas coisas legais. Mas a rádio entrou naquele espírito de emburecimento das pessoas…ROCK AND ROLLLLLL…que não leva a lugar nenhum.

O Carioca: Você também conseguiu influenciar as programações das rádios Panorama e Globo durante um certo tempo. Até que ponto a mesmice das rádios é ignorância dos pessoas ou o que rola é grana, máfia?

Valladares: É ignorância mesmo. O rádio carioca está na mão de pessoas, na maioria dos casos, como o futebol. O sonho do Caixa D’Água é fazer uma final de camponato carioca, Flamengo X Vasco, em Volta Redonda às 23 horas de um domingo. Sem ninguém. Essas pessoas que dominam as rádios não ouvem rádio. Como a maioria absoluta das pessoas que trabalham com discos não compra discos. Se juntar 30 executivos do mercado fonográfico e dizer: “Quem entrou numa loja pra comprar um disco nos últimos três meses levanta a mão”, vai ficar todo mundo de mão abaixada. Assim como o CaixaD’água faz um campeonato que não vai ninguém, essa rapaziada faz rádios que ninguém ouve. Digo, uma rádio de informação, não uma prestadora de serviço como as AMs, que são do caralho. O cara que acabou com a Globo FM disse pra mim: “Pô Maurício, você mistura muitas coisas. Toca Nelson Golçalves depois toca uma banda punk da Finlândia, não sei o quê. Quando você toca uma coisa velha, deveria tocar Cris Montez”. Falei, tô fora. Não fode. Um cara desse tá preocupado com a 98 FM e não em fazer uma rádio que a gente quer ouvir.

O Carioca: E a Globo continua em último lugar de audência. Se o cara tá em último e não tem nada a perder, porque não bota logo pra fuder?

Valladares: Porque não sabe botar pra fuder. Ninguém tá preocupado em fazer uma coisa nova.

O Carioca: Mas não faz porque não tem público ou não tem público porque ninguém faz?

Valladares: As pessoas se acomodaram. Muita gente nem sabe se tem rádio em casa. Olha o som e não sabe como ligar a FM. O rádio virou um ser em extinção. Você ouve no carro. E com fita e CD, tão ouvindo cada vez menos. Porque não tem o que ouvir. É tudo uma questão cultural. Eu tava lendo um encarte do disco do Jimi Hendix de gravações da BBC, que conta toda a história dessas gravações históricas, de Beatles a Pink Floyd. A maioria dos artistas quando gravaram na rádio, não tinham disco. Era preocupação da rádio de mostrar uma coisa nova.

Maurício Valladares – Roma, 1981

VOLTANDO A FOTOGRAFIA

O Carioca: Qual o fotógrafo que você pode dizer que te inspira?

Valladares: Quando eu comecei a publicar as pessoas diziam que eu tinha um estilo parecido com dos fotógrafos no New Musical Express. Mas elas não sabiam que eles e eu, somos influenciados por outras pessoas como Eugene Smith. Ele era um cara da revista Life, que fazia aqueles ensaios fotográficos dos anos 40, 50. Ele é o minha maior influência.

O Carioca: E você acompanha a produção de fotografia hoje, você compra livros?

Valladares: De vez em quando. Na época quando a fotografia era a coisa mais importante que eu tinha, eu comprei todos os livros que queria comprar. Durante muitos anos isso foi uma obsessão. Uma vez eu fui na seção de fotografia do Museu Victoria Albert, onde eles tem originais de vários fotógrafos. Aí você marca hora, bota uma luva…e eu quase gozei quando peguei numa foto do Paul Strand na minha frente. A maior emoção que eu já tive.

O Carioca: Você disse “quando a fotografia era a coisa mais importante”. Não é mais desde quando?

Valladares: Não, ela é muito importante. Mas é aquele negócio. Eu comi, comi, comi e estou satisfeito.

O Carioca: Mas você parou de fotografar?

Valladares: Não, até que eu tenho fotografado bastante. Eu comprei uma maquininha pequena que me satisfaz. Eu não aguento mais carregar máquina, andar com aquele trambolho na mão.

O Carioca: Você é capaz de parar de fotografar ou você sente necessidade?

Valladares: Eu sinto necessidade. Eu sempre estou olhando as coisas com olhar de fotografia.

 

Maurício Valladares – Ipanema, 1982

Peguei lá no site da Subterrânea:

 

A Subterrânea abre os trabalhos de 2012 no dia 15 de março, quinta-feira, a partir das 19h, com a exposição “Parte Súbita”, que reúne pinturas de Federico Olivari e Pablo Ferretti. A mostra segue o formato carinhosamente apelidado de “individual de dois”, onde dois artistas são convidados a estabelecer um diálogo através de seus trabalhos no subsolo do nº 745 da Avenida Independência.
Na mostra, são reunidas duas experiências pictóricas: enquanto Pablo Ferretti (graduado em Pintura pelo Instituto de Artes da UFRGS e Mestre em Pintura pelo Royal College of Art, de Londres) apresenta pinturas a óleo que surgem a partir da diluição de imagens diversas, convidando o espectador a decifrar esses fragmentos de memória; Federico Olivari (autodidata, com exposições no Museu do Trabalho, na Caixa Federal e na CCMQ com Pablo Ferretti, em 1997) mostra trabalhos com técnica mista que têm referência na pop art, tanto pelo apelo cromático e pelo uso de signos da indústria cultural, como pelo processo de repetição e uso da palavra na tela. Suas pinturas se confundem com a história e a identidade visual dos bares porto-alegrenses Ossip e Odessa, onde Federico divide sociedade com seu irmão Diego.
Parte Súbita dá forma a um diálogo sugestivo e aberto, reinventado pelo artista Eduardo Haesbaert, que ao ser convidado a escrever sobre a exposição, optou por responder a esta conversa graficamente, através da criação de um desenho que gerou um múltiplo impresso (500 exemplares) que estará disponível aos visitantes.
A abertura contará ainda com a participação dos DJs convidados Rafa Ferretti e Leo Felipe, que comandam a trilha sonora da celebração. No dia 17 de março, sábado, acontecerá uma conversa com os artistas aberta ao público. A mediação será feita pelo artista Eduardo Haesbaert. A exposição estará aberta à visitação de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h, até o dia 14 de abril.
O quê: Exposição Parte Súbita – Pinturas de Federico Olivari e Pablo Ferretti
Quando: 15 de março, quinta-feira, às 19h
Conversa com os artistas: dia 17 de março, às 16h, no Atelier Subterrânea, mediação de Eduardo Haesbaert
Onde: Atelier Subterrânea (Av. Independência, 745/Subsolo – Porto Alegre)
Visitação: de segunda a sexta, das 14h às 18h. Agendamentos pelo email contato@subterranea.art.br ou pelo tel.3208.2534
Encerramento: 14 de abril de 2012

publicado no velho b®ogspot em 14/3/2012

Mais uma q eu peguei lá no site do Valor.

Por Bruno Yutaka Saito | de São Paulo

Pedro Carrilho/Folhapress / Pedro Carrilho/Folhapress
Adriana Varejão em seu ateliê, no bairro do Horto, Rio; artista começou a se destacar nos anos 1990, conseguindo reconhecimento crítico e batendo recorde no mercado

Arte moderna = eu poderia fazer isso + sim, mas você não fez. Essa simples equação, que se estende para a arte contemporânea e reflete antigo preconceito, circula hoje em forma de piada nas redes sociais. No entanto, em um momento de incertezas econômicas como o atual, em que o mercado de arte se torna mais atrativo para investidores, nem equações de mentira dão conta de simplificar uma realidade intrigante. O que faz uma obra atingir elevadas cifras em leilões e vendas privadas? Como funciona o circuito que garante o reconhecimento de determinado artista?

Respostas para essas questões tornam-se ainda mais subjetivas quando se leva em conta que obras de artistas vivos estão atualmente no foco dos donos do dinheiro. Em outro extremo do mercado, uma versão de “Jogadores de Cartas”, do francês Paul Cézanne (1839-1906), foi adquirida por cerca de US$ 250 milhões, estabelecendo um novo recorde para uma pintura, no ano passado. Ainda que pesem os interesses estratégicos dos compradores, a família real do Qatar – cuja filha do emir, Sheikha Al-Mayassa, foi eleita recentemente a pessoa mais poderosa do mundo das artes, pela revista “Art Auction” -, e que o valor seja exagerado, a obra tem a seu favor a raridade e a importância histórica de seu autor.
Mas, quando se fala em artista vivo valorizado, é necessário lembrar que diferentes instâncias se beneficiam de uma produção em ritmo constante. No caminho para se chegar “lá”, o artista passa por um processo informal conhecido como validação. O “lá” pode ser o mercado ou o reconhecimento crítico e institucional, áreas que nem sempre se cruzam. Em qualquer um dos casos, diferentes personagens das artes precisam dar uma espécie de selo de aprovação. “É um sistema muito complexo. Não são só uma ou duas pessoas que decidem. Um número extenso de plataformas de visibilidade e de fatores é que determina a validação de um artista”, afirma Adriano Pedrosa, que recentemente foi curador da 12ª Bienal de Istambul, ao lado do americano nascido na Costa Rica Jens Hoffmann.
“Você pode queimar um artista se decidir lançá-lo no mercado prematuramente. É necessário usar o fator tempo”, diz o galerista Thomas Cohn
A ideia romântica de que talentos natos não precisam concluir uma faculdade de artes não tem muito espaço na realidade atual, apesar do sucesso de brasileiros como Leonilson (1957-1993), que não chegou a se formar. A inexistência de uma instituição nos moldes da CalArts (California Institute of the Arts, nos EUA) é uma das peculiaridades do circuito brasileiro, acredita a escritora e socióloga canadense Sarah Thornton, que aborda o mercado de arte em publicações como “The Economist” e “The Guardian”.
Em um dos capítulos do seu livro “Sete Dias no Mundo da Arte”, Sarah descreve uma aula que chega a durar 15 horas, em que alunos expõem seus trabalhos para debates com colegas de sala e o professor. Com mais de 250 entrevistados, o livro descreve sete diferentes instâncias percorridas por um artista: leilão, escola, bienal, mídia, ateliê, feira e premiação.
A faculdade, nesse contexto, não é apenas o local onde o aluno aprende os fundamentos teóricos e práticos da arte. É, também, onde o candidato a artista fará os seus primeiros contatos profissionais. Foi na Goldsmiths College onde o “blockbuster” Damien Hirst conheceu colegas do grupo que ficou conhecido como Young British Artists, em fins dos anos 1980. Márcia Fortes, da galeria Fortes Vilaça, em São Paulo, diz que foi em uma visita à tradicional exposição Anual de Artes da Faap (exposição dos formandos da faculdade) que conheceu a artista Marina Rheingantz e seu trabalho. Hoje, ela é representada pela galeria, ao lado de nomes estabelecidos como Beatriz Milhazes e Adriana Varejão. “O artista, hoje, acaba tendo que fazer networking. É quase uma regra ele ir à abertura de uma exposição com seus trabalhos. Mas o mais importante deveria ser a obra. Ela deveria falar por si só”, afirma Sarah.
  
Pernambucano radicado no Rio, o artista Tunga tem trajetória anterior ao boom dos anos 2000; carreira inclui participações na Bienal de Veneza e na Documenta de Kassel
Mostras como o Rumos Itaú Cultural, Panorama da Arte Brasileira (no MAM-SP) e o Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte/Bolsa Pampulha são espaços coletivos importantes para os novos artistas. “São museus participando desse início, onde nomes ainda não inseridos são apresentados ao circuito. É um primeiro momento, institucional, em que o artista atua por si só”, diz Márcia. “Os galeristas e curadores antenados circulam nesses locais.”
“Descobrir” um novo talento é glorioso em praticamente todas as áreas da cultura, mas há um sabor extra nas artes plásticas. Mundo afora, não faltam relatos de colecionadores que se gabam daquela obra de artista em início de carreira adquirida por uma pechincha. É famoso o caso do ator e colecionador Dennis Hopper (1936-2010), que, nos anos 1960, comprou por US$ 75 uma das pinturas de sopa Campbell de Andy Warhol (1928-1987). Há inúmeras variações do trabalho cujos valores hoje ultrapassam a faixa do US$ 1 milhão.
São perspectivas positivas como essa que estimularam o surgimento, em 2010, do Brazil Golden Art, fundo de investimento pioneiro no país. Artistas ainda não consagrados, mas com alto potencial de valorização, estão no foco. Heitor Reis, que já foi diretor do MAM – Bahia, é hoje gestor do fundo e conta que entre 10% e 15% das obras adquiridas são “blue chips”. Atualmente, o fundo tem 300 obras de 200 artistas brasileiros contemporâneos. “Cerca de 80% da nossa coleção são ‘small caps’. Esses artistas não consagrados serão o grande acerto do nosso fundo”, acredita Reis. Com um patrimônio de R$ 40 milhões, o BGA já está fechado em 70 investidores (a cota mínima era de R$ 100 mil). O fundo pretende montar uma coleção com mil obras.
Não há regras para as escolhas de curadores e galeristas. Tudo depende de olhares individuais. “Meu interesse é pesquisar e disseminar artistas fora do eixo do Atlântico Norte e da Europa: um Sul ampliado, o antigo Terceiro Mundo”, explica Adriano Pedrosa. Galerista pioneiro no Brasil dos anos 1980, Thomas Cohn ajudou a lançar nomes como Leonilson e Adriana Varejão e diz que, em muitos casos, levou apenas cinco minutos para ver potencial em uma obra. “Às vezes, você vê o talento, mas ainda verde. É necessário usar, então, o fator tempo. Você pode queimar um artista se decidir lançá-lo no mercado prematuramente. A sutileza vem com a experiência”, diz Cohn, que anunciou o fechamento de sua galeria (ele irá abrir uma relojoaria com peças feitas por artistas, designers e arquitetos).
“Mercado de arte é atrelado à economia. No momento em que o Brasil bombou, sendo a bola da vez, surgiram mais investidores”, diz gestor de fundo
Para Márcia e Cohn, o galerista tem também função de crítico e conselheiro, sempre atento ao desenvolvimento do trabalho do seu artista. É uma atualização da imagem clássica e secular do mecenas. “Artista sozinho com seu trabalho, por mais talentoso que seja, não chega a lugar nenhum. O circuito institucional, de museus, não vai garantir sua sobrevivência”, diz Márcia, para quem um artista de peso relevante deve ter representações também nos EUA, na Europa e na Ásia. Muitos artistas, conforme vão vendo sua cotação subir, trocam de galerista. “Para nós é ruim lançar, fazer um esforço danado, começar com valores baixos, atingir determinado ponto e o artista se despedir dele”, afirma Cohn. “É como se ele dissesse: ‘Bom, você já me serviu de escada, agora me despeço porque preciso chegar a outro patamar’. Antes de mais nada, artistas são seres humanos, com desejos pessoais.”
Participar de uma importante exposição internacional quase sempre garante uma validação, ao menos institucional. Bienal de Veneza, Documenta de Kassel, além da Bienal de São Paulo e a de Istambul, são algumas das principais. No passado, as participações de Cildo Meireles, Jac Leirner, José Resende e Waltercio Caldas na Documenta de 1992 foram marcantes não apenas nas suas carreiras individuais, mas também etapa marcante no processo de internacionalização dos artistas brasileiros. A partir dos anos 1990, o interesse estrangeiro pela arte latino-americana, além do retorno da democracia ao Brasil, ajudou na profissionalização do mercado nacional. Já não seria tão estranho ver obras de brasileiros em importantes coleções de museus como o MoMA (Museu of Modern Art, em Nova York) e a Tate, no Reino Unido.
“Em tese, qualquer artista que é adquirido pelo MoMA ganha um ponto muito elevado no circuito. Mas existem artistas que entraram na coleção do museu e nem por isso conseguiram ou demoraram muito para ser reconhecidos. [O brasileiro Alberto da Veiga] Guignard [1896-1962] é um exemplo”, diz Tadeu Chiarelli, diretor do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP). “Há artistas com uma validação extraordinária no mercado, seja em leilão, seja em galeria, que são totalmente desprezados pelo circuito institucional”, afirma Adriano Pedrosa. Como exemplo, o curador cita o artista colombiano Fernando Botero, que, apesar de estar na coleção do MoMA e ser o artista latino-americano vivo recordista em leilão (US$ 2,03 milhão por pintura em 2006), não é unanimidade entre a crítica.
Leo Pinheiro/Valor / Leo Pinheiro/Valor
Beatriz Milhazes: primeira a chegar à marca de US$ 1 milhão em leilão
Quando o assunto é venda negociada por galeristas, quantias elevadas podem até prejudicar a reputação de um artista, caso o colecionador em questão não tiver boa fama no mercado. Atualmente, no Brasil, ter uma obra no Centro de Arte Contemporânea Inhotim, em Brumadinho (MG), conta pontos positivos. Formado pela coleção do empresário Bernardo Paz, o espaço exibe obras de brasileiros e estrangeiros consagrados, como Ernesto Neto e Matthew Barney. Numa recente lista da revista “ArtReview” com o ranking das cem pessoas mais poderosas do mundo das artes, Paz é o único brasileiro, em 76º lugar.
Revistas especializadas e a crítica são importantes nesse processo. A “Artforum”, nos EUA, e a “Frieze”, no Reino Unido, são as publicações que mais possuem força mundial na construção da reputação de um artista. Apesar de sua credibilidade ser constantemente questionada devido aos caros anúncios das principais galerias mundiais em suas páginas, a “Artforum” tem papel de destaque no que deve ser levado a sério ou não no circuito. Damien Hirst, Jeff Koons e Takashi Murakami, a trindade que hoje alcança os maiores valores do mercado, embaralhando as fronteiras entre arte e a empresarialização da arte, raramente têm estudos críticos nas páginas da revista. Por outro lado, Adriana Varejão recentemente foi tema de um longo artigo. Sua colega de geração Rivane Neuenschwander, além de Hélio Oiticica (1937-1980), referência no processo de internacionalização da arte brasileira, também estão nessa restrita lista.
Não há, no Brasil, publicações com o mesmo peso, ainda que o fortalecimento do mercado gere uma demanda. Por isso, muitos profissionais que atuam no circuito apontam particularidades do colecionador local. “O Brasil tem um mercado provinciano e desinformado, muito ligado à moda. O artista que se destaca é o que aparece nas colunas sociais, e não aquele que está na cultura”, diz Celso Fioravante, editor do site/informativo Mapa das Artes, que traz notícias e roteiros sobre o circuito de exposições no Brasil.
No Brasil, o mercado de arte é relativamente novo, se for feita uma comparação com Europa ou Estados Unidos. Da geração que se destacou nos anos 1990 chamam a atenção a carioca Adriana Varejão, cuja tela “Parede com Incisões à La Fontana II” (2001) foi arrebatada por 1,1 milhão de libras em leilão na Christie’s de Londres no ano passado (maior valor já pago por obra de um artista brasileiro vivo), e Beatriz Milhazes. “O sucesso delas não foi da noite para o dia. Não há um momento de virada. Elas estão pintando há mais de 20 anos, estão na labuta no ateliê. O que gerou esse sucesso? Foi todo um desenvolvimento de currículo, diversas mostras institucionais”, diz Márcia Fortes. “E temos que lembrar que esse 1 milhão foi em um leilão. Nem Adriana e nem a galeria viram a cor desse dinheiro.”
Daniel Wainstein/Valor / Daniel Wainstein/Valor
Thomas Cohn, galerista que trabalhou com Leonilson e Adriana Varejão e está se retirando do mercado de artes
O caso de Beatriz é exemplar nesse circuito de validação. Ela iniciou-se nas artes plásticas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio, e, com a coletiva “Como Vai Você, Geração 80?”, realizada no mesmo local em 1984, foi identificada como parte de um grupo que incluía, entre vários outros, Leda Catunda, Daniel Senise. Já nessa época, é observada por curadores brasileiros como Paulo Herkenhoff e Ivo Mesquita, e iniciou participações em exposições internacionais na América Latina.
Em 1995, Beatriz entrou no circuito mais badalado da arte, em exposição no Carnegie Museum of Art, em Pittsburgh, EUA. No mesmo ano, começou a ser representada em Nova York por Edward Thorp, com quem fez sua primeira exposição em galeria estrangeira – resultando em crítica positiva no “The New York Times”. A partir daí, Beatriz circula com desenvoltura no circuito internacional, entrando na coleção de museus como o MoMA (EUA) e o Reina Sofía (Espanha). As participações na Bienal de São Paulo (1998) e na Bienal de Veneza (2003) também são pontos altos da carreira da artista. No mercado, Beatriz fez história em 2008, quando se tornou a primeira artista brasileira viva a atingir a marca de US$ 1 milhão (“O Mágico” foi vendida por US$ 1,049 mi na Sotheby’s, em Nova York).
O mercado de arte em expansão no Brasil tem estimulado o surgimento de novas feiras. No ano passado, a primeira edição da ArtRio teve um total de vendas de R$ 120 milhões. Em São Paulo, a Parte apostou em galerias menores, com obras de jovens artistas com preços até R$ 15 mil. Fernanda Feitosa, diretora da principal feira de arte do Brasil, a SP-Arte, diz que o perfil do comprador mudou e está mais jovem, na casa dos 20 e poucos anos. Ela cita uma “sofisticação da informação” e o papel dos cursos livres nessa mudança de perfil. Seguindo um mercado que existe no exterior, a Escola São Paulo, por exemplo, oferece cursos e palestras que ensinam o aluno a colecionar arte. “Mercado de arte é atrelado à economia. No momento em que o Brasil bombou, sendo a bola da vez, com o PIB crescendo, muita gente jovem chegando ao patamar dos ricos, com possibilidade de diversificar suas carteiras, surgiu essa tendência de termos mais investidores e colecionadores”, afirma Heitor Reis.
Cifras milionárias em leilões internacionais, no entanto, não estão necessariamente relacionadas a esse bom momento da arte brasileira. Profissionais da área lembram que leilões são pontuais, guiados pela emoção e pela pressão psicológica e, por isso, servem como validação apenas mercadológica. De olho nas “possibilidades” que estão se abrindo no Brasil, a tradicional casa de leilões Sotheby’s recentemente abriu um escritório no país. Para Katia Mindlin Leite Barbosa, presidente da Sotheby’s Brasil, o interesse do mercado por arte contemporânea responde a uma simples equação: “Existe mais demanda para esse segmento porque a oferta de arte moderna e impressionistas está diminuindo no mercado”.
Em 2011, a Sotheby’s teve o segundo melhor resultado em sua história, com um total consolidado de vendas de US$ 5,8 bilhões. A concorrente Christie’s teve US$ 5,7 bi em vendas e anunciou um crescimento de 27% (em dólares) no setor de arte contemporânea. Essa explosão, claro, não vem apenas de um amor súbito por arte dos grandes compradores. Segundo o jornal “Financial Times”, em uma pesquisa da Family Bhive, espécie de rede social de milionários, entre mais de 70 banqueiros e gestores de investimento internacionais, arte foi identificada como o ativo com melhores chances de retorno em 2012. “Obra de arte não vira pó como as ações. Na pior das hipóteses, você continua usufruindo o prazer de ser dono da obra”, diz Katia, da Sotheby’s.
Ao menos em leilões, os critérios na determinação de um preço são subjetivos, ditados por especialistas próprios, e não pelo vendedor. “Quando um artista chega à Sotheby’s, já se pressupõe que ele tenha certa bagagem, uma rede de colecionadores, ‘dealers’, de pessoas interessadas, que ajudam a movimentar o mercado”, diz Katia. Fatores como a reputação do artista, a fase correspondente da obra, vendas anteriores de trabalhos parecidos são levados em conta no estabelecimento do preço. “Temos uma expressão que são os ‘comparáveis’, que vão dar o parâmetro para aquela avaliação”, afirma Kátia. Heitor Reis, do fundo de investimentos BGA, diz que é necessário um trabalho de acompanhamento do mercado de arte para determinar quais obras irá comprar. “Fazemos prospecção o tempo todo, indo a ateliês, conversando com os formadores de opinião, diretores de museus, críticos. Tudo isso proporciona a valorização de um artista”, afirma. Empolgado, Reis diz que o potencial de valorização é variável, mas pode chegar a otimistas 300 e 500% acima do CDI.
A aposta no novo e incerto é grande, e distorções podem surgir. “O mercado está dando as regras. Isso coloca em risco a produção e a qualidade dos artistas”, afirma André Millan, da Galeria Millan. Quando se compara a rápida aceitação pelo mercado de jovens recém-saídos da faculdade com veteranos como Tunga, Cildo Meireles ou Waltercio Caldas, que levaram anos, nota-se uma aceleração que reflete uma demanda “inconsequente”, segundo o galerista. “Não se sabe se essa produção de hoje existirá daqui a dez anos. É uma produção que não tem lastro”, diz Millan. Há anos no circuito, Tadeu Chiarelli aponta mudanças no cenário brasileiro. Para ele, há uma certa “banalização” de certas profissões, como a de curador, profissão que também passa por um “boom” de novos nomes. Outra mudança, aponta, é o pouco interesse de muitos jovens artistas, recém-saídos da faculdade, mas já em importantes galerias, em doar obras a museus, tradicionalmente vistos como ponto culminante no reconhecimento artístico. “A grande confusão no Brasil hoje é: acredita-se que arte boa é aquela que está no mercado. Os colecionadores confiam muito no mercado. Não existe a ponderação, a clareza de que é necessário um tempo. O tempo da produção artística, do amadurecimento, é um pouco mais lento que o do mercado.”
Quando acertam em suas escolhas, críticos e curadores são celebrados como visionários; galeristas e leiloeiros ganham de forma literal; museus emprestam e ganham credibilidade ao adquirir obras. Uma vez que os critérios para a validação de um artista são fluidos, não seriam possíveis manipulações? Sarah Thornton acredita que fenômenos assim não podem ser criados, como acontece na indústria musical – que rotineiramente cria “boy bands”. “Você pode mentir uma ou duas vezes, mas você não pode convencer uma multidão por muito tempo”, diz Sarah. Ainda que sejam muitos os atores no processo, apenas um é determinante e real, tanto do ponto de vista mercadológico quanto crítico: o tempo.

publicado no velho b®ogspot em 12/3/2012

Peguei lá no site do Valor.

Curador-chefe da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Ivo Mesquita é um dos nomes centrais no processo de internacionalização da arte brasileira. Ao lado de curadores como Paulo Herkenhoff e Adriano Pedrosa, Mesquita faz parte de um grupo que respondeu à demanda estrangeira por profissionais latino-americanos no boom desse segmento, no começo da década de 1990 – durante 11 anos, ele foi professor do Bard College (Nova York), no programa de formação de curadores. Acompanhando nomes hoje inseridos mundialmente, como Beatriz Milhazes e Iran do Espírito Santo, Mesquita passou por algumas das principais instituições de arte no Brasil, como a Bienal de SP, onde foi curador da 28ª edição, e o Museu de Arte Moderna de São Paulo, onde trabalhou como diretor-artístico. A experiência lhe permite ver, dentro do contexto, a arte brasileira contemporânea.
Valor: Em leilões internacionais de arte latino-americana não é mais raridade ver obras de artistas brasileiros vivos chegarem a US$ 1 milhão. Até 2008, quando Beatriz Milhazes atingiu essa marca, no entanto, isso era impensável. Quais fatores permitiram esse cenário?
Ivo Mesquita: A arte brasileira entrou no mercado internacional com a globalização, mas sob a rubrica “latino-americana”. Os estudos culturais, os textos dos catálogos de exposições dessa época, virada dos 1980 para os 1990, têm muito disso. Os brasileiros ficavam cabreiros, houve resistências a esse discurso que os levou para lá. Aqui, não é algo claro, não nos damos conta de que somos latino-americanos. O Ernesto Neto, por exemplo. O que chamava a atenção deles eram os cheiros, a sensualidade do Brasil, aquelas coisas fálicas enormes. Com a Beatriz Milhazes e a Leda Catunda, eram as cores; com o Vik Muniz, o tom irônico. Essa arte ganha legitimidade culturalista, que é o tom dos anos 1990. É o Brasil brasileiro, inescapável. Os pesquisadores estrangeiros relacionaram essa geração com os artistas dos anos 1960 e 1970, Hélio Oiticica e Lygia Clark, e descobrem nomes consistentes. Reparam que há articulações com arquitetura, teatro, cinema e música, e então entende-se que havia algo cosmopolita.
Valor: Mas de onde veio o interesse estrangeiro por essa cultura “latino-americana”?
Mesquita: Havia uma demanda. Os EUA sempre querem explicar, colocar todos numa caixinha: “Você é o branco do olho puxado”, “Você é o negro do cabelo vermelho” etc., e nós sempre fomos os latino-americanos. Quando você fala “african american”, você diz que ele é meio americano. Haveria, então, um “only american”. Então tem essas gradações. O politicamente correto ensinou a eles que não dava para ficar escutando só o que os professores americanos falavam. É questão de geopolítica, política cultural. Naquela época, nem se cogitava fazer exposição só com brasileiros. Pareceria extremamente provinciano e politicamente incorreto.
Valor: Em que momento os brasileiros começaram a ganhar individualidade dentro desse “pacote” latino-americano?
Mesquita: Os EUA continuam tratando o Brasil junto com o México, a Colômbia etc. Mas, do ponto de vista das feiras e do colecionismo, os departamentos de arte latino-americana de museus como MoMa e Tate estão comprando mais arte brasileira. Se você olhar nos leilões, vai reparar que brasileiros atingem preços cada vez mais altos. Várias coisas juntas explicam isso. Tem o momento econômico atual do Brasil, que gera uma curiosidade enorme. Temos uma das produções mais cosmopolitas da região. Os argentinos estão juntos com a gente nisso.
Valor: A produção brasileira tem, então, um traço estético específico?
Mesquita: Nossa origem segue o modelo da Academia Imperial de Belas Artes, que é francesa. Toda a representação do Brasil no século XIX, feita pelos artistas brasileiros, é uma representação idílica, de tradição europeia. O modernismo brasileiro fala de forjar nossa identidade. O tema é nacional, mas a linguagem não é. Quando chegam os anos 1950, há uma predisposição do Brasil em entrar no processo de desenvolvimento e internacionalização. Nesse contexto se dá o surgimento de organizações como o MASP, o MAM, a Bienal. É nos anos 1950 que há um salto e a arte brasileira ganha singularidade, com os concretos e neoconcretos. Tudo é riquíssimo daí para frente, com os artistas entrando em outro circuito. Hoje, existem vários polos de produção: Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Vitória, Belém. Tudo está mais descentralizado no país, o que é positivo.
Valor: Quais são os personagens de destaque nesse longo processo que desembocou na valorização dos contemporâneos?
Mesquita: A [francesa] Catherine David, pesquisadora apaixonada pelo Brasil, e Guy Brett [crítico e curador britânico que, já nos anos 1960, apoiou nomes como Hélio Oiticica] foram fundamentais. É importantíssima também a Coleção Cisneros [da venezuelana Patrícia de Cisneros, maior colecionadora de arte latino-americana], a partir dos anos 1990. As galerias brasileiras cooperaram, fizeram um bom trabalho de colocar obras em coleções importantes. Não basta vender. É necessário fazer parcerias com galerias estrangeiras, divulgar, fazer representações. No campo das galerias, esse trabalho foi inaugurado pelo Marcantônio Vilaça (1962-2000). Um terceiro elemento importante foi a Bienal de SP, com seus eternos altos e baixos. Porque a Bienal virou parada obrigatória no circuito. O boom de agora, que já existia lá atrás, tem a ver com o modo como cada país latino-americano no final dos anos 1980 resolveu seus problemas com suas ditaduras.
Valor: Existe um projeto de país no atual processo de internacionalização da arte?
Mesquita: Nos anos 1950, mais que uma articulação geral política e social no Brasil pelo seu desenvolvimento, havia um “zeitgeist” em que todos tinham um projeto de país. Chateaubriand e Ciccillo Matarazzo podiam ter seus defeitos, mas acreditavam que se existissem museus, arte, teatro, música, cinema etc., o país ficaria melhor. Hoje, a despeito de trabalhos maravilhosos pelo Brasil afora na área da educação e formação profissional, o circuito de artes plásticas está muito marcado pelo business, pelo marketing, pelas agendas, números e metas, muito “Eu, eu, eu”. Não tem essa coisa de um projeto nacional, de consolidação do país.
Valor: Podemos falar que os resultados foram reflexo direto de iniciativas pontuais?
Mesquita: Esse processo veio de uma demanda exterior, pois está associada à crescente presença de uma população de origem latino-americana na Europa e nos EUA. As primeiras grandes conferências sobre essa arte tentavam organizar a história, as referências e a produção artística do continente para constituir programas universitários, de exposições, de pesquisas que consolidassem essa categoria. Daí o crescente número de exposições e intercâmbio cultural a partir da segunda metade dos anos 1980, que levaram uma grande quantidade de arte latino-americana para o hemisfério norte. Quase todos esses projetos buscaram recursos e apoio para a participação de artistas, obras, curadores ou pesquisadores brasileiros, mas, quando recebiam algum, era algo tímido do Itamaraty, por exemplo. Nunca houve política cultural para as artes visuais, preocupada com a divulgação da arte brasileira no exterior. O Ministério da Cultura só mais recentemente começou a se ocupar do tema, ou melhor, a falar sobre metas, programas etc. Até aqui, a política tem sido local e parece não se dar conta do caráter cosmopolita da produção brasileira. E agora tem a APEX (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) vinculada ao Ministério da Indústria e Comércio.
Valor: A engrenagem que movimenta o sistema de arte no Brasil ainda precisa passar por aperfeiçoamentos?
Mesquita: Ainda é muito pequena a circulação de artistas estrangeiros nas galerias brasileiras. É preciso comprar do estrangeiro. O comércio internacional é isso, troca, e não apenas participar das feiras de arte, vendendo seus produtos. Antes do apoio dos ministérios da Cultura e de Relações Exteriores, as galerias deveriam ser parte da agenda do ministério da Indústria e Comércio e ter uma regulamentação própria. Hoje é quase impossível, por conta de taxas e custos, importar uma obra de arte. As galerias se completariam como mediadores na circulação da produção artística contemporânea, responsáveis pelo que entra e sai no país. Neste sentido é que falo que não existe infraestrutura consolidada por aqui. E seguramente isto faria diferença, já que as coleções no Brasil tendem a ser muito parecidas, todas têm mais ou menos os mesmos artistas. É um problema de oferta.
Valor: A alta demanda por obras de artistas vivos já afeta a qualidade artística da produção?
Mesquita: Faz parte da profissionalização dos artistas perceber os jogos do mercado. Imagine um artista que, coitado, passou a vida inteira fazendo seu trabalho e, de repente, passa por um boom. Ele tem contas a pagar, família para cuidar. Os artistas hoje são mais cautelosos, percebem que é preciso controlar a sua visibilidade. O excesso pode ser fatal. Já vimos acontecer isso. (BYS)

 

publicado no velho b®ogspot em 12/3/2012

Deu no New York Times, no perfilzão de sábado passado:
THE SATURDAY PROFILE

A Keeper of a Vast Garden of Art in the Hills of Brazil

By 
Published: March 9, 2012
NO wonder they call Bernardo Paz the “Emperor of Inhotim.”
About 1,000 employees, including curators, botanists and concrete pourers, swarm around Inhotim, his contemporary-art complex in the hills of southeast Brazil. Globetrotting art pilgrims absorb stunning works like Doug Aitken’s “Sonic Pavilion,” which uses high-sensitivity microphones placed in a 633-foot hole to deliver the bass murmur of Earth’s inner depths.
A whiff of megalomania seems to emanate from Inhotim’s eucalyptus forests, where Mr. Paz has perched more than 500 works by foreign and Brazilian artists. His botanicalgarden contains more than 1,400 species of palm trees. He glows when speaking of Inhotim’s rare and otherworldly plants, like the titun arum from Sumatra, called the “corpse flower” because of its hideous stench.
Mr. Paz, a lanky, chain-smoking, 61-year-old mining magnate, speaks in barely audible whispers. He married his sixth wife in October. He has white hair down to his shoulders and pale blue eyes, giving him an appearance reminiscent of the gaunt, debauched Brazilian rancher played by Klaus Kinski in Werner Herzog’s 1987 film, “Cobra Verde.”
“This is a project to last 1,000 years,” Mr. Paz said of Inhotim during a rare interview, a Dunhill cigarette dangling from his lips.
It is hard to say what people might make of Inhotim (pronounced in-yo-TCHEEM) centuries from now. Some masterpieces from Brazil’s booms still survive as testament to past extravagance, like the celebrated opera house built at the height of the rubber boom at the end of the 19th century in Manaus, the largest city in the Amazon.
Elsewhere in Latin America, majestic private contemporary-art collections have also been made accessible to the public, like Eugenio López’s Colección Jumex in Mexico City. And much farther afield, in an archipelago in Japan’s Seto Inland Sea, the Benesse Art Sitesimilarly blends cutting-edge architecture with contemporary art.
But none of these places have the hot-climate exuberance of Inhotim, situated in mining-scarred hills far from Brazil’s collecting scenes in São Paulo and Rio de Janeiro. Art historians and curators often come away marveling at the sheer scale and chaotic vision that Mr. Paz has created at Inhotim.
“The amount of space given to single artist projects is unparalleled, as is the way visitors travel from building to building, refreshing their senses, being in nature,” said Beverly Adams, an authority on Latin American art who curates the private Diane and Bruce Halle Collection in Scottsdale, Ariz.
Overwhelming the cognoscenti still seems to thrill Mr. Paz, a high school dropout whose first work experience involved pumping gas at filling stations owned by his father. He went on to work at Belo Horizonte’s stock exchange, which he said he loathed, before going into mining for iron ore and cobbling together a privately held business empire that finances Inhotim’s operations.
Some works in Inhotim seem to question, if not actually insult, the concept of profiting from mining the Earth’s treasures.
For instance, an installation by the American artist Matthew Barney within geodesic domes includes a scene of unmistakable environmental violation: a huge mud-caked tractor clutching a tree and its roots. To arrive at this creation, visitors trek through mineral-bearing hills, largely cleared, of Mata Atlântica, the forest that once covered the region.
Inhotim received nearly 250,000 visitors in 2011, and it expects well more this year. But Mr. Paz, who says his companies provide Inhotim with about $60 million to $70 million for operations each year, sees no need to stop there.
In order to make Inhotim self-sustaining, he said he was planning to build no fewer than 10 new hotels here for visitors, an amphitheater for 15,000 people, even a complex of “lofts” for those who want to live amid the collection. He said Inhotim, which sprawls over nearly 5,000 acres, has room for at least 2,000 more works of art.
Inhotim’s growth over the past decade has provided a jolt to the surrounding economy, with many of the adult residents of villages nearby employed as laborers by Inhotim, making them dependent on Mr. Paz’s vision of assembling a “Disneyland” for contemporary art in the state of Minas Gerais.
“Before Inhotim, our men worked in the mines or moved to São Paulo to make money,” said Profira de Souza, 74, a resident of the village of Marinhos whose son and grandson work at Inhotim. “God lowered Bernardo Paz down to us, and I pray he doesn’t take him back too soon.”
Still, Mr. Paz insisted he was no emperor. He called himself an “isolated person” who lacks real friends, opting to live amid hundreds of artworks, including a pavilion he built for one of his ex-wives, the Brazilian artist Adriana Varejão.
Seated in one of Inhotim’s restaurants one sweltering day in February, he proceeded to quickly consume three vodka cocktails, murmuring about the machinations of bankers and the global financial crisis as he puffed on his Dunhills.
“Don’t turn that on,” he said, pointing at a digital recorder on the table.
A day later, in an air-conditioned building that incorporated “Narcissus Garden,” a work by the Japanese artist Yayoi Kusama, into its design, he seemed to revel in disparaging some other titans of business in Brazil, calling them “imbeciles” and contending that poor visitors to Inhotim were often better able to absorb the complex’s importance. He also reserved some special disdain for Brazil’s richest man, Eike Batista.
“Suddenly, he appears with billions and billions, saying he’s going to be the world’s richest man,” he said of Mr. Batista, a mining entrepreneur who gets largely glowing treatment in the news media here as an idol for Brazil’s growing number of millionaires. “He broke every company he had until he was 50 years old.”
Mr. Paz also waved off claims in Brazilian newspapers that Inhotim’s expansion was partly due to money laundering, calling such accusations a “mountain of nonsense and lies.”
“Clearly, no one is totally transparent,” he acknowledged. Still, he asserted, “The newspapers never proved anything.”
For now, he seems more concerned with luring the masses to Inhotim to see works like “Restore Now,” a mammoth send-up of academic norms by the Swiss artist Thomas Hirschhorn, in which texts by French philosophers like Jacques Derrida and Gilles Deleuze (yes, the ones many people pretended to read in college) are interspersed with images of mutilated bodies.
Asked about specific works, Mr. Paz deftly shifts the conversation to other topics. He smiled when speaking of his new wife, Arystela Rosa, 31, pregnant with his seventh child. Other things at Inhotim draw his interest, like the towering tamboril trees or the traíra, a carnivorous fish in the ponds here that can draw blood from visitors foolish enough to dip their fingers in the water.
“There are works of art here which I haven’t entered yet, which everyone told me were spectacular, but why should I go in there?” Mr. Paz said. “I don’t consider myself passionate for art. But gardens, that’s what I like.”
Lis Horta Moriconi contributed reporting.
An earlier version of this article misstated the name of the private collection in Scottsdale, Ariz. The collection is the Diane and Bruce Halle Collection, not the Diane and Bruce Halley Collection.
A version of this article appeared in print on March 10, 2012, on page A7 of the New York edition with the headline: A Keeper of a Vast Garden of Art in the Hills of Brazil.

 

publicado no velho b®ogspot em 12/3/2012

A CASA DO SABER RIO e a Casa da Palavra convidam para o debate e lançamento do livro Italo Campofiorito: olhares sobre o moderno – Arquitetura, patrimônio e cidade, primeiro volume da coleção Modernismo + 90, coordenada por Eduardo Jardim. O lançamento será precedido de um bate-papo entre Italo Campofiorito, Luiz Camillo Osorio e Eduardo Jardim.

15 de março, quinta-feira, às 20 horas
Evento gratuito – vagas limitadas
Inscrições pelo telefone (21) 2227 2237

publicado no velho b®ogspot em 11/3/2012

 

O nosso genial Barrão inaugura sua primeira exposição individual nos Estados Unidos no próximo domingo. A estréia do rapaz acontece sob curadoria de Mónica Ramírez-Montagut no Aldrich Contemporary Art Museum. MASHUPS é o nome da exposição. No mesmo dia inauguram também a gaúcha Regina Silveira, Xu Bing (China), Kathryn Spence (San Francisco USA), Roy McMakin (Wyoming USA) e Jim Dingilian.

No site do museu tem mais informações sobre as exposições.

Barrão: MashupsJanuary 29 to June 10, 2012
Curator: Mónica Ramírez-MontagutThis is the US first solo exhibition of the work of Brazilian artist Barrão, who is known for his whimsical and quite bizarre ceramic clusters and mashups made from fragments of popular vitreous porcelain and clay objects. The artist scouts second-hand stores, flea markets, and dumpsters in search of materials for sculptures that subvert the original function or idea of the object in order to reveal unpredictable relationships, ranging from unexpected similarities to unseemly contradictions. The free-spirited juxtaposition of the different ceramic sources establishes new sets of relationships between the parts. Every element in the sculpture is free from its previous function and comes together with the other parts to form a new identity, one that escapes immediate commodification. With his sculptures, Barrão appropriates everyday domestic objects that were used indiscriminately and inserts them back into circulation with an ample balance of presence and mystery—and a history yet to be written.